Em meio a seção de Contatos com Extraterrestres no Brasil, já em sua parte IV, intercalaremos neste “box” um roteiro recomendado para o leitor que deseja proceder à pesquisa de ocorrências desse gênero.
O roteiro foi publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Estudos sobre Discos Voadores (SBEDV), n?s 62/65, e tem autoria do Dr. WaiterK. Buhler, um dos maiores especialistas na área de contatos degraus elevados (3º a 5º graus, onde há o contato com o tripulante dos UFOs, os chamados “ufonautas”) no Brasil.
A princípio, não existem regras pré-estabelecidas para investigações ufológicas de quaisquer tipos, devido ao fato de que a Ufologia ainda (e infelizmente) não foi tratada de forma a tornar-se uma metodologia praticável regularmente. Não se erigiram metodologias para sua prática; metodologias que fossem padronizadamente adoradas em todo o mundo, como em qualquer outra área de investigações já pertencente à Ciência Oficial, a Astronomia, por exemplo.
Mas já existem iniciativas nesse sentido: já foram criadas metodologias que, embora não totalmente aceitas, já contam com um bom número de praticantes. A Regista UFO, através do Centro para Pesquisas de Discos Voadores (CPDV), fará publicar brevemente o primeiro manual de pesquisas ufológicas (para maiores informações, escreva para: CPDV, Caixa Postal 2182, 79021 Campo Grande (MS). Enquanto isso, os leitores que tiveram interesse em iniciar atividades de pesquisas junto a possíveis contatados ou testemunhas, podem se utilizar do roteiro a seguir. E boa sorte!
AS BASES – Embora sejam os episódios mais raros na Ufologia, os contatos com ETs constituem a matéria mais interessante. Não deve o jornalista, repórter ou investigador, aproximar-se do contatado com um lastro de preconceitos, mas de preferência estar apoiado em conhecimentos, pelo menos básicos. Se assim for, poderá ele ficar tentado a enfrentar a testemunha com falsas esperanças e desconfianças. Geralmente sofre a testemunha o impulso de comunicar a sua família e a sua comunidade a estranha experiência que teve, mas não recebe o acolhimento esperado, porquanto o esquema de guerra psicológica movida ao Espaço condicionou o público pela “lavagem cerebral”, de anos a fio.
O PRIMEIRO RELATO – O investigador, após a sua identificação, geralmente é bem acolhido pela testemunha, que espera de sua parte um ouvido atento e cortêz. O primeiro relato deve ser ouvido sem interrupções, podendo ser repetidas as últimas palavras proferidas, no caso de o relator ter embaraços na sua seqüência (recomendação do Prof. Húlvio B. Aleixo). Pede-se a licença de poder acompanhar o relato, com anotações em caderno, quando não se preferir fazer uma gravação (que pode embaraçar certas pessoas, no início). Ela capta fielmente linguagem e formação junto as emoções externadas pela testemunha, como foi o caso do episódio da “Baleia” (ver revista UFO nº 1/88), que precedeu somente uma hora à gravação.
O SEGUNDO RELATO – O primeiro relato servirá como base para o segundo (chamado também “questionário complementar”), quando serão explicados os pontos obscuros ou fora do comum, sendo também fixada a seqüência cronológica dos acontecimentos. É importante não formular as questões só sob o prisma dos nossos preconceitos de vida e técnica atuais.
Formula-se 4 ou mais perguntas de versões diferentes, mas sempre ligadas ao mesmo problema, facilitando ao relator uma escolha de expressões e explicações, tornando assim compreensível ao investigador os fenômenos aparentemente absurdos para nós e nossa técnica.
Para testar a firmeza do relator, podemos fazer as perguntas de modos diferentes, indagando ainda os mesmos fatos, quando então a testemunha deverá confirmar tudo de novo… e com firmeza,
No 1º relato poderá haver certos pontos que mereçam que o investigador faça perguntas esclarecedoras no 2º relato, Então, sugerimos que se sublinhem (ou se numerem na margem) os trechos do 1º relato a serem focalizados posteriormente.
O CROQUIS – Por meio de croquis (mesmo feitos de uma forma tosca, ou por crianças), são dadas as melhores explicações possíveis. E mister que se consiga convencer o relator (ao qual fornecemos uma folha de papel sem pauta e lápis grosso) a cooperar neste ponto. Em seguida, o próprio investigador (ou desenhista acompanhante) pode fazer um novo desenho em outra folha de papel, desta vez sob a constante explicação e crítica construtiva da testemunha, que deverá trazer mais minúcias à baila. Isto é o que se chama de “retrato falado”.
AMBIENTAÇÃO – Nas pausas do cafezinho, procura-se verificar a situação do relator e de sua família, seja em relação ao nível educacional (escolar), profissional, financeiro ou preferências e estado de saúde da testemunha, no passado e no presente. As vezes, o próprio companheiro do investigador se encarrega desta parte, por afável e informal conversa. No interior do Brasil, não havendo às vezes TV, revistas de ficção ou livros, é muito fácil eliminar as possibilidades de sugestões por estes meios (ao contrário do que acontece nos grandes centros e países da Europa e América do Norte). Mais uma vez, lê-se para a testemunha o relatório agora na sua forma definitiva (ou quase), para eventuais retificações.
A RECONSTITUIÇÃO – A reconstituição deve ser tentada no menor prazo possível após o episódio. Isto foi conseguido no “caso da Baleia” com o achado, no local, de detritos da máquina, pegadas do salto do sapato do tripulante no chão (porém sem impressões da máquina) etc. Este caso, pela sua perfeição de estudo, tornou-se clássico para nós aqui no Brasil. A reconstituição no local deve constar de todos os lances, podendo incluir diversas pessoas, em substituição aos seres ou pessoas envolvidas, conforme a orientação dada pela testemunha. Uma vez mais o investigador faz apontamentos, talvez de detalhes novos, incluindo croquis e poses fotográficas.
TESTES – Se o investigador mora na mesma cidade da testemunha, ou se lá puder se demorar mais tempo, será interessante levantar a personalidade do relator, por meio de testes psicológicos.
Podem, assim, ser avaliadas mais à miúde certas nuances do comportamento da testemunha. Entretanto, somos contrários aos métodos violentos, como o \’\’teste dramático\’\’, e também aqueles que interferem temporariamente com o nosso temperamento, como sejam: as drogas (na narco-análise) e a hipnose. Ao nosso ver, não compensam as poucas informações adicionais extraídas pela aplicação de métodos que nem são usados perante os nossos tribunais criminais. Além de não se apresentarem completamente inócu
os e de terem aspectos inquisitórios medievais, estes métodos não servem para fortalecer a opinião pública em relação à validade das testemunhas e das suas experiências ufológicas. Se o pesquisador conseguir uma reabilitação deste assunto perante à sua comunidade, trará a tona outras testemunhas e outros relatos ainda encobertos. Então isto compensará largamente, pelo desuso de métodos que fazem parte de arsenal terapêutico do médico.
DESPEDIDA – Fiel as idéias acima expostas, procuramos da testemunha o apoio de sua experiência, animando-a a enfrentar a TV, rádio ou a entrar em contato com os jornais, se não houver hostilidade a priori. Pelas mesma razões o pesquisador livre não procura envolvimento com entidades que tem desígnios contrários a difusão desta matéria, e cujos membros parecem ter “por obrigação” atacar publicamente as testemunhas, em vez de fazerem as suas críticas “intra muros”
Também evitamos contatos com círculos sigilosos, ou semi-sigilosos, mesmo quando nos oferecerem “contatos vantajosos” ou material desconhecido, em troca de nosso segredo e da nossa colaboração…
EPÍLOGO – Como não existe uma pesquisa oficial, aberta, sobre os UFOs, ela vem sendo realizada por grupos de voluntários, sem diploma, sem normas predeterminadas além daquelas fixadas numa ética tendo por fim proceder à uma pesquisa somente em pról da verdade. Ninguém se arvora como dono do assunto, pois a Ufologia é um terreno vasto e apenas descobrimos a sua existência, sua superfície. Assim, a pesquisa deve ser serena, desprovida de vaidade; deve ser procurado seu enriquecimento pela maior coleta de dados.