O general Glen VanHerck, ex-comandante do NORAD e do NORTHCOM, reconheceu que os drones que invadiram repetidamente o espaço aéreo dos EUA nos últimos anos podem estar conduzindo atividades de espionagem. No entanto, ele não soube especificar para quem. De acordo com o relatório, esses incidentes têm sido constantes, com drones aparecendo sobre importantes instalações militares, operando em padrões de voo organizados e, o mais preocupante, passando despercebidos pelos radares convencionais.
Um dos episódios mais perturbadores ocorreu na Base Aérea de Langley , na Virgínia, onde, durante 17 noites consecutivas em 2023, dezenas de drones invadiram a área, forçando até mesmo a realocação de alguns dos caças avançados F-22 Raptor por motivos de segurança. Uma testemunha, Jonathan Butner, documentou em vídeo a observação de pelo menos 40 drones com luzes avermelhadas e laranja, movendo-se de forma sincronizada sobre a base.
O general aposentado Mark Kelly também testemunhou o fenômeno do telhado do quartel-general de um esquadrão em Langley. De acordo com seu depoimento, os dispositivos variavam em tamanho, desde pequenos quadricópteros comerciais até aeronaves do tamanho de um carro. Esses ataques, ele disse, ocorreram logo após o pôr do sol e com uma precisão assustadora.
Apesar da ameaça que representavam, as forças militares não conseguiram rastreá-los adequadamente ou interceptá-los de forma eficaz.
“Nossos sistemas de radar não foram projetados para detectar ameaças de baixa altitude como essas”, admitiu o General VanHerck.
Essa lacuna na defesa nacional deixou especialistas em segurança preocupados com a vulnerabilidade da infraestrutura militar dos EUA.
As contradições da Casa Branca e a falta de respostas
O aspecto mais desconcertante do caso é que o governo Biden tentou minimizar os eventos. De acordo com um alto funcionário, a presença desses drones pode ser atribuída a atividades “de hobby” ou recreativas, uma alegação que entra em conflito com relatos e análises militares. Tanto Van Herck quanto outras autoridades descartam essa teoria devido ao tamanho dos drones, sua tecnologia e a duração dos incidentes.
Casos misteriosos de drones não se limitam a Langley. Em 2019, navios de guerra na costa da Califórnia foram perseguidos por enxames de drones durante semanas, com a Marinha suspeitando que eles se originassem de um navio mercante com bandeira de Hong Kong, embora isso nunca tenha sido confirmado. Mais recentemente, em 2024, drones foram vistos sobre a usina nuclear de Palo Verde, no Arizona, e em instalações de desenvolvimento de armas avançadas na Califórnia. Além disso, em dezembro daquele ano, o Exército relatou 11 drones sobre o Arsenal Picatinny, em Nova Jersey , desencadeando uma onda de avistamentos na região.
General Glen VanHerck: Créditos mysteryplanet
A falta de uma resposta coordenada tem sido outra fonte de frustração para os militares. Ao deixar o perímetro de Langley, a jurisdição passou para a Guarda Costeira, a FAA, o FBI e a polícia local, criando uma tomada de decisão fragmentada. Essa falta de liderança no gerenciamento da ameaça levou o general Gregory Guillot, atual comandante do NORAD, a ordenar uma revisão de 90 dias das capacidades de resposta dos drones. Sua conclusão foi contundente: “O problema nos pegou de surpresa”.
Rachaduras na defesa dos EUA?
Como a guerra moderna demonstrou o poder destrutivo dos drones, a possibilidade de que eles possam ser usados ofensivamente contra bases dos EUA levantou preocupações. Na Ucrânia, drones conseguiram destruir aeronaves militares russas em terra. “Eles podem espionar, mas também podem destruir”, alertou o General VanHerck.
Diante da crescente ameaça, o NORAD e o NORTHCOM começaram a implantar novas tecnologias de detecção e resposta, incluindo radares mais sensíveis e kits de defesa antidrone móveis. No entanto, o General VanHerck criticou a falta de urgência na implementação de medidas mais agressivas. “Já faz um ano desde o incidente em Langley, e ainda não temos leis ou políticas claras para lidar com isso”, disse ele com frustração.
A questão que permanece é: quem está por trás desses enxames de drones? Isso é espionagem estrangeira, testes secretos de novas tecnologias ou algo mais? Por enquanto, as autoridades continuam sem respostas, enquanto a vulnerabilidade do espaço aéreo dos EUA é exposta como nunca antes.
