Pela primeira vez na história moderna e em termos coletivos, a objetividade mundana ou o “mundo material” está apresentando, até certo ponto e inserido nele mesmo, um fenômeno que não se deixa aprisionar, controlar, manipular, explicar, descrever-se pelo homem, observador pensante. E este fenômeno é exatamente a presença dos UFOs ou discos voadores – naves ou veículos concebidos, projetados, construídos e manejados por seres de outras civilizações do Universo. Como dizia o falecido ufólogo e professor Felipe Carrion, autor de vários best-sellers ufológicos, “eles, os UFOs, são imprevisíveis, perturbadores, surpreendentes e indecifráveis”.
Da Magia à Alquimia – Ocorrências parecidas com as manifestações ufológicas, embora não ao ar livre, já se deram e continuam se dando em todos os lugares, só que em pequena escala, no âmbito da Magia, do Espiritismo. da Parapsicologia, da Metupsíquica e da Alquimia. Aqui, o observador humano, utilizando certos modos de pensar e atuar e valendo-se principalmente do meio saber-sentir, geralmente, participava do milagroso, do incrível e notável, quase conseguindo explicá-lo em termos racionais. No nosso entender, a imprevisibilidade e o constante enigma indecifrável dos UFOs está ligado à nossa precaríssima maneira de conhecer.
Platão, filósofo grego da antiguidade, alegou que a possibilidade cognoscitiva do homem comum – ou o seu perceber – se igualava à daquele homem que, dentro de uma caverna, dava as costas para a entrada e só ficava observando as sombras das pessoas, animais e fatos que aconteciam projetados no fundo da parede de seu habitat. Tal homem nunca via acontecimentos que se desenrolavam fora da caverna, de modo direto. A esta maneira errada de enxergar e perceber o mundo, Platão chamou de “doxa”. É o mesmo que dar opiniões infundadas, ver sombras e aparências ou, ainda, unicamente o empirismo. O certo, para ele, era o homem voltar-se ou até mesmo sair da caverna para ver as pessoas. Os animais, as coisas e os acontecimentos diretamente. A isso ele chamou de “episteme” ou reto conhecimento.
A Ciência moderna, com todo seu aparato, acreditou ler feito exatamente isso: olhar diretamente as coisas e seres. Inclusive intercalou aparelhagens, experimentações laboratoriais e equacionamentos matemáticos. Com tudo isso, acreditou ainda ler melhorado sobremaneira o episteme platoniano ou o conhecimento humano; mas também se enganou. Evidentemente, a Ciência nunca se preocupou em captar as idéias primordiais de Deus ou os arquétipos mentais do homem, como dizia Platão, Pelo contrário, só quis decifrar diretamente as coisas materiais e tangíveis, em todos os seus aspectos, ignorando por completo tudo o que fugisse â esta regra obtusa.
Erro Lamentável – O enfoque científico resultou num lamentável logro do saber, bom apenas para arremedar a objetividade imediata. Não pode garantir ao homem que sua maneira milenar de observar e conhecer, e inclusive a visão científica das coisas, resultam em episteme ou conhecimento verdadeiro. Uma simples observação crítica da metodologia científica demonstra quais são os erros capitais da teoria d i conhecimento vigente:
(1) A pretensa separatividade entre sujeito e objetivo de todas as ações. Em verdade, sujeito e objetivo são uma interdependência ou uma ” não dualidade”. O que se modifica no sujeito, se modifica no objetivo também e numa proporção direta de suas ações.
(2) O erro de se considerar o espaço (as dimensões) e o tempo como dois receptáculos universais nos quais as coisas, seres e eventos se desenrolam, quando não há nem espaço, nem tempo físico. Em vez de coisas e seres no espaço e no tempo, haveria apenas situações com espaço-tempo próprios. Os seres que convencionou-se chamar de extraterrestres, por exemplo, encaixam-se nesta condição como criaturas representantes não de um plano “extra” em si, mas, ao invés disso – ou mesmo ao invés de “intra” ou “ultraterrestres”, como querem alguns pesquisadores -, seriam extra-situacionais. Proveriam de situações vitais diferentes.
(3) O erro de se considerar as coisas absolutamente materiais e permanentes, quando elas são formas-nomes impermanentes e insubstanciais, mais espírito do que energia. Daí porque os UFOs são tão imprevisíveis e conturbadores. Parecem espírito e matéria, ao mesmo tempo.
(4) O erro de se achar que a lógica-razão não nos engana, mormente quando ela se vale do cálculo matemático, geométrico, físico-químico e de aparelhos laboratoriais e instrumentação intermediária. E inútil valer-se de toda essa parafernália se ninguém compreendeu, em si mesmo, quão benigno ou maligno pode ser esse falso “tornar-se cônscio” em todos nós e que, em última instância, é exatamente o nosso querido “eu” ou ego, que de querido não tem nada.
(5) O erro de se achar que são os sentidos os que nos enganam, quando o que verdadeiramente nos engana é aquele “ego bandido” que os criou, recriou e os manipula, graças a um discurso interior.
(6) O erro de se achar que tudo foi criado ou por Deus ou pelo acaso, e que, portanto, tudo teve começo, tem continuidade no “hoje de 24 horas” e tudo terá fim. A existencialidade vital fulgura, como fazem os UFOs, e nunca persistem.
Aimée e Ribera – Certas escrituras budistas dizem que todo homem condicionado é como ele em seu meio ambiente: igual à uma caverna escura onde não se distingue nem a parede dos fundos, nem a entrada. E dizem, também, que tanto o homem quanto o seu meio se convertem em luz quando nele arde a tocha da intuição espiritual, ou do conhecimento direto, que é o ” saber-sentir-intuir”.
Existem duas maneiras básicas de se conhecer as coisas: a direta (sentir-saber-intuir), que poucos usam, e a indireta (mal sentir-pensar-racionar) que, infelizmente, quase todos usam.
Aimée Michel, pioneiro da Ufologia mundial, matemático francês e grande pensador, disse que “um bom ufólogo deve ter a mente aberta para tudo e não deve crer em nada”. Em verdade, não existe nenhum ego ou “eu” que precise ter a mente aberta; e esse “eu” ou ego revelar-se-á ainda mais astuto e desonesto se começar a descrer feito um Descartes racionalista. A “mente-ego”, que se abre ou que descrê, não vale absolutamente nada. É preciso, isto sim, purificar a mente de todos os seus entulhos inúteis que lhe fazem ver e reconhecer o que ela mesmo recria e sobrepõem.
Neste sentido, Antônio Ribera, ufólogo de renome na Espanha, foi bem claro ao dizer que “quando estudamos o Fenômeno UFO com critérios puramente físicos, só chegamos a algum resultado porque os UFOs têm componentes mágicos e psíquicos que nos fogem. Se estudarmos, então, sob o prisma da Psicologia e da Parapsicologia, ainda haverá algo que, de novo, nos faltará, porque o meio ambiente, como os efeitos eletromagnéticos, as marcas de aterrissagem, os efeitos psicossomáticos n
os seres humanos e biológicos sobre os animais, a captarão pelo radar, as fotografias, os filmes etc, são apenas peças do quebra-cabeças. Falta-nos a hipótese geral”. Essa hipótese só será formulada com felicidade quando a mente se desfizer de seus “entulhos”.
Taoísmo e Vallée – Dizia Chuang Tsé, sábio taoista de 2300 anos atrás: “O sábio de verdade utiliza sua mente como um espelho. Se a mente permanecer passivamente em seu lugar e devolver, sem escamoteios e trapaças, o que receber, não perderá seu centro ou sua pureza original, nem se personificará egoisticamente. E graças a isso poderá vencer as coisas sem as ferir e conquistá-las sem as difamar”. Declara, Jacques Vallée, nomadíssimo ufólogo franco-americano dedicado à questões internas do cognoscimento ufológico: “As fronteiras do inacreditável já foram penetradas tanto por relatórios descrevendo experiências e fenômenos que parecem precedentes no história científica, como também por explicações ou, no mínimo, reformulação dos conceitos em vigor…” E por que não?
Vallée continua: “Quando os arquétipos subjacentes são extraídos, o mito do disco voador parece coincidir expressivamente com os contos de fadas dos países celtas… com milagres religiosos e com a crença muito difundida em todos os povos a respeito de entidades cujas descrições físicas e psicológicas as colocam na mesma categoria dos atuais ufonautas”. Está claro: não há mundos definitivos, mas sim situações mutantes onde cabe de tudo. Qual o significado destas seculares manifestações ufológicas? Como reconciliar dados aparentemente tão contraditórios? Parece-me que qualquer solução para isso depende exclusivamente do surgimento de novos conceitos, o que ocorrerá quando nossa visão do mundo estiver suficientemente iluminada. Enquanto isso, o mínimo que podemos deduzir é que tudo o que observamos e rotulamos de Fenômeno UFO tem unicamente o propósito de mudar o destino humano quando nos dá provas de nossas limitações técnicas e intelectuais.
Novas Idéias, Novos UFOs – O surgimento de novos conceitos apenas refará o mundo de outro modo, reforçando a mentira. Mas não nos ajudará a explicar o enigma dos UFOs e o do mundo verdadeiro – já que, com certeza, ambos são enigmas, mas um, o último, parece-nos conhecido. Nenhuma teoria sobre os UFOs poderá ser considerada aceitável se não levar em conta os efeitos psíquicos emanados por tais veículo – relação esta ignorada durante anos, tanto por ufólogos como também por parapsicólogos, infelizmente. Não há uma mente humana que encare os UFOs separados dela mesma; há uma interdependência entre o UFO em si e o “pensamento reconhecedor”. A influencia aí é, naturalmente, recíproca.
Disse muito a propósito dessa importante questão o pesquisador e conferencista Osni Schwarz, uma das cabeças mais privilegiadas da Ufologia Brasileira, mas infelizmente falecido em julho deste ano:
“…Estamos atolados em várias questões e parece que, à medida em que raciocinamos em sua solução, afundamo-nos cada vez mais em nosso mar de ignorância, certificando- nos dolorosamente da nossa pequenez e limitação…” (Editor: Veja citação do trabalho de Osni Schwarz na fim do texto – referência UFO nº 3)
Respostas ao Enigma – Osni tem toda razão quando enxerga nossa pequenez ante ao enigma ufológico. Aliás, esse estado de coisas é provocado pela nossa porca lógica dualista que nunca consegue transcender o a do b ou o pretenso certo do não menos pretenso errado. “A forma fisiológica mais comum dos ufonautas observados por testemunhas terrestres” – lembra Osni – “tem sido aquela do ser baixinho, de até, 1 metro ou 1 metro e meio de altura, com cabeça grande, nua ou calva, e desproporcional com relação ao corpo”. Esta criatura os ufólogos, com a melhor das intenções, denominaram de “Entidade Alfa”. Por que? Porque esse é o prevalecimento do modelo mental vigente. Ao que parece, os ufólogos cansaram-se dos seres angelicais.
Osni vai mais longe em sua rude, mas acertada, análise da situação da Ufologia: “As atitudes desses tais seres Alfa são mais estranhas do que suas aparências. Ora evidenciam um programa premeditado de contato com o ser terrestre, ora lhes faltam estratégia até para uma simples abordagem às suas testemunhas oculares. Na maioria das vezes, parecem se comportar inteligentemente; em outras, inexplicavelmente imbecís. Verdadeiras charadas infantis. Quem são eles? Com certeza não são os mesmos que foram confundidos com deuses no passado, pois, na maioria, suas aparências, estão mais para demônios do que para anjos.”
Dentro de sua análise, Osni refuta as hipótese mais comuns da Ufologia – e por absoluta falta de bom-senso:
(1) Centro da Terra e correlatos. À esta tese falta muita seriedade, além de um mínimo de bom -senso. Como podem os ETs estarem habitando nosso mesmo planeta há tantos milênios e nem sequer sabermos…
(2) Viajantes do tempo. Já esta tese carece de um mínimo de amparo científico-lógico. Não lemos – o conjunto das modalidades cientificas – condições para comentá-la.
(3) Do nosso sistema planetário. Desde que não sejam de Ganímedes, Marte, Vênus, etc, orbes já muito “batidos” pelas chamadas seitas ufológicas como lares de civilizações extraterrestres espirituais (sic).
(4) De planetas orbitando estrelas próximas. Esta tese – a mais acertada – conta com uma chance de 3% de probabilidades, conforme os astrônomos.
(5) Universos paralelos. Não conhecemos ainda nem o nosso universo, que dirá outros, paralelos ou não…
Situações Vitais – Tais r
efutações, mesmo que dentro de um prisma inquisitivo e crítico, podem ser totalmente descabidas. Na década de 50, alguém disse ter mantido contato com um ser de Saturno, outro contatou seres de Vênus, outro já fez amizade com mais criaturas de Marte, outros ainda de Ganímedes, e assim por diante… E por que não? Desde que Saturno, Vênus, Marte, Ganímedes, etc, sejam situações vitais e não necessariamente planetas.
Osni Schwarz alega, ainda, que o comportamento dos ETs é dúbio, ou por acaso ou de propósito, para nos confundir. E salienta: “Há algo podre na questão ufológica… de muito podre”. Só que o pesquisador não percebeu, como outros também não, que esse “algo podre” é exatamente o nosso ego-pensamento, nada mais. E algo dentro de nossa cabeça, dentro do nosso conjunto de comportamento, e não da origem do Fenômeno UFO em si.
Terminaria este pequeno artigo reflexivo citando, ainda, as conclusões mais óbvias para a origem e manifestação de seres extraterrestres em nosso meio, ainda usando nosso colega Osni Schwarz:
(1) Somos visitados constantemente por povos diferentes que quase nunca voltam à Terra.
(2) São estereótipos de uma história psíquica dos seres humanos, que sempre começa da mesma maneira, mas que em poucas oportunidades tem continuação. São gerados pela psique humana e, portanto, não existem de fato.
(3) Alguém ou algo está querendo nos confundir por algum motivo incógnito e nada interessante para nós.
Leitura recomendada pelo Editor:
(1) Várias publicações editadas pelo Centro para Pesquisas de Discos Voadores (CPDV) – responsável por UFO trazem interessantes matérias sobre assuntos relacionados à interpretação psico-filosófica da Ufologia e intenção dos ETs. Entre elas destacamos as seguintes edições, que podem ser obtidas em forma original ou cópia xérox.
• Ufologia Nacional á Internacional n° 3, de agosto de 1985: Texto de Carlos A. Reis sobre UFOs, do ponto-de-vista de um mito moderno.
• UFO nº 3, de maio de 1988, dois textos excelentes: Trabalhos de Waldo Luiz de Faria Viana, sobre a questão da interpretação ufológica, e de Osni Schwarz, citado neste artigo, sobre o comportamento dos ETs.
• UFO n° 4, de julho de 1488: Trabalho de Carlos A. Reis, sobre a Sociologia da Ufologia.
• UFO Especial n° 2: Trabalho aprofundado de Jáder U. Pereira, sobre o comportamento dos extraterrestres, com descrição completa dos tipos já observados em todo o mundo.
(2) Há uma série de trabalhos interessantes ligados à interpretação da casuística e do comportamento dos extraterrestres cm nosso meio, especialmente quando entram em contato ou quando seqüestram humanos. Estes textos podem ser encontrados nos Anais (Proceedings) dos Congressos Anuais de Contatados dos EUA, uma série de conferências realizadas na Universidade do Wyoming, Montanhas Rochosas, em que participam quase exclusivamente contatados de todo o mundo. São as seguintes as edições mais recomendadas e que podem ser obtidas no Brasil através do CPDV:
• Anais do Congresso de Contatados de 1981, 288 páginas, código de referência: AN-04.
• Anais do Congresso de Contatados de 1982, 120 páginas. código de referência: AN-05.
• Anais do Congresso de Contatados de 1983/1984, 158 páginas, código de referência: AN-06.
• Anais do Congresso de contatados de 1W, 120 páginas, código dc referência: AN-08.
• Anais do Congresso de Contatados de 1987, 48 páginas, código de referência: AN-09.
Observação: Os textos desses Anais podem ser obtidos através do encarte das páginas centrais dessa edição
(3) Ufologia: Despertar de uma Nova Consciência, livro do ufólogo e conferencista Jaime Lauda, que pode ser obtido escrevendo-se ao endereço: Caixa Postal 90. 84100 Ponta Grossa (PR).