Os sinais confirmaram que a sonda conseguiu sobrevoar, fazer captura de imagens e análises científicas do corpo celeste conhecido como Ultima Thule – que está a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros de distância da Terra e se tornou o objeto celeste mais distante já explorado pela humanidade.
“A Ultima Thule está finalmente revelando seus segredos”, diz Hal Weaver, pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, responsável pela missão. A Ultima Thule tem cerca de 16 quilômetros de comprimento e está localizada no chamado cinturão de Kuiper – composto principalmente por corpos celestes de gelo, remanescentes da formação do Sistema Solar -, além da órbita de Netuno.
(Formato da Ultima Thule, de acordo com os dados enviados pela New Horizons.Crédito: NASA)
Os primeiros dados da New Horizons, recebidos nesta terça, confirmam que ela tem um formato alongado, com a massa concentrada em dois polos – formato mais ou menos parecido com um amendoim com casca ou um pino de boliche. Os cientistas já tinham indícios de que esse era seu formato. “Em 2017, ela passou em frente a uma estrela e conseguimos ver que ela era alongada e tinha essa formato com dois polos. Isso é comum entre asteroides e cometas”, explica um dos cientistas da missão.
Segundo Weaver, o corpo celeste diminuto é “provavelmente o objeto mais primitivo já encontrado por uma espaçonave, a melhor relíquia possível do antigo Sistema Solar”. Lançada em janeiro de 2006, a sonda New Horizons já havia feito história em 2015, quando passou pelo planeta-anão Plutão e enviou dados e fotos de volta para a Terra – foram as informações mais detalhadas conseguidas sobre o planeta.
Pouco a pouco
Os cientistas tinham dados que apontavam que o objeto era alongado e estava girando, mas esperavam que houvesse variações no brilho que ele refletia. No entanto, não era possível observar essa variação da Terra. Os dados enviados pela sonda deram uma explicação para essa anomalia. “Não há mudança no brilho porque ele estava girando, então, vimos sempre o mesmo lado”, explicou Weaver.
Como a sonda está a uma distância muito grande da Terra, a velocidade de transmissão de informações de volta para a Nasa – através de ondas de rádio – é muito baixa. Os sinais levam seis horas e oito minutos para chegar ao nosso planeta e as taxas de transferência de dados são de cerca de 1 mil bits por segundo. Portanto, as primeiras imagens enviadas são de baixíssima resolução, basicamente um borrão pixelado e em preto e branco.
As imagens coloridas, de baixa resolução, devem chegar e ser divulgadas ao longo dessa semana. Mas as imagens de alta resolução só devem chegar em fevereiro. Ao contrário do encontro com Plutão em julho de 2015, não haverá imagens progressivas da aproximação para serem admiradas. Ultima Thule permaneceu um borrão no visor praticamente até as últimas horas do sobrevoo.
A New Horizons chegou mais perto de Ultima Thule – 3,5 km – do que de Plutão, o que é bom para o nível de detalhamento das imagens.
(Primeiras imagens da Ultima Thule são borrões em preto e branco)
Nos próximos dias, os cientistas da missão vão analisar as imagens e os dados que estão chegando e devem divulgar mais informações sobre as descobertas feitas.
Por que a New Horizons passou por Ultima Thule?
A NASA queria explorar algo além de Plutão e esse objeto era alcançável. Curiosamente, só foi descoberto há quatro anos pelo telescópio Hubble. Catalogado inicialmente como (486958) 2014 MU69, o corpo celeste recebeu o nome de Ultima Thule com base em uma consulta pública promovida pela Nasa. É um termo em latim que significa algo como “um lugar além do mundo conhecido”.
Como muitos objetos do cinturão de Kuiper que têm seu tamanho, é provável que seja composto por muito gelo, poeira e talvez alguns fragmentos de rochas maiores, que se juntaram nos primórdios do Sistema Solar – os cientistas devem ter mais detalhes sobre sua composição e superfície a partir da análise dos dados enviados pela New Horizons nos próximos dias.
(Os detalhes das imagens em alta resolução devem ser melhores do que as de Plutão, mas só devem chegar em fevereiro. Crédito: NASA/JHU-APL/SWR)
Observações telescópicas distantes sugerem que sua superfície é muito escura, com uma coloração levemente avermelhada. Essa escuridão (que reflete apenas cerca de 10% da luz que bate em sua superfície) se deve ao fato de ter sido “queimada” durante eras por radiação de alta energia – como raios cósmicos e raios-X.
A New Horizons estudou a forma, a rotação, a composição e o ambiente de Ultima Thule. Os cientistas querem saber como esses mundos longínquos surgiram. Uma teoria é que eles foram criados a partir da acumulação de massa de um grande número de grãos do tamanho de uma pedra.
(Faz três anos que a sonda passou por Plutão. Crédito: NASA)
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