O prolífico telescópio espacial Kepler, que desde o lançamento em março de 2009 já localizou mais de 2.700 candidatos a exoplanetas, sofreu uma grave falha em dois de seus giroscópios. São esses dispositivos que o mantém estabilizado com precisão em sua órbita heliocêntrica, que acompanha de perto a da Terra, permitindo que foque em sua região alvo nas constelações Cygnus, Lyra e Draco.
O telescópio precisa de três giroscópios em funcionamento a fim de manter-se estabilizado, e foi construído com quatro desses instrumentos, a fim de ter um reserva. Contudo, em julho de 2012 um deles falhou, e no começo de maio um segundo giroscópio deixou de funcionar. Os cientistas da missão admitem que, se não conseguirem fazer com que ao menos um deles retorne ao normal, pode ser o fim da missão. O Kepler ainda poderia utilizar seus motores de reação a fim de manter sua posição, contudo a precisão desse método está aquém do necessário para a missão original.
Os cientistas da NASA pretendem realizar esforços para reativar ao menos um dos giroscópios, o que pode levar semanas ou meses. Contudo, mesmo que seja o fim da missão do Kepler, este já tem garantido um lugar nos livros de história pelas impressionantes descobertas. Procurando por trânsitos exoplanetários em milhares de estrelas em um pequeno setor de nossa galáxia, a Via Láctea, o telescópio não somente mostrou que quase todas as estrelas possuem planetas, como vários deles são mundos pequenos e rochosos como a Terra. Entre suas maiores descobertas, a dos mundos Kepler-69c, Kepler-62e e Kepler-62f, que até o momento são os mundos mais semelhantes à Terra já localizados.
Os cientistas comentam que mesmo que o Kepler pare de enviar informações, aquelas que já foram colhidas e ainda não analisadas podem conter dados incalculáveis a respeito de novos mundos. Inclusive aqueles habitados por avançadas civilizações cósmicas, e será essa a busca a ser realizada pelo conhecido astrônomo Geoff Marcy, que pretende buscar nos dados do Kepler informações a respeito de gigantescas estruturas construídas por povos cósmicos.
A NASA, contudo, não para, e além do sucessor do telescópio espacial Hubble, o James Webb, acaba de aprovar a missão Satélite de Vigilância de Trânsito de Exoplanetas (TESS). Escalado para ser lançado em 2017, o novo telescópio TESS também se utilizará do método do trânsito a fim de vasculhar a maioria das estrelas próximas similares ao Sol ou menores, até um raio de dezenas de anos-luz do sistema solar. Um dos objetivos é investigar as 1.000 estrelas anãs vermelhas mais próximas de nós. Com a profusão de exoplanetas descobertos nos últimos anos por esses e outros instrumentos, os astrônomos cobram também novas missões para efetivamente estudar esses novos mundos, no molde do Localizador de Planetas Terrestres (TPF), projeto cancelado pela NASA. A astronomia exoplanetária promete grandes descobertas no futuro próximo.
Vídeo: a procura por outra Terra
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Saiba mais:
Livro: Dossiê Cometa
DVD: 50 Anos de Exploração Espacial Parte 3
Esta é a terceira parte de uma coleção memorável de documentários que mostram a história da NASA desde sua fundação até seu 50º aniversário, apresentando de forma inédita suas conquistas, as inúmeras dificuldades e tragédias que marcaram sua trajetória e os planos da agência espacial para o futuro da humanidade no cosmos. Confira também os demais títulos da série: A Conquista da Lua: Dificuldades e Surpresas (Parte 1) e Sobrevivendo no Espaço: Desafios à Frente (Parte 2).