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Vida fora da Terra? O que se sabe sobre a descoberta no planeta K2-18 b

Foram detectadas na atmosfera desse planeta impressões químicas de gases que, na Terra, são produzidos apenas por processos biológicos

C. Andrade CIFE

Recentemente, com o auxílio do telescópio espacial James Webb, cientistas fizeram uma descoberta que pode mudar tudo na busca por vida extraterrestre: eles detectaram na atmosfera de um planeta chamado K2-18 b gases que, na Terra, só são produzidos por seres vivos.

Esses gases, chamados dimetil sulfeto (DMS) e dissulfeto de dimetila (DMDS), são gerados principalmente por micro-organismos, como o fitoplâncton marinho. A presença deles nesse planeta é considerada a evidência mais forte até agora de que pode haver algum tipo de vida lá fora.

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Porém, os cientistas deixam claro que ainda é cedo para afirmar com certeza que há vida. Ainda é preciso fazer mais estudos e confirmações. Madhusudhan, um dos pesquisadores, explicou que é necessário repetir as observações várias vezes para garantir que o sinal não seja um erro, e que a probabilidade de erro seja menor que uma em um milhão. Além disso, é importante investigar se há algum mecanismo não-biológico que possa produzir esses gases na atmosfera do planeta.

Desde os anos 1990, já foram descobertos cerca de 5.800 exoplanetas — ou seja, planetas fora do nosso sistema solar. Entre eles, há hipóteses sobre mundos chamados hycean, que seriam cobertos por oceanos de água líquida e poderiam abrigar microrganismos, com atmosferas ricas em hidrogênio.

Antes dessa descoberta, o Webb já tinha detectado metano e dióxido de carbono na atmosfera de K2-18 b, o que foi uma novidade importante, pois foi a primeira vez que moléculas baseadas em carbono foram encontradas em um exoplaneta na zona habitável de uma estrela.

Sobre a possibilidade de os humanos habitarem esse planeta, a resposta é que ainda não dá para saber. Segundo especialistas, é muito cedo para afirmar que ele seja habitável. O que se sabe é que o planeta é bem maior que a Terra — cerca de 8,6 vezes mais massivo e com um diâmetro aproximadamente 2,6 vezes maior — e fica na zona habitável de uma estrela menor que o Sol, a cerca de 124 anos-luz da Terra, na constelação de Leão.

O planeta pertence à categoria de “sub-Netuno”, ou seja, é maior que a Terra, mas menor que Netuno, um gigante gasoso do nosso sistema solar.

Segundo Madhusudhan, a única hipótese que explica todos os dados até agora é que K2-18 b seja um mundo hycean cheio de vida microbiana, semelhante aos oceanos da Terra. Mas ele reforça que ainda é preciso explorar outros cenários. Caso existam, esses oceanos seriam mais quentes do que os nossos, e a vida microbiana poderia ser semelhante à que encontramos aqui na Terra. Quanto a formas de vida mais complexas ou inteligentes, os cientistas ainda não podem dizer nada com certeza.

Os gases DMS e DMDS foram detectados com uma confiança estatística de 99,7%, o que é muito alto, mas ainda há uma pequena chance de erro. Esses gases estavam em concentrações superiores a 10 partes por milhão, o que é milhares de vezes maior do que na atmosfera da Terra, e isso, segundo os cientistas, só pode ser explicado por atividade biológica.

Para descobrir a composição da atmosfera, os astrônomos analisam a luz da estrela enquanto o planeta passa na frente dela. Essa técnica, chamada método de trânsito, permite identificar os gases presentes na atmosfera do exoplaneta.

Madhusudhan disse que a humanidade se pergunta há milênios se estamos sozinhos no universo, e que agora talvez estejamos a apenas alguns anos de descobrir possível vida alienígena em um mundo hycean.

Mas ele ainda pediu prudência:

“Primeiro, precisamos repetir as observações duas ou três vezes para garantir que o sinal é real e aumentar a significância da detecção, até que a probabilidade de erro estatístico seja menor que uma em um milhão”, disse.

“Segundo, precisamos de mais estudos teóricos e experimentais para garantir se não há um mecanismo abiótico (sem envolver vida) que possa produzir DMS ou DMDS em uma atmosfera como a de K2-18 b.”

Apesar de estudos anteriores já considerarem esses gases como bioassinaturas confiáveis, inclusive nesse planeta, Madhusudhan conclui:

“É um grande ‘se’ os dados estarem mesmo apontando para vida. E não interessa a ninguém afirmar prematuramente que detectamos vida.”

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Editor do CIFE -Canal Informativo de Fontes/Fenômenos Extraterrestres e Espaciais - Scientific Channel of UFOs Phenomena & Space Research.