Já acompanhamos casos semelhantes, inclusive aqui mesmo, no Brasil, há apenas dois meses. O fenômeno da trilha de condensação [Ou esteira de condensação] não é raro, muito menos insólito.
Conforme pesquisas técnicas sobre o assunto, as mesmas ocupam cerca de 0,1% da atmosfera, mas podem chegar a 5% em regiões com intenso tráfego aéreo. Casos simples e fáceis de se resolver, que infelizmente acabam explorados de forma exagerada e confundindo – ou pior, desinformando – a população, como se fosse algum evento fora do normal.
Uma matéria de ontem, 10 de novembro, da Fox News, assinada por Jeremy A. Kaplan e Justin Fishel, parece ter colocado ponto final ao enigma do rastro deixado nos céus californianos durante o final da tarde do dia 08.
Um blogger chamado Liem Bahneman apontou como causa mais provável para tal evento o vôo 808 da American West Flight, pois de acordo com sua pesquisa – muito bem realizada, por sinal -, verificou todas as rotas de avião que passam sobre a região e conseguiu isolar duas possibilidades: este vôo 808 e o vôo 902 da UPS.
Assim, acessando o link do histórico de uma webcam que filma 24 horas uma praia na costa oeste, ele viu um rastro idêntico, no mesmo lugar, mas que apareceu um dia antes, referente ao vôo 808 da AWF.
Como a aeronave vem do Pacífico em direção à costa oeste, voa em direção do observador e, devido a curvatura da Terra [Veja dados técnicos em figura da Terra e refração atmosférica], a impressão é de que algo saiu da água no horizonte e está subindo, quando na verdade está voando na horizontal, causando certa ilusão de ótica.
As condições dos ventos também ajudariam a manter o rastro mais tempo na atmosfera sem espalhar o mesmo. Todd Lehmacher, porta-voz da US Airways, não pôde confirmar que o vôo 808 foi o responsável pelo rastro, embora ele confirme os detalhes: “O vôo 808 saiu de Honolulu, Havaí, às 09h53 ontem de manhã no fuso horário de Honolulu e chegou às 19h04 em Phoenix, Arizona”, disse Lehmacher para a Fox News, e “o avião fez esta viagem ao longo da rota planejada entre estes dois destinos”, afirmou.
Mas isso ainda não é prova conclusiva. “Posso confirmar que os nossos aviões voam por esse caminho percorrido, mas você precisa falar com alguém que é mais versado em condições atmosféricas”, disse Lehmacher.
Outros especialistas consultados também tenderam a aceitar esta hipótese, inclusive o famoso físico teórico Michio Kaku, que concedeu entrevista à Fox sobre o fato. Uma análise igualmente elucidativa e relevante, é a de Benjamin Radford, que pode ser lida no português traduzido, aqui.
Infelizmente, boatos e pseudo-teorias conspiratórias sempre são mais sensacionais do que a realidade nua e crua. Inventaram de tudo por cima do acontecimento, inclusive encontraram até um “UFO” na filmagem – um avião de menor porte que passa em baixa altitude (aos 23 segundos) durante a gravação son outro ângulo -, acusando “a mídia” de adulterar o vídeo original divulgado. Outro texto trata o incidente como “resposta a ataque Chinês nos EUA“. Enfim, há pegadinhas para todos os gostos.
Falando em equívocos e trotes, assista um exemplo típico de vídeo que, caso tivesse sua parte final cortada, enganaria muita gente. No entanto, ao invés de UFO, é um Airbus A-380. Aproveite e perceba a espessura do rastro de condensação formado:
Abaixo, um B-747, formando uma belíssima esteira atrás de si: