Astrônomos brasileiros registraram raros vídeos da reentrada de um satélite da Starlink na atmosfera terrestre. Esse foi apenas o primeiro, vem mais por aí.
Astrônomos brasileiros registraram raros vídeos da reentrada de um satélite da Starlink na atmosfera terrestre. Câmeras da Exploring the Southern Sky [Exploração do Céu do Sul – Exoss] e da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) captaram as imagens sobre o interior de São Paulo por volta das 23h00 da última sexta-feira (11).
A Bramon utilizou imagens de duas de suas estações, ambas em Nhandeara, no estado de São Paulo, e de uma câmera de seu parceiro Clima ao Vivo, em Monte Azul Paulista, para calcular a trajetória do objeto.
Estima-se que o satélite começou a queimar acima das regiões centro-oeste e sudeste, e que pequenos detritos podem ter caído sobre o Estado de São Paulo.
Como a UFO vem publicando há quase um ano, os satélites da rede Starlink que são lançados em conjuntos de 60 objetos por vez, têm como objetivo fornecer internet de alta velocidade para o mundo todo.
Os pequenos objetos também já causaram – e ainda causam – todo tipo de confusão mundo a fora, quase sempre sendo confundidos com UFOs. Aqui no Brasil isso aconteceu em todos os locais onde o trem de satélites esteve visível.
Não era um UFO
Quando as câmeras iniciaram a gravação, o satélite já estava completamente fragmentado, passando sobre Paranaíba, Mato Grosso do Sul. Os fragmentos seguiram lentamente na direção sudeste.
“A gravação foi interrompida quando eles passavam sobre o município paulista de Lins. Temos umas câmeras mais ao sul que não registraram os detritos, então não devem ter ido muito longe”, conta Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon.
Uma estação de monitoramento de meteoros da Exoss, na cidade de Novais, no estado de São Paulo, também registrou o momento.
O projeto EXOSS, é uma organização de ciência cidadã colaborativa sem fins lucrativos, que atua em conjunto com diversas instituições científicas, voltada para o estudo de meteoros e bólidos, suas origens, naturezas e caracterização de suas órbitas.
“Descartamos de primeira que pudesse ser um meteoro ou um bólido. Logo identificamos que era um lixo espacial e divulgamos, para que as pessoas não se preocupassem”, disse Marcelo De Cicco, astrônomo coordenador do projeto Exoss.
Como o satélite se despedaça e queima ao entrar na atmosfera, é possível ver diversas bolas de fogo riscando o céu, juntas e lentamente. Internautas do interior do Estado relataram, nas redes sociais, terem visto o fenômeno – alguns pensando se tratar de um meteorito ou até de um UFO.
E os riscos?
Starlink no céo noturno Crédito: VitalVideo Lab
O satélite em questão era o Starlink-32, lançado em 24 de maio de 2019, em um foguete Falcon-9, no primeiro lote do projeto. A reentrada já estava prevista para acontecer nesta data, possivelmente sobre o Brasil ou Oceano Atlântico, de acordo com os dados orbitais do objeto.
A Starlink já lançou cerca de 700 mini satélites à órbita, em 12 lotes. O primeiro era um teste, e diversos equipamentos apresentaram problemas, como o 32. Dezenas deles estão sendo “derrubados” entre agosto e setembro – é realizada uma manobra para reentrada na atmosfera. Essa foi apenas a segunda vez que se tem registro de um deles se desintegrando e a primeira por equipamentos profissionais. Na semana passada, um morador dos Emirados Árabes Unidos filmou a queda do Starlink-40.
Nas próximas semanas, mais Starlinks devem cair – algo comum com o aumento do uso de satélites, que têm vida útil limitada. Por enquanto, nenhum potencialmente visível do Brasil. Os riscos de ferimentos ou destruição por detritos deles são praticamente inexistentes.
Os satélites da Starlink são pequenos, pesando aproximadamente 230 kg cada, e relativamente frágeis: uma fina estrutura metálica abriga instrumentos e painéis solares. Considerando a velocidade orbital de 27 mil km/h e o forte calor do atrito com o ar, quase toda estrutura é completamente desintegrada.
“Esse satélite é muito frágil, muito fino, pequeno e leve. Dificilmente alguma parte vai sobreviver à passagem atmosférica. Ele é inofensivo para pessoas em solo. Ele não tem tanques de hidrazina dos satélites convencionais, que poderiam, sim, ser um risco”, acredita Zurita.
Com informações do Portal UOL. Para ler o artigo original, por favor, clique aqui
Veja, abaixo, o video da Exuss sobre o assunto: