No dia 25 de fevereiro de 96, começava mais uma investigação a respeito do Fenômeno UFO. Na pacata cidade de Conceição do Almeida, interior da Bahia, a 161 km de Salvador, desde o início de janeiro, boa parte dos 22 mil moradores perdeu o sono por causa de luzes misteriosas que teimam em aparecer sempre no mesmo horário (às 20h00 e pela madrugada) e praticamente no mesmo lugar. Essas luzes piscam, mudam de cor e se movimentam como se fossem UFOs. O conceituado médico doutor Damião Domingos Conrado Abílio filmou as aparições, que foram veiculadas em uma rede de televisão.
Resolvi entrar em contato com o doutor Damião para constatar a veracidade das imagens. Acompanhado de Emanuel Paranhos, da Sociedade de Estudos Ufológicos de Lauro de Freitas (SEULF) e José Vicente Cardoso, do Núcleo de Pesquisas Ufológicas (NPU) – que, à primeira vista, também acharam genuínas as imagens captadas pelo doutor Damião –, resolvemos viajar a Conceição do Almeida. No entanto, a visita do doutor Damião e de sua esposa à minha residência, antes de nossa partida, favoreceu-me uma investigação preliminar pois surgiram alguns dados bastante importantes. O doutor Damião foi seguido por luzes, durante vários quilômetros, pelo menos duas vezes durante a viagem noturna.
Desde criança, o doutor Damião observa luzes estranhas, mas as que tem visto ele não se atreve a definir. Prefere deixar para “os que realmente entendem disso opinem e se pronunciem”. No início de fevereiro, juntamente com outras pessoas, viu algumas luzes se deslocando no sentido leste oeste em frente à sua casa e as filmou, bem como as luzes vistas em seu quintal no dia 20 daquele mês. Comedido, quis se certificar de não ter se enganado e decidiu ir a Feira de Santana (a 80 km de Conceição do Almeida) para apresentar o vídeo ao Observatório Astronômico Antares, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O diretor do observatório, professor Augusto César Orrico, após assistir várias vezes ao filme, respondeu que tratava-se de Vênus ou da estação orbital MIR. Os detalhes que contradizem essa afirmação estão relatados, após vários testes, mais adiante nesta matéria.
Em uma entrevista ao Jornal da Manhã, tivemos o prazer de encontrar o repórter José Raimundo, da Rede Globo. Face a tantos acontecimentos, decidimos viajar a Conceição do Almeida no dia seguinte (28/02/96). Ao chegarmos à cidade, um ciclista nos interpelou: era Paulo Roberto, uma das mais relevantes testemunhas do caso. De repente, uma multidão formou-se ao nosso redor – todos com alguma coisa para relatar. A nosso pedido, o doutor Damião levou sua câmera de vídeo a fim de fazermos os primeiros testes comparativos.
A onda ufológica que agita o Brasil neste momento também está sendo sentida em outros países do mundo, especialmente os da América Latina, onde observações e registros de UFOs, além de contatos com ETs, têm sido uma constante e, ao mesmo tempo, terrível incógnita
Tomando Vênus como alvo e realizando desfoque com a zoom, pudemos constatar de imediato que a luminosidade é parecida, porém o planeta aparece bem menor do que o objeto filmado pelo doutor (o horário também foi levado em consideração). Ao desfocar a imagem, a luz se transforma em dois círculos concêntricos que crescem e desaparecem em direção à objetiva. O mesmo efeito foi verificado na câmara profissional da emissora equipada com uma lente de alta resolução. Em nenhuma das duas câmeras, verificou-se o fenômeno da luz sumir em direção contrária (rumo ao infinito), como acontece nas imagens analisadas.
SHAHPOKHI, TEERÃ — A luz de Vênus se mostra puntiforme e não retangular, como a observada no vídeo gravado pelo doutor Damião. A respeito dessa consideração, no fato ocorrido sobre a base de Shahpokhi, Teerã, em 19/09/76, quando dois jatos Phantom iranianos, em missão de interceptação de um UFO, tiveram todos seus sistemas de vôo em pane, reportaram que “… a luz que o UFO emitia era do tipo pisca-pisca, num padrão retangular, alternando as cores azul, verde, vermelha e laranja”. As testemunhas de Conceição de Almeida afirmam terem visto esse mesmo padrão de cores nas luzes por elas avistadas.
As imagens gravadas mostram uma luz com energia suficiente para saturar a lente – tal como aparece quando se filma algo extremamente branco e brilhante, tendo o diafragma totalmente aberto – e criar sombras. A fonte de luz foi filmada no dia 20 de fevereiro a partir das 16h30 até às 19h02 (hora real, pois no vídeo há uma defasagem de tempo em decorrência do horário de verão) mas existem inúmeras testemunhas que afirmam que a luz permaneceu visível até às 2h00, numa mesma posição.
Esse fato invalida a suposição (segundo o Observatório Antares) de que o médico teria inadvertidamente filmado o planeta Vênus – visível nessa época a partir das 17h00, quando aparece bem ao alto, quase no zênite e como uma estrela pequena, até começar a escurecer – momento em que adquire seu brilho máximo – até sumir no oeste entre 20h30 e 21h00. Fica também descartada a possibilidade de o médico ter filmado a estação orbital MIR, pelo fato dela ser composta por diversos módulos que não chegam a cinco metros de diâmetro. Seu comprimento máximo não deve ultrapassar 40 metros.
ÔNIBUS ESPACIAIS — As naves de transporte Progress-M e Soyus TM, que estão acopladas à estação, são pintadas de verde oliva, com um pequeno anel traseiro junto aos foguetes de cor branca e, portanto, não refletem luz. Pelas suas dimensões, poderíamos dizer que as duas caberiam dentro do compartimento de carga dos ônibus espaciais americanos (com tamanho equivalente a um Boeing 737).
A altitude média da estação MIR está calculada em torno de 360 a 390 km e não, como informou o Observatório de Antares, em 36 km (erro comprovado posteriormente numa informação por escrito do observatório). Embora MIR passe sobre o Brasil numa órbita aproximada de sudeste a noroeste, no dia 20 de fevereiro, passou às 8h30, 16h30, 18h35 e 21h48, nas altitudes respectivas de 390,977 m, 393,474 m, 397,245 m e 397,385 m, jamais poderia ser vista imóvel, como se tivesse órbita fixa sobre o sertão da Bahia, o que vai também de encontro ao tempo de observação.
Paulo Roberto, uma das testemunhas, afirma ter observado a luz, através de um telescópio amador. A luz permaneceu imóvel enquanto um avião de passageiros se aproximava. Desceu para o avião passar e, logo em seguida, disparou em direção à frente do mesmo, parando e retornando em rota aparente de colisão. Paulo Roberto se afastou estarrecido, achando que iria presenciar uma tragédia aérea. Outras testemunhas também viram o fato a olho nu e se assustaram com a manobra. Porém a luz
desviou no último instante. Entre as testemunhas estavam uma professora e uma diretora de escola. Infelizmente, apesar dos esforços, ainda não foi possível descobrir qual o número daquele vôo e de qual companhia pertencia o avião.
Na outra imagem filmada pelo doutor Damião, aparecem cinco luzes pequenas deslocando-se em sentido horizontal da esquerda para a direita, no vídeo – enquanto a luz maior permanece imóvel. Essas luzes também se movem por cima e por baixo do objeto. À primeira vista, dão impressão de serem aeronaves militares, em função da velocidade e da formação típica de patrulha: o líder na frente e os alas acima e mais recuados, dando-lhe cobertura. Como não se trata de caças, poderíamos pensar na hipótese de serem UFOs e sondas rondando essa área.
Uma fonte nos revelou que dois caças F-5 da Força Aérea Brasileira (FAB) permaneceram por mais de 15 dias na Base Aérea de Salvador e quando acionados, num determinado momento, poderiam chegar à região em menos de sete minutos. Após observar por várias vezes, em velocidade normal e quadro a quadro, as imagens onde aparecem os cinco pontos luminosos em alta velocidade, podemos dizer que seriam sondas, descartando a hipótese dos caças. Não estamos afirmando nada, mas aparentemente o UFO em Conceição do Almeida não teria uma importância tão grande para a FAB, embora exista a coincidência dos vôos e permanência em Salvador de dois F-5 na época, a ponto de fazer com que ela mobilizasse tantos aparelhos no mesmo momento, concentrando-os numa mesma região, como uma parada militar. A menos que outras instituições tivessem certeza do que estava acontecendo, em termos de onda UFO, e precisassem levantar informações mais substanciais…
DETALHE CURIOSO — Outro detalhe curioso que elimina as hipóteses Vênus, MIR e balão meteorológico é que, em determinado momento, a luz se divide em duas, unindo-se novamente em poucos segundos. Isso sem contar com um quase imperceptível reflexo retilíneo visto em diagonal, com uma pequena luz vermelha que muda de posição.
No dia 11 de março, o doutor Damião resolveu visitar um conhecido seu que, em diversas ocasiões, reiterou ter visto luzes semelhantes às filmadas pairando calmamente sobre suas terras há mais de 15 anos e que ainda continuam a aparecer. Tal senhor – não podemos citar seu nome – é um homem respeitado por sua seriedade e conta que, já nos tempos de seu pai, aconteciam esses fenômenos (a princípio, achamos que se tratava de emanações naturais, devido ao húmus ou à carcaça de animais. Ao vermos as imagens, convencemonos de que não era nada disso).
O doutor Damião chegou à fazenda ao anoitecer em companhia de Paulo Roberto, que foram imediatamente ao local dos avistamentos. A escuridão era quase total, pois era época de lua nova. A intensa escuridão não permitia ver o terreno e, várias vezes, foram avisados da proximidade de uma enorme ribanceira, um vale profundo, quase como um canyon. Momentos depois, avistaram luzes que circulavam no lado oposto ao do vale. Eram três luzes menores avermelhadas e uma bem maior de brilho intenso todas em um estranho balé.
PONTO DE ORIGEM — Enquanto a luz maior se movia muito lentamente, as menores se movimentavam de um lado para o outro, dando impressão – pelo menos é o que parece no vídeo – de que entravam na maior e logo saíam. Em outro momento, quando todas as luzes aparecem no vídeo, uma aproxima-se velozmente da maior, freia e volta rapidamente ao seu ponto de origem. A luz maior se apaga e, logo em seguida, retorna com um brilho mais intenso. Em algumas cenas do filme, aparece uma tênue luminosidade vinda da ribanceira, de cor branco-azulada, dando a impressão de que sua fonte estava um pouco abaixo da ribanceira, portanto fora do alcance das pessoas que se encontravam no local. Esse brilho era muito similar ao que observamos na cidade de Mucugê certa noite em companhia da equipe da Rede Globo.
Parece-nos que não há possibilidade – como teme o doutor Damião – de serem pessoas circulando do lado oposto ao vale, já que a intensidade luminosa e a velocidade dos movimentos não se parecem com a de faróis de carro ou lanternas. Só a observação in loco, à luz do dia, poderá sanar essas dúvidas. A área em questão localiza-se perto de Muritiba (BA) onde, por estranha coincidência, há pouco mais de três anos, foi vista uma luz enorme caindo nesse mesmo lugar.
[Editor: O Grupo de Pesquisas Aeroespaciais Zênite (G-PAZ), ao lado da Sociedade de Estudos Ufológicos de Lauro de Freitas (SEULF), tem mantido registro de todos os casos ufológicos na Bahia.]