Convenhamos, escrever sobre os fenômenos associados ao skinwalker é um pouco exótico. Mas tentei transformar esse artigo numa matéria jornalística objetiva, apenas com alguns comentários pessoais. Neste quadro pretendo apresentar uma visão mais particular sobre o que é procurar alienígenas. Em duas viagens que fiz à fazenda do Utah, vi que coisas absurdas realmente acontecem no local. Na primeira viagem, estive acompanhado do fotógrafo Eric Sorenson e do doutor Colm Kelleher, do National Institute for the Discovery of Science [Instituto Nacional para a Descoberta da Ciência, NIDS]. Na segunda, fui novamente com Kelleher, o fotógrafo Matt Adams e o ex-capitão Keith Wolverton. Em ambas as viagens, esquadrinhamos praticamente cada metro quadrado da fazenda. Estávamos no campo dia e noite, fotografamos e inspecionamos cada pedaço da terra. Rondamos as áreas adjacentes à fazenda, entrevistamos pessoas da cidadezinha próxima e outras testemunhas, mas não chegamos a ver nada significativo.
Numa noite, decidi passar algum tempo sentado no campo aberto, como se fosse uma isca. O que quer que este fenômeno seja, já se sabe que ele costuma reagir à chegada de gente nova, à presença de fogo na área e a perturbações da terra. Assim, antes de assumir minha posição no pasto, deixei nossa presença bem clara. Eu e meus acompanhantes fizemos uma fogueira bem grande numa área da propriedade e ficamos sentados ao seu redor, aguardando. Logo antes do anoitecer, o zelador ligou sua escavadeira, tirou algumas pilhas de poeira e abriu uma nova estrada para as áreas mais baixas. Se havia algo inusitado por ali, espreitando-nos, esperávamos ganhar toda sua atenção.
Mas foi decepcionante que nada ocorreu durante nossas visitas – embora, para falar a verdade, tenha ficado um pouco aliviado que o mistério causador das mutilações do gado não tenha aparecido para fazer-nos de vítimas. Kelleher disse que o fenômeno tinha aparentemente se movido da propriedade ou estava num momento de intervalo. De fato, aconteceu muito pouca atividade inexplicável ao longo dos últimos meses. Algumas pessoas que conhecem a fazenda acham que o que quer que o fenômeno seja, não gosta de ser observado e pode estar em hibernação, até que as equipes do NIDS desistam de seu trabalho no local. A única coisa estranha que testemunhei foi um grande flash de luz que ocorreu logo após o poente. Ele foi captado por uma das câmeras de vídeo ligadas 24 horas por dia na propriedade. Todos assistimos à fita várias vezes, tentando entender o que poderia ter ocorrido. Apenas alguns dias após voltarmos da fazenda, Kelleher telefonou para informar que o flash tinha sido causado pelo lançamento de um míssil balístico na região oeste do Utah.
Mas isso não me demoveu, pois tive acesso a informações confidenciais sobre a fazenda – embora só agora tenha permissão para escrever algo sobre o assunto. Tive conhecimento detalhado de como operam os técnicos e cientistas do NIDS e estou convencido de que estão verdadeiramente se esforçando para documentar e explicar os fenômenos. Mas não creio que venham a ter sucesso tão cedo, principalmente porque, como eles próprios admitem, buscam respostas cientificamente aceitáveis – e o que está acontecendo na propriedade transcende esse conceito. Tentar encontrar explicações no âmbito do normal para eventos paranormais não parece ser o caminho certo. Por exemplo, o NIDS – ou qualquer outra instituição de pesquisas – não parte do princípio de que o forte flash de luz captado em vídeo fora causado por um UFO. Em vez disto, procuram explicações prosaicas. O mesmo vale para as investigações sobre as mutilações de animais. Ao fazer a autópsia e investigação patológica no corpo do pobre novilho sacrificado, o primeiro instinto dos cientistas é buscar evidências de rastros de um possível causador animal ou humano daquele ato.
Carne Bovina — Eles não encontram nenhuma, mas ainda assim não se voltam para a hipótese de que o responsável tenha sido uma espécie de alienígena que goste de carne bovina. O NIDS apenas não tira conclusões. Ainda assim, o simples fato de que os cientistas do instituto têm o “atrevimento” de estudar tais assuntos parece ser uma afronta para seus colegas de outras entidades científicas. A maior parte dos cientistas convencionais se satisfazem com a explicação estapafúrdia de que coiotes e leões da montanha são os responsáveis pelas mutilações de animais pelos Estados Unidos afora, mesmo após ter sido demonstrado indubitavelmente que instrumentos metálicos afiados foram usados no corte das vítimas. Pelo que posso testemunhar, como ufólogo e jornalista, os investigadores do NIDS têm trabalhado com mentes abertas. Nunca os ouvi dizer que seres alienígenas estariam ligados a qualquer dos eventos do Utah. Eles apenas coletam informações, que é exatamente o que os cientistas devem fazer.
Um cientista em especial merece citação aqui: Jacques Vallée, que tem extenso trabalho sobre os UFOs. Ele é talvez o mais importante expert no assunto, apesar de manter dele uma certa distância nos últimos anos [Leia mais sobre ele em artigo do ombudsman de Ufo Carlos Reis, em nossa edição 90]. Vallée uma vez disse que ficaria profundamente desapontado se os seres a quem nos referimos como alienígenas viessem a ser confirmados como sendo “apenas” extraterrestres. Ele acredita que a explicação real pode vir a ser muito mais complexa e desafiadora do que a simples idéia de ETs visitando a Terra. A possibilidade da existência de outras dimensões – e de que tais dimensões poderiam ajudar a explicar alguns de nossos mistérios – tem sido um conceito popular. Vamos torcer para que sejam eles os que nos darão as respostas que buscamos.