Um dos documentos que recebeu devida atenção na recente liberação de arquivos ufológicos [Veja Mais uma leva de documentos do MoD inglês] do Ministério de Defesa Britânico (MoD) é uma longa carta escrita em 1994 por Ralph Noyes, chefe da Secretaria de Defesa 8 (DS8) no início dos anos 70. A carta foi encaminhada à Secretaria 2a (Staff da Aeronáutica), encarregada dos relatos ufológicos enviados ao Ministério. O nome do destinatário está censurado, mas de acordo com o cronograma, deve ser Nick Pope [Consultor da Revista UFO], que mais tarde se tornaria um dos grandes nomes da Ufologia.
A correspondência fala de certas questões e posturas ufológicas desde 1952. Esta não foi a única vez em que Noyes, que se aposentou do Ministério em 1977 no cargo de sub-secretário de Estado, cruzaria o caminho de seu ex-empregador com críticas. Isto aconteceu especialmente quando ele e o ex-almirante da frota Lorde Peter Hill-Norton contestaram a postura pública do MoD de que o famoso incidente de dezembro de 1980 na floresta de Rendlesham “não era de interesse da Defesa”.
Quem foi Ralph Noyes?
Noyes morreu no ano de 1998, mas ainda me lembro do fascinante encontro informal de ufólogos ocorrido no seu apartamento em Londres, durante uma visita ao Reino Unido em dezembro de 1991. Entre os presentes estavam Timothy Good [Consultor da Revista UFO] – que havia relatado algumas das revelações de Noyes em seu campeão de vendas Above Top Secret -, John Michell, o grande autor do Fortean e velho amigo de Noyes, e um ufólogo russo visitante chamado Nikolai Lebedev, que escrevia para a série de Good intitulada The UFO Report. Muito da nossa conversa girou em torno dos círculos ingleses, que então se tornavam um grande fenômeno sociológico na Inglaterra. O próprio Noyes estivera muito envolvido naquele assunto misterioso no início daquele ano enquanto preparava seu The Crop Circle Enigma, um dos primeiros livros sobre o assunto.
Em 1985, Noyes publicou um romance chamado A Secret Property, um suspense sobre espionagem e UFOs inspirado pelo Caso Rendlesham, como ele mesmo diz no prefácio da obra. Uma das capas do livro traz um extenso perfil biográfico do autor:
Ralph Noyes nasceu nos trópicos e passou a maior parte de sua infância no Caribe. Serviu à Força Aérea Real (RAF) de 1940 a 1946 chegando ao grau de aviador, envolvendo-se ativamente nos serviços no norte da África e Extremo Oriente. Entrou para o serviço civil em 1949 servindo ao Ministério da Aeronáutica e depois ao Ministério de Defesa unificado. Em 1977, aposentou-se precocemente do serviço civil para seguir carreira de escritor, deixando seu cargo de sub-secretário de Estado. Desde então, publicou várias obras de ficção, a maioria delas sobre temas misteriosos.
Por quase quatro anos, até o final de 1972, Ralph Noyes chefiou uma divisão no MoD que o pôs em contato com a questão dos UFOs. Desde sua aposentadoria, tornou-se cada vez mais interessado neste assunto, entre outras questões que permanecem à margem do nosso entendimento. Noyes considera a ficção especulativa como o modo ideal para confrontar os terrenos incomuns à nossa experiência. Entretanto, A Secret Property não é meramente uma história de ficção, mas também de ação – pelo menos no que diz respeito ao longo histórico de Ralph Noyes na RAF e no MoD.
Carta ao MoD
Além da carta de três páginas de Noyes à Secretaria 2a, de 25 de janeiro de 1994, falando sobre todas as experiências de sua carreira oficial envolvendo a questão ufológica, a última liberação de arquivos do MoD contém ainda os seguintes anexos: “Ralph Noyes Speaks”, longa transcrição de entrevista publicada pelo UFO Brigantia, em maio de 1991, na Inglaterra; “The Majestical Mystery Tour”, artigo de Noyes sobre suas experiências no MoD, publicado em 1988 na revista ufológica britânica Magonia; e uma longa carta de Noyes, “Some Properties of the Ministry of Defence”, publicada no Fortean Times também em 1988. Todos estes textos cobrem basicamente o mesmo campo, mas há um parágrafo ao final do artigo publicado no Brigantia que vale a citação pois trata perfeitamente do problema que muitos oficiais enfrentam – na Inglaterra e no mundo todo – quando tratam com a questão ufológica ao longo de suas carreiras. Noyes diz:
“Foi apenas depois que deixei o MoD (1977) que tentei pensar seriamente sobre o que poderia estar por trás do Fenômeno UFO. Era impossível discutir o assunto de forma séria dentro do departamento: se eu tivesse revelado meu interesse sobre os relatórios mais importantes que recebíamos, teria simplesmente arruinado minha relação de trabalho dentro da RAF e com os colegas cientistas. O que guardo da minha experiência no MOD – bastante reforçado pelo que li desde então – é que o fenômeno é verídico e importante. E a metodologia desenvolvida no século passado por estudiosos e peritos da chamada \’paranormalidade\’ pode ser relevante… Só tenho a certeza de que nós, na Ufologia, lidamos com um evento transitório, de certa forma imaterial e de natureza estranha e não estamos sós nisso. Acho que eles são importantes. Também acho que nós e os \’parapsicólogos\’ podemos trocar informações úteis.”
Voltando à carta de 1994, nós a reproduzimos integralmente, porque é um importante testemunho dos vários eventos e atitudes registrados durante a longa carreira de Ralph Noyes no Ministério. Tudo começou em 1952, quando ele era secretário particular do vice-chefe da Aeronáutica, o marechal do ar Sir Ralph Cochrane. Autoridades britânicas pareciam preocupadas com uma onda de discos voadores registrada nos Estados Unidos, especialmente sob
re Washington, no verão de 1952. Este assunto chegou ao auge, indo até o gabinete do primeiro-ministro Winston Churchill.
Entretanto, diz Noyes, “o primeiro-ministro disse que \’não há nada nessa bobagem de UFOs\’“, e que todos os arquivos relevantes ao assunto já tinham sido liberados pelo MoD anteriormente. A carta cita “os eventos de Bentwaters/Lakenheath, de agosto de 1956, os eventos em West Freugh no ano seguinte e outros eventos subseqüentes”, e todos “nos sugerem que um fenômeno ufológico de algum tipo certamente existe”.
Noyes prosseguiu com sua carreira e, em 1969, foi nomeado chefe da DS8, que em parte envolvia a “responsabilidade de atender ao público (inclusive, é claro, grupos ufológicos) quanto a objetos não identificados vistos no céu”. Mais adiante, está o parágrafo chave sobre um evento que há anos chama a atenção desde que foi publicado pela primeira vez no livro de Tim Good, Above Top Secret. Em 1970, escreve ele, “um pequeno grupo entre nós foi convidado por (acho eu) o então diretor de operações (AD) para ver fotografias no cinema do sub-solo durante o almoço… vimos alguns slides que seriam fotografias aéreas feitas por aviadores. O destaque eram duas seqüências feitas por uma câmera de repetição já em 1956”.
Embora Noyes esclareça que o material era “nada impressionante no geral”, o fato daquela exibição ter acontecido é interessante. Ele fornece outros detalhes e comparações com outras imagens feitas por civis, como as obtidas no Hessdalen Valley, Noruegua, ou pelo Dr. Harley Rutledge, nos American Ozarks, ressaltando que “as provas da existência de um insólito fenômeno (ocasionalmente com efeitos muito estranhos) são abundantes na literatura ufológica séria”. Noyes conclui o trecho sobre as imagens com uma observação interessante:
“Dito isto, não posso deixar de crer na existência de pelo menos algum material fotográfico de boa qualidade mostrando objetos aéreos incomuns obtido pela RAF ao longo dos anos, talvez sustentado por registros de radar. Isso pode ter valor científico se liberado para estudos externos. Além disso, como sugeri acima, o simples fato de um departamento governamental adotar uma atitude de aceitação diante destes fenômenos incomuns pode ajudar na busca de recursos para uma pesquisa séria (em universidades, por exemplo), recursos que os ufólogos provavelmente não conseguiriam para si.”
Leia a carta de Noyes na íntegra clicando aqui. Os arquivos contêm ainda a resposta de 27 de janeiro de 1994 da Secretaria 2a ao pesquisador – o nome do destinatário está protegido, mas é quase certo que este seja nosso amigo Nick Pope. O autor diz:
“Gostaria de saber sobre o histórico da jornada da seqüência de fotos, junto à opinião mais genérica que você me deu sobre as políticas e posturas dos anos passados. Investigações recentes sobre a seqüência de fotos me deu uma boa oportunidade para considerar, de um modo geral, a questão sobre quais provas em filme ou fotografia poderíamos ter expandido ao longo dos anos. Infelizmente esta busca não revelou tal material, mas pelo menos agora posso dizer que examinamos de forma minuciosa.”
Isso cria um interessante dilema recorrente nos EUA e também em outros países. Temos aqui um oficial do MoD realizando uma pesquisa oficial sobre imagens conhecidas há 20 anos, pois o testemunho de Ralph Noyes é absolutamente confiável. Mesmo assim, nada surge. É como se o material – especialmente aqueles relacionados a fotografias ou provas concretas – tivesse desaparecido! Se o material existiu em algum momento, deveria estar guardado em algum lugar, já que é muito improvável que tenha sido simplesmente destruído. Onde está? Não há uma boa resposta para este problema em particular, a não ser que se pense em um grupo secreto dentro do governo que simplesmente “surrupiou” estas provas, um grupo que esteja fora do alcance de oficiais normais de um governo ou das leis de liberdade de informação.
Noyes e o Caso Rendlesham
Liberações anteriores de arquivos ufológicos do MoD que tratam do famoso Caso Rendlesham, ocorrido em 1980, incluem os esforços de David Alton, parlamentar de Liverpool Moseley Hill pelo Partido Liberal, atualmente membro da Câmara dos Lordes, de chegar ao fundo deste misterioso incidente envolvendo militares norte-americanos e britânicos. Em maio de 1985, Alton escreve ao então ministro da Defesa, Michael Heseltine, anexando carta que havia recebido de Ralph Noyes sobre o assunto, acrescentando “parece-me que os pontos que ele levanta fazem muito sentido e merecem uma resposta”. Alton e todos os outros que questionaram o Ministério sobre o incidente receberam a resposta padrão dizendo que o Caso Rendlesham “não era significativo para a Defesa”. Noyes achava que este discurso não fazia sentido se pensarmos nos fatos acerca do caso.
Cito brevemente uma carta escrita por Noyes em 14 de maio de 1985 para ser enviada ao parlamentar David Alton sobre o incidente na floresta de Rendlesham, publicada na edição nº 4 da revista Open Minds, em outubro/novembro de 2010. Nela, o caso é chamado de “confuso e incômodo”. O principal ponto da carta de Noyes é seu enfrentamento ao lorde Trefgarne, então sub-secretário de Estado parlamentar no MoD e membro da Câmara dos Lordes, sobre o fato de o Caso Rendlesham ser tratado como “não sendo de interesse da Defesa”. Noyes diz:
“Não posso aceitar o ponto de vista de Trefgarne de que não há interesse da Defesa neste caso, a menos que o tenente-coronel Halt [Charles Halt] esteja fora de juízo. Há indícios claros neste relato de que o território e o espaço aéreo britânico foram invadidos por um veículo não identificado em duas ocasiões ao final de dezembro de 1980 e nenhuma autoridade foi capaz de impedir. Se, por outro lado, o relatório de Halt não merece crédito, ainda haverá claros indícios de um grave mal julgamento sobre os eventos por parte da USAF em uma importante base em território britânico. De qualquer forma, o caso não pode ser insignificante para a Defesa.”
Leia na íntegra as duas páginas da carta de Noyes clicando aqui.
Ralph Noyes revisou o Caso Rendlesham com detalhes em um longo artigo publicado em The UFO Report 1990, livro editado por Timothy Good. O título é “UFO lands in Suffolk – and that’s Official!” [UFO pousa em Suffolk – e é Oficial!], mesmo texto da manchete da famosa capa publicada em outubro de 1983 no extinto tablóide News of the World. Aquela cobertura apresentou o caso ao público, publicando pela primeira vez conteúdos do agora conhecido memorando de 13 de janeiro de 1981 sobre “Luzes Inexplicadas”, de autoria do vice-comandante da base de Bentwaters, o tenente-coronel Charles Halt, enviado ao MoD. Neste estudo, Noyes analisa em detalhes o Caso Rendlesham, concluindo que é realmente autêntico e fazendo a seguinte observação ao final da matéria:
“O Caso Rendlesham também confirma que, ao menos para mim, os governos e suas agências oficiais estão indubitavelmente envolvidos no encobrimento e ofuscamento – o acobertamento, entretanto, é ignorante e incômodo. (Este foi o jogo que eu mesmo tive necessidade de jogar durante meu tempo como oficial do Ministério da Defesa, entre 1949 e 1977).”
Noyes também trata do Caso Rendlesham e outros detalhes ufológicos no posfácio de A Secret Property, romance de sua autoria publicado em 1985. Ele escreve:
“O Caso Woodbridge da RAF, de dezembro de 1980, é para mim um dos mais interessantes e importantes ocorridos nos últimos anos neste país – talvez o avistamento (ou suposto avistamento) militar mais significativo desde os famosos eventos de 13 e 14 de agosto de 1956 ocorridos próximo às bases de Bentwaters e Lakenheath (ambos curiosamente muito próximos a Woodbridge, naquela região assombrada do país, em Suffolk).”
Para atualizar seus conhecimentos sobre o ocorrido na floresta de Rendlesham, veja palestra concedida este ano pelo coronel da reserva Charles Halt, durante o International UFO Congress (IUFOC) 2011.
Abaixo, o depoimento legendado de Halt em 2007 no National Press Club, Washington: Leia também:
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