
Se prestarmos atenção, a chamada civilização cristã, pelo menos aqui no Ocidente, possui dois deuses. Um deles, tal como se manifesta nas Sagradas Escrituras, notadamente no Antigo Testamento, tem todo realismo, solidez existencial e factual. O outro, numa tremenda deturpação do conteúdo dos Evangelhos, manifesta-se de maneira abstrata, alienada, irreal e formado por um conceito supostamente teológico de Santíssima Trindade: um só Deus em três pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo. Essa é uma conceituação absurda, forjada pelos próprios teólogos, em que se pretende que três pessoas distintas constituam um só deus, algo que está em total contradição com os ensinamentos de Jesus, bem claros a esse respeito.
Tomando essas reflexões como ponto de partida, e, conseqüentemente, enxergando Deus de outra maneira, tentaremos rigorosamente nos basear naquilo que Ele mesmo nos revela sobre si no Antigo Testamento – e no que Jesus nos apresenta em seus ensinamentos, além das inscrições de autores inspirados que compõem o Novo Testamento. Com essa sólida base, podemos perceber de maneira bem clara certos pontos das escrituras judaico-cristãs. Tais trechos não só podem como devem ser interpretados à luz de um novo conhecimento, e esse nos leva a civilizações extraterrestres, manifestações ufológicas e seres alienígenas. Isso, sem dúvida, vai constituir os fundamentos reais e autênticos não só de nossos conceitos religiosos como de nossas línguas e, em última análise, de nossa civilização.
Começando pelo Antigo Testamento, voltemos nossa atenção para um significativo acontecimento, o grande desastre ecológico conhecido como dilúvio, cuja universalidade ainda hoje é discutida pelos estudiosos. Além do patriarca Noé – nome que vem do hebraico Nôach, que significa flutuação – a figura mais importante do tal desastre é a da famosa arca, que teria sido construída a mando de Deus para o resgate de Noé, sua família e dos animais que por ali existiam. Avançados estudos conduzidos pelo grande pesquisador e hermeneuta bíblico Zecharia Sitchin, bem como por Brad Steiger e Hayden Hewes, todos também notáveis ufólogos, levam à conclusão de que a arca teria sido, na verdade, uma nave submersível dotada do que as civilizações extraterrestres possuíam de mais adiantado e sofisticado do gênero, a fim de suportar as catastróficas intempéries dos supostos 40 dias e 40 noites sem se desintegrar totalmente.
Tábulas Sumerianas — Sobre essa afirmação há indícios fortíssimos em textos apócrifos, especialmente encontrados no Gênesis e nos manuscritos de Qumran, assim como em referências de textos sumérios, notadamente na epopéia de Gilgamesh, em particular na pessoa de Utnapichtim – que seria Noé na versão judaica do acontecimento narrada nos capítulos 6, 7 e 8 do referido Gênesis. Além das tábulas sumerianas, o pesquisador italiano Frederico Arborio Mella menciona uma versão hitita do histórico dilúvio, também antiqüíssima, como também é a famosa Edda Nórdica, citada pelo pensador alemão Gerd Von Hassler em sua obra Os Sobreviventes do Dilúvio, ainda sem versão disponível em português.
No presente trabalho queremos mostrar, dentro de uma linha ufológica de pensamento e interpretação, a diferença que há no texto original da Bíblia hebraica entre as palavras usadas para designar a Arca de Noé e a Arca da Aliança. Para isso nos amparamos nos capítulos acima citados do livro de Gênesis e no capítulo 25 de Exodus, a partir do 10º versículo. Apesar de nos textos originais estas serem palavras completamente diferentes, quando o famoso São Jerônimo traduziu tudo para o latim – Vulgata Latina – ele empregou, para ambos os casos, a palavra latina “arca”, que assim foi traduzida literalmente para o português.
No caso da Arca de Noé, o vocábulo original hebraico usado para a referida embarcação é hatebá, que significa uma nave submersível ou um submarino, jamais uma simples embarcação flutuante, como se pensava até o presente momento. Tal vocábulo é ainda hoje empregado no hebraico falado em Israel. Isso faz lembrar um caso análogo de nave extraterrestre apresentada simplesmente com o nome de “grande peixe” – tradução de dag gadol, no original hebraico –, aquele provável submarino que recolheu o profeta Jonas, quando este foi atirado ao mar. Tal fato está narrado no livro de Jonas, logo no início do capítulo 2.
Instrumento de Comunicação — Já em relação à Arca da Aliança, sua primeira citação aparece no capítulo 25 de Exodus, quando o próprio Deus teria determinado a Moisés sua confecção, dando os detalhes necessários para isso. No entanto, a palavra hebraica do texto original massorético é aron, que significa uma cesta, caixa ou mesmo um engenho. Como se vê, a interpretação dada a essa palavra é completamente diferente da empregada no caso da Arca de Noé, como também tem um significado totalmente distinto.
Segundo a história bíblica, a Arca da Aliança seria uma caixa dotada de singulares características determinadas pela própria divindade. Certamente se tratava de um engenho eletrônico ou algo equivalente, tecnologicamente bem acima de nossos atuais artefatos congêneres. Levando-se ainda em consideração as Sagradas Escrituras, tal caixa seria um instrumento altamente preciso de comunicação entre o plano dos Elohim – mais particularmente de Iahweh-Elohim, nosso demiurgo e Deus – e os seres humanos. Para alguns autores, os humanos objetos dessa comunicação seriam especificamente os membros do chamado povo eleito, isto é, os israelitas liderados por Moisés.
As singulares características da Arca da Aliança ainda insinuariam fortemente ser ela dotada de capacidades energéticas e radioativas, que a colocariam num plano bem mais concreto e real que aquele puramente sobrenatural, como nos induzem as interpretações do dogmatismo teológico. Por exemplo, tal objeto teria provocado a imediata morte de Oza, narrada no capítulo 6 do segundo livro de Samuel. Baseado no próprio relato bíblico, a Arca da Aliança, sob o comando de Davi, vinha sendo transportada para Jerusalém em um carro de boi especialmente preparado para a tarefa. Em dado momento, a mesma pendeu para a esquerda e ameaçou cair. Oza, que seguia à esquerda do carro, estendeu a mão e segurou. Neste ato teve morte imediata, como que fulminado por algo que a caixa continha ou irradiava. Provavelmente ele não estava preparado para ter contato com tal instrumento e suas emanações letais.
Outro episódio análogo ligado à mesma Arca da Aliança – narrado também em Samuel, mas desta vez no capítulo 5 de seu primeiro livro –, é o aparecimento de tumores anais e um certo tipo de dolorosas hemorróidas que acometeram a população filistéia, mais precisamente da cidade de Azot e redondezas, onde se concentrava. Tudo indica que teriam sido causadas por fortes irradiações que, pela falta de algum tipo específico de preparação, afetaram aquelas partes do corpo dos filisteus dentro de um determinado raio de alcance local.
Explicação Racional — Temos nas Sagradas Escrituras judaico-cristãs, tanto nos livros que compõem o Antigo Testamento como nos do Novo Testamento, várias e interessantes narrativas que demandam uma explicação mais racional e técnica, que atendem melhor ao raciocínio do homem moderno do que as interpretações teológicas. Tais casos estão descritos em vários livros, notadamente nos escritos que compõem nosso lastro hebraico-cristão. Eles exporiam melhor à humanidade fatos relativos à existência de civilizações extremamente desenvolvidas que, sem a menor sombra de dúvidas, vêm nos visitando desde tempos imemoriais.
Particularmente no caso da Arca da Aliança, ainda usando os textos originais, constatamos que ambos os casos – das hemorróidas e do fulminante óbito de Oza – foram justificados como sendo causados pelo “repentino acendimento da ira de Iahweh”, uma explicação simplista. Tal dedução parece ser um recurso da época, quando tudo tinha que seexplicado sob um ângulo pura e exclusivamente religioso, sobrenatural, sob a égide de uma intervenção divina. Como esses casos, vários outros episódios bíblicos precisam ser desmistificados – ou “desmitologizados” –, o que pode ser atingido com um esforço construtivo acompanhado de recursos psicológicos, filosóficos e culturais, mesmo sob a luz de novas concepções teológicas.
Precisamos desenvolver esforços no sentido de desmistificar quadros já bem batidos, pisados e repisados por instituições eclesiásticas, notadamente as mais dogmáticas, que se julgam depositárias exclusivas das revelações feitas pela divindade e, conseqüentemente, as únicas credenciadas a fornecer interpretações “infalíveis” para os fatos bíblicos. Em nome do esclarecimento e do progresso científico e religioso, urge retomarmos o ponto de vista dos antigos padres gregos e latinos, como o grande Orígenes de Alexandria e outros do período patrístico, que adotavam os lemas Fides quaerens intellectu, “a fé procurando a inteligência”, e Fides quaerens rationem, “a fé em busca da razão”. Estes devem ser também nossos lemas e o nosso grande esforço.