Carl Edward Sagan nasceu em Nova Iorque, no dia 9 de novembro de 1934, tornando-se um dos nomes mais respeitados da ciência no século XX. Cientista, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor e divulgador científico, Sagan foi autor de mais de 600 publicações científicas, além de ter lançado mais de 20 livros de ciência e ficção científica — deixando seu nome marcado na história da humanidade e, com o surgimento das redes sociais, inspirando toda uma nova geração de entusiastas da ciência que seguem disseminando suas ideias na internet.
Sagan faleceu no dia 20 de dezembro de 1996 por conta de uma pneumonia, aos 62 anos de idade, dois anos depois de ser diagnosticado com mielodisplasia (condição em que há falência da medula óssea na produção de células que formam o sangue), mesmo tendo recebido três transplantes de medula óssea doada pela sua irmã.
Um pouco sobre a carreira de Carl Sagan
Durante sua vida, Sagan foi um ferrenho defensor do ceticismo e do método científico, promovendo também a busca por inteligências extraterrestres por meio do projeto Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI). Além disso, ele foi parte essencial na missão Voyager, elaborando o conteúdo dos discos de ouro que são uma espécie de “mensagem na garrafa” espacial. O cientista também fundou a Sociedade Planetária e passou grande parte de sua carreira como professor da Universidade Cornell, em Nova Iorque.
Ainda, foi autor e apresentador da premiada série Cosmos: Uma Viagem Pessoal, que estreou na televisão dos Estados Unidos em 1980, rendendo um livro homônimo com o conteúdo da série — que, por sinal, ganhou uma releitura atualizada chamada Cosmos: Uma Odisseia do Espaço-Tempo, apresentada por Neil deGrasse Tyson.
Na década de 1950, trabalhou como assessor da NASA, sendo um de seus feitos dar instruções a astronautas participantes das missões Apollo antes de partirem à Lua. Várias missões históricas da NASA contaram com Sagan em seus projetos, com o cientista ajudando a desvendar mistérios sobre a atmosfera do planeta Vênus — o que aconteceu na década de 1960, na missão Mariner.
Depois, ele analisou possíveis locais de pouso para a sonda Viking em Marte e foi um dos primeiros cientistas a idealizar a hipótese de que Titã (lua de Saturno) poderia abrigar oceanos líquidos e conter moléculas orgânicas complexas em sua superfície. Também foi pioneiro na ideia de que Europa (lua de Júpiter) abrigaria oceanos subterrâneos de água no estado líquido — o que foi confirmado posteriormente com a missão Galileo.
Sagan ao lado de um protótipo em tamanho real da sonda Viking (Foto: NASA)
E o entendimento sobre a atmosfera de Júpiter também tem um “dedo” de Sagan, que ajudou a ciência a entender as mudanças sazonais em Marte. Já quanto à Terra, o cientista abordou bastante a questão do aquecimento global, indicando que este era um perigo crescente e o comparando ao processo de efeito estufa sofrido por Vênus.
Claro que a carreira do cientista vai muito além dos exemplos citados acima, que são apenas alguns dos seus mais expressivos trabalhos, mas o fato é que Carl Sagan teve um papel singular no programa espacial dos EUA desde seu início, sendo, também, um dos maiores divulgadores de ciência que o mundo já viu.
Pálido ponto azul
No dia 14 de fevereiro de 1990, Sagan teve a ideia de redirecionar a câmera da sonda Voyager 1, voltando-a em direção da Terra. A ideia era aproveitar um ponto estratégico para que a sonda registrasse, de longe, os planetas do Sistema Solar (fazendo uma espécie de retrato de família). E, em uma das imagens que a NASA recebeu, vimos um pontinho azulado em meio à escuridão, que era a nossa Terra vista a 6,4 bilhões de quilômetros.
Este é o “pálido ponto azul” (Foto: NASA)
A foto histórica foi chamada de “pálido ponto azul”, com Sagan empregando seu dom poético para falar sobre a imagem:
“Olhem para esse ponto. Isso é a nossa casa. Isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de Sol”.
A declaração continua, e você pode conferi-la na íntegra no vídeo abaixo, com legendas em português:
E por falar em divulgação científica
Sagan se tornou um dos maiores divulgadores científicos da história moderna não apenas por ter profundos conhecimentos a respeito, mas especialmente pela sua incrível habilidade de transmitir ideias para as massas. Graças ao tom poético e por vezes romântico de Sagan, muita gente que nem dava bola para a astronomia passou a se interessar pelo assunto, absorvendo, de bandeja, pontos de vista sobre a sociedade, a humanidade e o futuro do planeta Terra.
Sua série Cosmos, por exemplo, abrangeu uma diversidade elogiável de temas científicos, incluindo desde a história da ciência e a origem da vida, até visões sobre o nosso lugar no universo. A produção rendeu um Prêmio Emmy e um Prêmio Peabody, sendo transmitida em mais de 60 países e assistida por mais de 600 milhões de pessoas na televisão (com esse alcance atingindo números “estratosféricos” graças à internet nos anos mais recentes). Cosmos, por sinal, foi o programa mais assistido na história do canal PBS.
A abertura do programa Cosmos por Carl Sagan:
Eu não quero acreditar, eu quero saber!
Cético que era, Sagan disse, em algum momento de sua vida, que ele não queria acreditar (em ETs, por exemplo), ele queria saber, ter certeza. O cientista dedicou grande parte de sua vida trabalhando em projetos com o objetivo de buscar por vida extraterrestre, nascendo, então, o projeto SETI, que usa radiotelescópios para “varrer” o céu em busca de sinais de rádio que não são emitidos naturalmente.
No meio científico, abordar a busca por ETs é, muitas vezes, “o prego do caixão” em uma carreira, mas isso não aconteceu com Sagan: persuasivo, em 1982 ele conseguiu convencer 70 cientistas de renome (incluindo sete vencedores do Prêmio Nobel) a assinar uma petição em defesa do projeto SETI, com tud
o isso sendo publicado na respeitada revista Science. Sagan também ajudou Frank Drake (o criador da Equação de Drake) a criar a Mensagem de Arecibo — uma sequência de sinais de rádio enviadas ao espaço em 1974 para tentar iniciar um meio de comunicação com civilizações inteligentes extraterrestres que por ventura estejam nos “ouvindo”.
Mais do que ninguém, Carl Sagan nos deu razões para esperar pela comprovaçao da verdade. Durante a Guerra Fria, ele reduziu os conflitos que ameaçavam nossa própria existência a sua escala apropriada quando vistos da perspectiva do universo. O “ponto azul pálido”, que ele popularizou em Cosmos, ofereceu uma perspectiva desesperadamente necessária para a humanidade, lembrando-nos que, de todo o caminho até lá, nossas guerras e nossas conquistas eram insignificantes contra o grande oceano de nebulosas, estrelas distantes e galáxias distantes. E em sua discussão sobre a Equação de Drake, ele nos mostrou que era muito mais urgente que depositássemos nossas armas, preservássemos nosso planeta e trabalhassemos juntos para construir uma civilização digna da chamada do cosmos quando viesse. Ele tinha certeza de que estava chegando e, mesmo agora longe, nos faz acreditar também.
Fonte: SETI, Canaltech, Interestingengineering.com
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