Muito se tem escrito acerca do perfil do contatado e do abduzido. Hoje é praticamente clara a distinção desses termos na Ufologia, e diversos investigadores renomados nos demonstram tal diferenciação. Mas, não conheço quem já tenha feito uma abordagem sobre o que é um ufólogo e quais suas características. Com efeito, torna-se necessário estabelecer quem é quem nessa terra de ninguém – como já aludido por alguns – e quais seriam os requisitos mínimos para que uma pessoa possa se considerar um ufólogo.
Se pesquisarmos os termos em relevo, veremos que o sufixo “logia” significa conhecimento ou estudo de tudo aquilo que se relaciona à arte ou ciência designada pelo prefixo do vocábulo. Assim Astrologia vem a significar a arte de analisar o comportamento humano, comparado com o estudo da posição dos astros. Entretanto, com uma conotação específica e diferenciada da Astronomia, que é, segundo a definição léxica, a ciência que estuda apenas os astros, sem preocupar-se com sua influência no comportamento humano.
O termo UFO é recente no cenário da literatura. Ele é uma sigla ou abreviação da expressão da língua inglesa Unidentified Flying Object. Tal sigla tem se popularizado mundialmente, ao ponto de o termo UFO já ter entrado para a literatura brasileira, como substituto da antiga terminologia “disco voador”, usada na década de 50 a 60 – embora, talvez por saudosismo, goste de ouvi-la vez por outra.
Assim, substituiu-se a expressão disco voador, quiçá por comodismo de pronúncia ou por melhor definição do fenômeno (pois nem todos os objetos aéreos não identificados têm formato discóide), difundindo-se o termo UFO e tendo-o então como algo concreto, um substantivo, uma raiz e um prefixo dos termos Ufologia e ufólogo. Ufologia seria então a arte ou ciência que estuda os UFOs. E ufólogo seria aquele que se dedica ou pratica a Ufologia. Popularizou-se primeiramente o termo, para depois vira ser pública e notória a arte ufológica e o artista também. Mas o pior é que com a popularização dessa arte (Ufologia), veio a massificação também do artista, o ufólogo.
Fenômenos paranormais – Mas como poderíamos classificar a Ufologia (em ciência, religião, seita, fenômeno parapsicológico coletivo ou individual etc)? Em verdade, o fenômeno que vem por trás dos estudos, às vezes, parece que se apresenta multiforme, com conotações de ciência, religião, seita e manifestações psíquicas, sendo característico para algumas pessoas a quem se apresenta a produção de fenômenos paranormais, como telepatia, premonição, telecinese e muitos outros.
O fenômeno ufológico apresento estranhas peculiaridades e circunstâncias, as quais, devido à sua não compreensão, geraram uma variedade de grupos, pesquisadores, contatados, lideres apocalípticos, gurus e videntes. Seria então tudo isso a chamada Ufologia? Basta uma análise mais fria para vermos que não
Estamos falando evidentemente de um modo genérico, e não particular, para justamente não induzir o leitor a crer que as classificações condizem com os casos mais conhecidos e divulgados no cenário dos acontecimentos “místicos” da Ufologia – para os quais temos grandes restrições. O que queremos dizer é que às vezes um abduzido pode manter com entidades desconhecidas, provavelmente de origem extraterrestre, uma telepatia durante, por exemplo, o período de sua abdução. Também poderá à após o contato apresentar algumas características de produção de fenômenos paranormais, embora seja muito raro tal acontecimento.
Além disso, o fenômeno já provocou o surgimento de inúmeras associações com conotações místico-religiosas, adotando-se preceitos e dogmas, algumas chegando às raias do fanatismo, ou até mesmo da loucura. Como, por exemplo, é o caso dos seguidores da seita de V. A. e de Marshall Herff Applewhite (casos de homicídios envolvendo crianças e de suicídio coletivo – na época da passagem do cometa Hale-Bopp). Mas então o que vem a ser realmente a Ufologia?
Fórmula mágica – O fenômeno ufológico apresenta estranhas peculiaridades e circunstâncias, as quais devido à sua não compreensão geraram uma variedade de grupos, pesquisadores, contatados, líderes apocalípticos, gurus e videntes. Seria então tudo isso a chamada Ufologia? Sem embargo, misturar tudo em um cadinho e retirar a fórmula mágica da definição pesquisada seria um grande simplismo, senão uma parvoíce de nossa parte. Basta uma análise mais fria e reflexionada para sabermos que isto é impossível para definir o que seja a Ufologia.
Louve-se aqui a atitude de alguns renomados pesquisadores, que não dispensam o estudo do paranormal para conseguir um melhor entendimento do fenômeno. Mas nenhum deles, com efeito, veio a fundar uma seita ou religião ufológica. Limitam-se apenas a usar as paraciências ou ciências metafísicas como subsídio de sua pesquisa. Seria isto conciliável? Com quem estaria a razão? É a Ufologia uma ciência ou paraciência, ou seria apenas com a pesquisa psíquica que poderíamos chegará interpretação definitiva do Fenômeno UFO? A manifestação ufológica, além de intrigante, apresenta-se praticamente desconhecido em sua essência.
Parece lógico admitir-se que a hipótese mais provável para sua explicação parcial seja a origem extraterrestre dos objetos voadores não identificados e seus ocupantes. Mas o fenômeno não pára aí, não se limita ao contato de primeiro grau, qual seja o avistamento de uma nave identificada (artefato não natural, anticonvencional, desconhecida da ciência, da astronáutica e da aeronáutica).
A título de ilustração, é célebre a terminologia e metodologia de pesquisa criada pelo astrofísico J. Allen Hynek – contatos imediatos de primeiro, segundo e terceiro graus. Quis ele definir com isto que o simples avistamento de um UFO, que fosse suficientemente próximo para discerni-lo como tal, seria um contato de primeiro grau.
Já o avistamento mais próximo, com algumas repercussões, como observação de pouso, descreve o segundo grau. Quando há observação de tripulantes e outros detalhes classificar-se-iam como de terceiro grau. Com o passar dos anos, desde o avistamento de Keneth Arnold em 1947, sobre o Mont
e Rainier, deflagrador da famosa expressão “flying saucer”, o fenômeno tem evoluído do simples reconhecimento mundial dos avistamentos de I° grau para os contatos de 3° grau e suas implicações com o ente humano. Os contatos de 3° e até de 4° graus, em especial as abduções, hoje são uma realidade na Ufologia, e seus aspectos envolvem uma espécie de interação entre os alienígenas e os terráqueos.
Contatos imediatos – Sobre essa classificação, pelo menos o pesquisador Claudeir Covo, presidente do Instituto Nacional de Investigação de Fenômenos Aeroespaciais (INFA), e este autor compartilham da opinião de ser ainda totalmente válida a classificação de Hynek, embora vários ufólogos já preguem que os contatos imediatos vão até o 9° grau. Claudeir, com bastante propriedade, acrescenta apenas o quarto grau, que se refere às interações das entidades alienígenas com o ser humano, como no caso das abduções.
Cremos que o famoso cientista americano parou sua classificação no terceiro grau apenas porque na época de sua pesquisa ainda eram pouco conhecidos os casos de abduções, sendo conseqüentemente a maior estatística existente e investigada do fenômeno até o terceiro grau.
É justamente sob o prisma dessa interação que surgiram as mais diversas hipóteses explicativas para a interpretação do intuito extraterrestre. Vão desde as intenções missionárias, dogmáticas e religiosas dos ETs, envolvendo mensagens espirituais e apocalípticas, até o simples apoio laboratorial, podendo coexistir com uma conotação de hostilidade, devido aos traumas físicos e psicológicos suportados pelos abduzidos. No que tange às seitas em especial, reportamo-nos ao trabalho de Cláudio Suenaga, que descreve com brilhantismo e propriedade suas origens e evolução, ao qual remetemos o leitor às revistas UFO Especial 20 e 21, em que apresenta um excelente trabalho sobre seitas ufológicas.
Falar-se simplesmente em uma missão divina por parte dos ETs seria negar a grande estatística e casuística daqueles que foram abduzidos a contragosto, em situação constrangedora, envolvidos em verdadeiro pânico, restando após o contato uma seqüela psíquica e às vezes física, com efeitos clínicos e quadros mórbidos, chegando-se em alguns relatos à morte prematura do contatado.
Isso tudo torna-se outro fator de grande complexidade a ser adicionado à Ufologia – visto que a pesquisa é o meio empregado por esta paraciência, e porque não dizer uma ciência moderna, que veio a necessitar de maiores subsídios, imprescindindo-se hoje além da Física, Psicologia, Psiquiatria, Sociologia, Medicina etc, como suporte e subsídio da análise global do fenômeno.
Visão holística – Com efeito, somente com uma visão holística e a mente aberta é que podemos trabalhar com Ufologia, na tentativa de obter uma explicação definitiva do fenômeno e suas conseqüências para o ser humano. Mas, em verdade, estamos apenas no início do trabalho, ou no limiar dessa pesquisa. Isto nos faz ver e rever todos os conceitos empregados, sem descartar em nenhum momento a pesquisa técnico-científica, mesmo a própria Física e suas ramificações.
Ao contrário, os subsídios e as provas do fenômeno são ainda tão sutis e controversos, que volver ao trabalho técnico é essencial para o deslinde total da problemática ufológica, que se encontra correlacionada a tais ciências. Jamais a pesquisa técnica, com meios científicos, deve ser abandonada para voltarmos cegamente nossos olhos às elucubrações sem qualquer embasamento real, por apenas ouvir-se dizer que os “irmãos do espaço” estão aqui para fazerem evoluirá Humanidade.
Isso não passa de uma tola balela espargida por pretensos ufólogos que, no fundo, desejam apenas sua promoção pessoal, visando uma exploração de prestígio ou até econômica, lastrados em um sentimento egoinaníaco, uma vez que se erigem os únicos e autênticos contatados, sem admitir qualquer questionamento ou diálogo. Dito isso, vamos agora tentar definir o perfil do ufólogo.
Como vimos e propositadamente mostramos aos leitores, a própria ciência, que é a Ufologia, não possui um conceito fixo de sua essência. Ela é mutável e evolutiva, na proporção em que novos ingredientes se acrescentam ao fenômeno, e notem que isto parece ocorrer quase dia a dia. Em verdade, o fenômeno anda bem adiante de todas as ciências e da própria Ufologia que o vem estudando. Como poderia então ser o cientista a pessoa que pratica a “arte” ufológica; quais são os requisitos mínimos que o tomam apto ao trabalho da pesquisa? Evidentemente, ele tem que ser um homem (ou mulher) moderno, afeito às mudanças de sua época; atento a todas as informações que se ligam direta ou indiretamente ao Fenômeno UFO.
Não se pode exigir do ufólogo qualquer formação profissional específica. É também notório que o ufólogo não pode ser um ignorante, um indivíduo desletrado, sem o mínimo de conhecimento e formação escolar-embora existam alguns que assim se intitulam, fazendo-se passar por contatados, divulgando seus truques e banalidades até em programas televisivos – o que contribui para denegrir a imagem da Ufologia e dos próprios ufólogos. As grandes qualidades do ufólogo seriam, em contrapartida, sua visão abrangente ou holística, como refere-se a literatura do tema, aliada a um vasto conhecimento genérico de múltiplas ciências.
Análise crítica – Todavia, tais atributos variam muito de pessoa para pessoa, e não se pode exigir que um ufólogo necessariamente tenha que ser um Leonardo da Vinci. Mas o conhecimento de pelo menos algumas leis básicas da física, da química, da aerodinâmica, ótica, medicina, matemática, estatística, engenharia etc são indispensáveis para a pesquisa e análise crítica do fato acontecido.
Pode, entretanto, ocorrer que o conhecimento genérico dessas ciências ainda não seja o suficiente para a interpretação correta do fenômeno presenciado, narrado ou documentado. Aí surge a necessidade da troca ou intercâmbio de informações no meio ufológico, para saber-se a opinião de um especialista, que não é muito difícil de se encontrar entre os bons
ufólogos – razão porque estes são requisitados constantemente na pesquisa séria. Mas o maior atributo do ufólogo, sem dúvida alguma, é sua sinceridade de propósito, seu caráter e seu bom senso.
Esses pesquisadores mal compreendidos pelo povo em geral, mas com os pés no chão e o pensamento no futuro da Humanidade, é que procuramos chamar de ufólogo. São pessoas que têm sacrificado suas horas de lazer para se, dedicarem a viagens, vigílias, congressos, palestras e investigações. Enfim, à pesquisa séria de um modo geral
Um ufólogo que seja desprovido desses predicados efetivamente não poderá atuar com dignidade. Ele falhará com a verdade para com o público e seus amigos, trairá a si mesmo e a um maravilhoso episódio da busca humana. Falar nesses requisitos é buscar uma qualidade psicológica ou psíquica do pesquisador, entretanto isto não significa que tenhamos que submetê-lo a um crivo pessoal de seus gostos, tendências, vida íntima e outros, pois geralmente o ufólogo é um ser humano que vive em um conflito eterno.
O conflito logicamente nasce da dissociação de sua pesquisa, de sua busca incessante por desvendar o Fenômeno UFO, com o conceito social e massificado do tema, que ora aparece como escárnio ou no mínimo como uma descrença gerada pela ignorância dos fatos verídicos (estatística e casuística pesquisada e concluída como autêntica). Por isso, o ufólogo pode até se apresentar como sendo um pouco estranho para o público leigo.
Assim como os grandes pesquisadores do passado foram no seu tempo ridicularizados por suas teorias de vanguarda, o ufólogo em maior ou menor grau detém as mesmas características daqueles que são considerados excêntricos, cujas idéias vieram de encontro a um “sistema” preestabelecido, quem sabe até imposto por alguns. E é de interesse daqueles que controlam esse sistema que a verdade não vinha à tona.
Arauto moderno – A problemática do desconhecido, do imponderável vem surgindo justamente como uma espécie de sombra para alguns aproveitadores de ocasião, ao fazerem divulgar suas teorias estapafúrdias e irreais. Principalmente porque não há base alguma que as possa sustentar perante os pesquisadores e cientistas mais sérios – aqueles que são os verdadeiros “cruzados da Ufologia”, que se dedicaram com isenção de ânimo e de preconceitos, usando de bom senso e sinceridade, no trabalho sério, real e importante.
Sim, esses pesquisadores mal compreendidos pelo povo em geral, mas com os pés no chão e o pensamento no futuro da Humanidade, é que procuramos chamar de ufólogo. São pessoas que têm sacrificado suas horas de lazer e folga para se dedicarem a viagens, vigílias, congressos, palestras e investigações. Enfim, à pesquisa séria de um modo geral.
Afinal sabemos que existe um grande enigma a ser decifrado, que provavelmente virá abalar o destino da Humanidade, virá trazer um conhecimento maior que o da conquista atômica, revelando mais uma verdade na face da Terra. Estes, sim, são os verdadeiros ufólogos, nossos arautos dos tempos modernos.