Cientistas mediram a luz infravermelha emitida por três sistemas planetários, a mais de 50 anos-luz, em oito diferentes posições, no final de 2005. Medições feitas das características de três planetas localizados fora do Sistema Solar indicam que a temperatura nesses corpos celestes é bem constante – e extremamente quente – tanto de dia quanto à noite, mesmo havendo uma grande probabilidade de uma face do planeta estar permanentemente voltada para sua estrela e a outra, para a escuridão do espaço. A razão aparente são ventos supersônicos, que podem chegar a 13.000 km/h. Esses planetas, gigantes gasosos semelhantes a Júpiter, foram descobertos ao longo da última década e orbitam estrelas semelhantes ao Sol, e localizam-se a menos de 150 anos-luz da Terra. Todos estão cerca de 7 milhões de quilômetros de suas estrelas, muito menos que a distância que separa Mercúrio do Sol.
Astrônomos especulavam se planetas tão próximos de suas estrelas não manteriam uma face permanentemente voltada para o astro, e se esse fato não causaria uma diferença brutal de temperatura entre o lado iluminado e o lado escuro. Para os três planetas analisados nesse estudo, porém, as temperaturas parecem constantes, provavelmente porque os ventos misturam a atmosfera, diz um dos co-autores do pôster que descreve a descoberta, apresentado na reunião da Sociedade Astronômica Americana, Eric Agol. Agol e colegas mediram a luz infravermelha emitida pelos sistemas planetários analisados, em oito diferentes posições, no final de 2005. Eles avaliaram o brilho, gerado pelo calor, quando o lado iluminado do planeta estava voltado para a Terra, quando o lado escuro apontava para nós, e em posições intermediárias. Não encontraram diferenças no brilho, o que sugere temperatura constante em todas as situações: cerca de 925º C.
“Se o calor da estrela é carregado para o lado escuro, então a temperatura geral seria reduzida por conta da redistribuição”, explica Agol. “Alguns teóricos acreditam que ventos supersônicos fazer a recirculação do calor”. Medir a temperatura de um planeta é um processo meticuloso, porque a radiação planetária é sobrepujada pela que vem da estrela. Mesmo quando o planeta desaparece de vez da linha de visão, expondo a estrela diretamente aos telescópios da Terra, a perda de brilho do sistema é da ordem de 0,25%, diz o cientista.Os três planetas avaliados foram 51 Pegasi, a cerca de 50 anos-luz; HD179949b, a 100 anos-luz; e HD209458b, a 147 anos-luz. O planeta 51 Pegasi, descoberto em 1995, foi o primeiro mundo encontrado fora do Sistema Solar.