Em 1992, várias testemunhas na Califórnia relataram que mais de 200 objetos em forma de disco saíram silenciosamente das águas da Baía de Santa Monica, pairaram por um momento e então dispararam para o céu. Seis anos depois, o Suboficial Chefe da Marinha dos EUA Charles Howard escreveu um relato de uma anomalia subaquática. “Meu navio estava na Baía de Guantánamo, Cuba, quando vi três luzes brancas grandes e estranhas na água”, disse ele no programa UFO Files do History Channel. Elas tinham entre três e seis metros de comprimento e um formato arredondado”.
Afirmações sobre tais Objetos Submarinos Não Identificados, ou OSNIs/USOs, têm intrigado ufólogos por décadas. Muitos relatos descrevem a facilidade com que objetos até pareciam atravessar a fronteira entre o ar e a água, viajando a velocidades chocantes de centenas de milhas por hora debaixo d’água.
Um grupo de pesquisadores, que inclui oficiais de segurança do governo e militares, acredita que os EUA deveriam estar investigando seriamente esses objetos tanto no céu quanto na água. A pressão foi tanta que o governo doa EUA foi convencido a mudar de nome para o termo que se usava para se referir aos OVNIs/UFOs “objetos voadores não identificados’, para “Fenômenos Anômalos Não Identificados”, FANI/UAPs.
A pequena mudança de nome pode parecer um simples caso de semântica, mas prova que o Pentágono vê os OVNIs subaquáticos como uma preocupação legítima.
O Departamento de Defesa deixou claro que não assume que UAPs tenham origem extraterrestre.
Uma mudança na forma como o governo lidou com os relatos de OVNIs chegou ao auge na década de 2010. A pressão dos congressistas, bem como o interesse público na divulgação pelo governo de relatos confidenciais de OVNIs, começou a mudar a cultura de defesa. Por exemplo, após décadas de proteção de informações sobre avistamentos do público, os militares agora incentivam os membros do serviço a relatar fenômenos inexplicáveis. Hoje, os pilotos da Marinha relatam incidentes estranhos como o avistamento de 2019 por um navio de guerra da Marinha que parecia ligar UFOs e USOs.
Em 2021, o Departamento de Defesa criou a Força-Tarefa de Fenômenos Aéreos Não Identificados, um programa dentro do Escritório de Inteligência Naval dos EUA destinado a “padronizar a coleta e o relato” de avistamentos de OVNIs.
Visando integrar conhecimento e esforços no Pentágono e outras agências governamentais, o Gabinete do Secretário de Defesa estabeleceu o All-Domain Anomaly Resolution Office (AARO) logo depois. Por lei, cada agência federal deve “revisar, identificar e organizar cada registro de Fenômenos Anômalos Não Identificados (UAP) sob sua custódia para divulgação ao público e transmissão aos Arquivos Nacionais”.
Antes do National Defense Authorization Act de 2022 — que autoriza níveis de financiamento para as forças armadas dos EUA e outras prioridades de defesa — os UAP originalmente significava apenas objetos aéreos. Agora, inclui fenômenos subaquáticos e transmeios (objetos que trafegam em diferentes meios (como ar, terra e água). É por isso que AARO recebeu esse nome, para investigar anomalias de “todos os domínios”. Mas, antes da mudança de nome legal, AARO já estava considerando objetos sobre e na água — então era um pouco confuso continuar chamando todos eles de “aéreos”.
Em 2022, a terminologia para descrever incidentes inexplicáveis mudou oficialmente de “aéreos” para “anômalos”. O Congresso promulgou a mudança de nome em dezembro. Na época, Ronald Moultrie, o Subsecretário de Defesa para Inteligência e Segurança, disse:
“Você pode ter percebido que eu acabei de dizer fenômenos anômalos não identificados, enquanto no passado o departamento usou o termo fenômenos aéreos não identificados. Esta nova terminologia expande o escopo do UAP para incluir objetos submersos e transmédios. Fenômenos não identificados em todos os domínios, seja no ar, no solo, no mar ou no espaço, representam ameaças potenciais à segurança do pessoal e à segurança das operações, e eles exigem nossa atenção urgente”.
Essa mudança legal remonta às pressões da sociedade e de pessoas do próprio governo e militares, que acreditavam que objetos submarinos e transmédios, deveriam ser incluídos na avaliação de ameaça potencial do governo. Esses proponentes incluem o contra-almirante da Marinha dos EUA Tim Gallaudet, Ph.D., que publicou um relatório sobre a ameaça marítima potencial dos USOs, e Luis Alizondo, que já comandou a unidade secreta do Pentágono do governo, o Advanced Aerospace Threat Identification Program de 2007 a 2012. A escassez de dados sobre USOs e UAPs é “perturbadora”, porque eles “colocam em risco a segurança marítima dos EUA, que já está enfraquecida por nossa relativa ignorância sobre o oceano global”, escreveu o contra-almirante Gallaudet em seu relatório. Além disso, esta é uma oportunidade de expandir a ciência marítima e enfrentar os desafios científicos e de segurança do futuro, acrescentou.
No entanto, evidências de objetos submarinos são obscuras, na melhor das hipóteses, diz o investigador do UAP Mick West. Há “muito menos evidências do que para objetos voadores”. Você não consegue ver muito longe debaixo d’água, então não há vídeo ou fotos. Há apenas histórias sobre registros anômalos de sonar e avistamentos ocasionais que podem muito bem ser de animais marinhos.
“O incidente de “Aguadilla” em Porto Rico em 2013 também foi marcante para o fenômeno. No entanto, eles baseiam sua alegação amplamente em um vídeo do incidente, que quando analisado acaba tendo uma explicação perfeitamente razoável de duas lanternas de casamento e ilusões de paralaxe”, diz West.
Com base no ângulo da câmera, posicionada em um avião em movimento, e consequentemente sua linha de visão mutável sobre os objetos voadores, o observador vê os objetos voando rapidamente sobre o oceano, aparentemente mergulhando e então emergindo novamente. A análise de West confirma uma teoria proposta inicialmente por Rubén Lianza, chefe do comitê de investigação de UAPs da Força Aérea Argentina.
Os objetos eram lanternas de casamento que estavam em um hotel próximo e flutuavam no vento. Lianza confirmou que o hotel normalmente solta lanternas nessas em casamentos. A câmera térmica (que lê o calor) fez parecer que os objetos se fundiram com o oceano porque quando as chamas da lanterna estavam escondidas, elas estavam quase na mesma temperatura da água sobre as quais flutuavam. Ao mesmo tempo, as lanternas pareciam emergir da água quando a chama estava visível novamente.
Novos relatos de UAP transmédios e submarions podem surgir no futuro. O governo só poderá levar a sério relatos de luzes subaquáticas estranhas ou objetos voando para fora da água, diz West, se os avistamentos vierem com evidências sólidas o suficiente para dar continuidade com uma análise sólida.
Via: https://www.popularmechanics.com/science/a61827898/unidentified-submerged-objects-uso-threat/