Segundo estudos, grandes terremotos em nosso planeta que causam tanta destruição, podem ser desencadeados por partículas solares.
O que antes era uma desconfiança, agora se confirmou, pois cientistas descobriram que grandes e poderosos terremotos ocorrem geralmente em grupos, e não em padrões aleatórios.
Foi descoberta a primeira evidência forte, de que fortes erupções no Sol podem desencadear terremotos em massa na Terra.
Segundo o geofísico Giusepe de Natale, terremotos em todo o mundo não são distribuídos uniformemente e que não há alguma correlação entre eles, e assim partiram para testar a hipótese de que a atividade solar pode influenciar a ocorrência de terremotos em todo o mundo.
Uma origem solar para grandes sismos
O Sol, olhando aqui da Terra, parece um astro muito calmo e silencioso, mas não se engane, pois o mesmo está constantemente bombardeando o Sistema Solar com vasta quantidade de partículas na forma do vento solar.
Esporadicamente o astro rei acaba liberando grande massa de através de sua ejeção coronal e acaba bombardeando todo sistema com partículas que ao atingirem a Terra, interferem nos satélites e, em circunstâncias extremas, derrubam até redes de energia.
A nova pesquisa sugere que partículas de erupções poderosas como essa, especificamente os íons carregados positivamente podem ser responsáveis ??por desencadear grupos de terremotos fortes.
Os terremotos do modo que conhecemos ocorrem quando as placas tectônicas se tocam e fragmentam, e quando essa energia é acumulada, as rochas quebram. Quando a fricção intensa que bloqueia as placas é superada, as rochas quebram, causando terremotos de grande intensidade.
A nova descoberta feita, indica que existe um padrão em alguns grandes terremotos ao redor do planeta, pois eles tendem a ocorrer em grupos, não ao acaso. Isso sugere que pode haver algum fenômeno global que está desencadeando essas partes do terremoto em todo o mundo.
Como descobriram a relação do Sol com os terremotos
Foi quando o geofísico Giusepe de Natale e sua equipe resolveram analisar os últimos 20 anos de dados de atividades solares e terremotos, encontrando padrões que evidenciam essa relação até então desconhecida de todos.
Foram usados dados do Satélite Observatório Solar e Heliosférico (SOHO) da NASA-ESA, compilando medidas de prótons (partículas com carga positiva) que vêm do Sol e se espalham pelo nosso planeta.
O SOHO, localizado a 1,45 milhão de quilômetros da Terra, mantém seus sensores voltados para o Sol, o que ajuda os cientistas a rastrearem quanto material solar acaba atingindo nosso planeta.
Ao comparar o Catálogo Instrumental de Terremotos Instrumentais Globais do ISC-GEM, um registro histórico de terremotos fortes com os dados do SOHO, os cientistas notaram terremotos mais fortes quando o número e a velocidade dos prótons solares aumentaram.
Especificamente, quando os prótons fluindo do Sol atingiram o pico, houve um pico de terremotos acima da magnitude 5,6 nas próximas 24 horas.
Uma origem piezoelétrica para terremotos
Depois de perceber a correlação entre o fluxo de prótons solar e terremotos fortes, os pesquisadores propuseram uma possível explicação: um mecanismo chamado efeito piezoelétrico reverso.
Experiências anteriores mostraram claramente que a compressão do quartzo, uma rocha comum na crosta terrestre, pode gerar um pulso elétrico através de um processo conhecido como efeito piezoelétrico.
Os pesquisadores pensam que pulsos tão pequenos podem desestabilizar falhas que já estão próximas de romper, provocando terremotos.
De fato, assinaturas de eventos eletromagnéticos como raios e ondas de rádio foram registradas ocorrendo ao lado de terremotos no passado. Alguns pesquisadores pensam que esses eventos são causados ??pelos próprios terremotos.
Mas vários outros estudos detectaram fortes anomalias eletromagnéticas antes grandes terremotos, não depois, então a natureza exata da relação entre terremotos e eventos eletromagnéticos ainda é debatida.
À medida que os prótons carregados positivamente do Sol colidem com a bolha magnética protetora da Terra, eles criam correntes eletromagnéticas que se propagam pelo mundo.
Os pulsos criados por essas correntes poderiam então alterar ligeiramente a forma do quartzo na crosta terrestre, provocando terremotos.
Esta não é a primeira vez que os cientistas tentam vincular a atividade solar a terremotos, pois em 1853, um astrônomo suíço chamado Rudolf Wolf tentou conectar manchas solares locais de intensa atividade magnética na superfície do Sol, à terremotos.
Experimentos mais recentes também buscaram esse vínculo, mas fortes evidências estatísticas permanecem fora de alcance. Um artigo de 2013 publicado na Geophysical Review Letters, por exemplo, analisou 100 anos de manchas solares e dados geomagnéticos, sem encontrar evidências de uma conexão entre o Sol e os terremotos.
A importância de se preverem os terremotos
Em parte, os esforços de longo prazo para encontrar um elo entre o Sol e os terremotos foram insuficientes, essa afirmação mais recente de que os prótons solares podem desempenhar um papel foi cumprida pelo notável ceticismo na comunidade de pesquisa. Alguns são cautelosos com a análise estatística realizada nos dados, enquanto outros questionam como os dados foram selecionados.
Como quase sempre acontece com a ciência, são necessárias mais pesquisas antes de termos certeza se o Sol pode provocar terremotos. Mas se o trabalho futuro conseguir consolidar a conexão proposta, manter um olhar atento à nossa estrela brilhante pode nos ajudar a prever e nos preparar melhor para quando o chão tremer inesperadamente e violentamente sob nossos pés, possivelmente ajudando a salvar vidas.
Wagner Soeiro é professor, jornalista, divulgador científico, coordenador do Clube de Astronomia Rio Preto (CARP) e cofundador do Grupo de Estudos e Pesquisas Ufológicas Rio Preto (GEPURP)