Em 05 de agosto de 2012, no que foi descrito como “sete minutos de terror”, o rover Curiosity da NASA realizou o mais audacioso pouso em Marte da história. Com uma tonelada de peso, ele não poderia utilizar o método com air bags a exemplo dos antecessores Spirit e Opportunity, portanto a agência espacial utilizou a complexa técnica do guindaste aéreo para depositar o robô na superfície marciana. Apesar das críticas, tudo felizmente funcionou com perfeição.
O local de pouso do rover é a Cratera Gale, com 154 km de extensão, em cujo centro ergue-se o Monte Sharp, de 5,5 km de altitude. Em suas encostas, para onde o Curiosity se dirige atualmente, existem inúmeras camadas geológicas expostas que são um registro preciso do passado marciano, além de exibigem sinais de terem sido expostas à água líquida, razão pela qual esse lugar foi escolhido. O robô pousou na região conhecida como Aeolis Palus, rico em depósitos de sedimentos, e que foi posteriormente batizado como Bradbury Land, em homenagem ao escritor Ray Bradbury, falecido em 05 de junho de 2012.
Curiosity permaneceu por cerca de um ano nas proximidades do local de pouso, examinando um terreno onde a sonda orbital Mars Reconnaissance Orbiter identificou sinais de ter sido exposto à água corrente no passado. Esse primeiro estudo da expedição valeu a pena, quando os cientistas da missão anunciaram em setembro de 2012 que o rover havia encontrado um antigo curso de água. Prosseguindo nas análises, em fevereiro de 2013 o Curiosity perfurou um buraco de 6,4 centímetros em um local chamado Yellowknife Bay.
As amostras foram analisadas nos instrumentos a bordo, o que levou ao extraordinário anúncio de 12 de março de 2013, com o anúncio da descoberta de elementos essenciais à vida, como enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono, confirmando que esse local podia abrigar vida há bilhões de anos. John Grotzinger, geólogo do Instituto de Tecnologia da Califórnia de Pasadena, e chefe científico da missão, afirmou na ocasião: “Encontramos um ambiente que era tão favorável à vida que provavelmente, se essa água estivesse hoje disponível e alguém visitasse esse local, poderia bebê-la”. O outro rover em funcionamento em Marte, o Opportunity, também examinou um ambiente que pode ter abrigado vida em maio passado, confirmando a habitabilidade do planeta vizinho pelo menos há bilhões de anos.
Depois de mais algumas investigações em Yellowknife Bay, em julho o Curiosity finalmente tomou o rumo das encostas do Monte Sharp, e recentemente superou uma milha percorrida (1,6 km), desde o pouso. A montanha exibe em suas suaves encostas inferiores sinais de exposição à água líquida, em contraste com as altitudes elevadas que dão mostras de sempre terem sido secas. O plano é fazer o rover subir por essas encostas pouco inclinadas até cerca de 800 m de altitude e realizar várias análises do local.
Grotzinger explica: “Esperamos subir o suficiente para poder examinar essa fronteira, entre o terreno antes úmido e o que sempre foi seco. Acredito que essa subida por centenas de metros pelas encostas do Monte Sharp possam nos ajudar a contar a história da evolução ambiental dos primeiros bilhões de anos de Marte”. A distância entre a localização atual do Curiosity e esse objetivo é de cerca de 8 km, que a equipe do robô acredita poder percorrer em um ano.
O Curiosity foi lançado em uma missão primária de dois anos terrestres e Grotzinger afirma que esperam poder atingir o objetivo nas encostas do Monte Sharp, próximo ao final desse período. De fato, o rover é alimentado por um gerador a plutônio, não dependendo da energia solar como seus antecessores, e a NASA estima que a missão possa ter uma duração superior a dez anos no total. O Curiosity, movendo-se a uma velocidade máxima de 0,14 km/h, deverá parar em vários locais que forem julgados interessantes antes de chegar ao Monte Sharp. Um dos objetivos é descobrir se as rochas de Yellowknife Bay foram expostas a água ao mesmo tempo que as da montanha e se faziam parte do mesmo sistema líquido.
O impacto tremendo da missão do Opportunity e seu sucesso antes de completar um ano em Marte incentivou a NASA a anunciar uma nova missão para a superfície marciana. Em 2020 será lançado um novo rover, desta vez equipado para buscar sinais de vida no passado marciano. Baseado no chassi do Curiosity e utilizando o mesmo sistema de guindaste aéreo, o novo veículo será um passo a frente, com equipamentos mais avançados e até mesmo capacidade de deixar amostras em recipientes adequados, com vistas a uma futura missão que levaria tais amostras para serem analisadas na Terra. A agência também deverá lançar outra missão de pouso e missões orbitais igualmente estão programadas, repetindo a parceria entre suas sondas em solo e em órbita de Marte. E muitos são os cientistas que afirmam a possibilidade de a vida ainda existir no planeta vizinho, respostas que as missões dos próximos anos poderão finalmente trazer.
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Vídeo: um ano do Curiosity em Marte em dois minutos
Marte teve condições de abrigar vida
Saiba mais:
Livro: UFOs na Rússia
DVD: 50 Anos de Exploração Espacial Parte 3
Esta é a terceira parte de uma coleção memorável de documentários que mostram a história da NASA desde sua fundação até seu 50º aniversário. 50 Anos de Exploração Espacial reúne filmagens raras feitas no espaço desde a primeira missão, ainda nos anos 50 e 60, até as mais recentes,
do final da década passada.