Em novo estudo a ser publicado no The Astrophysical Journal, baseado nos dados do prolífico telescópio caçador de planetas Kepler, astrônomos afirmam que podem existir 4,5 bilhões de planetas como a Terra somente em nossa galáxia, a Via Láctea. O estudo foi liderado por Courtney Dressing, do Centro para Astrofísica do Harvard Smithsonian.
Courtney afirma: “Sempre pensamos que teríamos que procurar por vastas distâncias para encontrar planetas similares à Terra, mas de acordo com o que descobrimos, podemos ter um mundo habitável no nosso quintal cósmico, aguardando para ser encontrado”. Ela e sua equipe calcularam que 6 por cento das estrelas anãs vermelhas da Via Láctea, que perfazem um total estimado em 75 bilhões de sóis menores e mais fracos que o nosso, podem possuir planetas como a Terra.
O Kepler está apontado para uma pequena área nas constelações Cygnus e Lyra, observando simultaneamente 150.000 estrelas. O telescópio detecta as minúsculas diminuições no brilho estelar causadas pela passagem de exoplanetas diante de seus sóis, dependendo se o plano de órbita destes está em posição favorável. Até o momento foram de detectados 2740 planetas candidatos, com 105 confirmados. Os cientistas da missão estimam que mais de 90 por cento dos KOI [Objetos de Interesse Kepler] serão confirmados.
Dressing e seus colegas reanalisaram os dados do Kepler referentes as estrelas anãs vermelhas, descobrindo que são menores e mais fracas que o previsto. Isso aponta para o fato de que planetas como a Terra são mais comuns do que se imaginava, já que estima-se que 75 por cento das 100 bilhões de estrelas da galáxia sejam anãs vermelhas. Por sinal, este último número é também uma estimativa, variando conforme a fonte. O injustamente criticado astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser, por exemplo, defende a existência de 200 bilhões de estrelas na Via Láctea.
O método do trânsito utilizado pelo Kepler também permite determinar o tamanho dos exoplanetas, pelo tanto que a área do disco da estrela alvo diminui durante a passagem, e com isso se pode inclusive determinar se é um planeta rochoso, talvez adequado a vida. E a temperatura e o brilho da estrela permitem determinar a localização de sua região habitável, finalmente permitindo estimar se o exoplaneta reside em seu interior. O estudo determinou que 95 dos candidatos flagrados pelo Kepler orbitam anãs vermelhas, e com essa informação calcularam que aproximadamente 60 por cento das estrelas desse tipo possuem planetas menores que Netuno.
Segundo Dressing e seu grupo, o Kepler observou 3 exoplanetas candidatos na região habitável se suas anãs vermelhas. O mundo KOI 1422.02 tem tamanho calculado como 90 por cento o da Terra, com órbita de 90 dias. Se for confirmado será a primeira exo-Terra já descoberta. Outros dois candidatos são KOI 2626.01, 1,4 vezes maior que a Terra e com órbita de 38 dias, e KOI 854.01, 1,7 vezes maior que nosso mundo e levando 56 dias para completar uma órbita. Todos estão a uma distância entre 300 a 600 anos-luz, e a temperatura de suas estrelas reside entre 3150 e 3260 graus Celsius. A de nosso Sol é de 5540º C.
O estudo conclui que 6 por cento das anãs vermelhas da Via Láctea possuem planetas do tamanho da Terra em suas regiões habitáveis, e baseando-se na estimativa do número de anãs vermelhas na galáxia chega-se a um total de 4,5 bilhões de exo-Terras somente na Via Láctea. De acordo com o co-autor do estudo, David Charbonneu também do Harvard Smithsonian: “Agora sabemos a taxa de ocorrência de planetas habitáveis nas estrelas mais comuns de nossa galáxia. Isso implica que será significativamente mais fácil procurar por vida além do sistema solar do que pensávamos anteriormente”.
Essas informações levaram à teoria de que um mundo similar ao nosso pode estar muito próximo, em termos astronômicos. Em um raio de 30 anos-luz ao redor do Sol existem 248 anãs vermelhas, de acordo com o Consórcio de Pesquisa de Estrelas próximas, da Georgia State University. Diz Dressing: “Segundo nossa análise, a exo-Terra mais próxima deve estar a cerca de 13 anos-luz de distância, praticamente do outro lado da rua em termos astronômicos. O conhecimento que um planeta como o nosso pode estar tão perto é incrivelmente animador, e um grande incentivo para a próxima geração de missões de busca por planetas como a Terra”.
Ela acrescenta: “Assim que encontrarmos exo-Terras próximas, os astrônomos irão estudá-las em detalhe com o Telescópio Espacial James Webb [programado para ser lançado em 2018 para suceder o Hubble], e telescópios baseado em terra como o Giant Magellan Telescope [a ser construído no Las Campanas Observatory no Chile e ser completado em 2020].
A importância das anãs vermelhas também se deve ao fato de sua duração ser muito maior que a de estrelas como o Sol, permitindo que planetas habitáveis sustentem a vida por um tempo consideravelmente maior que na Terra, onde a vida surgiu há cerca de 3,8 bilhões de anos. Charbonneau afirma: “Podemos encontrar uma ex-Terra com 10 bilhões de anos de idade”.
A anã vermelha mais próxima é Próxima Centauri, parte do sistema triplo de Alpha Centauri, a 4,3 anos-luz de distância. Na estrela B daquele sistema foi encontrado em 2012 um planeta com tamanho similar ao do nosso, mas quente demais para abrigar vida. Também sabemos da existência de cinco exoplanetas candidatos orbitando Tau Ceti, a 11,9 anos-luz daqui. Dois desses mundos podem residir na região habitável, porém seus tamanhos são respectivamente 4,3 e 6,6 vezes maior que o da Terra.
Um vídeo detalhando a descoberta
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