
A família Walters tentou continuar levando uma vida normal, a despeito das intrusões perturbadoras. Assim que o OVNI partiu naquela noite, Ed correu para o jogo de futebol inaugural do ano na escola secundária, onde seu filho, tambor da banda, tocaria no espetáculo do intervalo. Mas a vida dele havia mudado inexoravelmente. Nos dias que se seguiram, Ed e Frances falaram de pouca coisa além de OVNIs todas as noites e quando estavam sozinhos durante o dia. Ed carregou seu rifle 22 e sua pistola calibre 32. E começou a levar regularmente uma espingarda carregada atrás do banco da caminhonete.
Então, às três da manhã do sai 2 de dezembro, Walters acordou com vozes na cabeça. Agarrou a pistola e, junto com a sua esposa, foi até a janela da cozinha. Viram o OVNI mergulhando do céu até deter-se a cerca de 30 metros acima da piscina. “Dê um passo à frente agora”, ordenou a voz. Em vez disso, com a câmera na mão direita e a arma na esquerda, Walters saiu de fininho da casa, tirou outra foto e correu para dentro. Espiando para fora, ele e a esposa viram o OVNI se afastar.
Por incrível que pareça, a história continuou naquela mesma noite. Walters conta que ele e a esposa haviam acabado de voltar para a cama quando o cachorro latiu e ele, abrindo as cortinas de uma porta-balcão, viu uma criatura em pé do lado de fora. Disse que era uma figura de cerca de 1,20 metros de altura, vestida com um elmo, através de cujo visor ele viu um par de grandes olhos negros; uma espécie de caixa que cobria o tronco da coisa, e outra caixa menor a envolvia da cintura aos joelhos. Trazia na mão uma vara prateada brilhante.
O aterrorizado Walters deu um grito, tropeçou e caiu de costas. Frances ergueu-se da cama e viu a criatura também. Ed agarrou a pistola para atirar no intruso se ele tentasse entrar. Mas o ser limitou-se a ficar parado do lado de fora, fitando-o com um olhar que era quase triste. Olhos que de algum modo pareciam curiosos.
Enchendo-se de coragem, Walters pensou que talvez pudesse capturar o pequeno ser. Mas assim que abriu a porta, o raio de luz atingiu a sua perna direita, paralisando-a “como se estivesse pregada no chão.” Então um raio subiu e começou a erguer a sua perna, e Walters viu o OVNI desapareceu. Mas não antes que ele conseguisse pegar a câmera e tirar outra foto Polaroid – a décima primeira.
Naquele mês de dezembro o OVNI apareceu mais cinco vezes, rendendo outro punhado de fotografias. Quando apareceu na noite do dia 28, Walters não tinha mais filme para a Polaroid, e então pegou sua câmera de vídeo Sony e fez uma gravação de 1 minuto e 38 segundos do objeto passando por trás de uma árvore no quintal. Tanto seu filho, Dan, como sua filha, Laura, afirmaram ter visto o OVNI e testemunhado o pai gravando-o em vídeo. Este viria a ser um dos mais significantes registros.
No ano novo o assédio continuou, com cinco episódios em janeiro. Os seres passaram a chamar Walters de “Zehaas”. “Vem até nós. Não te faremos mal”, ordenou a voz no dia 12 de janeiro. “Zehaas, estamos aqui por ti”, anunciou no dia 26, acrescentando misteriosamente: “No sono sabes”. Walters começou a xingar os objetos e disse: “Saiam da minha vida!” Mas as vozes não paravam de repetir: “Estamos aqui por ti, Zehaas. Não nos negue. Estamos aqui. Lembra-te”.
A essa altura Walters havia se comunicado com Duane Cook, editor do jornal Sentinel, de Gulf Breeze. Sem revelar o sobrenome de Walters, identificando-o apenas como “Sr. Ed” ou “Ed”. Cook publicou algumas estórias e fotos do caso. O jornalista também juntou-se a Walters em algumas ocasiões, na esperança de presenciar a chegada de um OVNI. No dia 24 de janeiro, Walters estava em sua caminhonete com Cook quando ouviu o temível zumbido e a voz que lhe lembrava: “No sono sabes”. Parou o carro e desceu, mas não conseguiu ver coisa alguma. Cook, enquanto isso, afastou-se um pouco e começou a gravar Walters em vídeo. Quando os dois iam subindo de novo na caminhonete, um OVNI chegou por cima deles e Walters tirou uma foto. Mas enquanto Cook se virava, o OVNI já havia desaparecido. Walters entregou-lhe a Polaroid e, ao puxar a foto, Cook viu a imagem do OVNI.
Por mais de dez anos, diversas pessoas na área de Gulf Breeze haviam relatado aparecimentos ocasionais de OVNIs. Quando as notícias dos OVNIs de Ed Walters começaram a circular, as histórias de outros incidentes proliferaram, e muitas delas envolviam as mesmas datas e localidades registradas por Ed. No dia 11 de novembro de 1987, pela primeira vez, pelo menos sete pessoas alegaram terem visto alguma coisa também, e algumas das descrições coincidiram em muitos pontos com a que ele fizera. Pelo menos um das testemunhas referiu-se a um raio azul.
A cobertura dos jornais e da televisão atraiu a atenção dos pesquisadores de OVNIs para Gulf Breeze e em particular para Ed Walters. Representantes do Centro de Estudos sobre OVNIs de J. Allen Hynek (CUFOS), da MUFON e do Fundo de Pesquisa Ufológico (FUFOR), bem como ufólogos da região, entrevistaram Walters e examinaram suas fotos. Os pesquisadores da MUFON entregaram a Walters uma câmera especial Nimslo 3-D, com 4 lentes, capaz de fornecer quatro negativos independentes de cada foto, três dos quais podiam ser submetidos a varias análises, enquanto se mantinha o quatro intacto. A ligeira diferença na posição das lentes também proporcionaria uma base para calcular o tamanho e a distância do objeto fotográfico. Era à prova de fraude.
Era inevitável que os críticos começassem a lançar dúvidas sobre as fotos feitas por Walters com a Polaroid, indagando se não poderiam ser o resultado de algum truque, talvez algum método inteligente de dupla exposição. A câmera Nimslo foi carregada com um filme e selada com cera por dois representantes das MUFON antes de ser entregue à Walters. Além disso, a equipe da MUFON tirou uma foto identificatória com o filme que estava na câmera; se por acaso alguém conseguisse, apesar do selo, mexer no filme ou trocá-lo por outro, os danos à imagem identificatória, ou sua eventual ausência, revelariam fraude. Finalmente, se Walters conseguisse tirar uma foto de um OVNI com a Nimslo, a câmera seria aberta na presença dos jornalistas durante uma conferência de imprensa, e pelo menos duas testemunhas ficariam com o filme o tempo todo, até que fosse revelado e impresso, como mais uma prevenção contra as fraudes. (continua)