Eles são uma das maiores descobertas arqueológicas do século XX, dos pilares da herança monoteísta, da história viva e pura. E agora, disponíveis na Internet. Os Manuscritos do Mar Morto saíram definitiva – e metaforicamente – das grutas e estão ao alcance de todo mundo.
O Museu de Israel apresentou ontem (26) a versão digital dos rolos do Mar Morto, uma iniciativa que universaliza o conteúdo do depoimento redigido mais antigo dos costumes e práticas dos israelitas de 2.000 anos atrás.
Escritos na sua maioria em hebreu antigo e uma pequena parte em aramaico e grego, o museu postou na web cinco dos 08 rolos em seu poder. O diretor da instituição, James Snyder, descreveu-os como um “perfeito casamento” entre a tecnologia e a história. “Levamos algum tempo pensando como preservar os rolos e seu conteúdo nas nossas mentes e manter vivo seu significado”, disse Snyder em uma conferência de imprensa durante a qual lançaram o novo site com as fotografias dos manuscritos.
Fotografados coluna por coluna com uma câmera de altíssima resolução e um flash fugaz (1/4000 segundos de duração) sem raios ultravioletas para não danificar a pele sobre a qual foram escritas, as imagens foram processadas e justapostas até lhes devolver em tela seu formato original de pergaminho. O projeto consumirá uns 3,5 milhões de dólares.
“A Internet tem rompido as barreiras que havia entre a informação e as pessoas”, explicou Yosi Matías, chefe de I_D do Google Israel, quem destacou a importância de “universalizar” este tipo de conteúdos porque com eles “a sociedade pode enriquecer seus conhecimentos e o entendimento dos principais eventos históricos”.
Segundo Matías, o “gênesis” deste projeto remonta-se há alguns anos, quando o Museu do Holocausto de Jerusalém se propôs a digitalização de seus monumentais arquivos históricos e fotográficos. A idéia dos Manuscritos do Mar Morto foi proposta por um empresário privado, doador do museu, seis meses atrás.
Desde então, uma equipe da entidade e outra do Google trabalharam sem descanso até completar a fase inicial, que inclui também a tradução ao inglês da cada frase do rolo de Isaías (século IV a.C), popularmente conhecido como “profeta da paz” por suas premonições de um mundo sem guerras no final dos dias.
Mais adiante subirão os três pergaminos restantes, traduzirão todos os textos para vários idiomas – entre eles o espanhol – e agregarão conteúdos para a contextualização de versículos. Além disso, os usuários poderão deixar comentários.
O argentino Adolfo Roitman, curador dos rolos do Mar Morto e diretor do Palácio do Livro, um edifício cuja silhueta com forma de jarra alberga os rolos mais famosos e completos, explicou que até agora “só o público que vinha ao museu ou que ia às diferentes exibições pelo mundo podia vê-los. Pela primeira vez na história, é possível ter acesso direto aos manuscritos de qualquer parte do mundo”, agregou.
Encontrados de maneira acidental por beduínos em 1947 nas grutas de Qumran, um importante depósito arqueológico próximo ao Mar Morto, esses textos em pergaminho contêm fragmentos de todos os livros do Antigo Testamento, exceto o de Ester, bem como vários apócrifos.
Sua autoria é atribuída pelos pesquisadores mais tradicionalistas à seita dos essênios, mas os revisionistas sugerem que são na realidade uma compilação de documentos trazidos de muitas partes da antiga Judéia para os proteger dos romanos antes da destruição do templo no ano 70.
As jarras encontradas em Qumran continham uns 900 documentos, entre eles contratos matrimoniais e todo tipo de documentação de caráter civil e religiosa que jogaram luz sobre os costumes dos israelitas na época do Segundo Templo (século VI a.C – I d.C). “Entre todos os pilares da herança mundial monoteísta, os rolos são de uma importância suprema”, sublinhou Snyder, que os descreveu como a “Mona Lisa” do Museu de Israel.
Graças à altíssima resolução das imagens (1.200 megapixels, 200 vezes mais que uma câmera regular), pesquisadores de todo mundo poderão apreciar os detalhes, desde os mais insignificantes, de sua caligrafia, sinais de tinta, manchas, correções e até a textura do pergaminho que, em alguns casos, tem sido maquiada para permitir a leitura. Para acessar o site, clique aqui.
Em um projeto paralelo com a Direção de Antigüidades de Israel, outra instituição israelense que também conserva pergaminhos originais, o Google está digitalizando milhares de fragmentos dos 30 mil achados em Qumran – alguns só de milímetros -, em uma iniciativa que proporá aos pesquisadores o titânico desafio de os unir.
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