Uma das principais tarefas do telescópio espacial Spitzer da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), é “caçar” os objetos próximos da Terra (NEO na terminologia em inglês), asteróides que podem representar tanto interesse comercial e científico, quanto ameaças a nosso planeta.
A tarefa atual do Spitzer consiste em examinar 700 objetos NEO, e a NASA anunciou os resultados da vigilância sobre os primeiros 100. Para surpresa dos cientistas, a diversidade entre os diversos corpos analisados se mostrou muito maior do que se supunha antes. A pesquisa será publicada na edição de setembro da Astronomical Journal.
Devido ao fato do Spitzer ser um telescópio que trabalha na região ifnravermelha do espectro, ele conseguem obter informações mais acuradas sobre esses objetos, proporcionando informações precisas sobre sua composição e tamanho. Isso não é possível com telescópios óticos baseados em terra, que não conseguem diferenciar entre um asteróide grande e escuro, ou um pequeno e brilhante, já que ambos costumam refletir a mesma quantidade de luz.
Observações em infravermelho como as do Spitzer conseguem determinar a temperatura do asteróide, o que auxilia o astrônomo a estimar o tamanho e composição do objeto. Um NEO grande e escuro tem maior temperatura do que um menor e mais brilhante, pois absorve maior quantidade de luz do Sol.
O líder do estudo, David Trilling da Northern Arizona University, de Flagstaff, espera poder finalizar as observações dos demais 600 asteróides no próximo ano. São conhecidos atualmente cerca de 7.000 NEOs, e estima-se que o número total esteja em dezenas ou centenas de milhares.
Afirma Trilling: “Conhecemos muito pouco a respeito das características dos objetos próximos a Terra. Nossas informações nos dirão mais sobre essa população, e como isso muda de um objeto para outro. Essas informações poderão ser usadas para planejar futuras missões espaciais para estudar esses asteróides“.
Conforme publicamos, a NASA planeja lançar uma missão tripulada com destino a um ou mais asteróides próximos da Terra por volta de 2025, e obviamente os novos dados permitirão escolher com precisão os destinos desses vôos. As observações do Spitzer também mostraram que alguns dos objetos menores possuem um albedo surpreendentemente alto. Albedo, aliás, é a medição de quanta luz do Sol um objeto reflete.
Como as superfícies de asteróides se tornam mais escuras com o tempo, devido a exposição a radiação solar, superfícies mais brilhantes podem dar pistas a respeito da idade desses objetos. Ou seja quanto mais brilhante, mais jovem. Ao mesmo tempo, a diversidade entre os asteróides observados pode evidenciar que eles possuem diferentes origens.
Alguns poderiam vir do Cinturão existente entre Marte e Júpiter, enquanto outros podem ter sido desviados de regiões mais distantes de nosso sistema solar. As diferenças igualmente sugerem que os mesmos materiais que formaram os planetas também formaram esses corpos, misturados bem cedo na história da família solar. Eles são na verdade restos da formação do Sol e dos planetas, e podem contar a história de como se formaram.
Sabe-se ainda que asteróides guardam reservas de materiais úteis, especialmente metais como ouro, alumínio, ferro e outros, sendo possível afirmar que no futuro não tão distante serão realizados esforços para minerar esses corpos. E obviamente, precisamos aprender mais a respeito deles, se um desses objetos for descoberto vindo na direção da Terra. Desviá-lo ou destrui-lo será vital para a sobrevivência da sociedade terrestre.
No futuro, observações tanto do Spitzer quanto do Wide-field Infrared Survey Explorer, novo telescópio da NASA, podem dar ainda mais pistas sobre o papel dos asteróides em dotar a então jovem Terra dos ingredientes básicos para a vida, e também de água. O Spitzer, após seis anos no espaço, em maio de 2009 utilizou parte de suas últimas reservas de líquido refrigerador a fim de esfriar seus sensores. Agora opera com um modo que os especialistas da NASA chamam de “morno”, a cerca de menos 243 ºC, mas ainda é capaz de conduzir observações científicas úteis.
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