A noite de 08 de agosto passado permanecerá na memória dos baianos por muito tempo, especialmente para centenas de leigos, astrônomos, pilotos, civis e militares, jornalistas e ufólogos. Algo extraordinário manifestou-se nos céus do Estado logo após o crepúsculo. A maioria das testemunhas sustenta que foi às 19:30 h, porém em inúmeros relatos o horário exato teria sido entre 18:30 e 19:05 h. Supomos, portanto, que houve uma seqüência de fenômenos desde a Bahia até Minas Gerais, num espaço de tempo calculado em 70 minutos.
Nós, da Sociedade de Estudos Ufológicos de Lauro de Freitas (SEULF) juntamente com o Grupo de Pesquisas Aeroespaciais Zênite (G-PAZ), ficamos sabendo dos acontecimentos na mesma noite e, diante da dimensão dos fatos, de imediato, entramos em ação. Entretanto, passados quase três meses, ainda juntamos o quebra-cabeças para entender a abrangência do fenômeno. Pois ainda agora continuam a chegar relatos através do Disk-UFO. Afinal, logo de início, estabeleceu-se uma grande polêmica nos meios de comunicação, entre ufólogos e astrônomos, cada qual defendendo seus princípios, versões e pontos de vista.
Enquanto os astrônomos apoiavam a hipótese de ter sido um grande bólido (meteoro) – já que estava prevista para o Nordeste uma chuva de meteoritos, chamada Lágrimas de São Lourenço, nos dias 11 e 12 de agosto –, nós sustentávamos que os fatos e os depoimentos apontavam para a manifestação do Fenômeno UFO, mascarado sob aspectos de bola de fogo, com cauda em certos momentos.
O presidente da Associação de Astrônomos Amadores, famoso caçador de meteoritos, Wilton Carvalho apoia claramente a versão do bólido. Na sua coluna dominical no jornal A Tarde, sobre Astronomia, ratifica esta posição, com diversos relatos conseguidos mediante ampla consulta às cidades do interior. Na semana seguinte, foi feita uma espécie de operação pente fino em Dias d’Ávila, na região do Areal, com detetores, para verificarmos se havia vestígios do que poderia ter cruzado os céus. Devido à chuva e ao mau tempo, não logramos êxito na busca dos pedaços do suposto meteorito, nem em Dias d’Ávila, tampouco em Camaçari.
Wilton Andrade, inclusive, anunciou através de uma unidade móvel de som que premiaria com 150 Reais quem trouxesse um fragmento do que acreditava-se ter caído na região. Até hoje nada foi encontrado, apesar do auxílio de autoridades militares. O astrônomo, em entrevista à Imprensa, levantou a hipótese do tal meteorito ter passado muito alto e caído no mar, na África ou até na Sibéria, seguindo em direção ao sudeste, sem contudo conseguir definir a latitude e a longitude da queda e ponto de impacto.
Disk-UFO: A linha vermelha – O observatório Antares foi procurado pela SEULF na madrugada do dia 09. As circunstâncias foram confirmadas por um astrônomo da equipe, Jimicrê Ferreira, que tinha visto o fenômeno quando se encontrava numa fazenda em Feira de Santana. Esta testemunha narrou que o acontecimento se deu às 19:15 h e que o objeto dividiu-se em dois, vindo do nordeste para o sudoeste.
Antes do dia 08, uma grande luz azul foi vista por uma jornalista, movendo-se entre Stella Maris e Pituba, na orla de Salvador. No dia seguinte, às 11:20 h foi avistado, no Bairro de São Caetano, um grupo de 50 a 80 objetos foscos, com halo de luz ao redor, seguidos por outros três maiores, que voavam em direção à Baía de Todos os Santos e Ilha de Itaparica. Nesse dia o empresário e fotógrafo André Luís Ribeiro retratou, de dentro do ônibus em que viajava, um UFO negro sob os céus da cidade de Vitória da Conquista. As fotos estão sendo analisadas por nós e por outros profissionais gabaritados, com o objetivo de se obter um laudo técnico.
A apenas alguns quilômetros dali, o presidente da República Fernando Henrique Cardoso lançava a pedra fundamental de uma concessionária, em Camaçari, junto a Dias d’Ávila, cidade que no outro dia seria visitada pelos UFOs. As primeiras notícias dos acontecimentos vieram na mesma noite, através de um telefonema de uma amiga do ufólogo Walmir Araújo, de Barreiras do Jacuruna. Então, num ritmo frenético, a mídia baiana foi invadida por dezenas de notícias e depoimentos provenientes de todas as partes do Estado, devido à divulgação do serviço de telefonia Disk-UFO.
Foram mais de 100 ligações em apenas quatro dias. Quase todas elas narravam o avistamento do dia 08 – uma situação emergencial onde os fatos atropelaram tudo. Fomos dando retorno aos telefonemas mais urgentes, revezando-nos na retaguarda e invadindo as madrugadas, em vigília e plantão ufológico.
Sábado pela manhã, fomos até Dias d’Ávila, de onde veio a notícia de que um objeto luminoso, após sobrevoar o pólo petroquímico, aparentemente teria caído ou pousado numa área alagada do Rio Imbassahy e um areal a
1,3 km do Bairro Nova Dias d’Ávila, no meio do mato rasteiro que circunda a zona urbana, mais precisamente atrás de um campo de futebol.
Pesquisa de campo – Muitas pessoas dizem ter visto o objeto cair ao solo ou parar a pouca altura dele. Três testemunhas importantes foram Alfredo Assis, o gerente de um banco em Camaçari, Antônio Carlos Macedo e dona Vera. O penúltimo teve outro avistamento, no dia 26 do mesmo mês. Macedo comunicou-nos que observou de sua residência a evolução de um grande objeto luminoso não identificado, semelhante à luz fluorescente, que cruzou os céus e veio num vôo descendente, aproximando-se do solo como se fosse se chocar, mas detendo-se em tempo. Outros relatos falam que essa luz desprendeu-se de um corpo maior e caiu nas imediações do areal, enquanto o restante continuou voando, soltando faíscas pela traseira, seguindo em direção a Lauro de Freitas e Salvador.
O objeto menor ficou parado sobre o mato, emitindo uma seqüência de luzes azuis, verdes, vermelhas, distanciando-se dos observadores na escuridão. A notícia espalhou-se rapidamente pela cidade. Foi um alvoroço total, juntaram-se mais de 150 pessoas, que continuaram a ver as luzes por cerca de uma hora. Alguns corajosos e aventureiros enveredaram-se pelas trilhas do matagal, tentando alcançar o objeto, sem sucesso. Certos garotos intentaram uma aproximação, mas sentiram um cheiro forte e esquisito no ar.
Com a chegada das equipes de TV e jornais, tentou-se, através de estradas de terra, alcançar o possível local perto da Lagoa Azul, porém em vão. Técnicos da Central de Tratamento de Afluentes Líquidos, que trata os resíduos químicos do pólo, viram o objeto e pensaram que fosse um avião pegando fogo, caindo em direção ao aeroporto.
No povoado de Biribeira a “coisa” foi vista com uma cauda de cor prata, assim como também em Amado Bahia, Arembepe e outros locais. Esse extraordinário fenômeno foi observado em várias localidades do interior do Estado, dentre ela
s: Lauro de Freitas, Camaçari, Candeias, Itaparica, Jaguaripe, Jitaúna, Catu, Caravelas, Caetité, Cairu, Cruz das Almas, Nazaré das Farinhas, Santo Amaro, Feira, Conquista, Jequié, Ilhéus, Itabuna, Itajuipe, Itapé, Itajimirim, Amargosa, Buquira, Riachão do Jacuípe, Dias d’Ávila, Poções, Brejões, Mucuri, Alagoinhas, Pojuca, Sítio do Conde, Ibicuí, Teixera de Freitas, Muniz Ferreira, Coaraci a até Almenara, na fronteira com Minas Gerais.
Bola prateada – Em Villas do Atlântico, a professora Gildete Oliveira observou, às 18:25 h, uma grande bola prateada com cauda que voou do lado oposto à sua casa, dirigiu-se à Praia de Buraquinho, num ângulo descendente abaixo de 25°, e se apagou atrás de uns coqueiros. Poucos minutos mais tarde, o eletricista Agnaldo Ferreira avistou uma bola luminosa com cauda azulada, medindo cerca de 60 cm de diâmetro, que seguiu em direção ao sudoeste, em linha reta. Edilson Fonseca presenciou o vôo do mesmo objeto. “Passou por Mussurunga, evoluindo nos céus de Salvador por 15 minutos. Parecia uma bola luminosa avermelhada”, descreveu Edilson.
Já o empresário Nilton Leite observou o objeto passar do continente para o mar, no lado de Itapuã, quando dirigia-se pela Rodovia BA 099, também conhecida como Estrada do Coco. Em certo momento o objeto parou. Pastor Jorge viu um aparelho, com cauda, porém não muito rápido. Wellington divisou um UFO semelhante ao de Nilton, inclusive planando sobre o mar. O garoto Matheus Pinto Rocha e mais dois colegas, Murilo e Luciano, descreveram-no como uma bola de fogo que efetuou uma manobra angular, “…feito escada, e se apagou próxima do mar”, detalharam. Com certeza, a cauda foi originada por ionização do ar ou efeitos decorrentes da propulsão do UFO.
Da capital, as notícias foram incalculáveis. O maestro Fred Dantas e sua orquestra viram um UFO esférico vermelho com cauda verde e alaranjada no Bairro do Itaigara. Maurício Sampaio, na Barra, relatou um UFO verde com cauda. Robson contou-nos que o objeto dava voltas e foi visto durante 40 segundos. Vera Lúcia Miranda viu passar um estranho aparelho, lentamente, pelo Bairro Iguatemi, em Stella Maris. Já o UFO de Miguel Albuquerque, em Patamares, era grande e baixo, enquanto que para Jorge, em Piatã, o objeto apareceu sob a cor vermelha.
No Clube Espanhol da cidade, um engenheiro avistou uma luz verde, semelhante a semáforo. Na área rural, Carlos Jorge viu uma esfera azul e avermelhada, com diâmetro aparente de 40 cm. No distrito de Águas Claras, Carlos Augusto testemunhou um insólito objeto esférico com rastro luminoso que soltava fumaça. Em Riachão do Jacuípe, enquanto fazia uma vigília ufológica, doutor João Jorge filmou em VHS um objeto luminoso – provavelmente o mesmo que todo mundo havia presenciado – durante 30 segundos, aproximadamente às 19:30 h. De início, ainda quando observava o UFO por meio de binóculo, constatou que era amarelado com luzes ao seu redor. Uma semana antes do episódio de 08 de agosto, o médico já havia filmado outro objeto não identificado, na Fazenda Volta do Rio, em Baixa Nova, onde há muitos meses ocorreram manifestações ufológicas.
Tubo cilíndrico – Procurado pela mídia, João Jorge prometeu mostrar a fita a quem quisesse vê-la. Recentemente, soubemos que a TV Bahia, através do repórter Zé Raimundo, conseguiu uma cópia para exibir em futuras matérias sobre UFOs no Estado. Dentre todas as regiões, uma delas merece maior destaque pelo número de observações e telefonemas para o Disk-UFO: o Sul da Bahia. Nessa área, denominada de Cacaueira, foram recebidas de oito a dez ligações por dia referentes àquela noite, além de outras informações. O objeto, descrito como esférico, emitindo uma luz forte em cores variadas, veio do norte para o sul, e em Itabuna ganhou forma de um tubo cilíndrico que expelia fogo. A moradora dessa cidade Gilvante Brito disse que sentiu dores de cabeça depois de sua passagem inesperada. Em Boqueira, o objeto fez uma manobra, sobrevoando o centro da localidade, em direção a um avião que ia em grande altitude, e depois retornou à posição inicial. Em Itajuipe apresentou-se com luzes azuis e vermelhas, subindo e descendo. Em Nazaré das Farinhas efetuou voltas sobre o município. Em Muniz Ferreira teria seguido um ônibus com estudantes.
Entre Alagoinhas e Pojuca foi visto por motoristas na estrada. No outro dia, algumas cidades também observaram outros UFOs, como Jequié, Santa Maria da Vitória e Itajimirim. À 01:00 h do dia 11 de agosto, uma pessoa, numa ligação anônima, contou que em Itapuã duas silhuetas escuras foram vistas voando silenciosamente e minutos depois, com forma de arraia gigante, passaram no mesmo sentido, parecendo o caça invisível Selth e o B2.
Achamos essa descrição um tanto bizarra, porém não descartamos a hipótese. Há muitos registros de UFOs triangulares no mundo e a presença de aeronaves experimentais sobre os céus de vários países. Se fizermos uma distribuição no mapa dos pontos percorridos pelo fenômeno, veremos que ele distribuiu-se indistintamente pelo Estado, excluindo a Chapada Diamantina e o oeste, além São Francisco. Na cidade de Salvador, a quantidade de ligações foi maior devido ao número de habitantes, meios de comunicação etc. As observações dividem-se pela orla marítima, centro e subúrbios. Apenas no litoral as testemunhas falaram em perda da cauda e parada do objeto. Houve, porém, a manifestação de mais de um UFO neste intervalo de tempo, já que os pilotos Fonseca e Costa, da Aerotáxi Abaeté PT-VFL, observaram um UFO azul bem grande voando perpendicular à sua rota norte-sul, às 19:45 h, quando estavam próximos a Feira de Santana. A grande atividade alienígena por essas bandas do Brasil em agosto perdurou até o fim do mês.
No trajeto para Dias d’Ávila ligamos para o Cindacta, esperando as negativas de sempre. Quem nos atendeu, não se identificou, entretanto, para nossa surpresa, informou a ocorrência da noite anterior dizendo que o caso era positivo e que seis aeronaves civis tinham avistado o meteorito ou outra coisa. Quando quisemos saber mais detalhes, após um prolongado silêncio, disse-nos que não poderia falar nada e que procurássemos as autoridades superiores, pois aquele serviço era de segurança nacional, e desligou.
Aí vemos que o Brasil também adota o cover-up, seguindo a política americana: a lei do silêncio. Dias depois, surpreendentemente, recebemos via caixa postal, anonimamente, um sumário com as anotações do livro de ocorrências do radar de Salvador, reportando seis observa&cce
dil;ões do mesmo fenômeno na noite de 08 de agosto. Foram um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), dois da Varig, um da Vasp e dois bimotores da Aerotáxi Abaeté. Posteriormente, contatamos Álvaro Guimarães, chefe de tráfego aéreo, que confirmou tudo, inclusive mais duas observações.