Por anos, a existência de um Planeta X, que seria o nono mundo do Sistema Solar, foi taxada pelos astrônomos como uma bobagem. Contudo, em artigo publicado no The Astronomical Journal dois astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), Konstantin Batygin e Mike Brown, apresentaram cálculos que comprovariam, segundo eles, a existência desse distante mundo. Brown é famoso por ter descoberto Sedna, planeta anão situado no Cinturão de Kuiper e que levou à reclassificação de Plutão na mesma categoria.
Contudo, os mistifcadores que defendem a existência de mundos imaginários como Nibiru não devem se animar. O Planeta 9, como está sendo chamado, teria uma órbita extremamente distante e eliptica. O periélio, máxima aproximação com relação ao Sol, seria de 200 Unidades Astronômicas (AU), ou seis vezes a distância entre a estrela e Netuno, o planeta mais distante. O afélio, ponto de máximo afastamento, estaria entre 600 e 1.200 AU. O astro levaria algo entre 10.000 e 20.000 anos para completar uma volta em torno do Sol.
Em seu trabalho, Batygin e Brown afirmam que a massa do Planeta 9 seria aproximadamente dez vezes a da Terra. Isso o colocaria na classe das superterras, ou mesmo dos mininetunos, caso seja um mundo gasoso. Os dois astrônomos começaram o trabalho pesquisando as estranhas órbitas de objetos do Cinturão de Kuiper, como Sedna e 2012 VP113, este último também codescoberto por Brown. Suas órbitas são muito excêntricas ou elípticas, e apontadas para a mesma direção do espaço. Além disso as inclinações de tais órbitas são muito similares, cerca de 30 graus em relação a dos planetas principais, e esses pequenos mundos ainda se movem a velocidades diferentes. A possibilidade de tal fenômeno ocorrer sem qualquer influência é de 0,007 por cento, o que de acordo com a dupla de astrônomos sugere que um corpo de grande porte, situado muito além de Netuno, poderia tê-los colocado em suas presentes trajetórias devido a sua influência gravitacional.
COMPLEXOS CÁLCULOS E SIMULAÇÕES MATEMÁTICAS
Por meio de complexas simulações de computador, eles analisaram as órbitas excêntricas dos pequenos mundos no Cinturão Kuiper, chegando à conclusão de que o periélio do hipotético mundo estaria no lado oposto do Sol em relação aos demais planetas. Dessa maneira a simulação teve uma exata correspondência com os planetas anões, e vale lembrar que Netuno foi descoberto, ainda no século XIX, graças a uma série de cálculos matemáticos sobre a órbita de Urano. O nono e hipotético mundo teria massa 5.000 vezes maior que a de Plutão, dominando inteiramente sua vizinhança e preenchendo os requisitos da União Astronômica Internacional para ser classificado como planeta. É possível que esse astro já tenha aparecido em imagens dos extremos do Sistema Solar, faltando somente uma análise para encontrá-lo. E como Brown e Batygin previram que o novo mundo seja visível no hemisfério norte neste momento, o instrumento mais adequado para procurá-lo é o telescópio Subaru, no Havaí. Este tem 8,2 metros de abertura, e já foi utilizado para refinar o artigo dos dois cientistas. Agora que os cálculos finais já foram apresentados, o telescópio será apontado para as regiões mais promissoras. Mike Brown afirma que, caso exista, a magnitude do Planeta 9 seja de 24º ou 25º grandeza.
Abaixo, mais uma imagem da órbita do Planeta 9, de acordo com os cálculos:
Segue uma imagem da alegada órbita de Nibiru:
Como fica evidente, não há qualquer relação entre o possível fato científico e as alegações de mistificadores.
O artigo de Konstantin Batygin e Mike Brown foi publicado no The Astronomical Journal
Confira um infográfico do proposto Planeta 9
Vídeo do Caltech sobre a teoria que defende o novo planeta
Confira outro vídeo sobre o Planeta 9
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