Desde que a nave Mariner 9, a primeira a orbitar Marte no começo dos anos 70, encontrou cânios, bacias e outros indicadores geológicos de que a água líquida esteve presente em Marte, tem acontecido um esforço sem paralelo para determinar se a vida está presente no Planeta Vermelho. As missões Viking que pousaram em 1976 com o propósito de buscar vida alienígena apresentaram resultados até hoje debatidos de forma acalorada, e os rovers Spirir, Opportunity e Curiosity comprovaram, sem margem a dúvidas, de que há bilhões de anos Marte foi habitável.
A nave Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), construída pela empresa Lockheed Martin, entrou em órbita de Marte em 10 de março de 2006, após ser lançada em 12 de agosto de 2005. Além de analisar por meio de seu sofisticado instrumental a superfície marciana, também serve como satélite de comunicações para as sondas de pouso. Em 2011 já havia flagrado, em diversos locais do planeta vizinho, características designadas como linhas recorrentes de encosta (RSL), faixas estreitas que surgem em bordas de crateras e algumas montanhas. Tais fenômenos são sazonais, surgem e aumentam no versão, depois diminuem e desaparecem no inverno. Desde sua descoberta havia a suspeita de que fossem devidas a fluxos de água liquida na superfície marciana.
Nesta segunda-feira, 28 de setembro, a NASA anunciou em coletiva de imprensa a confirmação de que essas linhas são de fato produzidas por água líquida. As imagens da superfície são captadas pela câmera Hirise da MRO, sigla que significa Experimento Científico de Alta Resolução. É na prática um telescópio refletor de 50 cm de abertura, a maior já levada por uma missão planetária, capaz de obter imagens de alta precisão. O estudo, também publicado no veículo Nature Geoscience, utilizou ainda outro instrumento da MRO, o Espectrômetro de Imageamento de Reconhecimento Compacto para Marte, ou Crism. Dessa maneira, a equipe liderada por Lujendra Ojha, do Instituto de Tecnologia da Georgia, e também parte da equipe que fez as descobertas em 2011, pôde determinar a composição química das RSL. Nesses locais estão depositados sais hidratados, como clorato de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio, e que estão ausentes nos terrenos adjacentes.
AUMENTAM AS POSSIBILIDADES DE EXISTIR VIDA MARCIANA
A equipe analisou quatro locais onde as RSL aparecem, o cânion Coprates e as crateras Hale, Horowitz e Palikir, e detectaram os mesmos sais, que se precipitam da água líquida. Esta, por sua vez, se liquefaz em temperaturas mais baixas na presença de sais. Conforme escrito no artigo: “Nossas descobertas apoiam fortemente a hipótese de as linhas recorrentes de encosta se formam como resultado de atividade de água contemporânea em Marte”. A dúvida que permanece é a origem dessa água, e há três principais hipóteses. Pode se tratar de gelo depositado próximo da superfície derretendo, vapor de água se condensando ao redor dos sais (fenômeno que acontece na Terra, no Deserto do Atacama, e onde vivem comunidades microbianas), ou aquíferos subterrâneos. É possível que o fenômeno tenha origens diversas, dependendo do local, e o comunicado da NASA deixa claro quais os objetivos das próximas missões: “A viagem a Marte ficou ainda mais fascinante. Agora é possível que exista vida em Marte”.
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