Uma empresa da Nova Zelândia enviou ao espaço há alguns dias uma “estrela artificial” para divulgar seu primeiro lançamento de satélites. O objeto, semelhante a uma grande esfera espelhada de pista de dança, está enfurecendo astrônomos, que qualificaram a iniciativa de “vandalismo” e “pichação astronômica”. A esfera, batizada pela empresa de “Estrela da Humanidade”, pode ser vista a olho nu de qualquer lugar do planeta e ficará em órbita por nove meses, completando uma volta ao redor da Terra a cada 90 minutos. Enquanto estiver no céu, a estrela artificial será o objeto mais brilhante do céu.
A partir de uma remota fazenda do interior da Nova Zelândia, a empresa de exploração espacial local Rocket Lab lançou seu primeiro foguete ao espaço. Mas, além de colocar em órbita alguns satélites convencionais, o lançamento espacial inédito no país serviu para enviar secretamente a “Estrela da Humanidade”. A esfera de cerca de um metro de diâmetro é feita de fibra de carbono e é formada por 65 painéis altamente reflexivos. Segundo a empresa, a superfície brilhante reflete os raios do Sol de volta para a Terra, criando uma forte fonte de luz brilhante que tem a aparência de uma estrela ultra brilhante.
Porém vários astrônomos parecem não ter gostado da ideia. Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Estados Unidos), escreveu no Twitter: “Pichação de longo prazo intencionalmente brilhante. Muito obrigado, @RocketLab”. “Isso é estupidez, vandaliza o céu noturno e corrompe nossa visão do cosmos”, escreveu o astrônomo David Kipping, da Universidade Columbia (Estados Unidos). O diretor de astrobiologia da Universidade Columbia, Caleb Scharf, também comentou o caso na revista Scientific American. “A maior parte de nós não acharia bonitinho se eu pregasse uma grande luz estroboscópica em um urso polar, ou se eu exaltasse o slogan da minha empresa em toda a perigosa parte superior do Everest. Colocar uma esfera brilhante no céu parece igualmente abusivo”, escreveu.
De acordo com o The Guardian, o pesquisador Richard Easther, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), o objeto ajuda a agravar o problema da poluição luminosa, que já é uma grave preocupação para os cientistas que trabalham com a observação do céu. “Essa iniciativa em si não vai trazer grande prejuízo, mas se a ideia se tornar um lugar comum, especialmente se isso acontecer em grande escala, os astrônomos certamente ficarão revoltados”, afirmou Easther. “Eu posso entender a exuberância desse tipo de coisa, mas também vejo que eles não se deram conta de que outras pessoas podem ver isso de forma negativa.”
A trajetória atual do objeto pode ser acompanhada na internet.
Fonte: The Guardian
Nota de atualização: A empresa Rocket Lab informou em seu site oficial que a Estrela da Humanidade efetuou sua descida final para a atmosfera da Terra em março de 2018, onde se incendiou na reentrada, não deixando vestígios.
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