por Carlos A. Reis
Valleeu a pena esperar
Desculpem o trocadilho, mas não resisti. Parabéns à Ufo pela entrevista com Jacques Vallée na edição comemorativa número 100, aproximando-o do público brasileiro. Esperamos muitos anos para ter esse “diálogo”, mas valeu a pena, pois suas respostas esclareceram alguns pontos muito discutíveis dentro do atual cenário ufológico mundial. Espero que os leitores compreendam melhor agora porque o citamos com tanta freqüência.
Como sempre, corremos contra o tempo quando se trata de fazer os comentários e observações de uma edição para outra, e inevitavelmente alguma coisa passa desapercebida. Por isso, é com satisfação que vejo esta seção dando frutos. Estou falando dos leitores que complementam o papel do ombudsman ao escreverem detectando pequenos erros. É o caso, por exemplo, de Marcelo Boralli, comentando a entrevista de Tony Taylor na edição 98, ao destacar a expressão “fóssil terrestre com 3,6 trilhões de anos”.
Já a edição 99 apresentou pouco material para comentários, até porque mais da metade foi usada para promover a campanha de liberdade de informação. O índice continua omitindo algumas seções, pela terceira vez consecutiva, e isso pode ser interpretado como falta de ética e respeito aos responsáveis pelas mesmas. Em Mundo Ufológico, uma notícia chamou a atenção: 50 Planetas Iguais à Terra. Ela mostra falhas, a começar pelo número estimado, que não tem sustentação. Além disso, considerando a enorme distância que muito provavelmente esses planetas possam estar, estamos falando de algo em torno de milhares (talvez milhões) de anos-luz. Logo, esses astros farão parte do passado, e portanto, podem não mais estar abrigando vida, seja de que tipo for. Devemos pensar melhor sobre isso também quando falarmos em hipótese extraterrestre. Em Encontros Cósmicos, não entendi porque a chamada ETs na Janela do Ônibus se o relato é de um simples avistamento a distância…
Terra Oca ou Cabeça Oca?
Está certo que não devemos comentar as matérias, mas trazer à tona, na edição 99, um assunto enterrado desde o final da década de 70, como Terra Oca, é demais. Como diria um amigo pesquisador, oca deve ser a cabeça de quem acredita nessa esdrúxula teoria. Já sobre a edição 100, o único comentário que tenho a fazer diz respeito ao excessivo destaque dado aos acontecimentos ocorridos no México, uma vez que as investigações ainda estavam no início e, ao que tudo indica, nada têm a ver com UFOs. A se confirmar essa conclusão, a publicação terá que se retratar, pois anunciou de forma precipitada que “11 UFOs agitam o México”, antes de se ter confirmação.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado à edição 101, acerca dos avistamentos em Portugal. É preciso aguardar um pouco mais o curso das investigações antes de sair divulgando conclusões apressadas. Às vezes a Revista Ufo peca por defender de forma ferrenha suas convicções, e essa não é uma postura condizente com uma publicação que quer se manter aberta a outras possibilidades. Por fim, a matéria que escrevi, que pretende esclarecer alguns fatos sobre o Caso Dino Kraspedon, ainda nem foi publicada e já tem leitores saindo em defesa do principal envolvido, revelando estreito horizonte quando acusam o ombudsman de “…usar de artimanhas para desviar a atenção do público”, ou que “…provavelmente estaria a serviço sabe-se-lá de quem com o intuito de denegrir a imagem do nobre companheiro”. Nunca vi tanta bobagem junta.
Já a edição 102 circulou com oito páginas a menos, e pela terceira vez consecutiva algumas seções foram preteridas em razão da divulgação da campanha de liberdade de informação – deixando o fato de ser excepcionalmente para se tornar rotineiramente. Isso não pode acontecer. As seções de uma revista são fixas e só muito raramente devem ceder seu espaço para matérias extraordinárias de interesse geral. Ainda sobre a edição 102, não sei quem editou a matéria de minha autoria, Ufologia: Buraco Negro do Incognoscível, mas quem o fez cometeu alguns pecados que comprometeram partes do texto. Na página 22, no último parágrafo, o texto correto é “Seriam as marcas no solo, os filmes e as fotos, um considerável número destas, flagrantes erros…” Mais adiante, neste mesmo bloco, as expressões abduzidos, contatados, paranormais e comandantes estavam originalmente entre aspas, detalhe importante que foi suprimido, à nossa revelia.
Rebimboca da Parafuseta
Ainda na mesma página, terceira coluna, último parágrafo, foi inserida a expressão minhocão, desconhecida pelo autor. É responsabilidade da revista, portanto. Na página 24, na coluna do meio, o texto original é “Ficamos às voltas com a rebimboca da parafuseta e no entanto nos arvoramos…” O termo rebimboca da parafuseta tinha a explícita função de mostrar, de maneira intencionalmente debochada, que mal sabemos consertar um aparelho doméstico ao mesmo tempo em que pensamos saber tudo sobre a tecnologia dessas “máquinas maravilhosas” – termo que, por sinal, veio também sem aspas. O que a Revista Ufo tem contra esse importante sinal gráfico, que dá uma conotação especial e é de imediata compreensão para os leitores? E o que tem a favor da crase, que continua correndo solta pelos textos, porém indevidamente?
Por fim, a entrevista com o tenente-coronel Pontes, na seção Diálogo Aberto, foi oportuna e muito bem conduzida pelo jornalista Wendell Stein, que adotou uma postura sensata, não induzindo o entrevistado a respostas embaraçosas ou constrangedoras. Da mesma forma, a entrevista com o médico Cesário L. Furtado, no texto Novas Revelações Agitam Varginha, também primou pela objetividade e isenção. Ambas são esclarecedoras e inteligentes. Algumas edições atrás eu comentei que iria abrir uma agência de Ufoturismo, e não é que o potencial está crescendo? São Thomé das Letras, Peruíbe, Conservatória, Varginha e agora Barra do Garças…