Se até há pouco tempo conhecíamos os objetos voadores não identificados, cuja manifestação se dá em nosso espaço aéreo e estratosférico, agora também temos consistentes informações sobre outra categoria de veículos, os objetos submarinos não identificados (OSNIs), que se manifestam tanto no ar quanto na água, com igual desenvoltura. Embora os ocupantes dos OSNIs prefiram as profundezas abissais de grandes oceanos, há inúmeros registros de sua passagem também por mares menores, lagoas e até mesmo rios, como se vê, por exemplo, na Região Amazônica. Hoje há um considerável número de ocorrências bem documentadas deste tipo de fenômeno anfíbio, e tudo parece indicar que sua origem, também extraterrestre, é a mesma para os UFOs. Já se pode considerar que é razoavelmente fácil se deparar com “presenças estranhas” também nas grandes extensões de água do planeta Terra, onde podem atuar com desenvoltura e silenciosamente, operando bases de onde sairiam para realizar suas ações na superfície.
Os ocupantes dos UFOs, e também dos OSNIs, têm, em quase a totalidade dos casos, uma cabeça, um par de braços e de pernas, e não apenas um tronco, mas também de articulações superiores munidas de extremidades oponíveis. Em suma, têm aspecto antropomórfico, assim como nós. Se compararmos este dado com a constatação de que a questão remonta há séculos – e talvez há milênios –, é razoável pensar que tais misteriosos visitantes possam ser mais ou menos semelhantes ao Homo sapiens. E isso nos leva a supor que a nossa espécie e a deles poderiam ter origem biológica comum.
Neste caso, os ocupantes dos UFOs – também chamados de ufonautas na literatura ufológica – seriam nossos antigos antepassados, uma raça de “vikings do cosmos” que teria colonizado a Terra em um passado já esquecido e do qual o homem atual seria apenas bárbaro descendente. Muitos elementos poderiam sugerir isto. Mas, então, por que contatos diretos e formais com nossa espécie ainda não foram verificados? Para Carl Jung, os ETs seriam seres de civilizações superiores a nossa, também sob ponto de vista moral. Portanto, é possível que, por respeito a nossa civilização e a nosso modus vivendi, tais espécies tenderiam a não nos impor oportunidade de contato imediata, o que, no final, se transformaria apenas em uma forma de comparação entre a sua realidade e a nossa. Certamente, tal comparação nos arrasaria sob ponto de vista sócio-cultural.
Eis o motivo da atitude suspeita demonstrada pela comunidade científica em relação ao Fenômeno UFO e, pior ainda, quanto a um eventual contato formal com civilizações alienígenas. A proposta que o professor Anthony Hewish, radioastrônomo inglês descobridor dos pulsares, apresentou durante o Congresso da União Astronômica Internacional, em 1970, expressou, já naquela época, todos os perigos de um contato para qual a humanidade ainda não está preparada. Não por acaso, estabeleceu-se naquele evento, após várias consultas a responsáveis políticos mundiais, a necessidade da não divulgação da potencial descoberta de civilizações alienígenas, pelo menos enquanto o mundo da ciência não estiver certo de que tal revelação não nos traria conseqüências excessivamente perturbadoras sob o aspecto psicológico e socioantropológico. O conceito mutatis mutandis é mais ou menos o que prevê o protocolo do projeto SETI.
Houve quem sugerisse que a Terra é uma espécie de enorme viveiro onde o Fenômeno Vida foi semeado por criaturas de outros mundos, visitantes superiores que periodicamente retornariam para controlar o desenvolvimento do seu experimento biológico, o Homo sapiens. Eles seriam, então, caracterizados por um aspecto físico e uma atitude psicológica tão diferente da nossa que cada discussão a respeito disso seria totalmente acadêmica. Poderiam ser nossos próprios criadores, os demiurgos sobre quem tanto se escreveu no passado.
Andróides clonados e descartáveis
É até legítimo imaginar que as criaturas por trás do Fenômeno UFO jamais se manifestem e que talvez ninguém nunca as tenha encontrado. Assim como nós educamos para nosso uso cães para caça ou guarda, cavalos para corrida e vacas para ordenha, estes enigmáticos visitantes poderiam se servir, para nos manter sob controle, de máquinas guiadas por seres inferiores ou até por robôs ou andróides clonados, descartáveis em caso de acidentes. Uma situação como esta excluiria, obrigatoriamente, qualquer contato formal, como nós o concebemos. Os pilotos das misteriosas aeronaves não estariam necessariamente adestrados por seus senhores para tal objetivo. Enfim, teremos que fazer com eles – que já foram definidos como “robôs biológicos” – como a situação evocada no conhecido Caso Roswell, de 1947. Mas, então, qual é a hipótese correta? Para chegar à resposta, talvez seja necessário nos lembrarmos da opinião pessoal expressada pelo norte-americano Charles Fort sobre os dois conflitos mundiais que tivemos: “Acredito que todos nós sejamos propriedades alheias”. De fato, esta consideração do solitário precursor da Ufologia é tudo, exceto infundada.
“Fomos pegos?” Esta é a pergunta que se coloca, refazendo-se da inquietante visão de mundo de Fort, autor de O Livro dos Danados [Editora Hemus, 1978], que lembrava que, como nós, hoje, também os cavalos selvagens de uma manada são e se acreditam totalmente livres, enquanto um desconhecido cowboy não decidir selar um deles e, conseqüentemente, dele tomar posse. E sob esta perspectiva, os persistentes desaparecimentos de homens e veículos, como os que ocorrem no Triângulo das Bermudas, não podem deixar de dar o que pensar. Vale à pena lembrar que, de 1800 até hoje, os casos de desaparecimento naquela região atlântica, ou em suas proximidades, somam cerca de 250, um número significativo [A obra OSNIs, recém lançada pela coleção Biblioteca UFO, traz um apêndice com detalhes de todos estes episódios. Veja código LIV-022 da seção Shopping UFO desta edição]. Dos inúmeros documentados no século XIX, um deles permaneceu emblemático entre os mais conhecidos e desconcertantes. Trata-se do famoso caso do navio Mary Celeste, que partiu de Nova York com destino a Gênova, na Itália, e foi reencontrado apenas meses depois, em 04 de dezembro de 1872, entre os Açores e Portugal. Estava em perfeito estado, sem qualquer vestígio de situações anômalas ou de perigo. Exceto por estar incrivelmente deserto, sem a tripulação, aparentemente transferida para outro lugar, não apresentando, contudo, sinal de pressa ou violência.
Outro lugar? Sim, isso mesmo. Mas qual? Talvez a já
; lembrada fenomenologia das modernas abduções, mostradas na série televisiva Taken [2002] pelo diretor norte-americano Steven Spielberg, poderia ter mais implicações com estes episódios inexplicáveis do passado do que se imagina. Mas voltemos à atualidade. Segundo indicações deixadas em 1970 pelo professor Zdenek Kopal, astrônomo da Universidade de Manchester, “é possível que a vida exista em outro sistema estelar. Mas, caso sejam criaturas extremamente evoluídas, nada poderíamos aprender com elas. Não poderíamos preencher a lacuna da nossa impossibilidade de nos comunicarmos com elas”. Para Kopal, o homem não seria capaz de reagir adequadamente a um evento deste tipo. Ressaltando que uma mente como a de Aristóteles, assim a de nossos antepassados de apenas 500 anos atrás e até mesmo nossos tataravôs, não saberia compreender e aceitar realidade e conceitos considerados atuais, tais como internet, microprocessador, televisores de plasma, carros a hidrogênio etc. Kopal convida a considerar o que fizemos às civilizações inferiores e como tratamos os animais como parâmetro. Poderíamos recriminar os ETs caso praticassem algo semelhante ao genocídio sistemático que o homem civilizado está perpetrando contra populações indígenas indefesas no interior do Brasil? Ou se elas se divertissem, em nome da sua ciência, em dissecar organismos de outros planetas, como nós fazemos com animais superiores e indiscutivelmente inteligentes, como os cães e os macacos?
“Estou convencido de que os seres que têm observado a Terra há milênios vêm até aqui naqueles veículos que hoje chamamos de discos voadores”, afirmou o professor Hermann Oberth, considerado o pai da astronáutica, mestre de Von Braun. Até um cético do Fenômeno UFO só poderia esperar que fosse realmente assim. E isso poderia subentender que nada temos a temer da parte deles. “Penso que o primeiro passo deva ser feito pelos extraterrestres”, salientou Oberth. Ele lembra que temos que dar um salto qualitativo capaz de preencher o gap cultural e moral que ainda nos deixa inadequados para nos comunicarmos com ETs, por eles já terem alcançado consciência de ordem cósmica. Assim, devemos nós terminar nosso processo evolutivo, lenta e exaustivamente, sozinhos e aqui na Terra. Diante do atual desenvolvimento da nossa civilização, de qualquer modo, eventuais alienígenas permaneceriam espectadores. Suas sistemáticas aparições talvez visem apenas à preparação e à educação gradativa das massas para um futuro contato através apenas da fugaz manifestação da sua persistente presença. Mas quanto se deverá esperar até que o Homo sapiens seja capaz de poder viver esse evento? Apenas o tempo dirá.