O Cometa ISON, descoberto pelos astrônomos amadores russos Vitali Nevski e Artyom Novichonok em setembro de 2012, após uma investigação sobre fotografias tiradas por um telescópio pertencente à Rede Óptica Científica Internacional [a sigla em inglês ISON], recebeu o nome oficial de C/2012 S1. ISON é um cometa rasante solar, do tipo que passa muito perto do Sol no periélio, o ponto de máxima aproximação da estrela, e astros desse tipo costumam ser espetaculares.
O ISON também possui uma trajetória muito similar à do Grande cometa de 1680, que pelos registros históricos pôde ser visto até mesmo durante o dia. Esse fato tem animado a comunidade científica, apesar de não ser garantia absoluta de espetáculo. O Cometa Kohoutek de 1973 era também um rasante solar, mas apesar de não ter decepcionado os cientistas não deu o show esperado pela imprensa em geral. De qualquer forma, a comunidade astronômica começa a se organizar para colher a maior quantidade de dados científicos possível.
A NASA convocou uma equipe de especialistas a fim de organizar uma campanha de observação do Cometa ISON. O objetivo é coordenar os esforços de observatórios em solo e no espaço, por meio da CIOC [Campanha de Observação do Cometa ISON]. De acordo com Karl Battams, cientista do Laboratório da Reserva Naval em Washington: “É uma rara oportunidade, pois temos o alerta da passagem do cometa com antecedência, então temos tempo de organizar essa campanha. Podemos conseguir uma nova ciência”.
O ISON deve passar em 28 de novembro a somente 1,1 milhões de km do Sol, no ponto de máxima aproximação, e graças a isso o espetáculo nos céus da Terra antecedendo o periélio pode ser histórico. O cenário mais otimista aponta que o cometa poderá ser visto mesmo durante o dia. Evidentemente, qualquer risco de impacto contra a Terra está descartado.
Battams comenta: “Cometas rasantes solares sofrem os efeitos mais intensos em termos de calor e atração gravitacional. Isso provoca a sublimação de materiais de sua superfície, que normalmente não sublimariam. Quando o ISON se aproximar do Sol, poderemos detectar muitos dos elementos de sua composição que normalmente não estariam acessíveis”.
A CIOC já entrou em contato com observatórios em terra e missões espaciais, a fim de alertá-los para a observação do cometa. Entre as sondas que deverão mirar o cometa estão a SOHO, STEREO, SDO, Deep Impact, Juno, Messenger, Mars Odissey e Mars Reconnaissance Orbiter, e também os telescópios Spitzer, Chandra e Hubble. De fato, a Deep Impact, que lançou um veículo de impacto no cometa 9P/Tempel em 04 de julho de 2005, já está observando o ISON. A missão foi rebatizada como Epoxi e seu novo objetivo é o Cometa Hartley 2.
Os astrônomos somente terão uma pista mais concreta a respeito de como será a passagem do Cometa ISON no começo de agosto, quando o gelo de sua superfície de fato começar a sublimar enquanto se aproxima do sistema solar interior. Battams completa: “Temos que seguir com otimismo, nos preparar para algo especial e espetacular, e esperar que aconteça. Se for assim, poderemos realizar observações sem precedentes sobre o cometa”. A máxima aproximação com a Terra deverá ser de 64 milhões de km, em 26 de dezembro.
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