A partir de 1995, com a descoberta dos primeiros planetas extrassolares, a grande questão passou a ser quantos desses mundos teriam condições de abrigar vida. Com o refino das técnicas de caça a planetas e novos instrumentos, chegou-se a conclusão de que as antes consideradas pouco importantes estrelas anãs vermelhas podem na verdade ser berços para a vida em todos os lugares do universo.
Anãs vermelhas são o tipo mais comum de estrela que existe no universo e devido a seu tempo de vida muito mais longo que o de astros como nosso Sol, se tornaram alvos preferenciais da pesquisa dos exoplanetas. O exemplo mais conhecido é Gliese 581, situada a 22 anos-luz de distância e que possui um sistema planetário com ao menos quatro, e possivelmente seis planetas, com um deles exatamente dentro de sua região habitável. Como a idade dessa estrela é estimada entre 7 a 11 bilhões de anos [nosso Sol tem 4,5 bilhões de anos], alguns especulam que poderia abrigar uma civilização muito mais antiga que a nossa, sendo que sinais de rádio foram emitidos para esse sistema em 2009.
Agora um novo estudo, a ser publicado no Astrophysical Journal Letters e baseado nos dados obtidos pelo telescópio espacial Kepler da NASA, aponta para a possibilidade de existência, somente em nossa galáxia Via Láctea, de 60 bilhões de mundos habitáveis ao redor de anãs vermelhas. Os cientistas afirmam que mesmo que um exoplaneta esteja muito próximo de sua estrela, ocasionando o efeito de permanecer sempre com o mesmo hemisfério voltado para esta, as condições em sua superfície podem ser favoráveis para a existência de água líquida e portanto vida. Dorian Abbot, da Universidade de Chicago e um dos responsáveis pelo estudo, diz: “Nuvens causam aquecimento absorvendo a luz do Sol, mas também auxiliam a resfriar a Terra refletindo-a, o que mantém o planeta com temperaturas adequadas para sustentar a vida”.
Como é conhecido, a região habitável de uma estrela é aquela onde um planeta pode orbitar para receber a quantidade correta de radiação de sua estrela, permitindo a existência de água líquida em sua superfície. Muito distante da estrela torna o planeta frio, e muito próximo, quente demais para a vida. Estrelas anãs vermelhas permanecem estáveis por muito mais tempo, permitindo zonas habitáveis muito mais acolhedoras. A novidade do estudo é mostrar que planetas travados com uma face voltada permanentemente para sua estrela, caso possuam superfícies com água líquida, produzem grande quantidade de nuvens. Estas regulariam as temperaturas na face diurna do planeta, equilibrando as temperaturas globais com o lado em perpétua escuridão.
Dessa maneira, é possível que anãs vermelhas possuam até mais de um planeta habitável, o que poderá ser analisado nos próximos anos com a entrada em operação em 2018 do telescópio espacial James Webb [JWST] da NASA. Outro participante do estudo, Nicolas Cowan da Universidade Northwestern, explica: “Se do espaço observamos o Brasil ou a Indonésia com um telescópio infravermelho, eles parecerão frios, justamente devido à grande cobertura de nuvens”. Os cientistas afirmam que o mesmo poderá ser observado em exoplanetas. Se o JWST descobrir temperaturas frias ou moderadas no lado diurno de um exoplaneta, este seria um forte indicativo da presença de nuvens, produzidas por uma superfície de água líquida onde poderá ser confirmada a presença de vida extraterrestre.
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Saiba mais:
Livro: O Pensamento da Ufologia Brasileira – Parte 1
DVD: 50 Anos de Exploração Espacial Parte 2
Esta é a segunda parte de uma coleção memorável de documentários que mostram a história da NASA desde sua fundação até seu 50º aniversário, apresentando de forma inédita suas conquistas, as inúmeras dificuldades e tragédias que marcaram sua trajetória e os planos da agência espacial para o futuro da humanidade no cosmos.