Não resta dúvida de que o Caso Varginha foi o que teve enorme repercussão na comunidade ufológica de nosso país e no exterior. Ganhou notoriedade em todos os órgãos da impressa escrita e televisiva. Como já era de se esperar, por se tratar de um assunto bastante polêmico, a captura de seres supostamente provenientes de fora do nosso planeta, acabou virando motivo de piadas e chacotas em programas humorísticos como Casseta & Planeta e Sai de Baixo, ambos da Rede Globo de Televisão, entre outros que também exploraram o tema ET de Varginha de forma pejorativa. Mas tudo isso era previsível e esperado. O meio ufológico está acostumado a conviver com esse tipo de sarcasmo, principalmente por boa parte da mídia jornalística que sempre apela para o sensacionalismo barato e prefere ridicularizar o que não sabe explicar.
O que não esperava, era encontrar no próprio meio ufológico colegas fazendo constantes críticas ao caso. O pior foram os comentários de ufólogos que não participaram diretamente das pesquisas na cidade de Varginha e que não tiveram contato direto com as testemunhas civis e militares, nem com os fatos ocorridos naquela época. A integridade dos profissionais envolvidos é suficiente para se ter certeza de que algo muito sério e fora do comum ocorreu por lá. Como contestar a seriedade e a credibilidade de pesquisadores como Ubirajara Franco Rodrigues, Claudeir Covo e Marco Antonio Petit? Eles conduziram de maneira séria e com muito critério as investigações. Aqueles que pesquisaram em Varginha são unânimes quanto à autenticidade do caso. Não há ufólogos que tenham participado das investigações em 1996 que duvidem da captura de estranhas criaturas pelo Exército brasileiro.
Uma das principais críticas é referente ao fato de se ter chamado de extraterrestres as criaturas capturadas naquela ocasião. Não bastasse a observação de objetos voadores não identificados naqueles dias no céu de Minas, temos também o depoimento de testemunhas militares que foram os principais informantes dos ufólogos. Elas afirmam ter recebido de seus superiores a confirmação de se tratarem realmente de criaturas extraterrestres. Os pesquisadores que participaram das pesquisas e tiveram contato com as testemunhas militares, ou assistiram a seus depoimentos gravados em vídeo, têm conhecimento disso. Portanto, se as autoridades do Governo envolvidas no caso chamaram os seres de ETs, porque nós ufólogos que convivemos e acreditamos no fenômeno iremos descartar essa probabilidade? Aceitamos ter caído uma nave em Roswell, Estados Unidos, mas duvidamos da queda de outra em nosso quintal.
Contradições dos militares — Algo muito bom para ser verdade é claro, mas pode ter ocorrido e essa afirmação não é baseada no depoimento de uma única testemunha ocular. Há realmente uma relação ufológica no caso. Em 1996 recebi convite para ir até Varginha auxiliar o ufólogo Ubirajara Franco Rodrigues e o pesquisador Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigações de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), co-editor de UFO, na investigação de detalhes do Caso Varginha. Tive a honra de compartilhar o desenrolar dos acontecimentos também com outros ufólogos que admirava e respeitava já há algum tempo, como Eduardo e Osvaldo Mondini, entre outros. Dessa forma pude conhecer a seriedade com que eles conduziam a Ufologia. O caso começava a parecer muito sério e de importância fora do comum, pois estávamos lidando com instituições militares, que claramente tentavam abafar o que aconteceu.
Tive contato com testemunhas sinceras. Observei lágrimas escorrerem dos olhos das irmãs Liliane e Valquíria, ao recordarem sua inusitada experiência de estar a poucos metros de uma criatura desconhecida. Presenciei o espanto e temor de uma das testemunhas militares quando corajosamente deixava gravar seu depoimento em vídeo. Em minha memória está vivo o dia em que recebemos a visita de John Mack, falecido psiquiatra e professor na Universidade de Harvard (EUA), especialista em casos de abduções, que após interrogar as três garotas afirmou que rasgaria seu diploma de médico caso elas estivessem mentindo.
Vários fatores demonstram a realidade de algo estranho acontecido em 20 de janeiro de 1996, em Varginha, com acobertamento por parte de nossas autoridades. O mais notável é a contradição em que caíram os porta-vozes da Escola de Sargento das Armas (ESA). Segundo testemunhas, inclusive alguns militares que deram depoimento em sigilo, o Exército esteve envolvido na captura e no transporte das criaturas de Varginha para a ESA e depois para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Oficiais de alta patente acabaram se contradizendo quando tentaram justificar o acontecido.
Nada de anormal — No dia 08 de maio de 1996, quando o caso ainda fervia no sul de Minas, o general de brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da ESA na ocasião [Atualmente está na reserva e residindo em Campo Grande], veio a público ler um comunicado à imprensa. Em nota, afirmou que “nenhum elemento ou material da escola teve qualquer ligação com os aludidos acontecimentos daquele dia, sendo inverídica toda e qualquer comunicação contrária”. Disse ainda que nada de anormal havia ocorrido na cidade em janeiro de 1996.
Tempos depois foi ao ar uma reportagem da Transmedia Productions, de Londres, em um programa veiculado pelo Discovery Channel e exibido no Brasil em 1999 na série Semana da Invasão Extraterrestre. O major Calza, que estava ao lado do general Lima quando este leu a nota oficial da ESA à imprensa, veio com uma nova versão. A Escola de Sargentos já admitia estar envolvida com os acontecimentos na cidade de Varginha, mas Calza afirmou que naquela data um rapaz, anão, deformado e retardado mentalmente, que estava muito machucado devido a uma chuva de granizo que havia ocorrido na localidade, foi confundido pela população como algo estranho. Segundo ele, haveria também uma anã que estava grávida e fora levada com caminhão do Exército, juntamente com o marido, também anão, para o Hospital Regional. Não bastasse essa história, um tanto bizarra e fantástica, durante a entrevista o major acabou deixando escapar a seguinte frase: “Foi então que nós pegamos a criatura”. Ou o militar é uma pessoa preconceituosa a ponto de achar que um anão não é um ser humano, e sim uma criatura, ou então acabou se perdendo nessa desculpa absurda que tentava passar à imprensa. O Caso Varginha foi o grande marco da Ufologia Brasileira, digno de uma das melhores histórias de Arquivo-X. Se for ou não mais relevante que o Caso Roswell, pouco importa, não se trata de uma competição.
O importante é que nossa Ufologia não o deixe cair no esquecimento. No futuro surgirão testemunhas revelando novos detalhes dessa história. O estudo ufológico no Brasil cresceu graças à grande divulgação que o caso mereceu, e mostrou a seriedade com que os ufólogos realizam suas pesquisas sem temer represálias. Como disse certa vez o pe
squisador Rodrigues: “Os ufólogos não estavam brincando de fazer Ufologia”.
Muitas perguntas e poucas respostas — As pesquisas continuam. Muitos fatos relacionados ao caso ainda estão para serem descobertos. Ainda não sabemos de tudo o que ocorreu ou que fim levaram tais criaturas. Onde foram parar depois de Campinas? Até que ponto os EUA estiveram envolvidos nesse caso? O soldado Marco Eli Chereze, que morreu após ter contato com a criatura, serviu de cobaia? Houve mesmo a queda de uma nave? E a criatura que apareceu dois meses depois no zoológico da cidade? Como tudo na Ufologia, temos muitas perguntas e poucas respostas, mas as continuaremos buscando e só teremos êxito se a Comunidade Ufológica Brasileira se unir em torno de um objetivo comum – o de descobrir a verdade sobre tudo que aconteceu em Varginha.
O tempo será o senhor da razão e a verdade um dia virá à tona. A Ufologia Mundial reconhecerá os esforços dos ufólogos de nosso país, que, unidos, estiveram lutando para encontrar as evidências. É nosso direito de cidadão saber a verdade. Os esforços de todos os que colaboraram com as pesquisas e que continuam correndo atrás de informações não terá sido em vão.