Em julho de 2025, o sistema de alerta de asteroides ATLAS descobriu um novo visitante misterioso passando por nossa vizinhança cósmica. Chamado de 3I/ATLAS, este objeto é apenas o terceiro de seu tipo que conseguimos detectar, depois dos famosos Oumuamua e Borisov. Esses “intrusos” interestelares são de grande interesse para a ciência, pois oferecem uma oportunidade única de estudar os componentes de outros sistemas planetários sem sair do nosso.
Um novo estudo, publicado em 24 de setembro de 2025, lançou luz sobre a natureza deste viajante. Usando o poderoso Telescópio Seimei de 3,8 metros, no Japão, o astrônomo Jin Beniyama realizou uma análise detalhada da luz refletida pelo 3I/ATLAS. As observações, realizadas em 15 de julho de 2025, concentraram-se na medição simultânea do brilho do objeto em quatro cores diferentes (filtros g, r, i e z).
Uma cor peculiar e um brilho estável
A análise revelou que o 3I/ATLAS tem uma superfície visivelmente avermelhada. Suas cores são muito semelhantes, ou até ligeiramente mais avermelhadas, às dos asteroides do tipo “D”. Esses asteroides são comuns nas regiões externas do nosso Sistema Solar, como o cinturão de asteroides troianos de Júpiter, e acredita-se que sejam ricos em compostos orgânicos. Essa descoberta sugere que o 3I/ATLAS pode ter se formado em um ambiente semelhante ao de seu sistema estelar.
Além disso, durante as 2,3 horas de observação, o brilho do objeto não apresentou variações significativas. Isso contrasta com Oumuamua, cujas estranhas variações de brilho levaram à especulação sobre sua forma alongada. A estabilidade do 3I/ATLAS sugere que ele pode ter uma rotação mais lenta ou uma forma mais uniforme. Esses resultados são consistentes com os de outras equipes que até agora não conseguiram detectar uma periodicidade clara em seu brilho.
A importância de continuar a observar
Estudar o 3I/ATLAS é uma corrida contra o tempo. À medida que se aproxima do seu ponto mais próximo do Sol em outubro de 2025, espera-se que o calor solar ative gases e poeira aprisionados em seu interior, revelando mais sobre sua composição.
A expectativa é tanta que a comunidade científica está planejando uma campanha de observação sem precedentes. Em um movimento notável, até mesmo a sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA, atualmente orbitando Marte, apontará seus poderosos instrumentos para o objeto durante sua maior aproximação. Esta observação da órbita marciana oferecerá uma perspectiva única e poderá capturar imagens com um nível de detalhe impossível de ser obtido da Terra, permitindo aos cientistas estudar de perto quaisquer mudanças em sua atividade.
Cada informação coletada desses mensageiros de outros mundos é crucial. Ao comparar objetos como o 3I/ATLAS com os cometas e asteroides do nosso sistema solar, os astrônomos podem começar a entender se os processos de formação planetária são universais ou se existem diferenças importantes entre os diferentes sistemas estelares.