A existência de um nono planeta em nosso Sistema Solar foi primeiro proposta em 2014 pelos astrônomos Scott Sheppard, da Instituição Carnegie para a Ciência em Washington, e Chadwick Trujillo, do Observatório Gemini no Havaí. Baseando-se nas órbitas do planeta anão Sedna, do objeto 2012 VP113 e outros corpos do Cinturão Kuiper, eles estimaram que esse mundo teria de duas a 15 vezes a massa da Terra. Já em janeiro deste ano Konstantin Batygin e Mike Brown (descobridor de Eris e conhecido pelo papel que desempenhou na reclassificação de Plutão como planeta anão), astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), apresentaram um estudo mais completo, no qual demonstravam que as similaridades entre as órbitas de vários pequenos mundos do Cinturão Kuiper poderiam se dever a esse hipotético Planeta Nove, com cerca de 10 vezes a massa da Terra.
Os mistificadores, claro, chegaram a espalhar falsas notícias de que o imaginário Nibiru teria sido encontrado. Como fica claro nas imagens abaixo, o Planeta Nove evidentemente não é Nibiru. De acordo com Brown e Batygin, o Planeta Nove teria um afélio, ponto de máximo afastamento do Sol, de 1.000 AU (unidades astronômicas). Como comparação, o de Plutão é de 49,3 AU. Pelos últimos meses outros astrônomos têm encontrado mais evidências da existência desse planeta, analisando órbitas de outros corpos e verificando que também estas aparentemente estão sendo afetadas por ele. Baseados em recentes cálculos, estima-se que o Planeta Nove esteja próximo do afélio, movendo-se lentamente pelo céu, com uma magnitude de cerca de +25.
Outra possível evidência é o trabalho da estudante do Caltech Elizabeth Bailey, que calculou que a órbita muito elíptica do Planeta Nove, calculada com uma inclinação de 30º em relação ao plano das órbitas dos demais planetas, pode ser a responsável pelo ângulo de seis graus da eclíptica em relação ao equador do Sol. A eclíptica é o plano no qual estão inseridas, com poucos graus de diferença, as órbitas dos planetas, e o estudo aponta que, ao longo de bilhões de anos, o Planeta Nove pode ter causado essa inclinação de seis graus, até hoje não explicada. Bailey afirma que existem outras explicações, como um desbalanceamendo do núcleo do Sol no período inicial do Sistema Solar, ou então partículas eletricamente carregadas sendo influenciadas pelo campo magnético do Sol recém nascido interagindo com a nuvem primordial que formou os planetas. Porém, conforme a pesquisadora aponta, a teoria do Planeta Nove é a única que pode ser testada hoje.
PLANETA NOVE PODE SER ENCONTRADO NOS PRÓXIMOS MESES
Outra teoria divulgada recentemente, e que os mistificadores de Nibiru também poderão tentar adulterar, aponta que o Planeta Nove pode de fato causar destruição no Sistema Solar. Porém, conforme o estudo de Dimitri Veras, da Universidade de Warwick, isso só acontecerá daqui a bilhões de anos, quando o Sol terminar sua vida, e a própria Terra estiver inabitável. O Sol se tornará uma gigante vermelha, e em seguida irá ejetar mais de metade de sua massa no espaço antes de encolher e virar uma anã branca. Nesse processo, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno irão ser empurrados para longe, e especulava-se que ficariam relativamente a salvo. Contudo, o Planeta Nove, se existir, poderá sofrer um efeito contrário e se aproximar do moribundo Sol. Sua gravidade então entraria em choque com os demais gigantes, especialmente Urano e Netuno, e é provável que um destes seja ejetado para fora do que restar do Sistema Solar.
A órbita peculiar calculada para o Planeta Nove fez alguns cientistas especular que ele pode até mesmo ser um exoplaneta, tirado de sua estrela pelo jovem Sol ainda na época de formação de nosso sistema. Em recente evento da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronômica Americana em Pasadena, na Califórnia, Mike Brown estimou que o Planeta Nove poderá ser encontrado no próximo inverno do hemisfério norte, ou seja, entre o final de 2017 e começo de 2018. A magnitude estimada atualmente para esse ainda hipotético mundo, disse Brown, está ao alcance dos maiores telescópios atuais. Para ele o telescópio Subaru, situado em Mauna Kea no Havaí, é o melhor instrumento para a busca. Sobre a quem caberá o crédito pela histórica descoberta, Brown não se mostrou preocupado, dizendo que isso é secundário. Ele finalizou: “Há muitas pessoas procurando, e nós tentamos o mais que podemos dizer a elas onde olhar. Nós queremos encontrá-lo”.
Confira um vídeo mostrando como as evidências do Planeta Nove se avolumam
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