Por Pedro de Campos
Tivemos a oportunidade de colocar no livro Universo Profundo [Lúmen, 2003] , o capítulo Um exorcismo de poltergeist, no qual falamos longamente sobre uma materialização de pedras verificada em 1928, numa casa da Penha, em São Paulo. Os fenômenos ali iniciaram com a materialização de pedras que eram lançadas sobre o telhado sem que ninguém visse de onde vinham, mas a presença de UFO nas proximidades não foi observada.
Em seguida, em Um Vermelho Encarnado no Céu [Lúmen, 2006], nós voltamos ao tema no capítulo Um estranho poltergeist, para mostrar a incidência de materialização num sítio próximo de Ponta Porã, em 1972, quando o fenômeno ali se tornou intenso e observou-se o aparecimento repentino de coisas e o arremesso de pedras para dentro da casa, sem que ninguém visse o agente.
Em ambos os lugares, tanto na Penha quanto em Ponta Porã, havia a incidência de pequenos fenômenos luminosos próximos às testemunhas, mas não se avistou UFO no local. Aqui, ao contrário, vamos relatar incidências um tanto diferentes, com a observação de objetos voadores, mas sugerindo uma origem talvez comum aos fenômenos.
Há alguns anos, desde que lançamos o livro Colônia Capella [Lúmen, 2002], temos a intenção de relatar certos episódios da vida de Josué registrados em seu livro histórico, mas fazendo uma interpretação atual, associada a casos de ordem psicobiofísica ou ligados à Ufologia Científica. Sem uma dessas duas bases para suportar os argumentos, a tarefa nos parece inviável, porque não haveria a necessária consistência, constituindo-se, apenas, em mais uma entre as muitas fabulações sem incidência analógica.
O Caso da Ilha Maury, registrado no arquivo oficial do governo norte-americano, e o Caso dos Vespões, episódio descrito no Livro de Josué, um histórico do Antigo Testamento, são ocorrências em que está presente o fenômeno UFO e pode haver um paralelismo com chance real de veracidade. Vamos nos ocupar aqui de ambos.
Quem lê detidamente a Torá judaica, observa nela um registro no Livro do Êxodo dando conta de que quando o povo de Israel saiu do Egito, o Senhor (guia espiritual do povo judeu), prometeu a ele toda proteção:
“Enviarei vespões mortais à tua frente e lançarei em pânico todos os povos, para que possas ocupar toda a Terra Prometida” (Ex 23,28-30).
E a ajuda desses “vespões” seria ratificada no Deuteronômio:
“O teu Senhor enviará vespões mortais para atacar as nações inimigas, havendo de perecer até os que restaram escondidos de ti, Israel” (Dt 7,20).
Após a morte de Moisés, Josué chefiou o povo de Israel durante 38 anos. Por 14 anos se deteve nas guerras de conquista e o povo acostumou-se ao uso da espada. Os 24 anos seguintes se passaram em paz, com os inimigos em redor dominados.
Nos primeiros anos, quando Josué conquistou as terras meridionais da Palestina, ficaria mais claro o entendimento do que seriam aqueles “vespões mortais”, prometidos no segundo e no quinto livro que nos referimos da Torá; pois Josué, em seu livro histórico, o sexto da Bíblia judaica [NACHALAT AVOT – O livro de Josué, Maayanot, 1997], registrou o socorro que veio dos céus pelos vespões:
“O Eterno conturbou os inimigos diante de Israel e os feriu com grande golpe. O exército de cada rei fugiu pela encosta estreita da descida de Beit Horon [Talmud, Sinedrin 32b], e o Eterno lançou sobre eles grandes pedras do céu, matando os inimigos. Foram mais os que morreram das pedras da saraiva, do que os filhos de Israel mataram pela espada” (Js 10,11).
Segundo os rabinos, tidos como verdadeiros sábios na interpretação das Escrituras, as tais “pedras lançadas do céu” não eram nenhuma alteração da natureza, mas pedaços de meteoritos teleportados pelos chamados “vespões” e atirados sobre os inimigos para aniquilá-los (em Talmud, Berakhot 54).
Embora a chuva de meteoros seja um fenômeno natural, o mesmo não se pode dizer quanto à hora exata e o local em que o fenômeno sobreveio. O lançamento de pedras foi realizado no local certo e no tempo certo, num desfiladeiro estreito, quando marchavam ali os batalhões inimigos, tendo atingido apenas eles, deixando ileso o contingente de Israel que combatia o inimigo.
Os vespões, segundo a interpretação daqueles rabinos sábios, não seriam uma praga de vespas (tsi’á ou vespa orientalis), como alguns possam imaginar, mas engenhos aéreos capazes de defender um povo em busca de território, com objetivo de formar uma nação, pela qual o Eterno agiria na Terra Prometida e faria valer os seus propósitos.
Aqui vale a pena fazer uma pausa para relembrar o incidente UFO na ilha Maury, costa de Tacoma, estado de Washington, a 21 de junho de 1947. Nesta ocasião, seis objetos voadores, em forma de disco prateado, com cerca de 30 metros de diâmetro cada, surgiram repentinamente nos céus, às 14 horas, sem ruído nenhum, e ficaram a 150 metros dos observadores. Um deles, apresentando vigias ao redor, parecia em dificuldade e despejou uma chuva de pedras metálicas, extremamente quentes, as quais, depois, ficaram escuras. Calculou-se que cerca de 20 toneladas de escórias caíram no mar e na lancha pilotada pelo patrulheiro Harold A. Dahl. O capitão do barco-patrulha e dois tripulantes nada sofrerem, mas Charles, de 15 anos, filho de Dahl, teve um ferimento no braço, precisando de socorro hospitalar, e seu cachorro, que estava a abordo, morreu atingido por uma pedra maior. Durante as evoluções que antecederam o lançamento das pedras, Dahl conseguiu tirar cinco fotos das naves e, depois, recolheu as pedras caídas no barco. O patrulheiro do porto também recolheu as escórias, mas na praia. A 1º de agosto, o tenente Frank M. Brown e o capitão William L. Davidson, da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), vindos da Base Aérea McChord, perto de Tacoma, interrogaram as testemunhas, levaram as fotos e uma caixa cheia de escórias para análise na Base Hamilton da Força Aérea, na Califórnia. Voaram a bordo de um bombardeiro B-25, mas, de modo estranho, o aparelho incendiou-se e caiu perto de Kelso, no estado de Washington, onde ambos perderam a vida e o material altamente secreto. Foram destacados 300 homens para recolherem os destroços do aparelho. Depois, o governo pouco explicou o acidente do avião e deu o incidente UFO como fraude, mistificação. Mas as pedras (com alto poder de incineração quando aquecidas) estavam magnetizadas (característica comum na incidência ufológica), as cinco fotos tiradas, os danos físicos na lancha, o ferimento no braço do jovem, a morte do cão e as testemunhas oculares apontavam o contrário. Então, a tal negativa do governo foi atribuída ao acobertamento realizado pelos Homens de Preto (MIB) que estiveram no local. Por sua vez, Kenneth Arnold (pessoa que três dias depois fez o avistamento que deu início à Era Moderna dos UFOs) ficou sabendo do caso e ajudou na investigação. Arnold jamais concordou com a atribuição de farsa dada pelo governo. Para ele, o caso fora real, não obstante a queda do B-25 e a perda do material, fatos que teriam impossibilitado a conclusão satisfatória do caso. No fundo, em razão de a perícia oficial rejeitar os postulados paracientíficos e preferir ligar-se unicamente à ciência teórica, sugestivamente positiva, cuja aceitação acadêmica é mais natural, o público viveu sempre um clima de incerteza quanto ao fenômeno UFO. E jamais soube se o insólito lançamento de pedras na ilha Maury fora um despejo de detritos de nave extraterrestre, um fenômeno de transporte de meteoritos ou pedras vulcânicas viajando por fora do nosso espaço, numa outra dimensão, ou, simplesmente, uma mistificação, como o governo registrou em seus arquivos e não convenceu ninguém. O chefe do Projeto Blue Book, capitão Edward Ruppelt, somente veio a estudar o caso seis anos depois, sem investigar os vestígios no local, tendo publicado as suas deduções de gabinete em seu Relatório sobre discos voadores [Difusão Europeia, 1959, p.44-49]. Nos dias atuais, o incidente virou filme. O Caso Ilha Maury deu início ao acobertamento oficial e à atuação dos Homens de Preto na Era Moderna dos UFOs.
Voltando à Antiguidade, vamos observar Josué, quando já próximo de sua morte, lembrando a conquista da Terra Prometida. Nesta ocasião, voltou a falar dos “vespões”. Inspirado, recordou ao povo de Israel aquilo que o Senhor lhe havia dado na batalha, para vencer o inimigo:
“Recordai-vos – fez lembrar o Senhor –, enviei vespões adiante de vós e eles expulsaram os reis amoritas sem o concurso da tua espada e de teu arco, Israel” (Js 24,12).
Desde os tempos da conquista da Terra Prometida, há consenso entre os descendentes de Aarão (levitas que primeiro exerceram o sacerdócio) de que Josué, para vencer as batalhas, não tivera apenas o concurso de seu exército, mas a atuação dos “vespões mortais”, que atuaram decisivamente nas operações de guerra.
Nos escritos religiosos da índia, da Babilônia, do Egito e da Grécia, as lendas se assemelham às do povo hebreu, a qual dá conta de que “Os filhos de Deus gostaram das filhas dos homens e elas partejaram homens altos, chamados gigantes” (Gn 6,2-4). É preciso notar que os “filhos de Deus” eram entidades físicas, e que os filhos dessas entidades tinham uma altura diferente da do homem comum – eram “gigantes”.
Outros livros da Bíblia mencionam Deus como entidade espiritual, também chamado Eterno, Senhor etc.; os filhos de Deus, vindos dos céus, são dados como entidades físicas; e os “vespões aéreos”, dados como agentes destruidores dos inimigos de Israel. Os “vespões”, em particular, comparecem no Êxodo, depois no Deuteronômio e consolidam-se de modo marcante no livro histórico de Josué, para serem lembrados séculos depois no Livro da Sabedoria, o mais recente dentre os livros do Antigo Testamento.
Ao favorecer a colônia dos “filhos de Deus” e protegê-los com os chamados “vespões”, o “Senhor da vida”, que a tudo cria da “matéria informe” (Sb 11,17), livrou os “filhos de Israel” das cruéis confrarias presentes no Egito e no Oriente Médio no início da civilização:
“Cruéis infanticídios, banquetes canibalescos de vísceras e sangue humanos, pais assassinos de vidas sem defesa, Tu decidiste eliminá-los pelas mãos dos nossos ancestrais, para que a Tua terra predileta recebesse uma digna colônia de filhos de Deus, e mesmo a estes, homens que eram, tu os trataste com indulgência, mandando-lhes vespões como precursores do teu exército para exterminar pouco a pouco aqueles homens desumanos” (Sb 12,5-8).
Estes e outros registros do deuteronomista indicam que os “filhos de Deus” e as entidades operadoras dos “vespões” tinham constituição física e chegaram a lutar corpo a corpo com os homens, para dominá-los. Exemplo disto é o enigmático indivíduo que lutara com Jacó, ferindo sua coxa e causando deficiência em sua perna, deixando-o manco. E Jacó, desconhecendo a origem da inexplicável criatura, afirmou ter “lutado com Deus” (Gn 32,23-33).
Segundo as Escrituras, essas entidades poderosas, que lutavam fisicamente e usavam engenhos aéreos como os “vespões”, também ditavam regras de conduta social e puniam as ações desumanas do homem. Além das curas e das benesses que realizavam (narradas nas Escrituras), puniam severamente quem transgredisse as leis por eles impostas. Para o cumprimento delas, chegaram a destruir povos e cidades inteiras. Possuíam engenhos aéreos (vespões mortais) e artefatos de alto poder destrutivo, como os usados para destruir instantaneamente Sodoma e Gomorra, importantes cidades da Antiguidade.
Disparavam seus artifícios contra um povo que para defesa própria tinha apenas lança de mão, escudo, espada, flechas e, quando muito, montavam uns poucos cavalos. Embora os exércitos do homem pudessem ter um contingente numeroso, as vantagens dos “filhos de Deus” e dos “vespões aéreos” eram inigualáveis.
E se, nessa contenda antiga, considerar-se a atuação de um Deus único (imaterial, justo, bom e perfeito) e a de Espíritos Puros, entidades evoluídas (sem corpo físico), o primeiro comandando exércitos e os outros pilotando engenhos aéreos com armas que matam seres humanos, tal como nas guerras atuais, então tudo se complica para entendimento do espiritual.
Mas se, ao contrário, como sugerido nas próprias Escrituras, tais protagonistas fossem seres de outros distritos espaciais ou de outras dimensões, entidades numa evolução intermediária entre os homens e os chamados “anjos”, por assim dizer, tudo se faria mais harmônico e a interpretação mais provável.
Tais entidades, conforme as Escrituras, não obstante os castigos que davam ao homem, foram também responsáveis por novos ensinamentos e novas crenças – modificaram os costumes da humanidade, elevaram o padrão moral e o trato social na comunidade primitiva, tornando as relações do homem mais humanas. Em tudo, denotaram estar num patamar evolutivo muito mais elevado que o nosso, seja no desenvolvimento científico como na questão moral-social, mas não tinham a perfeição de Deus nem a dos Espíritos Puros como hoje entendidas.
Ao vermos hoje os testemunhos de avistamento do fenômeno UFO, dos contatos de proximidade e das abduções, o entendimento do que teria ocorrido na Antiguidade nos parece apenas lógico. E se os UFOs eram conhecidos no passado, como sugerem as Escrituras, o que dizer então de seus tripulantes, senão que eram “deuses” para os nossos antepassados. Para nós, eram seres alienígenas e, sugestivamente, seriam materializações de \”outra dimensão do espaço-tempo\” ou seres materiais que \”acessariam buracos dimensionais\” para viajarem por fora do nosso espaço.
Há que se notar que o fenômeno UFO possui características distintas de todos os objetos voadores conhecidos. Sua luz e cor chegam a apresentar diferenças marcantes se comparadas às luzes e cores conhecidas nos fenômenos naturais – há casos, inclusive, em que o fenômeno projeta uma luz curva, formando arco, o que seria impossível para o homem com sua tecnologia. Em deslocamento, o UFO faz curvas inexplicáveis, umas em ângulo reto, outras com parada instantânea e retorno imediato, voltando pelo mesmo traçado de ida. Sem apresentar ruído, pára no alto, desloca-se lentamente e pode acelerar tão rápido que o olho humano não acompanha – parece desaparecer ou desaparece realmente. Uma entidade viva, em seu interior, com tal aceleração não sobreviveria se os recursos tecnológicos fossem os do homem. O fenômeno UFO surge e desaparece instantaneamente, desafia a gravidade e pode levar, lentamente, ao interior da nave, sem amarras senão as da luz, coisas de qualquer peso e seres vivos sem lhes causar danos. Nas alturas, o fenômeno desloca-se denotando inteligência e raciocínio imediato.
Mas o que marca de modo inconfundível o fenômeno UFO é a sua isolação no tempo e no espaço; ou seja, se um dos nossos aviões comerciais levanta vôo em Guarulhos e vai a Brasília, por todo o percurso ele pode ser visto e os radares acusam sua presença nos céus, mas tal fato não ocorre com o UFO, caracterizando um tipo de singularidade no espaço-tempo. E a singularidade, na Física, é um evento único, não compreendido pelo modelo padrão vigente. O UFO parece cair num \”buraco dimensional\” que o faz desaparecer, para surgir em seguida em outro local, fazendo supor que viaje por fora do nosso espaço, tal como o coelho de Alice no País das Maravilhas, que caiu no poço e desapareceu num passe de mágica. Neste ponto, temos a Teoria dos Buracos de Minhoca podendo explicar o desaparecimento. Acaba-se, por fim, tentando entender o insólito com teorias que mais parecem ficção-científica – e até mesmo quem as criou, por certo teve dúvida de que um dia se poderá aplicá-las. Entretanto, o fenômeno UFO está aí, para quem quiser estudar o seu isolamento no espaço-tempo e tentar entender o extraordinário.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!