Não restam dúvidas: os discos voadores tornaram-se um dos maiores enigmas que a Humanidade já presenciou ao longo de sua existência. Mesmo com evidências espalhadas pela vasta literatura, folclore e pelos inúmeros relatos de testemunhas civis e militares, existe ainda uma grande parcela da Humanidade que desconfia, e até desacredita, que estamos sendo verdadeiramente visitados por seres de outros planetas. Felizmente, com o avanço da Ciência e da tecnologia, essas estatísticas dão lugar a um pensamento mais abrangente, trazendo à tona uma visão universalista, livre de amarras religiosas – pré-conceitos que inibiram por diversas vezes o ir e vir da Humanidade em relação às suas descobertas. Graças a este pensamento livre, a Ufologia vem caminhando nestes últimos tempos em meio a discussões acaloradas entre aqueles que defendem o contatismo da Ufologia Mística e os que apostam na pesquisa da Ufologia Científica.
Os que estão a favor da chamada Ufologia Científica acreditam nos fatos e nas pesquisas de campo no local exato das aparições dos objetos voadores não identificados. Os chamados investigadores de campo realizam seus estudos nos locais de pouso destes objetos, entrevistando testemunhas e analisando as evidências incansavelmente, tentando encontrar um elo que resolva o enigma destas aparições. Muitos foram os fatos exaustivamente estudados e analisados, em que pesquisadores apresentaram provas incontestáveis da presença destes seres em nosso planeta. De Roswell à Varginha, é possível encontrar provas de que, há décadas, existe uma severa política de acobertamento e desinformação por parte dos governantes mundiais, para que todas as evidências passem despercebidas, ou nem mesmo venham a ser de conhecimento público.
Já aqueles que acreditam na Ufologia Mística, vislumbram nos discos voadores uma oportunidade de estreitarmos os laços de contato com esses seres. A Humanidade, durante sua longa história, encontrou-se por diversas vezes com esses “enviados”, revelando um estreito laço de ajuda e cooperação durante a trajetória de nossa civilização. Freqüentemente, ouvimos notícias de pessoas que acreditam estar mantendo contato com seres vindos de outras galáxias. Eles afirmam que estariam aqui exclusivamente para alertar a Humanidade para os perigos que estamos criando com nossas armas nucleares, nossa poluição e agressividade. Um exemplo clássico desse tipo de contato foi o do senhor Oswaldo Pedrosa, conhecido pelo pseudônimo de Dino Kraspedon e autor do livro Contato com os Discos Voadores, cuja experiência se iniciou em 1952 no alto da Serra de Angatuba, no Estado de São Paulo. O que mais chama a atenção no relato deste contatado é a impressionante descrição que o ser alienígena faz de toda a tecnologia utilizada por eles para enfrentar os desafios de uma viagem estelar.
A riqueza de detalhes é surpreendente e, as palavras deste viajante, interessantes. Ele afirma que nossa Ciência precisa de mais humildade e uma total reavaliação, reconhecendo a existência de outros mundos e civilizações. Eis um trecho de suas mensagens, recebidas por Pedrosa ainda em 1952: “Admiro que os sábios da Terra, não obstante todos os erros que ainda não conseguiram sanar, se baseiem nessa Ciência falha e neguem a Ciência suprema, que é Deus. São como um vaga-lume que, envaidecido da sua luz, grita a todos os outros vaga-lumes ‘não existe Sol nenhum, porque luz só pode haver na minha cauda’ .”
Esta pequena frase – sendo verídica ou não – faz com que todos nós possamos refletir um pouco sobre os nossos valores e crenças dentro do cenário ufológico. Os discos voadores existem, isto é incontestável, principalmente diante dos inúmeros relatos encontrados no vasto repertório ufológico. Agora, o que faremos com todos esses números, relatos, contatos e aparições? Publicaremos cada vez mais livros, que ficarão guardados em nossas estantes como prova fiel da presença alienígena em nosso planeta? Qual será a verdadeira utilidade destes avistamentos e contatos para as nossas vidas? E o que faremos com as mensagens que estes seres insistem em nos transmitir? Quem consegue garantir que estas informações, vindas de seres de outras galáxias, não são fruto da imaginação de um contatado, ou até mesmo do nosso inconsciente coletivo, que busca incessantemente uma saída para a vida conturbada e agitada que levamos todos os dias, durante tanto tempo?
No filme Contato, estrelado pela atriz Jodie Foster, visualizamos esse dualismo que ocorre constantemente dentro da Ufologia. Diante da possibilidade de um contato com seres de outra galáxia, a personagem inicialmente perde a chance de ser a única tripulante a realizar uma viagem de contato com estes seres, pelo simples motivo de não acreditar na figura e na existência de Deus. Transportando isso para a nossa realidade vejo que, consciente ou inconscientemente, criamos verdadeiras muralhas dentro da Ufologia. Na Ufologia Científica buscamos a prova física, o laudo comprovando que sim, realmente, determinado material é de origem alienígena. Temos que ter a certeza de que não foi confeccionado por seres humanos e, por isso, trata-se de um achado ufológico. Buscamos a prova irrefutável, o documento top secret, o carimbo mágico que mostre a veracidade de um acontecimento.
Por outro lado, recebemos mensagens de alienígenas que pedem uma mudança de comportamento, uma nova diretriz, um novo posicionamento por parte dos seres humanos. No conteúdo destas mensagens, palavras de aviso e aconselhamento. Se pensarmos com calma, eles, ao que parece, sabem o que dizem. Afinal, somos incoerentes em nossas próprias atitudes. Planejamos colonizar o espaço e despejamos óleo em Galápagos. Nos orgulhamos da nossa tecnologia e temos milhares de pessoas morrendo de fome todos os dias. Tentamos clonar seres humanos, mas não dispomos da cura definitiva para uma simples gripe. Alguns afirmam que não precisamos de seres vindos de galáxias distantes nos dizendo o que devemos ou não fazer com a nossa casa. Mas ainda assim eles o fazem. Afinal, de que lado mora a verdade? Quem merece maior credibilidade, ufólogos científicos ou místicos? Dentro do cenário brasileiro e mundial, a Ufologia Mística ou Avançada, como preferem alguns, sofre ainda mais discriminação em virtude da ação dos supostos contatados. Estes, em troca de dinheiro, carros e terras, prometem aos seus seguidores vislumbrar naves e sondas extraterrestres, que confirmariam sua estreita ligação com os seres interplanetários que tanto alardeiam.
General das Estrelas — Abusando da boa-fé da população, esses verdadeiros lobos em pele de cordeiro levantam-se às custas de pessoas que confiam em suas mágicas e truques baratos. Talvez seja este o motivo pelo qual muitos não acreditem que a Ufologia Mística seja levada a sério, sobretudo pelos muitos pesquisadores do fenômeno. Poucos foram os que ousaram cruzar esta linha fina que separa os dois mundos da Ufologia – e os que o fizeram são lembrados por suas inque
stionáveis contribuições. Para o saudoso ufólogo Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, conhecido por todos nós como “o general das estrelas”, a Ufologia do futuro seria aquela que “…estabeleceria as correlações científicas entre a pesquisa objetiva, empírica da Ufologia e a Filosofia esotérica, espiritualista”. Já a presidente do Conselho Editorial da Revista UFO, Irene Granchi, quando indagada sobre sua opinião acerca das diferentes linhas de pensamento dentro da Ufologia, afirmou: “Eu, como tantos outros, procuro estabelecer uma ponte entre as duas. O místico não pode ignorar o lado científico, e este deve reconhecer aquele”, concluiu. Sabendo que a verdade não é única e exclusiva de ninguém, precisamos analisar e permitir, dentro do ponto de vista da área de atuação de cada pesquisador, o estudo das arestas da Ufologia Brasileira.
A Humanidade vem seguindo há séculos os mesmos padrões de comportamento, análise e estudo. Já é hora de expandirmos o campo de visão e reavaliar os paradigmas da nossa Ufologia. Para alguns casos encontramos respostas na Ufologia Científica, mas para outros necessitamos de uma análise diferenciada que – por não possuirmos as ferramentas necessárias – não conseguimos desvendar. Precisamos utilizar todos os recursos necessários para descobrir as verdadeiras intenções dos seres que visitam o nosso planeta. Com uma visão globalizada dos fatos, permitindo-nos olhar o fenômeno de um maior ângulo, teremos grandes surpresas ao descobrir que a solução está muito próxima de nossos olhos. Nós apenas estávamos impedidos de vislumbrá-la por causa de uma grande muralha à nossa frente.