Mogi das Cruzes, com cerca de 350 mil habitantes, é um dos municípios que integra a Área Metropolitana da Grande São Paulo, localizando-se a pouco mais de 50 km do marco zero cravado no centro da capital paulista. Proliferam na cidade, assim como em todo o Brasil, os pesqueiros do tipo “pesque-pague”, hoje supervisionados pela Administração Municipal e Secretaria Estadual do Meio Ambiente local. Foi num desses lugares que, na madrugada do dia 26 de maio de 1999, Valdair Alcântara Maciel, 27 anos de idade, passou pela experiência mais marcante de sua vida, que a presente reportagem esclarece. Maciel trabalha como vigia noturno há aproximadamente três anos no Pesqueiro do Rubinho, localizado no Bairro do Rodeio, área densamente habitada que está a cerca de 3 km do centro da cidade, em um pequeno vale da Serra do Itapeti, maciço montanhoso que corta o município, distante somente 800 m de movimentada Avenida Perimetral.
O pesqueiro possui dois grandes tanques e funciona 24 horas por dia. Na referida data, o local estava totalmente tomado por intenso nevoeiro característico da localização geográfica. Aproximadamente às 03:00 h, Maciel, que prefere ser chamado pelo apelido de Mineirinho, estava acompanhado por três cães de guarda quando o fato se sucedeu. Não havia clientes no pesqueiro, por isso ele assistia a um programa na pequena televisão que levara para passar o tempo, instalada no interior de um galpão que serve de salão de festas. De repente, notou que na direção do lago uma forte luminosidade se pronunciava, tornando visível toda a área, tamanha era sua intensidade. Intrigado, Mineirinho percebeu que os cães imediatamente puseram-se em alerta, saindo em disparada do galpão. Entretanto, para sua surpresa, os cães deram meia volta e retornaram imediatamente para sua companhia – o que não é comum, uma vez que os mesmos foram treinados para caça e vigilância, não se sentindo intimidados por qualquer coisa.
O curioso é que os animais não estavam assustados, mas calmos, e sequer obedeceram ao seu comando para que dali se retirassem. Posteriormente, este autor pôde verificar que os cães são extremamente obedientes, inteligentes e adestrados, atendendo a qualquer ordem do vigia, mesmo monossilábica. A luminosidade continuava intensa, vinda do lado leste do pesqueiro, um pouco acima das árvores circundantes do lago principal.
Mineirinho saiu do galpão e viu que a luz provinha de um objeto redondo, sem contornos definidos, de cor alaranjada e do tamanho de um carro do tipo Fusca, que executava uma manobra de aproximação lenta e silenciosa. Apesar do forte nevoeiro na ocasião, a testemunha afirmou que tudo ficou “claro como o dia.” O objeto luminoso – ou “bola de luz,” como ele preferiu chamar – aproximou-se do primeiro tanque de peixes, sem modificar sua altitude. Chegando ao centro deste, iniciou uma descida lenta a até 3 ou 4 m da superfície da água, sem mudar de tamanho ou de cor, e ali permaneceu parada por alguns instantes. O vigia não conseguiu fixar sua visão diretamente no UFO, aparentemente porque o mesmo lhe ofuscava muito, “como se fosse o reflexo do Sol num espelho,” conforme declarou.
Reflexos Fortíssimos – Atônito, sem saber como proceder, protegeu seus olhos e deu as costas para o objeto, notando que na parede do escritório, em frente e em toda sua volta, eram projetados reflexos fortíssimos da água do lago na cor branca ou incolor, semelhantes aos que seriam provocados pela luz solar. Enquanto isso, os demais locais atingidos diretamente pela luminosidade vinda do objeto eram tingidos de um laranja-avermelhado. Cada vez mais sem saber o que fazer, mas sem sentir medo, Mineirinho pensou em ligar para Rubens, proprietário do pesqueiro. Pelo telefone, este advertiu o vigia, que quase chorando tentava descrever o que se passava à sua frente. Sarcasticamente, Rubens mandou-o cobrar a taxa de permanência no local – de R$ 25,00 – para o ET, “se ele quisesse pescar durante o período…” Ironias à parte, o proprietário sabia que a visão de luzes não era um fato raro, já tendo ocorrido outras vezes, conforme mais adiante será exposto.
O patrão, apesar de não dar atenção à ocorrência, disse para Mineirinho ligar para a Polícia Militar, no número 190. Nesse momento, o objeto começou a subir, emitindo um ruído semelhante a um transformador comum de poste elétrico, porém mais suave, retornando à sua altitude inicial e partindo em direção ao outro tanque. Segundo Mineirinho, quando o UFO passou sobre dois altos pés de eucalipto, chegou a chamuscar suas copas.
Novamente a nave desceu no centro do lago, flutuando também a 3 ou 4 m de altitude. Não se deteve naquele local por longo tempo, recuperando altura e dirigindo-se a uma fonte de água, ainda na propriedade e localizada em uma parte com mata fechada, local de difícil acesso mesmo durante o dia. “Ao aproximar-se de uma bica d’água”, de acordo com Mineirinho, “o objeto parou de emitir luzes em todas as direções, tendo a luminosidade se concentrado e dirigida especificamente para a vegetação.” Deve-se salientar que o nevoeiro continuava bastante espesso e, da posição onde se encontrava o vigia (próximo ao galpão), não seria mais possível observar o UFO a partir do momento em que adentrou na mata, somente sendo visível a luz emitida pelo mesmo. Mineirinho afirmou imaginar que aquilo significava o provável pouso da bola de luz próximo à fonte.
Ele se dirigiu ao local, parando em frente à cerca de bambu que isola a trilha de acesso à citada fonte. Ali há uma picada íngreme e escorregadia, num local escuro e cercado de grandes arbustos por todos os lados. Apesar de afirmar não estar com medo, sentiu-se impelido a retornar ao galpão devido ao que descreveu ser uma “força interior.” Voltou ao escritório e ligou para o 190, mas o atendente da Polícia Militar, tratando-o com cortesia e educadamente, mandou que avisasse o Corpo de Bombeiros, já que pela descrição do fatos o caso era de incêndio e não crime. Quando estava ligando para os bombeiros, a luz voltou a subir – o que o fez desligar o telefone –, adquirindo um curso vertical até sumir de vista. Segundo Mineirinho, essa história aconteceu durante cerca de dez minutos. No dia seguinte, o dono do pesqueiro chegou e, comprovando que o vigia estava falando sério, resolveu partir em sua companhia para verificar se o objeto havia deixado vestígios.
Areia e Barro – Mineirinho indicava a direção e ambos se depararam com sinais de um suposto pouso, no mesmo local onde ele afirmara ter visto a luz baixar. “É macumba,” sentenciou Rubens. Todavia, Mineirinho, acostumado a
identificar e seguir qualquer tipo de rastro, contestou tal afirmativa pelo fato de que não havia sinal de pegadas no local, onde o solo é composto de areia e barro (firme, mas ainda assim barro), e portanto facilmente suscetível de ser marcado. Além disso, uma pequena mureta de tijolos encontrava-se quebrada de maneira intrigantemente uniforme, sem aparente motivo. Descartada a hipótese de ser tal evidência proveniente de qualquer trabalho de feitiçaria ou despacho, o proprietário contatou um pesquisador local, Cícero Buark, que por sua vez comunicou o incidente aos dois jornais da cidade. Destes, somente o Mogi News, através de um belo e isento trabalho realizado pela repórter Lídia Sanches, realizou uma completa reportagem sobre o acontecido, colhendo depoimentos da testemunha e do dono do pesqueiro, e abstendo-se de tirar conclusões precipitadas, limitando-se a noticiar o fato. As fotos do local mostram um círculo estranho no chão, assim como moldes das supostas marcas de sapatas de um eventual trem de pouso, com profundidade de aproximadamente 5 cm, podiam ser notadas. Somente no dia 30 é que foi possível o comparecimento ao local dos ufólogos Claudeir Covo, Ricardo Varela, Wallacy Albino, Edison Boaventura Júnior e outros, colhendo mais material para análises. Infelizmente, a área já estava irremediavelmente prejudicada pela ação do tempo e dos curiosos [Veja box nessa matéria], o que certamente irá atrasar o resultado das pesquisas.
Tropeços e chacotas à parte, o depoimento do vigia é contundente. Em nenhum momento caiu em contradição e emociona-se ao relembrar o acontecimento. É pessoa simples e honesta, conforme afirmou seu patrão, que o tem em grande consideração. Rubens disse que pelo estabelecimento já passaram mais de vinte funcionários e somente Mineirinho conseguiu adaptar-se adequadamente. Caçador desde criança, o vigia afirma que mesmo na escuridão embrenha-se pela mata – ou “capoeira,” como ele denomina – com seus cães para uma pequena caça, como se fosse dar um passeio. Foi numa dessas aventuras anteriores que Mineirinho deparou-se com a mesma luz alaranjada, só que a baixa altitude, entre as árvores. Cansado de tanto mistério, chegou a disparar um tiro de revólver nela, que estava a mais ou menos 15 m de distância, mas não houve qualquer reação ou alteração da mesma, que somente partiu após alguns instantes.
O vigia afirma também que desde que começou a trabalhar no pesqueiro, há quase três anos, vem presenciando o aparecimento da referida luz que, encoberta pelo nevoeiro, surge sempre sobre a mesma árvore (um pinheiro) e faz evoluções sobre o lago. Inquirido, ele diz que o objeto, a não ser nesta oportunidade, nunca havia baixado porque somente realizava acrobacias à altura correspondente à copa do arvoredo. “Ele vinha até o primeiro lago, desviava seu curso para a direita por alguns metros, voltava pelo mesmo caminho e partia na direção de noventa graus de onde tinha surgido, aparentemente dirigindo-se à serra”, completou. Seu patrão confirmou ainda que toda vez que a luz aparecia Mineirinho ligava para sua casa, mas nunca deu importância aos fatos. Ele disse também que agora está até providenciando uma filmadora para deixar com o funcionário.
Lapso de Memória – Alguns pescadores, clientes habituais do lugar, segundo afirma Rubens, também presenciaram alguns acontecimentos. Outro fato interessante deu-se nos dias 30 e 31 daquele mês, quando Mineirinho afirma que teve um inexplicável lapso de memória, só se dando conta disto quando chegava ao pesqueiro para trabalhar, às 19:00 h. Ele diz que simplesmente não sabe e não se lembra do que fez durante o período diurno destes dois dias, onde esteve em companhia somente de seu filho de seis anos. Sobre o dia 26 resta aguardar o término das análises que estão sendo feitas pelo Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), através do ufólogo Ricardo Varela, para que se tenha uma noção do que realmente ocorreu naquela madrugada. Ainda hoje existem indícios e vestígios de uma depressão que, segundo o estudioso, apresenta solo revirado, sem sinais de compressão, e de alguma lâmina ou parte de algum instrumento que a provocou.
A equipe do INFA por enquanto não se convenceu do pouso, mas o avistamento propriamente dito é tido como certo, conforme afirmou o co-editor de UFO e presidente da entidade Claudeir Covo, numa lista de discussão ufológica na Internet. “E se foi um pouso real, o objeto não tinha mais do que 3 m de diâmetro, considerando-se as circunstâncias encontradas no local”, completou Covo. Atitude mais que sensata a ser adotada é aguardar os resultados dos exames. Em se tratando de Ufologia tudo deve ser pesado, medido, ponderado e examinado com muito cuidado, sob pena de cometerem-se equívocos catastróficos, como os da autópsia do ET de Roswell e, mais recentemente, a queda de um UFO na ex-URSS. A análise detida e minuciosa dos fatos, por parte de pesquisadores que não se deixaram levar pela empolgação, é essencial num caso desses.