A franquia Star Trek, ou Jornada nas Estrelas, tornou-se um ícone mundial desde a estreia da série original na rede NBC, em 05 de setembro de 1966. Seu otimismo ao mostar que a humanidade superou os preconceitos e ódios e tornou-se uma espécie interestelar, os profundos debates originados das histórias e a tripulação multirracial colocaram a produção muito além de seu tempo, e mesmo com o cancelamento em 1969 gerou inúmeros produtos, entre filmes, séries derivadas, videogames, livros, quadrinhos e outros. Desde a primeira temporada da série clássica do capitão Kirk, senhor Spock e doutor McCoy, a ligação com a Ufologia tem sido explorada.
No episódio 21 da primeira temporada, Tomorrow is Yedsterday (Amanhã é Ontem), um incidente leva a nave Enterprise e sua tripulação de sua época original, o século 23, para o ano de 1969, onde é tomada por um UFO e interceptada. O caça que se aproxima é destruído, mas seu tripulante, capitão John Christopher, é teletransportado para bordo. O problema é que sua presença na Enterprise pode acarretar mudanças irreversíveis na linha temporal. Já o quarto episódio da terceira temporada de A Nova Geração, primeira série derivada, Who Watches the Watchers (Quem Observa os Observadores), os tripulantes da Enterprise são tomados por deuses por uma raça primitiva aparentada aos vulcanos, bebendo na fonte da Ufoqrqueologia. Aquela espécie tem grande potencial para atravessar a difícil fronteira entre a superstição e a razão, e o mal entendido precisa ser superado para tanto.
Também da Nova Geração, o quarto episódio da sexta temporada, Relics (Relíquias), trouxe para o século 24 o engenheiro Montgomery “Scotty” Scott, interpretado pelo saudoso ator James Doohan. Conhecido como “fazedor de milagres” por suas proezas técnicas, Scotty conseguiu preservar-se por mais de 70 anos no telestransporte de sua nave, a USS Jenolan, até ser resgatado pela tripulação da Enterprise-D. A Jenolan havia se acidentado na superfície de uma Esfera de Dyson, imensa construção de 200 milhões de km de diâmetro, destinada a absorver toda a energia de uma estrela. Hoje astrônomos como Geoff Marcy falam em detectar esse e outros exemplos de engenharia estelar, a fim de comprovar a existência de civilizações extraterrestres.
Finalmente, no episódio Little Green Men (Homenzinhos Verdes), oitavo da quarta temporada de Deep Space 9 (A Nova Missão, segunda série derivada), um defeito em sua nave faz os alienígenas ferengi Quark, Rom e Nog irem parar em Roswell, Novo México, em julho de 1947, protagonizando o famoso caso ocorrido naquela cidade do estado norte-americano do Novo México. A civilização ferengi pratica o que pode ser chamado de capitalismo selvagem e a oportunidade de grande lucro anima Quark, mas logo os ferengi retornam para seu tempo normal após muitas situações estranhas e engraçadas. Jornada nas Estrelas apresentou uma das melhores histórias envolvendo o Caso Roswell na ficção.
Os comuncadores utilizados na Série Clássica inspiraram o desenvolvimento de telefones celulares e o primeiro ônibus espacial, previsto para chamar-se constitution, foi rebatizado como Enterprise devido a campanhas lançadas pelos fãs. São somente alguns dos exemplos da notável influência do universo de Jornada nas Estrelas em nossa realidade. E no novo filme, Star Trek Além da Escuridão, a tripulação da Enterprise precisa lidar com uma nova ameaça, ataques sendo feitos à Federação dos Planetas Unidos por um terrorista que parece imbatível. Isso pode fazer desmoronar a paz tão duramente alcançada e ameaçar a existência da espécie humana. O filme estreia em todo o mundo na sexta-feira, 17 de maio, mas no Brasil somente em 14 de junho.
Finalmente, existe uma questão a respeito da Ufologia que o universo Star Trek já respondeu na ficção e tem evoluído da pura e simples impossibilidade para uma possibilidade teórica, e experimentos estão sendo conduzidos neste momento a fim de verificar sua viabilidade: viajar mais rápido que a velocidade da luz. O universo é por demais vasto e as distâncias são gigantescas para que mesmo uma viagem até o sistema estelar mais próximo, o de alpha Centauri a meros 4,3 anos-luz, seja feita no tempo de duração de uma vida humana. Como a Teoria da Relatividade de Einstein comprovou, um objeto com massa não pode atingir a velocidade da luz, muito menos superá-la, visto que com o aumento da velocidade a massa cresce, assim como a quantidade de energia necessária para manter a aceleração. Atingir a velocidade da luz significaria obter massa infinita, o que é impossível.
Mas Jornada nas Estrelas, desde a Série Clássica, resolveu esse dilema com a velocidade de dobra: não é a nave que viaja pelo espaço, mas o espaço é distorcido pelas máquinas da Enterprise, fazendo-a chegar ao destino em questão de dias, não décadas. A quase intransponível dificuldade em percorrer as colossais distâncias cósmicas tem sido, nos mais de 60 anos de história da Ufologia, um dos maiores impedimentos para a aceitação da teoria de que a Terra tem sido visitada por seres extraterrestres. Porém, em 1994, o físico Miguel Alcubierre, inspirado por Star Trek, desenvolveu uma teoria para propor que a velocidade de dobra pode ser alcançada. Como no seriado, a ideia de Alcubierre é distorcer o espaço, o que sabemos também que pela Teoria da Relatividade é possível (a gravidade é um dos meios pelos quais isso acontece), comprimindo o espaço entre a nave e seu destino e estendendo-o entre a nave e o ponto de partida. O veículo, por sua vez, estaria dentro de uma bol
ha de dobra, a velocidades muito inferiores à da luz, respeitando o limite imposto pela relatividade.
Essa espantosa ideia não quebra as leis físicas conhecidas, porém exigiria uma colossal quantidade de energia, calculada primeiramente como equivalente à massa do planeta Júpiter. Novos cálculos obtidos recentemente indicam, entretanto, que uma quantidade muito inferior de energia poderia funcionar e entre as propostas estão o uso, tal qual em Star Trek, da aniquilação entre matéria e antimatéria, em que cem por cento da massa é transformada em energia. Para criar a bolha de dobra, Alcubierre indica o uso de energia negativa, obtida a partir do vácuo. Isso seria conseguido com o uso do Efeito Casimir, que postula o vácuo não ser vazio, mas preenchido por ondas de flutuações eletromagnéticas. Distorcer tais ondas criaria a energia negativa, que distorceria o espaço-tempo contínuo, produzindo uma bolha de dobra.
Para verificar essa possibilidade, Harold “sonny” White, do Centro Espacial Johnson da NASA, desenvolveu um experimento consistindo em dois feixes de raios laser. Um passa através de um vácuo criado artificialmente, outro pelo espaço normal. Os cientistas então medirão o desvio na frequência do laser para o vermelho no espectro eletromagnético (é desta maneira que medimos a expansão do universo, verificando o desvio para o vermelho na luz de galáxias distantes). Se o laser passando pelo vácuo exibir tal desvio, seria a indicação de que passou por uma bolha de dobra.
White está muito otismista, apesar de o desvio que precisa medir ser tão ínfimo que mesmo minúsculos movimentos sísmicos na Terra atrapalham a experiência. Ele e sua equipe mudaram o local da experiência para um outro prédio no mesmo Centro Espacial Johnson, construído para o Programa Apollo e isolado sismicamente, e estão na fase de calibrar seus instrumentos. “A grande questão é: a natureza pode fazer isso. Será que nós podemos?”, pergunta convencido de que é apenas questão de tempo até que possamos atingir a velocidade de dobra. Se o experimento for bem-sucedido significa que a ficção de Jornada nas Estrelas pode virar realidade, e que talvez já tenha se tornado em sociedades mais antigas e adiantadas do que a terrestre, como por exemplo a de nossos enigmáticos visitantes cósmicos.
Vídeo: Velocidade de dobra, já estamos lá?
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Trailer de Star Trek: Além da Escuridão
Infográfico com a trajetória de Star Trek até os dias atuais
Artigo É oficial: Velocidade de Dobra é viável
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