Não são poucos os casos atribuídos ao campo ufológico que acabam sendo, mais tarde, desmentidos ou esclarecidos. Isso faz parte da Ufologia e é trabalho dos ufólogos certificarem se a pesquisa tem fundamento. Um exemplo clássico é o da artista Suzana Alves, a Tiazinha, que filmou um dirigível da empresa Goodyear em São Paulo e afirmou na televisão que se tratava de uma nave alienígena.
Outro exemplo é do empresário norte-americano Ed Walters, de Gulf Breeze, Flórida, que fez muitas fotos de um suposto UFO e acabou confessando, posteriormente, que tinha manipulado as imagens. Tal caso ainda causa muita polêmica, já que diversas testemunhas da pequena localidade às margens do Golfo do México continuam afirmando que viram alguma coisa no céu, quando as imagens publicadas nos jornais eram de meros truques fotográficos.
Em maio de 2004, um engenheiro civil e mecânico passeava com sua câmera fotográfica digital no Parque Florestal, em Santiago, no Chile, quando avistou dois carabineros – nome dado aos policiais do local – em cavalgada e resolveu fazer uma foto, apesar das condições de iluminação serem pouco favoráveis, pois o dia estava nublado e o Sol já se punha. O chileno Germán Pereira mirou sua câmera e, sem qualquer pretensão de fazer uma foto de algo além de um par de policiais em seus cavalos, acabou registrando algo que causaria grande polêmica na Ufologia mundial.
Foto inusitada – Chegando em casa, o engenheiro descarregou as imagens da câmera em seu computador e foi verificar as cenas obtidas. Pereira teve uma grande surpresa quando, numa delas, aparecia uma estranha figura entre os dois carabineros, que, em sua interpretação, poderia ser um xtraterrestre. Ele não perdeu tempo e logo entrou em contato com a Corporación de Investigación de Fenómenos Aéreos (CIFAE), um grupo ufológico local dirigido pelo pesquisador Erick Martinez. A entidade acolheu prontamente o material e passou a analisá-lo.
Segundo Martinez, o CIFAE enviou a foto à empresa Kodak para exames e o laboratório atestou que a foto era legítima. A fotografia não teria, portanto, sido alterada por programas de tratamento de imagens, como se supôs inicialmente. O que foi registrado digitalmente por Pereira seria algo que estava no local. Sérgio Reisch, gerente da Kodak no Chile, confirmou que a foto foi capturada por uma câmera Kodak modelo DX-6490, mas não quis se pronunciar sobre uma eventual manipulação da imagem. “Por política corporativa, a Kodak não certifica o processo e reconhecimento de objetos ou elementos externos de uma foto digital”, informou.
Nesse momento, começou a polêmica em torno da referida fotografia e que envolveria diversos grupos de pesquisa, em vários países, assim como a mídia internacional. As discussões mais acaloradas se deram em sites de várias nações, com reflexos em jornais e televisões, que noticiaram sobre a imagem do suposto ser extraterrestre no parque chileno.
Polêmica acirrada – Não foram poucas as opiniões que surgiram sobre a inusitada imagem, apresentando possíveis explicações sobre o que se registrou. Entre as teses levantadas considerou-se seriamente que Pereira teria gravado um ser alienígena, um duende ou um gnomo. Houve quem acreditasse se tratar de um espírito, um menino perdido e até um macaco. Os céticos se manifestaram mais rapidamente, alegando que se tratava do registro de um galho, de luzes e sombras, ou ainda, de um truque com sobreposição de imagens.
O Instituto de Investigación y Estudios Exobiológicos (IIEE), que possui sede tanto no Chile como na Espanha, desenvolveu uma análise da fotografia e concluiu que a figura que aparece caminhando entre os cavalos era nada mais, nada menos, que um cão. Os técnicos do IIEE fizeram suas análises com o uso do programa Adobe Photoshop, buscando aumentar a imagem e aplicar filtros especiais.
Até se chegar a esta conclusão, as inúmeras e inexplicáveis fotos de fantasmas obtidas através das últimas décadas foram evocadas pelos estudiosos, para que, numa comparação, se explicasse à origem, supostamente insólita, da imagem digital de Pereira. Os técnicos do IIEE trataram a fotografia com variação de intensidade de luz, aumentando o brilho e contraste da imagem. Finalmente, aplicaram filtros para realçar o relevo da foto e fizeram uma revisão de sua resolução. “A imagem digital se apresenta claramente distorcida, porque a câmera não foi sincronizada com a melhor velocidade de obturação”, declarou à imprensa Ramón Navia Osório, presidente do IIEE. “Ainda não estamos em condições de julgar se essa anomalia é fruto de um feito circunstancial ou intencional”.
As análises, efetuadas no Chile e na Espanha, mostram que a pequena figura que surge entre os policiais poderia ser definida como um corpo que tem um rabo e um focinho, próprios de um cão de pequeno porte.Ufólogos da Corporación de Investigación Ovnilógica (CIO) chegaram à mesma conclusão, depois que Gerardo Villarroel, membro do grupo, realizou tratamento da imagem em seu computador. Igualmente, para o diretor de investigações da Agrupación de Investigaciones Ovnilógicas de Chile (AION), Fabián Sáez, não existe a mínima dúvida. “Em nossa pesquisa descartamos a possibilidade de que se trate de algo sobrenatural”, disse. Para esses grupos de ufólogos, a imagem não passa de um jogo de luzes e sombras obtido de maneira pouco comum numa foto de um mero cão que atravessava a rua entre os dois cavalos. O AION ainda não excluiu a possibilidade de se tratar de uma montagem bem feita.
À esta conclusão também chegou Eric Bellido, do programa Mucho Gusto, da TV Megavision, que não teve dúvida em qualificar a foto como uma fraude vulgar.O outro ladoAinda assim, mesmo que a explicação apontasse para algo natural, embora incomum, ou mesmo uma fraude, os debates na internet, principalmente, continuaram acalorados. Poucos estudiosos estavam dispostos a desconsiderar a resposta mais fascinante para o enigma, a de que se tratava de um ser extraterrestre flagrado de maneira acidental. Os elementos levantados por Enrique Sepúlveda, professor universitário e especialista em aerofotogrametria da Força Aérea do Chile, na fotografia digital de Pereira, colocariam mais lenha na fogueira da polêmica, corroborando com a idéia de montagem. Sepúlveda aponta que, na foto, nenhum outro item, além do tal ser, tem sombra.
O especialista acha que a fraude foi bem elaborada e questiona por que haveria tantos policiais no parque e as árvores estariam tão juntas e delgadas, num padrão fora do comum? Sepúlveda levanta também dúvida sobre a natureza da imagem. “Se é um ET, ele flutua ou caminha? Porque, se fosse um alienígena e ele caminhasse, o faria ao nível do solo e na foto ele está mais acima”, disse. Ele ainda apontou outras discrepâncias na imagem, tais como, a existência de um pedaço de madeira em posiç
ão horizontal, à esquerda, e a linha de perspectiva dos postes do alambrado ser irregular. Sua conclusão é clara: trata-se de uma fraude. No entanto, para vários ufólogos e grupos de pesquisas, entre eles o Estudios de Fenómenos Anómalos (EFA), representado por Luis e Cláudio Ojeda, a foto poderia sim se tratar de um extraterreno.
Os ufólogos se amparam na história recente da Ufologia, através da qual foram flagrados UFOs e seres em estranhas condições, sem que ninguém os vissem no momento em que as fotos foram feitas. “Essas entidades têm estado por muitíssimo tempo compartilhando nosso meio ambiente”, disse Luiz Ojeda, que, juntamente com Cláudio, chegou a vasculhar o parque em busca do referido extraterrestre, sem êxito. De fato, muitas das fotos de objetos voadores não identificados na casuística mundial são de artefatos no céu que ninguém viu quando as imagens foram obtidas. Em entrevista à Revista UFO , Erick Martinez, presidente do CIFAE, esclareceu as posições do grupo. Martinez declarou que nunca disse se tratar de um ser extraterrestre. “Pelo contrário, eu mesmo falei que poderia se tratar de um menino. Essa foi nossa primeira opção”.
Ele acha lamentável a posição inicial do IIEE, de que a foto seria de um cão, e sua outra manifestação em 12 de junho de que a entidade concluíra, após novas análises, que a imagem nada mais seria do que um truque perpetrado pelo engenheiro. “Cremos que o fotógrafo é digno de confiança e nada nos indica que efetuou uma fraude. Os que defendem essa tese estão cometendo um erro ao afirmarem que há elementos na foto que não existem no local. A Megavision demonstrou que todos os elementos que aparecem na foto são reais”, disse Martinez.
Recentemente, numa tentativa de esclarecer em definitivo a fotografia do suposto cão, o CIFAE publicou um relatório informando que, com a ajuda de especialistas, aplicou o método Blind Deconvolution para analisar a imagem. Trata-se de um sistema computadorizado usado para restaurar imagens desfocadas ou borradas. Aumenta a nitidez da imagem, permitindo uma melhor definição de seu conteúdo. Ainda assim, a entidade não parece ter obtido uma resposta final à indagação e permanece sem poder afirmar ao certo se tratar mesmo de um cão a estranha figura da foto, a exemplo de seu oponente, o IIEE. Tudo indica que a polêmica terá continuidade.
O que diz o engenheiro Germán Pereira
Estou muito impressionado com a imagem que obtive e o que nela aparece. Asseguro que não se trata de uma montagem, por isso decidi difundi-la e entrar em contato com os ufólogos da Corporación de Investigación de Fenómenos Aéreos (CIFAE). A imagem que fiz em 10 de maio de 2004 foi acidental. Decidi bater algumas fotos do Parque Florestal e tirei em torno de 10 fotografias, que descarreguei em meu computador no dia seguinte.Pareceu-me interessante retratar um grupo de carabineros a cavalo, que se encontrava patrulhando o setor.
A foto que gerou polêmica foi tirada aproximadamente às 17h40. O dia estava nublado. Devido ao pôr-do-sol minha câmera digital foi ajustada a uma velocidade baixa, de 1/10 segundos. Essa é a razão pela qual a imagem saiu tremida. Quem sabe um pouco de fotografia entende o fato. Os policiais estavam a uns 20 m de mim, então tive que usar o zoom ótico da câmera em de 10 vezes. O que me interessa agora é saber o que foi registrado na imagem e se alguém já conseguiu captar algo similar.A análise completa realizada pelo IIEE do Chile está no site no instituto. Clique aqui!