Faleceu em 04 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ), a escritora Rachel de Queiroz, aos 93 anos. Recentemente, ela havia sofrido um acidente vascular cerebral. Há 40 anos a escritora sofria de diabetes. Nascida em Fortaleza (CE), Rachel foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Foi professora, jornalista, romancista, cronista e teatróloga. Em 1917, com apenas sete anos, mudou-se para o Rio com os pais, fugindo da seca.
A escritora tinha inúmeras obras publicadas, entre elas O Quinze, seu primeiro livro, João Miguel, O Caminho das Pedras e o romance As Três Marias. Era amiga pessoal e admirada por alguns dos mais ilustres autores brasileiros. Sua obra é significativa, assim como sua militância pela cultura brasileira, quase tão intensa quanto sua participação no movimento nacional que buscava a equiparação das condições de trabalho entre mulheres e homens. Poucas pessoas no Brasil têm o currículo de Rachel de Queiroz, que buscou sempre tratar de temas nacionais e satisfazer os anseios populares por novos tempos, que ela ajudou a criar em seus livros. Mas o que ainda menos gente sabe é que Rachel, certa vez, teve um espetacular encontro com um UFO. E que foi uma das primeiras personalidades brasileiras a admitir publicamente uma experiência do gênero, quando a Ufologia ainda era tabu.
Ainda na década de 60, Rachel publicou na revista O Cruzeiro, da qual era colunista regular, o relato de seu contato, com o título simples o objetivo de Objeto Voador Não Identificado. Na ocasião, seu depoimento gerou polêmica no meio literário nacional, especialmente porque a revista que o publicara era portadora constante de informações sobre Ufologia, como as reportagens sobre os casos da Barra da Tijuca e do navio Almirante Saldanha, o primeiro falso e, o segundo, legítimo [Veja matéria em Ufo 82]. Abaixo reproduzimos na íntegra a narrativa de Rachel de Queiroz:
“Hoje não vou fazer uma crônica como as de todo dia. Quero apenas dar um depoimento. Deixem-me afirmar, de saída, que nestas linhas abaixo não digo uma letra que não seja estritamente a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade, como um depoimento em Juízo, sob juramento. Escrevo do sertão, onde vim passar férias. E o fato que vou contar aconteceu ontem, dia 13 de maio de 1960, na minha fazenda Não me Deixes, no distrito de Daniel Queiroz, município de Quixadá (CE).
“Seriam seis e meia da tarde. Aqui o crepúsculo é cedo e rápido, e já escurecera de todo. A Lua iria nascer bem mais tarde e o céu estava cheio de estrelas. Minha tia Arcelina viera de sua fazenda Guanabara fazer-me uma visita, e nós conversávamos na sala de jantar, quando um grito de meu marido nos chamou ao alpendre. Lá ele estava com alguns homens da fazenda. Todos olhavam o céu.
“Em direção norte, quase noroeste, a umas duas braças acima da linha do horizonte, uma luz brilhava como uma estrela grande, talvez um pouco menos clara do que Vésper, e a sua luz era alaranjada. Era essa luz cercada por uma espécie de halo luminoso e nevoento, como uma nuvem transparente iluminada, de forma circular, do tamanho daquela ‘lagoa’ que às vezes cerca a Lua.
“Aquela luz com seu halo se deslocava horizontalmente, em sentido do leste, ora em incrível velocidade, ora mais devagar. Às vezes mesmo se detinha. Também o seu clarão variava, ora forte e alongado como essas estrelas de Natal das gravuras, ora quase sumia, ficando reduzido apenas à grande bola fosca, nevoenta. E essas variações de tamanho e intensidade luminosa se sucediam de acordo com os movimentos do objeto na sua caprichosa aproximação. Mas nunca deixou a horizontal.
“Desse modo andou ele pelo céu durante uns 10 minutos ou mais. Tinha percorrido um bom quarto do círculo total do horizonte, sempre na direção do nascente. E já estava francamente a nordeste, quando embicou para a frente, para o norte, e bruscamente sumiu, assim como quem apaga um comutador elétrico. Esperamos um pouco para ver se voltava, mas não voltou. Corremos, então, ao relógio: eram seis e três quartos, ou seja, 18h45. Pelo menos umas 20 pessoas estavam conosco, no terreiro da fazenda. E todas viram o que nós vimos. Trabalhadores que chegaram para o serviço, hoje pela manhã, que moram a alguns quilômetros de distância, nos vêm contar a mesma coisa. Afirmam alguns deles que já viram esse mesmo corpo luminoso a brilhar no céu, outras vezes.
“Dizem que nessas outras aparições a luz se aproximou muito mais, ficando cada vez maior. Dizem também que essa luz aparece em janeiro e em maio, talvez porque nesses meses estão mais atentos ao céu, esperando as chuvas de começo e fim de inverno. Que coisa seria essa que ontem andava pelo céu, com a sua luz e o seu halo?
“Acho que, para definir, o melhor é recorrer à expressão já cautelosamente oficializada: objeto voador não identificado. Mas, não afirmo. Porém, isso ele era. Não era uma estrela cadente, não era um avião. De maneira nenhuma. Não seria nenhum meteoro, nenhuma coisa da natureza, com aquela deliberação no vôo, com aqueles caprichos de parede corrida, com aquele jeito de ficar peneirando no céu, como uma ave. Não, dentro daquilo, animando aquilo, havia uma coisa viva, consciente. E não fazia ruído nenhum”.
— Rachel de Queiroz,
17/11/1910 — 04/11/2003
Outros “imortais” também viram UFOs
por Ana Mello
Rachel de Queiroz não foi a única imortal a ter tido contato com UFOs. Celso Furtado e o recém imortaliza-do Paulo Coelho também admitem ter visto objetos não identificados. Em fevereiro de 1979, quando passeava pela praia na cidade de Fortaleza (CE), o ex-ministro e economista Celso Furtado viu uma lua estranha que se deslocava em sentido vertical, a grande velocidade. Nascido no sertão paraibano e tendo migrado para o Rio de Janeiro, Furtado foi eleito em agosto de 1997 para a cadeira número 11 da Academia Brasileira de Letras, tomando posse em 31 de outubro do mesmo ano. Ele afirma ter ficado impressionado com a velocidade do artefato avistado, estando ainda acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a ex-primeira-dama Ruth Cardoso. “Eu, Fernando, Ruth e Luciano Martins de Almeida vimos uma coisa estranha voando sobre o mar. Até hoje não consigo explicar o que era”, conta.
O mago, compositor e romancista Paulo Coelho também tornou pública sua experiência com seres extraterrestres. Entretanto, os detalhes foram dados por Raul Seixas numa entrevista dada ao O Pasquim, em novembro de 1973. “Conheci Paulo na Barra da Tijuca. Às 17h00, estávamos meditando juntos mas não nos conhecíam
os. Foi quando vimos um disco voador”. De acordo com a descrição de Raul, o objeto era bonito e prateado, mas não dava para vê-lo nitidamente porque tinha um contorno alaranjado bem forte.
“Estava entre eu e o horizonte, parado, enorme. Paulo veio correndo. Eu não o conhecia, mas ele disse: ‘Você está vendo o que eu estou vendo?’. Então sentamos e o disco sumiu num zigue-zague incrível! Durou cerca de 10 minutos. Foi então que fizemos a música Ouro de Tolos”. Coelho nasceu em 1947, no Rio, e foi eleito imortal para ocupar a cadeira número 21 da Academia, em 28 de outubro de 2002.