O interior do estado de São Paulo volta a ser notícia quando o assunto é Ufologia. A menos de seis meses do Caso Riolândia, que foi caracterizado pelo amassamento mecânico de um canavial naquela cidade [Veja edições UFO 139 e 140], Buritama, a cerca de 140 km daquele município, registrou um significativo caso de aterrissagem de UFO. A 560 km da capital, a cidade foi surpreendida no começo de junho por estranhos acontecimentos que culminaram na descoberta de sinais circulares na Chácara São Paulo, onde luzes não identificadas foram vistas. As marcas foram descobertas por Antonio Pinto Caldeira, proprietário do local, e sua filha Érika Domingues Caldeira, que entrou em contato com o ufólogo Jorge Nery, consultor da Revista UFO e integrante do Instituto de Astronomia e Pesquisas Espaciais (INAPE), de Araçatuba, que passou a investigar a ocorrência.
O caso atraiu a atenção da mídia local e os jornais A Comarca e Manchete da Região noticiaram o fato e a visita ao local, no dia 03 de junho, dos ufólogos Nery e Gener Silva, ambos do INAPE [Silva é conselheiro especial da Revista UFO]. Instantaneamente, a população associou os sinais encontrados na propriedade do senhor Caldeira com os círculos que surgem nas plantações de cereais da Inglaterra, os chamados círculos ingleses. “Minha filha sempre me fala destas coisas do espaço e de extraterrestres, mas eu nunca acreditei. Achava até bobagem dela. Mas agora é diferente e percebo que não estamos sós no universo”, disse Caldeira aos ufólogos que visitaram sua propriedade. Produtor rural há mais de 40 anos, ele está surpreso com as marcas em sua chácara e disse que nunca havia visto algo semelhante.
Círculos ingleses
Sinais em plantações têm surgido há décadas em várias partes do mundo e intrigam os moradores dos locais onde são descobertos. Existe uma grande variedade de marcas, sinais e figuras das mais variadas formas, que já foram pesquisadas e documentadas por ufólogos de todo o planeta. Os círculos ingleses, um fenômeno à parte das aterrissagens de UFOs, tornaram-se muito populares depois do lançamento do filme Sinais [2002], em que um pai de família viúvo descobre estranhas marcas gigantes em sua plantação de milho, que seriam os primeiros indícios de uma invasão alienígena. Mas outro tipo de casuística envolve o surgimento de marcas circulares, normalmente em áreas afastadas das cidades. São os chamados ninhos de UFOs, locais de pouso de discos voadores. Tais marcas têm características próprias e é necessário fazer uma distinção entre estes dois tipos de fenômenos.
Em 1678, um tablóide inglês publicou uma matéria que descrevia a história de um rico fazendeiro e um pobre lavrador. O fazendeiro desejava contratar o lavrador para que cortasse sua plantação de aveia. O operário ofereceu um preço pelos seus serviços, mas o fazendeiro o considerou muito alto e ofereceu uma quantia inferior, gerando uma intensa discussão. O proprietário, então, recusou os serviços do lavrador e falou que o próprio demônio cortaria os pés de aveia. Surgiu assim a lenda do demônio ceifador nas ilhas britânicas. Curiosamente, durante uma noite, o campo de aveia do fazendeiro foi visto iluminado por várias horas, como se estivesse em chamas. O homem, surpreso, desconfiou do lavrador, mas na manhã seguinte, quando foi observar os pés de aveia, eles estavam perfeitamente cortados. E na plantação, misteriosamente, podiam se ver desenhos belíssimos feitos com as plantas dobradas.
As figuras feitas pelo demônio ceifador, em forma de círculo, teriam perfeição milimétrica. Desde então, várias figuras foram encontradas nas plantações da região durante a noite, e a população local passou a realizar rituais com cantos e danças para afastar o mal do local. Esta matéria, do século XVII, demonstra que os círculos ingleses ocorrem há séculos. São objeto de intenso estudo da Ufologia, tendo em vista o grande número de relatos de UFOs nas áreas onde surgem, da noite para o dia, com as mais variadas formas. Círculos, anéis, figuras triangulares, ovais e espirais, entre outras formas, compõem o mistério. Elas aparecem principalmente nas plantações de cereais do sul da Inglaterra, mais especificamente nos condados de Wiltshire e Hampshire, e constituem, na opinião de diversos estudiosos, mensagens deixadas por civilizações extraterrestres [Veja lançamento em DVD da Videoteca UFO, código DVD-028 da seção Shopping UFO desta edição].
Marcas de pouso
O fenômeno se caracteriza por uma anomalia nos caules das plantas, que se dobram sem se quebrar. Não são amassados e nem queimados, e continuam se desenvolvendo normalmente. Nota-se ainda que as plantas que estão no interior dos desenhos crescem mais rapidamente do que as que estão próximas das bordas da figura. Além disso, as sementes que são coletadas no interior dos círculos germinam mais ligeiramente do que as coletadas fora deles. Os desenhos continuam a aparecer até hoje, sempre no verão europeu, e agora não apenas na Inglaterra, mas em diversos países. No Brasil, em 1996, foi encontrado em um charco a 100 m da Escola de Especialistas de Aeronáutica, de Guaratinguetá, um círculo de aproximadamente 5 m de diâmetro. As características da vegetação no local eram semelhantes às encontradas nas plantações da Inglaterra. Os moradores da região relataram ter visto luzes alaranjadas sobrevoando o local duas noites antes do surgimento do círculo.
Diferentemente dos círculos ingleses, as marcas de pouso de UFOs fazem parte de um conjunto de evidências físicas que demonstram a interação existente entre naves alienígenas e nosso meio ambiente. Apesar de não serem tão comuns como a observação destes veículos em pleno vôo, as aterrissagens deixam marcas que podem ser analisadas cientificamente, embora ocorram quase sempre em regiões distantes das cidades, e normalmente em forma de anéis. Estes casos têm características distintas dos círculos ingleses. Na maioria dos episódios estudados, as queimaduras na vegetação indicam o contato da superfície dos objetos com a vegetação e o solo. Em alguns eventos foi observada a vitrificação do solo, devido às altas temperaturas a que parece ser submetido. Observa-se ainda que, no local onde ocorre este tipo de fenômeno, a vegetação dificilmente volta a se desenvolver, mesmo passados vários anos, e até a neve não se deposita no local, no inverno, o que indica que algum tipo de efeito residual permanece no lugar durante um longo período de tempo.
Vários casos já foram estudados no Brasil e no mundo. Em Delphos, cidade localizada no estado norte-americano de Kansas, em 02 de dezembro de 1971, foi descoberto um anel luminoso n
o solo que permaneceu irradiando um estranho brilho durante vários dias após o ocorrido. Em Arba, cidade italiana da província de Pordenone, foi descoberta, em 22 de setembro de 1995, uma marca circular com aproximadamente 15 m de diâmetro. No Brasil, em setembro de 1995, uma clareira em forma de círculo foi encontrado em uma ilha próxima a São Vicente, no litoral norte de São Paulo.
Sinais circulares em Buritama
Em Buritama, inicialmente, foram encontrados dois círculos no pasto da propriedade do senhor Caldeira, distantes aproximadamente 6 m um do outro. O menor tem 2,50 m de diâmetro e o maior, 4,70 m. Eles estão localizados nas coordenadas S 21° 05’ 24,3”’ e WO 50° 08’ 34,2”, segundo medição feita por Nery. A pesquisa foi realizada no dia 03 de junho, vários dias após o descobrimento dos sinais, mas estes ainda permaneciam visíveis e bem definidos. “Para se ter uma noção melhor do que eram, imagine um grande pneu de trator aquecido ao extremo e colocado em cima do pasto de capim de corte baixo, porém cheio e consistente. Ao retirarmos o pneu, fica a marca na vegetação desidratada, seca e cor de palha”, destacou Gener Silva. Esta analogia auxilia no entendimento das formas que lá foram encontradas, mas a hipótese não é possível porque na propriedade não há tratores e ninguém trabalha no campo há tempos. Lá, o que se vê são anéis de capim seco, sendo que, no centro, a vegetação continua a se desenvolver naturalmente.
O que chamou a atenção neste caso não foram apenas as marcas encontradas no pasto da Chácara São Paulo. Os vizinhos da propriedade também relataram que estranhas luzes foram vistas nas imediações, deixando marcas em um canavial ao lado, semelhantes às encontradas em Riolândia, em 20 de janeiro. No dia da chegada dos ufólogos Nery e Silva ao local, a plantação de cana-de-açúcar já havia voltado à sua posição normal. Com relação aos círculos encontrados nas pastagens do senhor Caldeira, parecia ter havido o contato de dois objetos com o formato de anéis grandes e grossos com a pastagem. “É possível que tenha havido emanação de algum tipo de radiação que, em contato com o solo, queimou o capim”, comentou Silva.
Em 06 de julho, pouco mais de um mês depois da primeira pesquisa realizada no local, uma nova equipe do INAPE voltou à Chácara São Paulo para verificar o estado das marcas no pasto, incluindo este autor. Para nossa surpresa, os círculos ainda permaneciam bastante visíveis e era notável que o capim em volta e no centro das marcas havia se desenvolvido, o que evidenciou ainda mais os anéis onde a planta ressecou e não voltou a crescer. Uma equipe da TV Record, que na ocasião estava gravando um documentário sobre o Fenômeno UFO, se interessou pelos sinais encontrados em Buritama e fez uma ampla cobertura de episódio, entrevistando o proprietário e sua filha, além dos vizinhos da chácara que descreveram inúmeros avistamentos.
Seres de forma humanóide
Um dos relatos mais impressionantes foi o do advogado José Francisco Marangoni, 63 anos. Ele narrou um contato visual com um objeto não identificado na propriedade de seu irmão, muito próxima à chácara onde foram descobertos os círculos. Marangoni disse que costuma fazer caminhada numa plantação de seringueiras que fica naquele local e que, pouco antes do aparecimento dos sinais, ao fazer seu passeio habitual, por volta das 18h00, percebeu um objeto prateado voando a baixa altura do outro lado da propriedade, onde existe uma plantação de sorgo. O advogado pôde ver nitidamente dois seres de forma humanóide no objeto, que estariam sentados lado a lado. Um dos seres teria apontando para ele e, neste momento, Marangoni se assustou e correu, atravessando toda a plantação de seringueiras até chegar à sede da propriedade.
“O objeto era do tamanho da metade de um carro, pequeno e sem rodas. Aquilo ficou a uma distância de uns 30 m do local onde eu estava e dentro dele havia dois indivíduos, de aproximadamente um metro cada”, revelou Marangoni. Pelo que ele pôde avaliar, os seres eram magros, morenos e de rosto pequeno, com aparelhos em forma de triângulo no ouvido. “O objeto chegou muito rápido no local e, ao parar, fez um barulho como se fosse a conexão de um aparelho eletrônico. A árvore impedia eles de me verem, mas fizeram um movimento mais baixo e me enxergaram. O da esquerda apontou a mão para o meu lado, e no mesmo instante senti medo e saí dali correndo, olhando em direção ao aparelho, que sumiu”, enfatizou. Desde o acontecimento, a testemunha diz que nunca mais voltou a caminhar pelo local. “Nunca disse isto a ninguém porque tinha medo de ser ridicularizado”, desabafou Marangoni.
O veículo descrito pela testemunha se assemelha aos do seriado de animação Os Jetsons [1962]. Marangoni também utilizou o termo jetski para definir o objeto e disse que não existia cobertura sobre ele. Apesar de parecer estranha a comparação com o veículo daquele cartum, esta é a analogia que mais auxilia no entendimento do que foi visto por Marangoni. Mas outro relato também merece destaque. É o do comerciante Deusli José da Silva, 64 anos, que há aproximadamente 90 dias avistou uma esfera brilhante em uma estrada vicinal de Buritama. “Estava na casa de meu sogro, esperando para levá-lo ao médico, às 03h15, quando avistei de dentro do carro um tipo de bola brilhante que apagava e acendia. Depois aquilo abriu um reflexo por baixo, que parecia um farol de carro de tão forte que era o seu brilho. Era como um capacete de motoqueiro e aquilo ficou brilhando por uns 20 minutos, voltando ao tamanho normal e desaparecendo no céu”, relatou.
Diversos casos na área
Deusli Silva ainda nos mostrou um desenho que fez do objeto que viu, para facilitar a nossa compreensão de seu avistamento. Ele diz que sempre observa aquela luz pelas manhãs, por volta das 05h30, enquanto faz caminhada. Mas completou que, desta vez, aconteceu mais cedo e com mais intensidade. Todos estes depoimentos também foram colhidos pela equipe da TV Record e pelo repórter Onadir Prado, do jornal A Comarca, que acompanhou as pesquisas em Buritama.
Além destes espantosos depoimentos, outros moradores informaram terem visto luzes estranhas se movimentando na região, que sempre teve intensa casuística ufológica. Entre os casos mais comuns estão os de objetos que se dividem em um ou mais artefatos menores, alguns dos quais já pesquisados pelo INAPE. Há também registros fotográficos dos fenômenos
ufológicos que se manifestam naquela área, como os obtidos por Jorge Nery no Clube Náutico de Buritama, às margens do Rio Tietê, em 2002. Numa foto é possível ver nitidamente um objeto do lado direito de uma torre de energia elétrica. Do lado esquerdo são vistas várias pequenas esferas, provavelmente sondas ufológicas, vindo na direção do objeto maior.
Quanto aos círculos na Chácara São Paulo, os estudos já realizados permitem traçar algumas considerações sobre sua natureza e possível origem. Em primeiro lugar, não se confirma a hipótese de que alguma peça, um pneu de trator ou um implemento agrícola tenha deixado as marcas circulares, até porque, além de não existirem tais artefatos na propriedade, outros sinais semelhantes foram encontrados nela mais recentemente, sempre nas áreas de incidência ufológica. Segundo, como característica geral ligada aos pontos de aterrissagem de UFOs, animais não se aproximam das áreas atingidas, e em Buritama não é diferente. Lá, o gado não pasta próximo do estranho círculo. Por fim, consultados os especialistas, concluiu-se que não existe qualquer tipo de fenômeno atmosférico que possa deixar marcas como aquelas na vegetação. Sendo assim, passemos a analisar a hipótese de que os sinais de Buritama sejam um fenômeno ufológico autêntico.
As marcas não têm as complexas características dos círculos ingleses, ou seja, as plantas não apresentam a anomalia típica daqueles casos, como a dobra dos caules. Tratam-se apenas de anéis, relativamente próximos uns dos outros, mas que aparentemente não formam nenhum tipo de figura mais complexa. Portanto, a associação desta ocorrência com os círculos ingleses é um equívoco – como foi, também, quanto ao amassamento do canavial no Caso Riolândia, fato amplamente alertado pela Equipe UFO na época.
Desta forma, resta-nos analisar a possibilidade de que as marcas tenham sido deixadas no momento do pouso de algum objeto voador não identificado. E assim, teríamos naquela propriedade os chamados ninhos de UFOs. Mas não existem sinais de queimadura da vegetação, que são comuns nestes casos. O pasto está seco nas bordas dos círculos, mas não está queimado. Como também não houve vitrificação do solo, também freqüente nestes episódios. Igualmente, contatamos que não há no local nenhuma depressão pontual, como a que seria deixada pelo contato do trem de pouso de um UFO com o solo. Existem alguns casos na literatura ufológica nos quais foram encontradas marcas que seriam dos mecanismos utilizados por estes objetos para pousar. Um deles ocorreu em Burgos, Espanha, onde foram encontrados três orifícios carbonizados no solo.
Entendimento da questão
Mediante todos os indícios, podemos concluir que estamos diante de um caso de aterrissagem de UFO. A ausência das características mais comuns a estes casos não descarta a possibilidade, pois estamos diante de um fenômeno complexo. Há uma grande variedade de naves alienígenas freqüentando nossos céus, das mais variadas formas e tamanhos, e as evidências físicas que deixam no meio ambiente variam em igual proporção. Portanto, basear nossas conclusões apenas na analogia deste evento com os demais episódios de pousos de UFOs já documentados não é a melhor forma de se chegar a um entendimento da questão.
Seja nos campos de cereais da Inglaterra ou nas pastagens do interior do estado de São Paulo, a passagem de veículos de origem extraterrestre continuará a intrigar as populações que vivem em tais locais. O que fica evidente é que estes objetos são guiados por uma inteligência que procura áreas com menor densidade populacional para executar sua missão. Cabe à ciência responder quem são estes seres que nos visitam e que interesses que têm em relação ao nosso planeta.