
Por Pedro de Campos
Allan Kardec publicou na Revista Espírita (1858 – mar., abr., ago. e set.) os relatos mediúnicos de Victorien Sardou, ditados por Palissy, um alien que se dizia “encarnado” num corpo “menos material”, numa dimensão de Júpiter. A entidade não se apresentara na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas a bordo de uma nave espacial, mas emancipado de seu corpo ultrafísico, o qual ficara naquelas instâncias. Ali captara o pensamento invocativo de Sardou e, em espírito, viera à Terra. Ao manifestar-se, respondeu 82 perguntas e falou amplamente sobre Julnius, sua cidade espacial. Nela, as camadas sutis em que a vida se desenrola escapam ao nosso entendimento científico.
Hoje, na Ufologia Moderna, quem lê as perguntas formuladas ao alien pode ter a impressão de simplicidade excessiva. Mas para avaliar melhor é preciso voltar àquele momento histórico-social e considerar o grau de avanço científico do século XIX. Naquele tempo, a comunicação à distância apenas iniciara-se com o uso do código Morse, não havia rádio nem avião. O objeto aéreo conhecido era o balão, impulsionado por ar quente, que transportava os pioneiros com grande risco por apenas alguns quilômetros. O dirigível de porte só veio após a desencarnação de Kardec, quando o invento do motor a explosão resolveu a questão da dirigibilidade.
A falta de tecnologia para comunicação à distância e a inexistência de engenho aéreo de transporte dificultou os interlocutores e fê-los omitir indagações sobre naves espaciais e contato regular por aparelhos. Curiosamente, o próprio alien tratou de dizer que em seu mundo “eles” viajavam em “moradas de pássaros”. Hoje, com a ciência mais desenvolvida, podemos supor a existência de um tipo de nave para percorrer o cosmos e servir de morada perene, mas ainda é difícil aceitar o tipo de vida relatado.
Embora existam hoje testemunhos de avistamento e contato com seres de outra dimensão, ainda não há recurso técnico capaz de validar a vida descrita por Palissy, entidade de Julnius. Não obstante a TCI-Alien nos dê indícios de que no futuro se poderá fazer contato regular com seres ultrafísicos, ainda assim temos de reproduzir os relatos do sugestivo alien sem emitir nenhum juízo de valor, deixando a interpretação por conta do leitor.
Segundo as descrições, a metrópole de Julnius não fica no solo, mas nos ares. “Nada falta nessas moradas flutuantes, nem mesmo o encanto da verdura e das flores”, descreve o alien. Há ali uma vegetação que não encontra paralelo na Terra, composta de plantas e até de arbustos que, pela natureza de seus órgãos, respiram, alimentam-se, vivem e se reproduzem no ar. Os habitantes são descritos como de silhueta humana e altura maior que a do maior homem. Há sexos diferentes, pois é dito ser o sexo lei reprodutiva presente por toda parte onde a inteligência \”material\” exista.
Os habitantes de Julnius possuem corpos de pequena densidade, que lhes permite o deslocamento alado, por volição. Não obstante a leveza de seus corpos e a capacidade própria de deslocamento, numa época recuada “eles” sentiram que “a conquista dos ares era ainda indispensável”, pois “a imobilidade da morada celeste, o ponto fixo do lar espacial era um entrave para todas as suas grandes obras”. Realizou-se então um progresso. Hoje, é dito que suas “habitações” se deslocam rapidamente nos espaços, como “moradas de pássaros”. Têm “eles” a possibilidade de transporte a tal e qual distrito espacial no momento que lhes convenha, fazendo as suas existências mais úteis e grandiosas.
Alimentam-se curiosamente pela respiração, pois para corpos sutis o ar tem propriedades nutritivas. A organização corpórea dessas criaturas incomuns é fluídica e luminosa, uma espécie de vapor imaterial, com foco ardente de luz vaporosa e brilho magnético. Tal forma corpórea vive mais que a humana: seu ciclo vital equivale a cinco séculos do nosso tempo. “Sendo mais depurada a matéria de que é formado o corpo, ela se dispersa após a morte sem ser submetida à decomposição pútrida”, informa.
Até os animais naquelas instâncias são dados como diferentes: uns, da mesma espécie que os terrestres, são mais capazes; outros, de espécies diferentes, são mais evoluídos e funcionam como servidores inteligentes da espécie principal, comunicando-se entre si com linguagem que não se assemelha à nossa; em certos animais, a cabeça não está tão aperfeiçoada quanto o resto do corpo, mas são belos e se vestem como seres inteligentes, embora sejam animais.
Hoje, fora do espiritismo, nos círculos contatistas da Ufologia sabe-se que em estado natural essas criaturas são invisíveis ao homem, mas podem adensar seus corpos e seus engenhos sutis ajustando-os à vibração da energia do mundo visitado. Para a doutrina espírita, a visita desses ultraterrestres à Terra seria antiga, pois tais criaturas são anteriores ao homem, razão pela qual são também mais evoluídas.
Kardec registrou tais contatos em seu tempo, mas ainda hoje “eles” podem se manifestar nos centros espíritas, por meio da telepatia e da mediunidade. No primeiro caso, sua linguagem mental pode ser captada pelo homem; no segundo, com a alma emancipada, podem dar breve mensagem mediúnica. Seus engenhos ultrafísicos se deslocam pelas camadas sutis do cosmos, regulam sua densidade, pois com a luz podem fazer quase tudo, tornando-se visíveis e tangíveis quando preciso for.
Quanto aos ETs propriamente ditos, seres com naves e corpos sólidos, nascidos em mundos tridimensionais como a Terra, a existência deles, em algum lugar do cosmos, é admitida pelos espíritas. Mas a doutrina não contraria a ciência, por isso fica no aguardo das divulgações oficiais; também não pactua com despistamentos nem com mentiras e fraudes de qualquer espécie; não aceita mistificações ou lances ilusórios que encenem pretensas visitas alienígenas à Terra. Considera que o contato formal pode ser realizado; e, pelo fato de ser concreto, deixa vestígios e fala por si mesmo.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella – A outra face de Adão; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos da Ufologia na Interpretação Espírita, publicados pela Lúmen Editorial. E também do recém-lançamento: Lentulus – Encarnações de Emmanuel. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!
Chico Xavier – diversidade de formas físicas em outros planetas: