Em dezembro de 1997, dezenas de pesquisadores reunidos no I Fórum Mundial de Ufologia, em Brasília, convidaram a Nação a pensar seriamente na questão ufológica. E mandaram um recado para nossas autoridades: o Fenômeno UFO não pode mais ser mantido sob sigilo, às escuras e afastado do conhecimento popular. Os fatos que o Governo Federal oculta sobre o assunto devem urgentemente ser apresentados à sociedade. O I Fórum foi uma iniciativa coordenada pelo Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), através da Revista UFO e com a participação direta de seus mais destacados integrantes. A realização só foi possível com o apoio da Legião da Boa Vontade (LBV). Nascia naquela ocasião a chamada Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que foi composta inicialmente pelo editor da revista, A. J. Gevaerd, e pelos co-editores Claudeir Covo, Rafael Cury, Reginaldo de Athayde e Marco Antonio Petit.
O momento mais importante do I Fórum Mundial de Ufologia foi seu encerramento, quando a CBU emitiu o documento que ficou conhecido como Carta de Brasília, uma petição ao Governo Federal firmado por quase todos os 70 ufólogos presentes, sendo os nacionais representando suas entidades de pesquisa e, os estrangeiros, suas nações. A Carta de Brasília tinha o propósito de externar a posição oficial dos ufólogos e seu requerimento às autoridades para que fossem tomadas medidas necessárias e importantes de esclarecimento público quanto à questão ufológica. Em solenidade, o documento foi entregue ao então senador José Roberto Arruda, líder do Governo no Congresso Nacional, que recebeu duas cópias e garantiu que as entregaria ao presidente da República, na época, Fernando Henrique Cardoso, e ao presidente da Câmara dos Deputados.
Outras duas cópias da Carta de Brasília seguiram para os coronéis Zilmar Antunes de Freitas e Weber Luiz Kümmel, respectivamente o comandante do 6° Comando Aéreo Regional (COMAR VI) e da Base Aérea de Brasília. Os militares foram ao I Fórum representando o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro-do-ar Lélio Viana Lobo. Ambos asseguraram publicamente aos ufólogos presentes que entregariam o documento de imediato ao seu destinatário, e se comprometeram em recomendar a tomada das providências que o mesmo requeria. Vinte cópias da carta foram produzidas – 10 versões em português, 10 em inglês – e assinadas na solenidade. Os ufólogos presentes, brasileiros e estrangeiros, colocaram-se em fila e, um a um, firmaram todas as vias.
Promessas assumidas publicamente
No entanto, mesmo com o compromisso assumido pelas autoridades presentes, não se sabe até hoje se o documento chegou de fato aos seus destinatários. Nenhuma resposta, oficial ou não, foi expedida por esses senhores aos membros da CBU ou a qualquer outro ufólogo ou órgão. Para o Governo Federal, parece que a Carta de Brasília jamais existiu, o que é lamentável. Desde então, em constantes entrevistas à imprensa, os ufólogos presentes ao Fórum têm insistentemente lembrado da importância do documento, da propriedade de seus termos e da necessidade de sua efetivação, na esperança de que nossos governantes venham a se manifestar. Isso nunca ocorreu.
Assim, face ao total desinteresse de nossas autoridades em fazer frente a um pleito justo, como o representado pela Carta de Brasília, no primeiro trimestre de 2004 a CBU decidiu voltar à carga, desta vez agindo com mais empenho e cobrando novamente de nossas autoridades o legítimo direito que tem de ser ouvida. Foi retomada, então, a tentativa dos ufólogos civis brasileiros de sensibilizarem os poderes Executivo e Legislativo para a importante questão da presença alienígena na Terra. Surgia, através dessa nova iniciativa, o movimento nacional e pioneiro UFOs: Liberdade de Informação Já, novamente encabeçado pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) e conduzido pela Revista UFO, através de suas edições 98 a 105 e pelo Portal UFO.
A CBU considera que nenhum governo do mundo, que seja suficientemente consciente, possa ignorar a importância do Fenômeno UFO e suas enormes implicações. E, certamente, o Brasil não seria exceção. Nosso país tem uma grande responsabilidade nessa área, tanto na coleta quanto na pesquisa de casos ufológicos aqui ocorridos. Como é amplamente conhecido, temos riquíssima, profunda e diversificada casuística ufológica, reconhecida até mesmo no exterior. É em nosso Território que os casos mais importantes da Ufologia Mundial ocorreram e foram por nossos ufólogos civis, com muita dificuldade, investigados. Assim, com sua mais recente campanha, a CBU pretendeu, com o máximo de participação popular, através de um expressivo abaixo-assinado, fazer nossas autoridades verem que a Comunidade Ufológica Brasileira e a população do país têm o direito de saber a verdade sobre os UFOs.
Manifesto da Ufologia Brasileira
O alicerce do novo movimento foi o lançamento do Manifesto da Ufologia Brasileira, uma versão mais aprimorada da Carta de Brasília, mais impactante e atual, que teve três destinatários: o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o então ministro da Defesa, José Alencar, e o comandante da Aeronáutica na época, brigadeiro Luis Carlos da Silva Bueno. O documento foi redigido de forma a sugerir que nossas autoridades militares conhecem bem a situação ufológica do país e nunca se descuidaram da questão, acompanhando com interesse e determinação a evolução do fenômeno e tomando as devidas providências para conhecê-lo. O problema é que os resultados de suas atividades nunca foram apresentados à população. É justamente isso que precisa ser mudado!
Alguns exemplos de casos brasileiros notórios, em que houve significativo envolvimento de nossas Forças Armadas, são a Operação Prato, conduzida por oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) na Amazônia, em 1977, a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, de 19 de maio de 1986, e o Caso Varginha, de 20 de janeiro de 1996. Estes casos mostram claramente que nossas autoridades reconhecem a importância do Fenômeno UFO e a necessidade de acompanhar sua evolução, mas não o fazem publicamente. No primeiro deles, a Aeronáutica Brasileira engajou-se na pesquisa de manifestações ufológicas em áreas ribeirinhas da Região Amazônica e obteve surpreendentes informações e documentação sobre a natureza dos aparelhos não identificados que eram vistos
e aterrorizavam as populações locais.
No segundo, a FAB acompanhou de perto a maciça onda ufológica ocorrida sobre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, entre outros, em que 21 objetos voadores não identificados foram observados, detectados por radar e perseguidos por caças militares, como afirmou o próprio ministro da Aeronáutica na época, brigadeiro Octávio Moreira Lima. E no terceiro, o Exército Brasileiro, junto de um destacamento do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, recuperou os destroços de uma nave alienígena acidentada no sul do estado e ainda capturou alguns de seus ocupantes, sobreviventes da queda.
Os alicerces da campanha
Assim, por serem exemplos de ocorrências em que o envolvimento direto de militares brasileiros já foi fartamente documentado e comprovado, a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) decidiu usar estes três exemplos como símbolos de sua luta contra o acobertamento ufológico. Eles são os alicerces da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já e os fundamentos do Manifesto da Ufologia Brasileira [Veja nestas páginas]. Os ufólogos brasileiros pedem ao Governo Federal que reconheça e apresente os dados pertinentes a pelo menos estas três ocorrências pontuais. Nada mais, nada menos. Sua revelação, na íntegra, seria considerada uma ação responsável de nossas autoridades, e um sinal de interesse e boa vontade para o início de um processo de abertura ufológica.
Lançado no primeiro trimestre de 2004, o movimento que pedia o fim ao sigilo ufológico durou pouco menos de um ano, quando, em janeiro de 2005, numa atitude inédita na história da Ufologia Brasileira, a Força Aérea sinalizou com uma manifestação. O major Antônio Lorenzo, do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (Cecomsaer), entrou em contato telefônico com a CBU e mostrou o interesse da instituição em conversar com seus integrantes, além de uma relativa disposição em atender ao seu pleito. Foi formulado, então, um convite oficial para que os integrantes da comissão comparecessem à sede do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta I) e Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), na Capital Federal.
Depois de várias semanas de negociações, a data da inédita reunião foi definida como sendo 20 de maio, uma sexta-feira. Já na noite anterior, os integrantes da CBU se reuniam mais uma vez em Brasília, para a assinatura dos documentos e petições que seriam entregues aos militares, que pediam a abertura dos arquivos dos casos acima citados e solicitavam às autoridades militares o estabelecimento de uma comissão mista composta de civis e militares para investigar, analisar e divulgar informações pertinentes ao Fenômeno UFO. A reunião estendeu-se das 07h00 até parte da tarde daquele 20 de maio de 2005, sendo acompanhada por uma equipe do programa Fantástico, da Rede Globo, que exibiu o encontro em sua edição do dia 22 seguinte.
Desapontamento posterior
Uma descrição completa de tudo o que se passou naquela data memorável, em Brasília, foi publicado na UFO 111, de junho de 2005. Com a chamada de capa A Aeronáutica Reconhece a Ufologia, a edição veiculou a comemoração que a Comunidade Ufológica Brasileira fazia do importante passo dado, que também era acompanhado de perto, e com semelhante entusiasmo, pela Ufologia Mundial. Havia no meio uma grande esperança de que a reunião com os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse ser o fim da política oficial de acobertamento ufológico e o início do estudo oficial da problemática ufológica em nosso país. A euforia tinha razão: as promessas feitas pelos militares eram alentadoras. Tanto durante o convite aos ufólogos, feito pelo major Antônio Lorenzo, quanto em sua recepção nas instalações do Comdabra, chefiada pelo brigadeiro Telles Ribeiro, foi garantido total apoio da instituição ao pleito da CBU.
Ao longo da reunião, em diversas salas do Comdabra e Cindacta, seus militares mais graduados repetiam a oferta de cooperação. Tanto o major-brigadeiro Atheneu Azambuja, comandante do primeiro órgão, como o brigadeiro José Carlos Pereira, seu antecessor, faziam questão de salientar que tinham recebido ordens expressas do então ministro da Aeronáutica para atenderem na íntegra a solicitação dos membros da CBU e franquear acesso irrestrito às pastas com material sigiloso pertinente a UFOs, em posse dos militares daquela arma. Foi assim que os ufólogos puderam examinar, por horas, centenas de páginas de documentos sobre dois dos casos constantes do Manifesto da Ufologia Brasileira. O Caso Varginha não foi sequer mencionado.
Mas o entusiasmo que contagiou a Comunidade Ufológica Brasileira nas semanas e meses seguintes, e principalmente os integrantes da CBU, que esperavam ver cumpridas as promessas oficiais, gradualmente deu lugar ao desapontamento, e eventualmente transformou-se em indignação. Não somente os militares não deram continuidade à questão, como interromperam inesperadamente o canal de comunicação já estabelecido com os ufólogos da comissão. A impressão que ficou foi de que o encontro teve apenas o objetivo, da parte dos militares, de fazer os ufólogos interromperem-na com promessas que, conforme se constatou depois, foram vazias e inócuas.
Nova estratégia e mais pressão
Após a reunião em Brasília, em várias edições da Revista UFO foram publicadas notas e chamados questionando os militares e até mesmo o presidente da República, um dos destinatários da Carta de Brasília, sobre as respostas que esperávamos. Novamente, tivemos de volta o silêncio, nada mais do que o silêncio desrespeitoso quanto a um pleito legítimo que um segmento da sociedade fazia aos seus governantes. Em face disso, depois de novas deliberações, e constatando-se o total desinteresse de nossas autoridades em cumprir com seu papel na área em questão, a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) decidiu voltar à carga, desta vez retomando o movimento com nova estratégia, novo formato e mais pressão.
Conforme decidido durante o recém realizado II Fórum Mundial de Ufologia, em Curitiba [Veja matéria nesta edição], o movimento UFOs: Liberdade de Informação Já está de volta, agora sem data prevista para acabar. Sua nova fase está estruturada em cima de uma petição oficial ao Governo Federal, a ser entregue aos titulares da Comissão de Averiguação e Análise de
Informações Sigilosas (CAAIS), pedindo formalmente o fim do acobertamento ufológico em nosso país, com base na Lei número 11.111/2005. O documento foi arquitetado pelo geógrafo e conselheiro especial da Revista UFO Fernando Ramalho, que o explica em matéria a seguir.
A nova petição deverá ser encaminhada à ministra Dilma Rousseff, titular da CAAIS, no final de janeiro. Simultaneamente, a CBU retomará a captação de signatários para o abaixo-assinado da campanha, iniciado em 2004, quando foi lançada originalmente. O movimento pretende atingir pelo menos 50 mil assinaturas e terá como veículo de divulgação esta revista e o Portal UFO. Pretendemos, mais uma vez, mostrar ao Governo Federal e à Nação que a Comunidade Ufológica Brasileira é um movimento forte, coeso e com voz ativa.
Embora a postura de sigilo quanto ao Fenômeno UFO seja uma política ultrapassada em muitas nações do globo, e até mesmo pesquisas de opinião pública mostram uma elevadíssima tendência da sociedade em aceitar que não estamos sós no universo, a campanha não pretende ser uma confrontação com o Governo Federal em busca do reconhecimento da existência dos discos voadores. Além do caráter do movimento ser sereno e ordeiro, tal reconhecimento, por parte de nossas autoridades, já foi manifestado através de inúmeros documentos reservados ou secretos, que vazaram os muros dos quartéis e chegaram ao conhecimento dos ufólogos, nos quais se verifica que o tema é tratado com seriedade e rigor pelas mesmas.
Através de tal material, em boa parte disponibilizado no site da Revista UFO, constata-se que nossas autoridades, em particular as militares, conhecem muito bem a extensão e a gravidade da manifestação do Fenômeno UFO em nosso Território. Infelizmente, no entanto, por razões que os ufólogos brasileiros julgam improcedentes e insustentáveis, insistem em não admitir o que sabem de maneira pública, como seria desejável num país democrático e moderno, como o Brasil. Uma reversão nessa postura é mais do que necessária, é imprescindível.
Sem risco à integridade da população
Os ufólogos de nosso país, alinhados com os de muitas nações do mundo, há muito tempo acompanham as manifestações do referido fenômeno e sabem que as manobras de objetos voadores não identificados de origem não terrestre em nosso meio, se aparentemente não representam qualquer risco à integridade da população planetária, são capazes de proporcionar grandes transformações e avanços no conhecimento humano sobre nossa natureza, destino e existência. O significado do Fenômeno UFO é tal em nossas vidas que merece atenção e uma postura de maior abertura por parte de nossos dirigentes. Conhecer a profundidade da questão, como é imprescindível a qualquer nação civilizada, não parece ser o problema de nossos dirigentes. Revelá-la é que é.