
Um dos grandes objetivos da pesquisa ufológica é a busca de evidências concretas de que nosso planeta é visitado por civilizações extraterrestres há milênios. Uma marca de pouso de um UFO, normalmente chamada de “ninho”, é sem dúvida uma clara evidência desta realidade. Por esta razão, sempre que um avistamento de UFO implica em observação de luzes no solo ou em relatos de naves pousadas, os pesquisadores de campo esquadrinham a região a procura de sinais estranhos – e algumas vezes os encontram, como é o caso do possível pouso de um UFO em Mogi das Cruzes, que ainda está sob cuidadosa análise.
O grande ufólogo baiano Alberto Romero, em seu livro Verdades que Incomodam [Veja encarte nas páginas centrais. Preço R$ 25,70, código LV-03], traz dicas e instruções de como devemos registrar e investigar uma possível marca de aterrissagem de uma nave extraterrestre. São instruções simples que deveriam ser seguidas por todos os investigadores de campo, fazendo com que importantes informações, que possam ser colhidas, não se percam. Os casos registrados de ninhos de UFOs são escassos no mundo e o Brasil não foge à essa regra. A literatura ufológica brasileira possui raras ocorrências investigadas a fundo, que podem contribuir para o estudo do tema. Em geral, os casos registrados são bem polêmicos e apenas aceitos como reais graças a relatos de testemunhas e ao trabalho intensivo de investigação de alguns incansáveis ufólogos espalhados pelo nosso país.
Infelizmente, no caso Mogi das Cruzes, chegamos muito tarde. Encontramos o local parcialmente destruído por curiosos, além de contarmos com a participação de um engraçadinho que destruiu parte da marca escrevendo “aqui pousou um ET.” Ainda assim, pusemo-nos a avaliar as parcas evidências físicas remanescentes no local, assim como, em paralelo, buscamos informações que atestem a credibilidade e seriedade da testemunha envolvida. Esta parte da investigação é crucial para afastarmos qualquer possibilidade de fraude na formação das marcas, algo que pode ser perpetrado por várias razões. Uma delas, que chegamos a considerar e estamos averiguando, refere-se à eventual possibilidade da testemunha ter buscado, com suas declarações, apenas notoriedade para si e para o estabelecimento envolvido.
Como característica interessante dos ninhos de UFOs detectados em todo o mundo está o fato de que dificilmente são encontrados sinais intactos e em condições de serem satisfatoriamente analisados. Alguns desses ninhos são circulares, outros ovais, e há ainda alguns em formato de anel – mas nem sempre são claros. Têm dimensões diferentes e os mais interessantes evidenciam afundamentos do terreno, mostrando a existência de sapatas ou pés de pouso, como as registradas na Lua pelo módulo lunar. Há sinais onde a vegetação próxima se encontra incinerada. Essa é uma característica comum e também muito polêmica, pois tais marcas são facilmente confundidas com fogueiras intencionais ou pasto queimado. O tipo de sinal que mais chama a atenção, por sua particularidade incomum, consiste na descoloração da vegetação, ou ainda a destruição total do local do pouso, sem aparente causa biológica. Ou seja: não existe nenhum componente do solo que a explique.
Acidez do Solo – Quanto a terra, alguns casos indicam uma alteração do pH (medida de acidez), com hiper adubação ou ainda a eliminação de suas características usuais. As duas situações acontecem e independem do tipo de marca deixado na área por um eventual UFO. Este é outro grande problema da pesquisa dessas evidências, pois cada fato tem particularidades próprias e com isso não é possível agrupá-los para um estudo estatístico. No caso específico de Mogi das Cruzes, chegamos com quatro dias de atraso e a destruição dos sinais de possíveis sapatas e de trechos da borda do círculo descaracterizou as evidências. A primeira foto tirada pelo jornal local Mogi News mostra um círculo com uma parte interna de coloração diferente da externa e, somado esse fato ao depoimento de Valdair Maciel, achamos que a marca merece um estudo mais atencioso. Infelizmente, a coleta do material aparentemente carbonizado não levará a nada, pois o local foi contaminado com a retirada do mesmo de forma imprópria por curiosos, com o espalhamento de folhas e de pequenos gravetos, impossibilitando assim que se identificasse a origem dos materiais existentes, tanto internos ou externos ao círculo.
Um pouco deste estrago foi amenizado pelo repórter e radialista Cícero Buark, que coletou diversos gravetos no dia posterior ao aparecimento do objeto. Buark também tirou um molde em gesso de uma das sapatas, seguindo instruções dadas pelo co-editor da Revista UFO Claudeir Covo. Uma pequena parte da borda do círculo ainda apresenta suas características iniciais, onde uma depressão, após medidas realizadas, mostra que se trata de uma circunferência perfeita.
A formação apresenta solo revirado com existência de terra solta em todos os lugares. Provavelmente não houve compressão do solo, mas sim a entrada de uma lâmina ou parte de algum instrumento cortante que revirou a terra na borda do círculo – mas nada disso indica, até o momento, que o causador destas alterações seja um objeto extraterrestre. Testes iniciais do pH do solo, tanto interno como externo à circunferência, não permitem tirar qualquer conclusão, pois o mesmo é praticamente neutro. Assim, amostras do terreno foram coletadas e serão analisadas em busca de alterações ou ainda quanto à presença de combustíveis como gasolina, querosene ou álcool, que poderiam identificar uma fraude.
Mesmo com pH sem indicar anomalias, testes de verificação da existência de hiper adubação estão sendo realizados com diversas sementes de alpiste, plantadas tanto em amostra do solo interno como externo ao círculo, retirado do local. Este teste pode mostrar alterações na composição do terreno, se houver crescimento irregular das sementes. Análises e testes do solo estão em andamento e os resultados serão publicados quando estiverem disponíveis.