Apesar do aumento significativo de relatos de avistamentos de objetos voadores não identificados nos últimos 60 anos, a Ufologia ainda é vista com bastante ceticismo por grande parte da comunidade científica. É verdade que alguns estudiosos de vanguarda têm a coragem de admitir publicamente que pesquisas sérias devem ser conduzidas para exame dos diversos casos ufológicos, mas quase sempre com prejuízo de suas carreiras acadêmicas, além do preconceito e descrédito das instituições públicas e privadas destinadas ao fomento da ciência. Infelizmente, o que se observa são as constantes declarações de cientistas empenhados em ridicularizar os ufólogos sérios, sob o velho pretexto de que estes desconhecem princípios básicos de física e astronomia.
Qual seria o motivo de tamanha rejeição à Ufologia, mesmo diante de evidências cada vez mais concretas? Certamente, não é a existência de vida extraterrestre inteligente, aceita por astrônomos e exobiólogos como evento altamente provável em nossa galáxia, ainda que oficialmente não descoberta. Neste sentido, encontramos o Projeto SETI [Search for Extraterrestrial Intelligence ou Busca por Inteligência Extraterrestre], que faz rastreamento de possíveis sinais de rádio transmitidos por outras civilizações em planetas extrassolares e que tem entre seus integrantes o físico brasileiro Cláudio Brasil, consultor da Revista UFO.
Contudo, grande divergência entre cientistas e ufólogos surge devido à problemática imposta pela questão do vôo espacial interestelar, isto é, a viagem entre outros sistemas estelares e o nosso Sistema Solar, que, em princípio, inviabilizaria o contato direto entre civilizações planetárias. Quem quiser irritar um físico ou astrônomo, basta citar algum relato ufológico que mencione uma viagem de alguns dias ou semanas a sistemas estelares distantes – eles simplesmente dirão que é impossível.
Controle do campo gravitacional
O presente trabalho tem por objetivo debater, em linguagem tão clara quanto possível, as dificuldades inerentes às viagens interestelares. Vamos saber quais são as razões apresentadas pelos estudiosos, discutindo algumas possibilidades de realização dentro dos conceitos científicos atuais, inclusive considerando os recentes estudos do professor Fran de Aquino, da Universidade Estadual do Maranhão, sobre o controle do campo gravitacional. Tentaremos explicar que as notáveis propriedades de deslocamento dos discos voadores não violam as leis físicas, mas que nossa compreensão delas é que ainda está incompleta. Com efeito, se as ocorrências parecem contradizer nossa ciência, precisamos reinterpretá-las e adaptá-las à realidade, sob pena de estagnação do conhecimento, exatamente como fez a Igreja Católica diante das provas irrefutáveis de Galileo Galilei.
Obviamente, não se pretende fazer aqui um tratado aprofundado de física, em especial da Teoria da Relatividade de Einstein. Todavia, um conhecimento básico e geral sempre será útil para qualquer pessoa que pretenda se dedicar ao estudo do Fenômeno UFO. A Ufologia já nasceu multidisciplinar. Física, química, astronomia, engenharia, medicina, biologia e até psicologia podem ser necessárias para maior compreensão dos eventos e dos contatados. Essa visão científica abrangente é fundamental para o amadurecimento da pesquisa da presença alienígena na Terra. Até mesmo o aspecto sobrenatural possui seu valor, quando também serve de fonte de informação. Deste modo, consolida-se a Ufologia como disciplina democrática, agregando cada vez mais adeptos, desde o homem simples do campo até pesquisador acadêmico, pois todos têm alguma parcela de contribuição na construção do conhecimento. Então, vamos começar apresentando os argumentos dos cientistas sobre as dificuldades de contato entre humanos e seres extraterrestres oriundos de outros sistemas estelares.
Distâncias estelares e limitação da velocidade da luz
Admitido o Fenômeno UFO em toda a sua extensão, surge a intrigante questão da origem dos extraterrestres, tão complexamente organizados e desenvolvidos. A exploração do Sistema Solar por sondas não tripuladas não traz prognósticos animadores. Dadas as condições extremas de temperatura e pressão nos planetas vizinhos, é provável que somente formas simples de vida semelhantes a organismos unicelulares venham algum dia a ser encontradas em Marte ou nas luas Europa, de Júpiter, e Titã, de Saturno. Desta forma, nossos visitantes provavelmente são originários de outros sistemas planetários. Estrelas semelhantes ao Sol – conhecidas pela astronomia como tipo G – são boas candidatas, uma vez que queimam seu combustível nuclear lentamente. Ora, se o progresso da vida no planeta Terra foi um processo bastante lento, presume-se que assim também deva ser num planeta extrassolar situado na chamada zona habitável, região nem demasiadamente quente ou fria, de forma a permitir a criação de moléculas de carbono cada vez mais complexas, como o DNA.
Mas por que esta preferência pelo carbono? A resposta está na facilidade desse elemento químico em se combinar com outros, formando grandes moléculas essenciais para o desenvolvimento de seres vivos mais avançados. Partindo deste raciocínio, é razoável concluir que os ETs, quer sejam eles grays [Cinzas] ou outras formas, possuem a sua estrutura com base no carbono, e devido à complexidade biológica apresentada, são provenientes de planetas que orbitam outras estrelas. O problema é que elas estão demasiadamente afastadas do Sistema Solar. Para que o leitor tenha uma idéia, a estrela mais próxima daqui encontra-se no sistema triplo de Alfa do Centauro, distante aproximadamente 4,3 anos luz da Terra. Isto significa que um raio de luz emitido da Terra, viajando na espantosa velocidade de 300.000 km/s, levaria 4,3 anos para atingir a nossa “vizinha”. Ora, o foguete Saturno V, que conduziu os astronautas à Lua, não superava os 40.000 km/h ou 11 km/s. Neste ritmo, Alfa do Centauro somente seria alcançada em 100.000 anos.
O que sabemos é uma gota. Mas o que ignoramos é um oceano
– Isaac Newton
O leitor poderia argumentar que basta descobrir uma fonte de energia poderosa para fazer a nave andar tão rápido quanto necessário e o problema seria resolvido. Infelizmente, não é bem assim que as coisas funcionam desde que Einstein apresentou a Teoria Especial da Relatividade. Seu postulado básico é que a velocidade da luz é invariável. Ou
seja, não depende do movimento da fonte. Tanto faz se uma nave se aproxima ou se afasta da Terra, pois a velocidade da luz medida será sempre a mesma. Tal fato contradiz o senso comum, mas foi comprovado experimentalmente. A conseqüência é um tanto desanimadora para os entusiastas das viagens espaciais, pois nenhum objeto pode se deslocar com velocidade superior à da luz, normalmente designada nas fórmulas matemáticas pela letra C. A Teoria da Relatividade tem outros resultados interessantes, como, por exemplo, as medidas de tempo, comprimento e massa, que se tornam relativas, dependendo do referencial adotado.
Velocidades relativísticas em benefício do entendimento
Um efeito comumente abordado em filmes de ficção científica é a dilatação do tempo, somente percebido em velocidades próximas à da luz, conhecidas como velocidades relativísticas. Neste caso, os relógios andam mais lentamente para um viajante que se encontre a bordo de uma nave espacial do que para as pessoas que ficaram na Terra. É o famoso paradoxo dos gêmeos, em que um astronauta retornaria do espaço mais novo que seu irmão. Embora possa parecer espantoso, relógios atômicos de grande precisão comprovam a diferença de tempo entre dois relógios sincronizados, quando um deles é colocado a bordo de um avião em vôo intercontinental e comparado com aquele que ficou em solo. A diferença é de frações de segundos, mas existe. O leitor poderá concluir que a dilatação do tempo é vantajosa para os astronautas, pois, afinal das contas, quem não quer ficar mais novo? Porém, seremos obrigados a concordar apenas parcialmente com essa assertiva.
Imaginemos uma missão a um sistema distante 100 anos-luz daqui. Viajando próximo de C, os exploradores retornariam em aproximadamente dois séculos. Talvez alguns anos mais velhos, dependendo do grau de proximidade em relação à velocidade da luz – tal como 99,99% de C. Porém, não encontrariam nem sombra do mundo que deixaram para trás. Quanto mais distante o sistema estelar, piores os efeitos. Poderiam retornar séculos e até milênios depois de sua partida. Qual teria sido o destino de seus parentes, amigos e da civilização que deixaram? E que sociedade investiria pesadas somas para não colher, a curto ou médio prazo, os frutos de tal pesquisa? O vôo espacial relativístico torna os sistemas mais distantes acessíveis somente aos viajantes. Contudo, as civilizações que patrocinaram e trabalharam na construção das naves se contentariam com tamanha demora na resposta?
Influência da aceleração sobre o corpo humano
Por exemplo, a aventura de Cristóvão Colombo só foi possível porque a nobreza espanhola esperava algum retorno financeiro dentro de suas expectativas de vida. Não que uma sociedade avançada não possa fazer um investimento em longo prazo, mas os aspectos emocionais e psicológicos envolvendo a tripulação e os seus conhecidos na Terra devem ser destacados. Será que nossos viajantes não se sentiriam, no retorno de outros sistemas planetários, verdadeiros ETs em seu próprio planeta? É importante raciocinarmos que, seja qual for a natureza das civilizações alienígenas que nos visitam, certamente estarão constituídas como uma organização social e jurídica, um estado baseado no direito, com normas muito precisas sobre planejamento e economia, de modo a permitir o bem-estar da coletividade. Por mais avançada tecnologicamente que seja uma determinada sociedade, a exploração em larga escala de outro planeta deve representar um investimento relevante, e a expectativa de retorno científico e financeiro não pode ser ignorada.
O corpo humano não pode sofrer bruscas mudanças de velocidade sem conseqüências danosas. Enquanto o movimento uniforme não traz nenhum prejuízo à saúde dos viajantes, as acelerações e desacelerações, além de desconfortáveis, podem ser mortais. Por que os astronautas são comprimidos no assento durante a decolagem do foguete ou os passageiros de um automóvel são arremessados para frente durante uma freada brusca? A resposta são as chamadas forças de inércia. Tradicionalmente, o conceito de força é definido como interação entre corpos. No entanto, nos exemplos acima estas forças não resultam de nenhum campo, como o gravitacional ou eletromagnético, mas estão presentes nos referenciais não inerciais – aquelas que não se encontram sob movimento uniforme. O princípio de Mach diz que as forças inerciais são devidas à soma de todas as massas existentes no universo. Assim, no famoso livro de Júlio Verne, Da Terra à Lua, se um projétil em forma de cápsula fosse lançado imediatamente à velocidade de escape da gravidade terrestre – 11 km/s –, os infelizes passageiros seriam esmagados no interior da nave devido à uma aceleração brusca demais para ser suportada, da ordem de aproximadamente 110 vezes a aceleração da gravidade na superfície terrestre.
Estudos oriundos dos lançamentos espaciais demonstram que nos vôos tripulados ocorrem acelerações médias entre quatro e seis vezes maiores que a da gravidade terrestre – em torno de 9,8 m/s². Acelerações de 15 vezes – de 15 G – podem ser suportadas por apenas 15 segundos. Cálculos relativísticos apontam que seria necessário quase um ano para acelerar uma astronave até velocidades consideravelmente próximas à da luz. Isso na confortável taxa de um G – aproximadamente 9,8 m/s² –, que é a aceleração com a qual estamos acostumados. Idêntico tempo para a desaceleração. Retornando ao vôo espacial para Alfa do Centauro, devemos considerar um ano para alcançar a velocidade de 99% de C, um cruzeiro de três anos e meio e mais um ano para desaceleração nas imediações da estrela alvo. No retorno teríamos a mesma situação, resultando num tempo total de vôo de 11 anos, de acordo com a medição na Terra.
Aumento da massa e quantidade de combustível necessário
Outra conseqüência da Teoria da Relatividade é que a massa de um corpo aumenta com a velocidade. Este acréscimo é desprezível em velocidades comuns, mas torna-se digno de nota em velocidades relativísticas. Para uma velocidade de 50% a da luz, temos um acréscimo de 15% na massa. Isso significa que quantidades inimagináveis de energia teriam que ser consumidas para manter o incre
mento de velocidade necessário até atingirmos uma fração considerável da velocidade da luz (C).
Vejamos a dificuldade de geração de energia para tamanho empreendimento, inicialmente admitindo a existência de um reator de fusão nuclear controlada. Nesta hipótese, para acelerar uma tonelada de carga útil a 99% de C seria necessário um bilhão de toneladas de combustível, muito provavelmente uma mistura de deutério e trítio, isótopos do átomo de hidrogênio. Este número é conhecido como razão de massa. No caso do controle da antimatéria e sua aniquilação com a matéria, as perspectivas são bem melhores, porquanto toda a massa seria convertida em energia, de acordo com a famosa equação da Relatividade Especial (E=m.C²). A razão de massa é de 40 mil. Isto representa que uma tonelada de carga útil demandaria 40 mil toneladas de combustível para geração da propulsão necessária. Portanto, uma nave de 1.000 toneladas demandaria 40 milhões de toneladas de combustível. A despeito da dificuldade na produção de antimatéria e seu armazenamento, a quantidade de raios gama gerada na decolagem da nave seria extremamente mortal e poderia exterminar a vida na Terra.
A existência da matéria interestelar
O espaço interplanetário não é, como parece, um vácuo perfeito. A matéria cósmica, apesar de rarefeita e menos densa à medida que nos afastamos do Sistema Solar, existe e não pode ser desprezada em velocidades relativísticas. Nestas condições, as partículas dispersas no espaço colidiriam de tal maneira com o corpo da nave que nenhum material conhecido poderia suportar por longo tempo o bombardeio constante sobre sua estrutura, resultando na destruição do artefato. Por outro lado, a radiação produzida pela colisão das partículas seria suficiente para matar a tripulação, antes mesmo da destruição física da astronave. Alguns cientistas afirmam que o limite seguro para a viagem é de apenas 10% da velocidade da luz, o qual, diga-se de passagem, é muito baixo para uma expedição interestelar.
Ainda que mantida uma baixa velocidade, resta o problema dos raios cósmicos, potencialmente nocivos às moléculas do DNA humano. Raios cósmicos são partículas rápidas, na maioria prótons. Uma exposição mais ou menos longa a elas pode causar câncer, catarata e danos cerebrais. Estima-se que 33% do DNA do corpo de um astronauta seria atravessado por raios cósmicos a cada ano no espaço interplanetário. Há projetos teóricos de escudos eletromagnéticos para a proteção da tripulação, todos ao custo de tornar o sistema mais complexo e aumentar o dispêndio de energia e a massa da nave, sem que haja garantia de segurança total para a tripulação.
Deste modo, apresentamos as principais dificuldades técnicas e teóricas para o vôo interestelar, suscitadas pelos cientistas como prova de impossibilidade da presença extraterrestre na Terra. Mas se toda a pesquisa ufológica demonstra justamente o contrário, ou seja, que nossos visitantes alienígenas existem e insistem em virem até aqui, eles devem ter optado por uma forma mais simples de propulsão, com superação da velocidade da luz, redução das forças de inércia e diminuição dos efeitos da dilatação do tempo. Na segunda parte deste trabalho, a ser publicado na próxima edição da Revista UFO, discutiremos a possibilidade de manipulação do campo gravitacional como alternativa de funcionamento dos discos voadores, de acordo com leis físicas conhecidas e propostas feitas por pesquisadores renomados.