Guaxupé, no sudoeste de Minas Gerais, é mais uma cidade daquele estado a revelar intensa casuística ufológica. O município tem 60 mil habitantes, fica localizado em área montanhosa e em sua zona rural são comuns relatos de moradores sobre luzes misteriosas, que uns chamam de Mãe do Ouro e outros de Fogo Fátuo, expressões locais para definir objetos voadores não identificados. O que não falta nos arredores de Guaxupé são relatos de aparições de UFOs. Os fenômenos ocorrem majoritariamente no período entre agosto e dezembro, impressionando os moradores. O professor de geografia José Lázaro de Souza, por exemplo, não acreditava em UFOs, mas mudou de opinião após ter avistado, há pouco tempo, um objeto sobrevoando a Fazenda Nova Floresta.
O relato de José Lázaro não é o único. Recentemente, o Jornal da Região fez uma matéria com moradores próximo do aeroporto da cidade, que também presenciaram fenômenos estranhos nos últimos tempos. Na década de 80, um disco voador também teria seguido, por uma estrada de terra, estudantes e um professor de Divinolândia, que voltavam da faculdade local. Em agosto passado, um caminhoneiro que vinha de São Pedro da União chegou assustado após ter sido seguido por uma forte luz que lhe ofuscava a vista. Entretanto, fez o relato apenas para amigos. “Ele tem medo que o chamem de louco”, explicou um deles.
Muitos dos casos locais têm sido investigados pelo funcionário municipal Ênio Antonio da Silva Júnior, 28 anos, da Associação Sul Mineira de Estudos Ufológicos (ASMEU), que se dedica a analisar fotos de supostos UFOs enviadas por pessoas de toda a região. A ASMEU reúne estudiosos de várias cidades. Segundo o ufólogo, atualmente, o sul de Minas só perde para o Nordeste em número de manifestações ufológicas – inclusive em contatos de terceiro grau. Um dos mais famosos casos de aparição na região foi o registrado na noite de 14 de julho de 1998, na zona rural de Juruaia, à 25 km de Guaxupé. Nesta ocasião, o sitiante J. S. C. já vinha, há vários dias, percebendo que seus bezerros estavam desaparecendo e, sendo assim, resolveu montar uma vigília noturna para pegar o infrator. Por volta das 22h45, observou um clarão avermelhado que vinha de dentro da mata. Pensando tratar-se de algum trator com problemas, aproximou-se para ver o que acontecia. Mais de perto, observou um objeto estranho e, ao seu lado, um pequeno ser de 1,20 m de altura recolhendo a vegetação. Ele tinha uma bola luminosa azulada que girava em seu redor.
Nave Discóide — O sitiante ficou observando a criatura escondido atrás de uma árvore. Tinha uma grande cabeça cinza, era magro, com braços finos e apenas três dedos nas mãos. Sua nave era discóide e emitia forte calor. O objeto desfechava uma intensa luz azulada em direção ao fazendeiro, ofuscando seus olhos e deixando-o sem enxergar por alguns minutos. Quando sua visão voltou ao normal, o objeto já não estava mais no local. Infelizmente, o caso não foi mais divulgado na época porque o sitiante não quis declarar seu nome. Mesmo assim, o episódio tem interessante conteúdo. No dia seguinte ao contato, por exemplo, no local onde apareceu a bola luminosa, todas as pedras ao redor estavam usinadas. “Seria necessária uma temperatura de 1.600° C, conforme análise de especialistas, para conseguir esse resultado”, declarou Ênio à Revista Ufo.
Ainda em Guaxupé, o próprio pesquisador conta que viu, no dia 11 de agosto de 1988, um objeto triangular com duas esferas, além de algo em sua parte inferior que girava em sentido anti-horário. O mesmo aparelho teria sido visto por diversos moradores da zona rural. Ênio colheu outros casos interessantes, que ainda estão em fase de apuração e serão futuramente publicados. Eles dão uma idéia da riqueza da casuística local. Um deles é o episódio do motorista Delcídio, do Expresso Durante, ocorrido em 1997. Ele passava perto de Bauru (SP) e rumava para Guaxupé quando foi seguido por um UFO. Delcídio percebeu que um halo de luz o acompanhava ao longo da estrada, fato relativamente comum por aquelas paragens.
A ASMEU também investiga um caso em andamento na Fazenda Santa Margarida, à 4 km do centro de Guaxupé, onde os colonos observam luzes estranhas há anos. Na propriedade também ocorrem estranhas anomalias, como casos de animais mutilados, mas ninguém gosta de falar do assunto. “Nas fazendas entre Guaxupé e São Pedro da União há vários relatos de aparecimento de Mãe do Ouro que iluminam determinadas partes dos morros”, conta Ênio. Abduções também estão no roteiro das atividades de alienígenas naquela região mineira. Um caso intrigante é o do agricultor João Bento Souza Franco, 44 anos, proprietário de um sítio na região de Bom Jardim, que se sente um perseguido por luzes não identificadas. Em sua propriedade, que herdou de familiares, os relatos de aparecimentos de objetos e luzes passam de 100 anos. Lá ainda é comum o aparecimento de gatos, porcos e até cães mutilados ou mortos e sem sangue.
As luzes já atrapalharam até o funcionamento de um pesqueiro que ele montou no sítio, que, devido aos comentários dos vizinhos, não atrai clientes. Entretanto, o caso mais impressionante ocorrido com Franco deu-se em outro local, num açude próximo da Fazenda da Barra, na zona rural de Guaxupé, em 31 de outubro de 1985. Ele conta que foi até o local para pescar, tendo armado uma rede mais cedo e programado voltar depois apenas para ver o que capturaria. Ao retornar ao açude, teve uma surpresa. João Franco estava acompanhado de seu irmão Galvão de Souza Franco, advogado, e o mecânico Osório Carvalho. “Fomos pegar a rede e tivemos que atravessar o açude num barco. Lembro que era 22h00 quando meu irmão estacionou o carro no local. No meio do açude vimos uma bola bem grande de luz, acima das árvores mas próxima de nossas cabeças. Olhei pra cima e percebi que ela refletia ao redor”, declarou à Ufo.
As luzes eram fortes e faziam zigue-zague sobre nossas cabeças. Voltamos para a margem e entramos numa moita, ondeficamos quietos e escondidos
– João Bento S. Franco
Franco e seus acompanhantes pensaram que poderiam ser policiais florestais, que impedem pescarias com redes. Em seguida, no entanto, seu irmão olhou pra cima e viu claramente o objeto e a luz refletida nos chapéus dos amigos. Neste momento, saíram quatro bolas menores do objeto, que sobrevoaram o açude. Com medo, o grupo acelerou as remadas para sair rápido da água. “As luzes eram fortes e faziam zigue-zague sobre nossas cabeças. Voltamos pra margem e entramos numa moita, onde ficamos quietos e escondidos”, contou o assustado agricultor. “Vimos apenas uma luz azulada vindo em nossa direção e sumir”.
Depois disso, o grupo saiu do aterro do açude para pegar o carro e partir dali. Foi quando algo extremamente incomum aconteceu: o veículo, um Opala, que
fora integralmente abastecido há pouco tempo, não tinha uma só gota de gasolina. Os pescadores tiveram que andar até a propriedade mais próxima, uns 10 minutos a pé. Ao chegarem à fazenda ao lado, tiveram outra surpresa: já eram 03h30 do dia seguinte. Simplesmente, entre o início da experiência até a chegada à sede dessa propriedade, de um tal senhor Ulisses, mais de cinco horas se passaram sem que eles e os amigos se lembrem do que aconteceu na íntegra. “Dissemos ao homem que tivemos problemas com uma luz por perto e ele não estranhou, e ainda afirmou que um tratorista tinha passado pelo mesmo problema. Depois disso, o cabelo do meu peito caiu, minha barba parou de crescer e acabou caindo por completo, e ainda fiquei com manchas na pele”, disse Franco. Seu irmão também teve seqüelas, como caroços grandes no corpo, que estão presentes até hoje. Além disso, Osório acabou contraindo um tumor cerebral, vindo a falecer meses depois.
Leitões Mortos — “Noutra ocasião, eu e minha mãe fomos seguidos pelo mesmo objeto em uma estrada. E no meu sítio, os leitões aparecem mortos e sem sangue, com a barriga pra fora. Meus gatos também aparecem mortos com cortes precisos. Não sei o que está se passando”, desabafa o agricultor, que hoje tem certeza de que teve uma experiência com um UFO. Ele informa que chegou a procurar um especialista de São Paulo para fazer-lhe uma hipnose regressiva, mas não teve êxito. “Ainda hoje procuro explicação para o ocorrido. Depois desta data, passei a ter dores leves e constantes nos rins”. Consultados a respeito, no entanto, dois laboratórios de análises clínicas não constataram nada de anormal em seus órgãos. Em meados de 2001, num sítio onde estava com seu filho, em Muzambinho (MG), Franco acordou com quatro vergões e manchas do lado esquerdo do corpo, misteriosamente. “Depois disso, nunca mais tive dor nenhuma”, finaliza. Vizinhos de João Franco na zona rural de Guaxupé confirmam o aparecimento de luzes – muitas delas com histórias seculares. Há poucos anos, um morador de nome Albertinho viu luzes em cima de uma jabuticabeira, mesmo durante o dia.
Ele também conta que vendeu o sítio porque não tinha sossego no local. Outro que confirma estes casos é agricultor Messias Souza Pereira, morador do sítio e tio de Franco, que além de contar antigas histórias sobre essas luzes misteriosas, ainda confirma a morte de animais, que aparecem sem sangue e sem vestígios que levem aos autores dos delitos. O ufólogo Ênio também confirma que pesquisou casos assim, tendo colhido muitos relatos dos moradores sobre animais mutilados. Seu colega Edgar Belarmino conta que em Arceburgo, à 28 km da vizinha Guaranésia, um veterinário examinou um boi sem sangue e com cortes cirúrgicos.
Algumas fotos recentemente obtidas na região impressionam os estudiosos e moradores. Adriano Correia de Carvalho, funcionário de uma empresa de grande porte em Guaxupé, estava fazendo uma festa de confraternização de final de ano no local onde trabalha e registrou algo incomum. Era 15h30 do dia 20 de dezembro quando os presentes à festa, que se realizava próximo do pólo industrial da cidade, à margem da BR 491, observaram um ponto escuro que estava estacionado no céu nublado. Segundo testemunhas, o objeto ficou parado por volta de 20 minutos, justamente numa área em que muitos relatos de avistamentos são feitos por colonos e sitiantes. Carvalho fez duas fotos do objeto, consideradas “evidências plausíveis”, pelos estudiosos da ASMEU. Esse autor também obteve uma curiosa imagem em Guaxupé. A foto foi submetida à análises pelo engenheiro Ricardo Varela Corrêa, consultor de Ufo que atua no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Varela informou, no entanto, que não se tratava de nenhum fenômeno extraterrestre… Enfim, os relatos no sul de Minas são muitos. Alguns bem antigos, outros mais recentes, e somam-se ao já conhecido repertório ufológico mineiro.