Introdução à segunda parte
por A. J. Gevaerd
Esta é a segunda parte da reportagem do jornalista norte-americano George Knapp sobre incríveis manifestações de fenômenos anômalos que ocorrem numa área do nordeste do Estado norte-americano de Utah. Esta atividade, conforme é relatada por centenas de testemunhas ao longo de várias décadas, inclui UFOs, bolas de luz incomuns, desaparecimentos e mutilações de animais, eventos do tipo poltergeist, avistamentos de criaturas inusitadas (como os yetis) e outros animais não identificados, efeitos físicos em plantas, solo, animais e seres humanos. Enfim, uma vasta gama de incidentes inexplicáveis.
Tais manifestações são concentradas numa fazenda pecuária de 192 hectares, anteriormente pertencente a um homem identificado por Knapp apenas como Tom Gorman, que hoje podemos revelar ser, em verdade, Terry Sherman. Em 1996, a fazenda foi comprada pelo empresário de Las Vegas Robert Bigelow, que organizou um projeto científico para intenso estudo dos eventos que lá acontecem – ainda em andamento. Por força de um acordo com Bigelow e a pedido de muitas das testemunhas envolvidas, alguns nomes apresentados nesta matéria foram trocados ou omitidos. Bigelow, como se sabe, é fundador do National Institute for the Discovery of Science [Instituto Nacional para a Descoberta da Ciência, NIDS].
Na edição passada de Ufo foi apresentada apenas uma pequena parte dos fenômenos registrados na fazenda de Bigelow, que começaram com o surgimento de luzes brancas na escuridão, na parte central da propriedade, quando ainda era de Sherman. Ele e o pesquisador Chad Deetken observaram o fenômeno muitas vezes, uma delas às 02h00 de 28 de agosto de 1997. Sherman e Deetken estavam no pasto tentando documentar a incomum atividade na propriedade quando foram surpreendidos pela sonda. Ambos assistiram as incríveis evoluções do objeto, cuja luz ficava cada vez maior. “Era como se alguém tivesse aberto uma janela ou passagem”, declarou Sherman, que agarrou seus óculos de visão noturna para conseguir uma melhor imagem do fenômeno, mas mal conseguia acreditar no que via. Esse é apenas um de muitos relatos que se lerá na última parte dessa matéria.
Os fenômenos da fazenda de Sherman são impressionantes. A luz observada por ele e Chad Deetken, em 1997, é um exemplo. Nessa ocasião, a luminosidade registrada assemelhava-se a um portal brilhante que tinha, de um lado, uma figura humanóide escura e alta. Ela parecia esforçar-se para se arrastar através do túnel de luz que o portal formava. Depois de alguns minutos de observação, o humanóide contorceu-se para fora da luz e desapareceu na escuridão. Assim, o tal portal se fechou num flash, como se alguém tivesse apertado um botão. Deetken teve a presença de espírito de tirar algumas fotos do evento, mas logo perceberia que o filme registrara muito pouco do que ele e Sherman tinham testemunhado. Aliás, esse é um padrão dos fenômenos da fazenda: eles são observados com facilidade por quase todo mundo que para lá vai, mas são registrados com muita dificuldade e bem raramente por câmeras fotográficas e de vídeo.
Portal Dimensional — Terry Sherman, sua esposa Gwen, os dois filhos adolescentes e vários outros membros da família já estavam acostumados com coisas estranhas acontecendo na fazenda, antes de vendê-la. Eles já viram inúmeros UFOs e misteriosas bolas de luz que parecem inteligentemente controladas – são as chamadas sondas ufológicas, presentes em todo o mundo. Seus vizinhos também já viram tais fenômenos, e mesmo os residentes de outras partes daquela região vêm relatando fenômenos semelhantes, desde a década de 50. Descendentes de índios da nação Ute, que habitaram Utah, confirmam que tais avistamentos já aconteciam no passado, sendo testemunhados por seus ancestrais. Contudo, anomalias aéreas não eram as ocorrências mais comuns na fazenda – pelo menos não por um bom tempo. Nos dois anos em que residiu na propriedade, Sherman perdeu 14 cabeças de gado de seu rebanho híbrido. Alguns animais simplesmente desapareceram, como se arrancados do chão e sugados para o céu, sem deixar vestígios. Outros foram perfurados e cortados com precisão cirúrgica, em episódios conhecidos como mutilações alienígenas de animais.
Membros da família e vizinhos também já viram estranhas criaturas do tipo presente no folclore norte-americano, tais como o yeti, bigfoot ou pé-grande, e lobos de tamanhos anormais. E observaram animais e pássaros que não puderam identificar. Os cavalos da propriedade foram atacados, os cães incinerados e os gatos abduzidos. Os Sherman eram atormentados quase diariamente por pequenos incidentes caseiros que, individualmente, não seriam grande coisa, mas que, somados, não podiam ser desconsiderados. Janelas e portas na residência abriam subitamente como se arrombadas ou se fechavam com violência e sem explicação. Freqüentemente, quando Gwen tomava banho, constatava que sua toalha e outros itens pessoais, que ela deixara ao lado da banheira, simplesmente sumiam de dentro do banheiro trancado a chave. Em certa ocasião, ela retornou da cidade carregada de uma grande quantidade de mantimentos e outros suprimentos, e guardou cuidadosamente as mercadorias em seus devidos lugares, nos armários da cozinha. Foi até outro cômodo por poucos minutos e, quando retornou, encontrou todos os suprimentos de volta sobre a mesa.
Roupas, ferramentas e outros aparelhos pareciam ter desenvolvido vida própria naqueles anos que os Sherman residiram na propriedade – o mesmo que se passa hoje com o zelador que Bigelow contratou para cuidá-la. Um dia, um dos filhos de Sherman trabalhou exaustivamente para empilhar centenas de quilos de lenha ao lado de uma área de árvores na parte central da fazenda. Após um descanso de 30 minutos, para beber água na cozinha, ao retornar ao local, quase caiu de costas ao ver toda a lenha empilhada num lugar a quase 30 m de onde a colocou. Ferramentas freqüentemente desapareciam e reapareciam depois nas proximidades. Noutra ocasião, uma pesada pá-escavadeira simplesmente desapareceu, sendo encontrada, dias mais tarde, entre os galhos de uma árvore de algodão, bem alto, como se tivesse sido colocada lá por um guindaste. Naturalmente, com tudo isso acontecendo, crescia nos Sherman um sentimento de desconforto e sensação de que estavam sendo observados constantemente – mas eles não tinham idéia de por quem ou pelo quê.
Pesquisa Científica Rigorosa — Como descrito anteriormente, o empresário Robert Bigelow ouviu falar da fazenda e a comprou de imediato, convencendo Terry Sherman a ficar lá como zelador, ainda que contra a vontade da família. O homem agüentou apenas alguns meses e mudou-se para outra propriedade. Bigelow e o pessoal do National Institute for the Discovery of Science [Instituto Nacional para a Descoberta da Ciência, NIDS], montou uma base de investigação constante no local. A organizaç&at
ilde;o é dedicada ao estudo de fenômenos inexplicáveis, como Ufologia e Parapsicologia, e entre seus membros há cientistas, engenheiros, técnicos e autoridades [O ex-astronauta Edgar Mitchell, sobre quem há artigo nessa edição, é um dos consultores da entidade]. Embora o NIDS estude eventos aparentemente bizarros, ele não opera com idéias pré-concebidas no que diz respeito à real natureza dos eventos, e tem o interesse primordial de encontrar a verdade, para onde quer que ela leve.
Os membros de sua equipe ressaltam que são constantemente pressionados por Bigelow para que obedeçam rigidamente ao método científico. Devido ao fato de que o objeto de sua pesquisa é tão controverso nos círculos científicos, a entidade entende que qualquer desvio do método científico representaria uma perda de credibilidade. Se ela é considerada uma organização excêntrica, suas descobertas, não importando quão profundas ou bem documentadas, seriam desconsideradas sumariamente. A fazenda dos Sherman, portanto, se apresentou como uma oportunidade única de se estudar uma rica variedade de coisas exóticas em constante atividade. Era como pedir uma “pizza de estranhezas” com todas as coberturas ao mesmo tempo. UFOs e yetis, bolas de luz e mutilações de gado, poltergeist e círculos nas plantações, manifestações psíquicas e lendas indígenas antigas etc. A fazenda parecia ser um lugar único em todo o mundo e os membros do NIDS sabiam que deveriam ser cuidadosos, levando em consideração as histórias contadas pelas pessoas do local.
“Nós não tínhamos nenhuma idéia pré-concebida sobre o que estava ocorrendo, mas decidimos usar uma abordagem de ‘filtro aberto’ para juntar informações”, disse Colm Kelleher, um microbiólogo do NIDS que viria a conhecer bem os Sherman em inúmeras visitas de pesquisa que fez à fazenda. “Tínhamos muitas reservas sobre lendas dos skinwalkers, avistamentos de pés-grandes e aquelas coisas que a família alegava estar vendo. Mas decidimos colher toda a informação que pudéssemos, sem desconsiderar nada de imediato, e avaliar tudo mais tarde”, disse, referindo-se a um ser mítico que teria poderes sobrenaturais, dentre os quais o de mudar de forma, deslocar-se invisivelmente em altas velocidades e interromper o movimento das coisas ao redor, como se pudesse parar o tempo. A lenda do skinwalker, reavivada pelas experiências dos Sherman, já estava presente desde os tempos dos antepassados dos ute.
Monitoração e Observação — A equipe do NIDS montou sua base na fazenda, onde foi instalado um posto de comando, posicionadas câmeras e outros instrumentos de monitoração. Foram ainda construídas novas cercas ao redor do perímetro da propriedade, para melhor controlar o acesso à área, e postos de observação nos pastos, que foram operados por observadores treinados. O esforço da entidade de Bigelow constituiu-se na mais intensa e completa operação já feita, de vigilância de uma área de avistamentos freqüentes de UFOs. O volume de recursos usados também foi considerável. Ufólogos norte-americanos deixados de fora da operação ficaram indignados e revoltados, mas o NIDS tinha sua própria equipe escalada. Como resultado da revolta de membros da comunidade ufológica dos Estados Unidos, rapidamente foram espalhados rumores de que Bigelow estaria trabalhando para a CIA, que ele e o NIDS já estariam em contato com ETs e que qualquer informação que fosse colhida na fazenda seria provavelmente ocultada da população pelo Pentágono.
As constantes críticas levaram Bigelow, sempre avesso à publicidade, a dar uma entrevista que esclareceu o assunto. Ele informou a um jornal do Utah que o NIDS não estava se comunicando com aliens nem programando o pouso de UFOs, mas fazendo um estudo científico e legítimo da vasta gama de manifestações estranhas detectadas na fazenda. Ele insistiu na necessidade de empregar mais tempo e recursos na investigação, livre de interferências externas, para que resultados concretos pudessem ser obtidos [Em conversa reservada com A. J. Gevaerd, editor da Revista Ufo, em fevereiro de 2002, na presença do ufólogo e médico californiano Roger Leir e do ufólogo turco Haktan Akdogan, no escritório de Bigelow, este confirmou que a investigação na fazenda está em franco progresso e que logo seriam comunicados os resultados].
“Nós ainda sabemos muito pouco sobre os fenômenos que estão ocorrendo na propriedade e seria simplesmente equivocado tirar conclusões precipitadas neste ponto”, disse Bigelow. Ele reforçou que as atividades do NIDS na fazenda eram seletivas e consistentes, e que a privacidade das operações precisavam ser preservadas. Não surpreendentemente, seu apelo por seriedade quanto à questão não foi ouvido no meio ufológico. Os ufólogos norte-americanos estavam tão enciumados e tão rancorosamente ocupados expressando sua indignação por terem sido impedidos de participar do estudo, que não captaram a essência das intenções de Bigelow. Não seria a primeira nem a última vez que os egos se sobressaem aos interesses coletivos no ambiente ufológico.
Inteligência Pré-Cognitiva — Ao contrário de algumas previsões precipitadas, os fenômenos na fazenda não se desvaneceram diante da investigação científica que estava sendo implementada. A atividade continuou a ocorrer, mas tornou-se ainda mais difícil de ser compreendida. O pessoal do NIDS testemunhou as mesmas bolas de luz que os Sherman e até UFOs estruturados e imensos foram observados. Porém, as tentativas de fotografar e filmar os avistamentos revelaram-se inexplicavelmente improdutivas. Membros da equipe, acompanhados dos Sherman e de outros moradores da área engajados no estudo, freqüentemente viam fenômenos aéreos anômalos a olho nu ou com binóculos e equipamentos de visão noturna. Mas, misteriosamente, apenas em raras ocasiões se conseguiu filmar ou fotografar tais eventos. Um relatório reservado preparado para os membros do Conselho Científico do NIDS, obtido por vias indiretas por este autor, documenta dúzias de contatos ufológicos envolvendo integrantes do estudo na fazenda, os próprios Sherman e outras testemunhas.
Após vários meses de vigilância, 24 horas por dia, um padrão de comportamento do fenômeno, altamente desafiador, começou a se delinear. As manifestações, o que quer que fossem, pareciam capazes de se antecipar aos movimentos e planos dos cientistas. Se estes decidiam instalar câmeras extras e alocar mais pessoal na área sul da propriedade, os fenômenos simplesmente passavam a acontecer na região norte. Se os cientistas concentrassem suas observações na área central, as atividades moviam-se para outra região, e assim por diante. Ou seja: o que quer que fossem tais fenômenos, eram certamente controlados por uma inteligência que sabia o que estava se passando e tinha planos de confundir os investigadores. Mas po
r quê? Cientistas céticos quanto ao Fenômeno UFO e os fatos da fazenda no Utah sarcasticamente sugeriram que essa alegação para tamanha falta de evidência fotográfica dos acontecimentos, num local onde pareciam ser constantes, era um pouquinho conveniente demais.
Porém, algo ocorreu em 19 de julho de 1998, trazendo alguma luz para o desafio enfrentado pela equipe de pesquisa. Logo após chegar à fazenda, o pessoal do NIDS instalou três postes altos em um dos pastos. No topo de cada um havia um conjunto de equipamentos sensores sofisticados, incluindo múltiplas câmeras de vídeo. Elas tinham uma visão panorâmica daquela seção da fazenda e estavam conectadas a gravadores de vídeo, instalados no posto de comando. Exatamente às 20h30, as três câmeras no poste localizado a oeste foram subitamente desligadas. Quando os técnicos foram verificar o problema, descobriram que algo havia estraçalhado os equipamentos – fios foram arrancados das câmeras com força considerável, suportes plásticos foram quebrados e grossas camadas de fita adesiva, usada para segurar os equipamentos, foram arrancadas.
Fenômenos Interligados — Um pedaço de cabo de tevê de 30 cm de comprimento estava faltando, e a análise das pontas remanescente revelou que ele havia sido rasgado com um instrumento de corte. Mas, por quem e por quê? De qualquer forma, após constatarem as anomalias, os membros da equipe correram para o centro de comando, pois sabiam que o poste que havia sido atacado estava dentro do ângulo de visão das câmeras posicionadas no topo do segundo poste, a 200 m de distância. Assim, o que quer que tivesse destroçado o primeiro poste estaria claramente visível na gravação de vídeo feita pelos equipamentos do segundo. Contudo, ao retornarem a fita, nada viram! No momento exato em que o primeiro sistema de equipamentos estava sendo destruído, nada visível parecia ocorrer em qualquer ponto do pasto, nada foi captado pelos instrumentos do segundo poste. Este incidente traçou um padrão para o que viria a seguir.
“Eu criei até um termo para esse enigma”, disse o coronel John Alexander, oficial aposentado da inteligência das forças armadas norte-americanas [Leia-se espionagem], que ainda trabalha em projetos confidenciais no Laboratório Nacional de Los Álamos e opera como consultor da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). “Eu o chamei de ‘inteligência consciente pré-cognitiva’. Aquilo certamente era inteligente e parecia saber o que iríamos fazer mesmo antes de o fazermos”. Alexander, considerado uma das maiores autoridades mundiais em armas não-letais, foi consultor do NIDS durante algum tempo e, convidado por Bigelow, foi à fazenda para ver o que estava ocorrendo. Como cientista e ex-militar, ele relutava em tirar conclusões sobre o que se passava ali. Mas suspeitou, após explorar a propriedade e ler os relatórios das testemunhas, que havia uma inteligência por trás dos variados fenômenos, que estariam interligados, e que tal inteligência parecia estar brincando com aqueles que estavam tentando observá-la. Outro membro do NIDS, com doutorado em física e uma longa lista de artigos sobre conceitos científicos de última geração e participação em projetos militares secretos, chegou à conclusão semelhante.
Ele não quer ter seu nome revelado por crer que não seria mais contratado para trabalhos científicos regulares se seu envolvimento com a pesquisa na fazenda se tornasse público. “Temos aqui algo muito confuso. Nada pode ser descartado ou afirmado. Não é uma coisa tão simples, que se possa dizer que seja causada por ETs”, disse o cientista. “É algum tipo de consciência, mas algo tão novo e diferente do que conhecemos, que não se repete facilmente. Essa consciência reage às pessoas e aos equipamentos instalados na fazenda, usados com rigor do método científico. Simplesmente, a ciência com a qual estamos habituados não parece ser aplicável para este tipo de manifestações”.
Gelo e Répteis — Como se quisesse aumentar a pressão ainda mais, os fenômenos da fazenda parecem se desenvolver constantemente. Um dos incidentes mais recentes ocorreu numa fria manhã de fevereiro. O zelador da propriedade estava patrulhando as terras quando, ao passar por um poço de água, percebeu uma estranha impressão circular no gelo fino que havia se formado da noite para o dia. Algo havia desenhado um círculo perfeito no gelo. O círculo tinha pouco menos de 2 m de diâmetro e lembrava, estranhamente, as formações vistas nas plantações de trigo inglesas. O corte se aprofundava no gelo apenas uns 6 ou 7 mm, já que a própria placa congelada teria cerca de 2 cm. Daí surge a pergunta, como esse desenho poderia ter sido feito? Alguém que estivesse de pé sobre o banco lamacento, ao lado do gelo, teria deixado pegadas. No entanto, as únicas que foram encontradas eram as deixadas pelo gado. O próprio gelo em si era tão fino que não conseguiria suportar quase nenhum peso, e certamente iria se partir se alguém ficasse de pé sobre ele.
E ainda que alguém conseguisse ficar suspenso acima do gelo fino e ter escavado um círculo perfeito, por que o faria? O pessoal do NIDS, seguindo o método científico: coletou e analisou raspas de gelo colhidas no local, fez leituras dos campos magnéticos e da radiação eletromagnética (EM), procurou por rastros na área, mas não encontrou nenhuma pista. Não há qualquer explicação natural para um evento tão sutil – e algo igual nunca mais foi observado. A equipe do NIDS compilou um relatório confidencial sobre todos os eventos que ocorrem na propriedade, cuja leitura provoca verdadeiros arrepios. Até o momento, os pesquisadores registraram 7 fenômenos distintos envolvendo anomalias magnéticas. Sem querer generalizar, suas bússolas simplesmente ficaram loucas dentro da fazenda. Suas setas giram fora de controle ou apontam diretamente para o solo, sem que haja uma explicação razoável.
Houve várias ocasiões envolvendo algum tipo de força invisível movendo-se pela fazenda e através do corpo dos animais. Uma testemunha relatou o deslocamento estranho da água que passa por um canal, como se algo invisível estivesse rapidamente mexendo-se dentro dele e afastando o líquido. Havia barulhos distintos de passos na água, e ainda um cheiro fétido e pungente no ar, mas nada foi
visto. Um fazendeiro das redondezas relatou o mesmo tipo de fenômeno dois meses mais tarde. Os Sherman dizem que já houve ocasiões em que algo invisível podia ser visto se movendo no meio do gado, separando os animais. Seu vizinho relata o mesmo tipo de situação. Porém, de todos os estranhos incidentes da fazenda, o mais extraordinário é o que aconteceu em 12 de março de 1997. O latido dos cães alertou a equipe do NIDS para algo que se movia furtivamente numa árvore próxima da casa da fazenda. Terry Sherman agarrou um rifle de caça e partiu com sua camionete em direção à árvore, e a equipe o seguiu noutro veículo. Acima, nos galhos da árvore, eles conseguiram vislumbrar um par de olhos grandes e amarelados, como os de um réptil – a cabeça deste animal teria que ter pelo menos um metro de largura.
Dinossauro Invisível — Embaixo da árvore ainda havia uma coisa a mais. Sherman o descreveu como algo grande e peludo, com pernas dianteiras musculosas e uma cabeça que se parecia com a de um cão. Bom atirador, ele disparou em ambas as figuras a uma distância de 35 m. A criatura no solo desapareceu, mas a coisa que estava na árvore aparentemente caiu ao chão, pois Sherman escutou o som de uma queda pesada neve abaixo. Os três homens correram pelo pasto até a moita, perseguindo o que acreditavam ser um animal ferido, mas nunca encontraram o bicho nem viram qualquer traço de sangue. Um profissional em localizar trilhas na mata foi trazido no dia seguinte para vasculhar a área. Mas nada foi achado.
Contudo, havia uma pista física deixada para trás. Embaixo da árvore, a equipe do NIDS localizou e fotografou uma estranha pegada com marca de garras. A pegada deixada na neve era de algo grande, com três dígitos que se imaginou serem garras afiadas. Uma análise posterior e comparação da marca levou os técnicos a descobrirem uma semelhança inusitada: a pegada na fazenda assemelhava-se muito com a de um velociraptor, um dinossauro extinto que ficou famoso com os filmes da série Jurassic Park [1993]. É claro que ninguém no NIDS afirma ter atirado num velociraptor – a equipe simplesmente não sabe o que era aquilo.
Dois dias antes deste incidente, outro animal foi encontrado mutilado na fazenda, o que se tornou o único caso publicamente confirmado pelo NIDS até então. Sherman e sua esposa passaram uma ensolarada manhã de domingo marcando as orelhas de novilhos recém nascidos, um deles um animal parido próximo da casa-sede da propriedade. Após o trabalho, ambos saíram para o pasto por um período de 45 minutos. Neste ínterim, estando o casal a apenas uns 180 m de distância, o novilho teve sua carne totalmente removida. Seu esqueleto tinha sido colocado por algo invisível no chão, mas toda sua carne tinha simplesmente sumido, deixando para trás apenas ossos e pele. Parecia uma espécie de ritual. Simplesmente, não havia nenhum sangue no animal, nem no chão.
Hipóteses Desencontradas — Uma equipe do NIDS que estava na fazenda naquele dia rastreou a área em busca de evidências e enviou os restos mortais do animal para dois diferentes laboratórios de patologia. Ambos concluíram que o novilho havia sido chacinado por dois instrumentos distintos: algo como um facão de cortar mato e outro como tesouras afiadas. O modo como isto foi feito, em plena luz do dia, num pasto aberto e bem à vista dos fazendeiros, permanece um mistério. Outro bezerro desapareceu nesta mesma manhã, após também ser marcado, sem nunca ter sido encontrado.
Ao todo, 12 animais sofreram um destino semelhante desde a chegada do NIDS à fazenda [Um relatório completo sobre o incidente com o novilho pode ser encontrado na página do instituto na Internet, www.nidsci.org]. O capitão Keith Wolverton trabalhou mais de 20 anos como investigador junto à delegacia de polícia de Cascade, em Great Falls, Montana. Em meados dos anos 70, aquela área passou por uma onda de avistamentos de UFOs e mutilações de gado, similares ao fato verificado na fazenda do Utah, bem como avistamentos de yetis. Wolverton investigou todos estes casos. “Pedi ao meu chefe que me desse seis semanas para solucionar o mistério”, disse. “Passaram-se 30 anos e eu ainda tenho muitas perguntas e nenhuma resposta”. Ele escreveu um livro sobre suas experiências em Montana e foi até a fazenda para compartilhar seu conhecimento profissional com a equipe do NIDS. Queria examinar as semelhanças entre os acontecimentos na fazenda e os que ocorreram próximos de Great Falls. Wolverton nunca tinha ouvido falar de nenhum lugar com uma concentração de eventos estranhos tão grande quanto a fazenda.
O que quer que esteja acontecendo nessa impressionante propriedade é algo que transcende – e muito – a capacidade de nossa ciência de explicar de forma razoável estes fenômenos
— George Knapp
O microbiólogo Colm Kelleher chegou a uma conclusão parecida com a de Wolverton: “Achava que se nós colocássemos pessoal e equipamentos suficientes no local, ininterruptamente, e trabalhássemos estritamente dentro do método científico, provavelmente conseguiríamos respostas”, disse. “O que conseguimos foi documentar muito bem pelo menos 100 fatos estranhos, mas nenhum pode ser explicado de uma forma científica”. A principal razão pela qual o NIDS não deseja tornar públicas informações sobre a fazenda é que não há muito o que possa ser dito. Para uma organização científica, simplesmente espalhar um monte de histórias assombrosas seria contraproducente, especialmente se isso provocasse uma inundação da fazenda por um bando de fanáticos por UFOs, que pudessem interferir nas investigações. O que é inequívoco, entretanto, é que a atividade ocorrendo na propriedade parece ter um componente interativo. Ele reage às pessoas, eventos e perturbações. Em muitos momentos, parece capaz de antecipar coisas que estão por ocorrer.
“A única coisa que escapa aos dados é o quanto estas coisas simplesmente não se repetem”, Kelleher observa. “Dois eventos nunca se repetem da mesma forma. É quase como uma curva de aprendizado e nós fôssemos levados nela. Esta é a única coisa consistente naquele local do Utah”. O que, então, poderia explicar as manifestações que lá acontecem? Predadores naturais poderiam ser responsáveis por alguns dos eventos, mas certamente não por todos. Os membros do NIDS consideraram a possibilidade de algum xamã indígena ou praticante de magia negra estarem fazendo algum tipo de campanha ritualística na fazenda, mas isso também não explica tudo – ou melhor, quase nada!
Aqueles que acreditam na realidade dos UFOs propõem uma conexão dos eventos com a atividade alienígena que vem sendo registrada no planeta, mas os membros do NIDS dizem não haver dados suficientes para comprovar esta hipótese cientificamente. Existe ainda uma remota possibilidade de que unidades militares desconhecidas possam ser capazes de produzir alguns dos eventos que têm sido relatados na área, talvez como
experimentos de guerra psicológica, mas também essa hipótese não tem sustentação. Terry Sherman esteve convencido disto por muito tempo, mas percebeu que a teoria era mais do que delirante. “Ora, alguém, em algum lugar, iria acabar vendo tais militares operando numa área rural como aquela”, disse.
Buracos de Minhoca — Excluídas todas essas hipóteses, ficamos com muito pouco em mãos. Mas há ainda outra possibilidade que vale a pena ser considerada: físicos avançados vêm propondo a existência de dimensões alternativas ou universos paralelos e especialistas em física quântica crêem que pode haver portais entre nosso mundo e outros mundos. O conceito dos famosos wormholes [Buracos de minhoca], que seriam passagens entre universos paralelos, não é mais considerado apenas ficção científica. O físico e escritor Michio Kaku teoriza que existam 11 dimensões em nosso universo, apesar dos seres humanos terem identificado apenas quatro. Será que um wormhole se pareceria com o portal de luz visto na fazenda? E no caso de tais portais existirem, poderiam efetivamente permitir que seres do “outro lado” viajassem até o nosso mundo?
Por mais maluca que a idéia possa parecer, alguns dos principais cientistas crêem que wormholes e dimensões alternativas são perfeitamente consistentes com as leis da física. E se assim for, então não seria muito surpreendente supor que UFOs, alienígenas, yetis ou outras criaturas e até mesmo poltergeists ou espíritos poderiam entrar e sair da Terra sem nunca serem detectados por humanos. Uma das portas de entrada seria a fazenda do Utah. “Aliens podem estar aqui, agora”, diz Kaku. “Aqui ou numa outra dimensão, a um milímetro de distância do nosso mundo”. Convenhamos, tudo isso soa inacreditável, mas já que ninguém tem uma explicação melhor, precisamos ouvi-la.