Há poucas semanas, E.T., O Extraterrestre, um dos maiores sucessos da história do cinema, completou 30 anos no Brasil. Parece que foi ontem que o mundo viu, pela primeira vez, um alienígena em cuja similaridade com Quasimodo, da obra de Victor Hugo, reside um coração enorme preso a um corpo feio e desengonçado. O pequeno E.T., singela abreviação de extraterrestre, era um ser peculiar que trazia uma mensagem de amizade, tolerância e amor transcendental — talvez aquela que seu diretor, o consagrado Steven Spielberg, via na presença alienígena na Terra. Tudo começou, porém, há muito mais tempo. Vamos ver, neste artigo, alguns aspectos do blockbuster, das suas origens às repercussões, que foram bem além do imaginado pelo diretor.
Ainda criança e já fascinado pelo universo, certa vez, ao ser acordado pelo pai no meio da noite para ver uma chuva de meteoros, Spielberg decidiu que dedicaria boa parte de sua vida aos extraterrestres, o que se refletiria em sua fantástica carreira de cineasta — há quem afirme que, depois, ele teria tido avistamentos. O filme, que veio a ser conhecido mundialmente apenas como E.T., porém, tem sua origem em Contatos Imediatos do Terceiro Grau, produção da Columbia Pictures que o diretor realizou em 1977. O sucesso de Contatos, uma película em que alienígenas bons visitam o planeta e entram em contato com pessoas escolhidas, foi tamanho que o estúdio praticamente exigiu uma sequência. Spielberg não pretendia realizá-la, mas não queria negar a possibilidade com medo de que o filme fosse entregue a outro diretor, assim como a Universal fez com Tubarão 2 [1978], tendo sido ele o diretor da primeira versão.
Ele resolveu, então, aproveitar um caso ufológico famoso nos Estados Unidos, ao qual teve acesso em conversa com o ufólogo e pioneiro J. Allen Hynek, para basear-se e fazer Contatos. Era o Caso Kelly Hopkinsville, de agosto de 1955, em que alienígenas teriam tentado invadir a casa de uma fazenda e também teriam perturbado animais no celeiro [Veja box na matéria]. O acontecimento foi se transformando na ideia central de Night Skies [1977], não exatamente como uma sequência de Contatos, mas como algo do mesmo tema. O roteiro, já que Spielberg não conseguira contratar o famoso escritor Lawrence Kasdan — que já estava trabalhando em O Império Contra-Ataca [1980] —, seria criado pelo iniciante John Sayles, o mesmo do infame e divertido Piranha [1981], cópia descarada de Tubarão [1975] que Spielberg adorou. A luz verde foi dada pelo estúdio em abril de 1980.
Alienígena deixado para trás
Do outro lado do mundo, na Tunísia, enquanto filmava Caçadores da Arca Perdida [1981], Spielberg se sentia só no intervalo das filmagens e, em suas próprias palavras, “distante de si mesmo ao andar pelo deserto”. Cansado das explosões e da ação frenética de Indiana Jones, desejava voltar à introspecção de um filme no estilo de Contatos Imediatos. Descontente com o primeiro roteiro de Night Skies, em meados de 1980 ele decidiu, mesmo assim, mostrá-lo à roteirista Melissa Mathison — a namorada de Harrison Ford, que fazia Indiana Jones, que gozava de certa notoriedade por ter escrito O Corcel Negro [1979]. Ao lê-lo, Melissa se emocionou com a parte final, em que um dos alienígenas, o único bonzinho da tripulação, faz amizade com o filho autista de um fazendeiro e acaba sendo deixado para trás propositalmente com a partida do disco voador da trupe.
Igualmente emocionado, longe de casa e cansado, Spielberg não pôde deixar de pensar na própria infância, na traumática separação dos pais, no pai ausente e em um amigo imaginário. Além disso, o diretor havia planejado uma situação similar em relação ao fim de Contatos Imediatos — e se, em vez de embarcar na nave e regressar ao seu mundo de origem, o alien que se vê no final do filme ficasse na Terra, como seria a história? Assim, estava decidido e o diretor seguiria com o conceito do alienígena abandonado e sua amizade com um menino. E criou a história em praticamente três dias, tratando de convencer, auxiliado pela estreante produtora Kathleen Kennedy, Melissa Mathison a escrever o roteiro, iniciado em outubro de 1980.
O mais impressionante foi o terceiro objeto, que pudemos ver em contraste com estrelas cadentes e aviões que passavam, e assim temos certeza de que não era nada disso. Era como uma estrela, mas maior e muito mais brilhante do que o resto delas no céu
O texto ficou pronto em oito semanas, após regressarem aos Estados Unidos, e foi feito em conjunto com o diretor nos intervalos da edição de Caçadores em Marina Del Rey, na Califórnia. Spielberg gostou tanto do resultado que afirmou ser aquele o melhor first draft que havia visto em sua vida, que estava praticamente pronto para filmar — o título provisório escolhido por Melissa era E.T. and Me. As coisas, porém, estavam longe de ser simples. O diretor precisaria convencer a Columbia Pictures a abandonar a ideia de Night Skies e substituí-lo por E.T. and Me. Spielberg mostrou o novo projeto aos diretores do estúdio, que detestaram a ideia e não queriam fazer um “filme bonitinho ao estilo Walt Disney”, como se referiram ao projeto. Resumindo, o estúdio disse não e engavetou tudo, e Spielberg precisou apelar a um amigo de longa data, Sid Sheinberg, presidente da Universal Pictures, que, entusiasmado, acabou comprando a ideia e o projeto.
“Bom para tirar o dodói”
Na sequência, Mathison fez poucas alterações em E.T. and Me e sua ideia central era apresentar um menino, Elliott, como personagem principal da trama e sua ligação direta para com o alienígena perdido na Terra. Ele era o filho do meio de um lar recentemente desfeito devido à separação dos pais — o pai, ausente, fora embora com outra mulher e deixara a mãe só para cuidar da família. Imaginativo e meigo, o menino vivia no mundo da Lua enquanto perambulava pelas ruas de um subúrbio de Los Angeles. O irmão mais velho, Michael, estava mais interessado em impressionar meninas e procurava se encaixar em um time de futebol da escola. A irmã mais nova, Gertie, aparentemente a menos afetada pela separação, também era extremamente imaginativa e brincalhona. A mãe, Mary, encontrava-se muito fragilizada e procurava recolher os cacos da separação.
A criatura que veio do espaço para mudar esta rotina era uma espécie de “botânico espacial”, um cientista de uma antiga raça de exploradores do cosmos — ele não era macho ou fêmea, e seria mais como um vegetal. Uma vez na Terra em uma operação de rotina, o pequeno alienígena ficaria para trás ao ignorar os chamados de partida de sua nave, já que homens do governo se aproximavam rapidamente para interromper suas experiências aqui. Deixado à própria sorte, precisaria sobreviver de alguma forma. Enquanto criava a história — e para ajudar a compor o personagem —, Melissa perguntou a várias crianças se, no caso de um poder especial ser concedido a um alienígena, qual escolheriam? p>
Curiosamente, elas elegeram o dom de curar alguém machucado, de “tirar o dodói”, e esse poder foi adicionado ao serzinho juntamente de outros, como a levitação. Há ainda algumas outras particularidades. Por exemplo, todos os adultos, como vilões da história, seriam mostrados da cintura para baixo na maior parte do filme, à exceção da mãe; os alienígenas também não viriam à Terra para destruir, mas para observar e fazer contato; Elliott desenvolveria uma conexão psíquica com E.T. e ambos estariam sempre em contato. A ciência, isso é, o mundo dos adultos, também seria uma vilã da trama. Definida a história e escolhidos os personagens, era vez de criar o alienígena. Spielberg chamou Ed Verreaux, ilustrador do meio cinematográfico que havia trabalho em Caçadores, para que esboços de E.T. começassem a ser feitos.
Criando a criatura
Desde o início, era ponto pacífico que a criatura deveria ter pescoço comprido ou que esticasse, uma vez que o diretor não desejava, de forma alguma, que os espectadores achassem que havia uma pessoa dentro de uma fantasia — ele era totalmente contra isso, pois arruinaria a imagem de um extraterrestre real. Spielberg trazia ao estúdio imagens de várias pessoas, principalmente de idosos, e indicava o que mais gostava em cada uma delas: os olhos, a boca, a bochecha, a testa etc tudo era forma de inspiração. Carlo Rambaldi, designer italiano que trabalhou em Alien: O Oitavo Passageiro [1979] e no próprio Contatos Imediatos, foi imediatamente chamado para ajudar a criar o serzinho, e após inúmeros esboços, usou moldes de modelos de argila para que se tivesse uma noção tridimensional do ser.
Spielberg dava as instruções o tempo todo. Ora o personagem era muito no estilo Disney, ora horroroso em demasia, e assim por diante. Outra exigência por parte do diretor parecia impossível — ele queria que E.T. tivesse traços do poeta Carl Sandburg, do escritor Ernest Hemingway e do cientista Albert Einstein. Em relação aos olhos, especificamente, eles foram criados por profissionais do Instituto Jules Stein de Oftalmologia e apresentavam, entre outras particularidades, pupilas que se contraíam e se dilatavam. Depois de muito trabalho e suor aprovou-se o design de uma criatura que, nas palavras do diretor, “somente uma mãe poderia amar”, de tão feia.
Ao custo de praticamente 10% do orçamento total do filme, ou seja, 1,4 milhão de dólares, diversos serzinhos foram criados. O mais detalhado e completo, com 87 pontos de articulação, era mecânico e harmoniosamente operado, com um complexo emaranhado de cabos e alavancas, por 12 técnicos carinhosamente batizados por Spielberg de “Os 12 corações de E.T.”. Eles permaneciam longe do boneco e sempre de olho em monitores — quatro profissionais eram necessários apenas para que se operasse o rosto do alienígena. O segundo tipo, eletrônico, era operado por rádio controle e usado em cenas nas quais o modelo mais detalhado não podia ser levado por questões técnicas e logísticas, sendo, basicamente, usado para expressões faciais. O terceiro e menos detalhado era literalmente apenas uma roupa de borracha vestida pelos anões Pat Bilon e Tamara De Treaux, e por um menino que nasceu sem as pernas, Matthew De Meritt. A roupa era usada nas cenas em que o alienígena precisava ser visto caminhando, mexendo-se de corpo inteiro.
Um dedo curador
Uma particularidade, porém, levou à contratação de uma mímica: os movimentos dos braços e mãos dos modelos operados pelos técnicos mostravam-se muito falsos. Caprice Rothe, então, foi chamada juntamente com cinco outros mímicos para um teste e ganhou o emprego. Ela literalmente vestiu os braços e as mãos de E.T. e permanecia, na maioria das vezes agachada ou deita da de costas e com os olhos sempre em monitores para acompanhar a ação. O serzinho também tinha um coração de luz que acendia em algumas situações, principalmente quando se emocionava — a ponta de seu dedo indicador, usado para curar, também acendia. Spielberg queria que, junto com o coração aceso, alguns órgãos internos também pudessem ser vistos. Convencido de que E.T. era um pouco planta, os técnicos desenvolveram seus órgãos inspirados em estruturas vegetais e eles eram postos em movimento por um sistema de bombas de ar. Por meio de um engenhoso mecanismo, seu coração batia e outros órgãos se mexiam quando o coração de luz se acendia.
Além de toda a parte técnica de E.T. O Extraterrestre, começou-se a entrevistar várias crianças para os inúmeros papéis previstos. Como bem observado pelo diretor e ator François Truffaut, intérprete do ufólogo Lacombe em Contatos Imediatos, Spielberg era habilidoso com crianças. A escolha de Elliott, por exemplo, foi longa e durou mais de seis meses — segundo fontes, o diretor havia escolhido o ator mirim David Hollander, o garoto de Apertem os Cintos, O Piloto Sumiu [1980], mas desavenças salariais com seus pais acabaram por cancelar a proposta. Faltando apenas um mês para o início das filmagens, um amigo de Spielberg, o diretor Jack Fisk, sugeriu Henry Thomas, que trabalhara com ele no filme Raggedy Man [1981]. Henry não se saiu bem no teste formal, mas foi ótimo no improviso. O papel de irmão mais velho, Michael, foi dado a Robert MacNaughton, que já tinha experiência de teatro e era, por assim dizer, o único profissional.
Robert acabou contratado mais no final do processo seletivo, ao passo que a atriz mirim Drew Barrymore, que havia feito originalmente um teste para Poltergeist [1982], encantou Spielberg, que ficou certo de que era a pessoa ideal para interpretar Gertie, a irmã mais nova de Elliott. O papel da mãe foi dado à bela Dee Wallace, de Grito de Horror [1981]. Peter Coyote, intérprete do agente do governo Keys, que só aparece de corpo inteiro na parte final do filme, foi escolhido por causa de Indiana Jones — ele havia feito um teste para o famoso personagem de Caçadores, mas acabou preterido por Ford. O diretor não o contratou para viver o papel de Indy, mas lembrou-se de Coyote e o chamou para participar de E.T.
Filmagem e locações
Filmado de maneira cronológica — à exceção da primeira sequência rodada
, a da sala de aula —, Spielberg pretendeu criar um contexto emocional crescente entre as crianças e E.T., de modo que as lágrimas ao final fossem verdadeiras — por mais que as crianças soubessem que o serzinho era um boneco manipulado, criou-se realmente uma espécie de vínculo. A filmagem começou em 08 de setembro de 1981 com previsão de conclusão em 65 dias. E.T. and Me passou então a se chamar A Boy’s Life para que não se revelasse a natureza da película. As cenas do interior da casa de Elliott, do barracão de ferramentas e do milharal atrás da residência foram rodadas no Laird Studios, em Culver City, sendo que os cenários foram construídos de maneira a que ficassem suspensos para que o mecanismo de E.T. pudesse ser confortavelmente instalado por baixo e manipulado pelos técnicos. As cenas externas foram feitas no Vale de San Fernando, subúrbio de Los Angeles.
E.T. não contou apenas com modelos mecânicos e atores, mas com uma extensa equipe de técnicos, artistas e um músico para que toda a magia acontecesse. A direção de fotografia ficou a cargo de Allen Daviau, parceiro de Spielberg, que teve um trabalho um tanto difícil devido às exigências do filme. No começo, quando o serzinho não podia ser mostrado diretamente para que se mantivesse o suspense acerca de sua aparência, o diretor de fotografia precisou exacerbar as sombras e usar muito o efeito de back light, isso é, de iluminar E.T. por trás para que apenas sua silhueta aparecesse. Depois, nas cenas em que o bairro e a casa surgiam pelas primeiras vezes, Daviau teve de manter o visual o mais simples possível a fim de demonstrar que aquela era uma residência normal, uma casa de família do dia a dia. A mágica realmente só entrava em ação quando o alien, já revelado, aparecia em cena no quarto de Elliott ou em outro local da casa, quando era preciso realçá-lo de modo que sua presença contagiasse a todos, causando magia e fascínio sobre as crianças.
A trilha sonora magistral e ganhadora do Oscar daquele ano, criada por John Williams, é algo que ficou eternizado com o filme. Ora minimalista e aconchegante, ora retumbante e poderosa, a composição de Williams não só ajudou a compor o clima como elevou o filme a um outro nível. Henry Feinberg, cientista cujo dom era “simplificar a ciência” e explicá-la a pessoas comuns, criou o famoso comunicador que E.T. usou para chamar sua nave — ele realmente funcionava e foi criado com bases científicas, não sendo, portanto, um mero elemento cenográfico. A nave alienígena foi idealizada por Ralph McQuarrie, famoso ilustrador e artista conceitual que também trabalhou em Guerra nas Estrelas. Após diversos sketches, Spielberg aprovou uma nave que fazia lembrar um sino de mergulho ou batiscafo — em sua concepção, sua origem seria um planeta muito úmido e nebuloso.
Emocionando crianças e adultos
A voz do alienígena foi gravada por uma senhora idosa, Pat Welsh, que, por fumar dois maços de cigarro por dia, tinha um tom grave e pitoresco. Encontrada por acaso em uma loja de fotografia em Marin County por Ben Burtt, o designer da voz de E.T., a senhora concordou em contribuir para o filme. Sua voz foi ligeiramente modificada eletronicamente — entre tantas outras, ela gravou a mítica frase “E.T. phone home”. A fim de terminar de compor a voz do alienígena com sons obscuros, Burtt gravou diversas outras fontes sonoras, como de certos animais respirando, uma pessoa roncando e outra arrotando etc. Totalizando 18 fontes sonoras distintas, usou-se o grito de uma lontra, amplificado e modificado, como o grito do serzinho.
Com toda esta produção, E.T. O Extraterrestre foi exibido no Festival de Cannes e, embora não tenha entrado na competição, participou da mostra no fim de maio. Para a surpresa de todos, o filme começou a ser fortemente ovacionado em seus últimos 15 minutos — as pessoas aplaudiram de pé, ao término da sessão, o filme, o diretor e a produtora, que não podiam crer naquilo. O sucesso parecia estar garantido e aquele seria o primeiro sinal de que realmente o filme era muito, muito especial. A estreia oficial foi em 11 de junho de 1982, quando E.T. começou a ser exibido nos Estados Unidos. A bilheteria do primeiro fim de semana, de 11,8 milhões de dólares, praticamente pagou a produção. E as das semanas seguintes só aumentavam: 12,4 milhões na segunda, 12,8 milhões na terceira, 13,7 na quarta, assim por diante.
O total arrecadado na exibição original de E.T. O Extraterrestre totalizou 359 milhões de dólares nos Estados Unidos e 303 milhões no mercado internacional, um montante impressionante que colocou o filme no topo das maiores bilheterias do cinema — ela duraria até o lançamento de Jurassic Park [1993], do próprio Spielberg. A crítica, por sua vez, elogiou muito a película, ressaltando a mensagem positiva contida no enredo e os belos efeitos especiais. Pouco se cogitou, no entanto, que o filme abriria portas para se pensar mais na questão ufológica. No Brasil, ele estreou em 25 de dezembro de 1982, em pleno Natal, e se prolongou pelos primeiros meses de 1983 — quem compareceu às sessões teve que vencer filas enormes para adentrar as salas de exibição.
A crítica nacional também elogiou muito E.T. O Extraterrestre. No jornal Folha de S. Paulo o serzinho foi dado como “o mais simpático monstro que o cinema já inventou”. Para a extinta revista Manchete, o filme trazia “a mais bela história de amor de 82”. Quando da cerimônia do Oscar de 1983, E.T. concorreu com nomes de peso, como Ghandi [1982] e A Escolha de Sofia [1982], e recebeu nove indicações, tendo levado apenas quatro: Melhores Efeitos Visuais, Melhor Trilha Sonora, Melhor Som, e Melhor Edição de Som. Consolidando a presença de ETs no cinema feita em Contatos Imediatos, cinco anos antes, E.T. O Extraterrestre agora mostrava o lado doce da ação na Terra de outras espécies cósmicas.
E.T. O Extraterrestre virou um fenômeno cultural e comercial, tendo impulsionado o lançamento de diversos produtos que tinham a presença alienígena na Terra como tema, como brinquedos, livros, álbuns de figurinhas, jogos de videogame, CDs e LPs e muitas outras coisas — estava lançada uma era em que extraterrestres, embora nem sempre bonzinhos, estariam constantemente nas telas do c
inema. Mas o maior legado do filme talvez seja sua mensagem positiva de tolerância, amizade e amor incondicional — e não apenas entre homens e seres do espaço, mas entre os homens da Terra mesmo. O filme é uma ode à infância, uma celebração da meninice e de heróis de faz de conta, de suas amizades sinceras, das brincadeiras bobas e deliciosas, de uma cumplicidade e de uma forma de encarar a vida que, infelizmente, perdemos ao crescer.
O filme é o retrato de quem consegue ver o mundo da cintura para baixo, é sobre o tipo de amizade transcendental de alguém, um amigo, que surge em nossas vidas e nos salva, nos resgata tanto de uma separação dolorosa quanto de uma tarde chuvosa e chata. É, as crianças têm essa capacidade, essa mágica. Elas são simples assim. Como foi E.T.