Quando lemos textos antigos que chegam até nós vindos de diversas partes e culturas do mundo, muitas vezes nos sentimos perdidos entre as divindades ali apresentadas e também sobre o modo como nossos ancestrais as classificavam. Há deuses e há seres extraordinários que, no entanto, não eram considerados divindades. Além disso, nos deparamos igualmente com semideuses, anjos e mais uma miríade de entidades que se misturam, confundindo nossa compreensão. Em todas as mitologias vemos humanos lutando e trabalhando ao lado destes deuses e em várias passagens tais humanos parecem dotados de forças e poderes especiais.
Em outros casos, nos deparamos com seres com poderes excepcionais que, mesmo assim, respondem a outros que são ainda mais poderosos. Quem são eles? Há muito tempo este autor achou por bem fazer a distinção entre seres racionais iguais ou superiores aos humanos e buscou classificá-los, sempre na tentativa de facilitar a pesquisa e a compreensão daquilo que nos contaram nossos antepassados. Assim, chegamos a uma classificação ou separação que inclui humanos, super-humanos, deuses e Deus. Veremos a seguir.
Super-humanos
Os super-humanos seriam, basicamente, humanos como nós, mas treinados para desempenhar uma grande missão e, por isso, são dotados de capacidades excepcionais. Alguns deles estão plenamente preparados desde o nascimento, enquanto outros adquirem seus poderes em determinado momento de suas vidas, quando são escolhidos por um dos deuses, sobre os quais trataremos em breve. Os fundadores de grandes religiões são, geralmente, super-humanos. Alguém que desejasse ver um super-humano de nosso tempo e quisesse testemunhar os seus incríveis poderes, poderia ter ido até a pequena cidade de Puttaparthi, na Índia, e tentado se aproximar de Sathya Sai Baba — infelizmente, o guru faleceu em 2011, deixando uma legião de seguidores e um grande número de polêmicas. No passado tivemos outros super-humanos que, como Sai Baba, operaram milagres e deixaram ensinamentos e seguidores, como Zoroastro, Buda, Maomé, Moisés, Confúcio, Lao Tsé etc.
Porém, apesar de tudo o que fizeram, é preciso deixar bem claro que esses humanos de características excepcionais, independentemente da magnitude dos seus poderes, não são mais do que instrumentos a serviço dos deuses, que se valem deles para conseguir concretizar seus desejos em nosso planeta — desejos, entretanto, que permanecem indecifráveis para o cérebro humano e provavelmente assim continuarão até que nossa inteligência dê um passo adiante e evolua de maneira drástica.
Como dissemos, os super-humanos são fundamentalmente humanos, quer pela maneira como aparecem no nosso mundo, quer por sua natureza física ou pela forma como morrem, que não é diferente daquela de outros mortais. Contudo, vale a pena notar que alguns deles, quando foram manipulados pelos deuses, sofreram desvios significativos em relação ao que é normal para a maioria de nós. E esse pode ter sido o caso de Krishna, Viracocha, Quetzalcoatl e do próprio Cristo. Todos eles parecem, de alguma maneira, partilhar algumas características em comum com os deuses, como se fossem alguma espécie de híbridos entre estes e os homens. Obviamente, todos também podem ter sido deuses que foram preparados para uma missão específica neste planeta.
Entendendo os deuses
Por sua vez, os deuses não são humanos. Alguns deles têm a capacidade de se manifestar como tal, como fizeram em inúmeras ocasiões, até mesmo para viverem entre nós, quando isso serve aos seus enigmáticos propósitos. Contudo, assim que terminam sua tarefa ou quando satisfazem os seus objetivos, regressam ao seu plano de existência, onde podem atuar com mais naturalidade, em conformidade com os seus traços físicos e eletromagnéticos. Mesmo os deuses não sendo humanos, um dos poucos pontos em comum entre eles e nós é a inteligência, embora, é claro, seu conhecimento e capacidade mentais excedam a nossa. Ainda assim, as diferenças que nos separam são enormes e estão relacionadas não apenas ao aspecto físico, mas também à forma como se manifestam, à habilidade de manipular a matéria e a forma como entram em nosso mundo.
O nível de evolução mental e, por conseguinte, de evolução técnica desses seres e seu grau de desenvolvimento moral são excepcionais. Como sabemos, muitos se preocupam em não interferir indevidamente no nosso mundo ou ao menos em não interferir de todo. Eles diferem também quanto à origem, pois alguns provêm de outros planetas, embora este autor acredite que aqueles que se intrometeram mais na nossa vida e história sejam do nosso próprio mundo — as razões que motivam suas aparições entre nós também variam.
Essas grandes diferenças entre os deuses não são resultado de raças, nacionalidades, religiões, culturas, classes sociais ou línguas diferentes. As diferenças entre os deuses são mais profundas, porém, assim como acontece conosco, não importa quão grandes sejam suas distinções, eles são iguais em sua humanidade. Os deuses não pertencem todos à mesma ordem de seres e as diferenças entre eles podem ser tão grandes como a que existe entre os humanos e os outros mamíferos — é também bastante plausível que haja menos diferenças entre nós e alguns deles do que as que existem entre eles próprios.
Pertencem ao nosso mundo
Da informação que temos recebido, muitos ignoram outros deuses que encontram no decorrer das suas incursões por nosso nível de existência, apenas percebendo que eles não pertencem ao nosso mundo humano. Se acreditarmos no que aprendemos da história, não só existe uma desconfiança mútua entre os deuses, como em algumas ocasiões ficamos sabendo sobre a existência de animosidade, e até de batalhas. Um exemplo dessa animosidade está patente na rebelião que, de acordo com a teologia cristã, Lúcifer e muitos dos seus seguidores conduziram contra Yaveh ou Jeová. Aqueles que acreditam nos ensinamentos clássicos da Igreja, e que confiam firmemente que essa é a única e completa explicação sobre a origem do homem na Terra, devem ter em mente que todas as grandes religiões descrevem conflitos idênticos entre seus deuses ou entre uma divindade maior e outras menores.
Podemos dizer que as grandes diferenças entre os deuses se traduzem em seus comportamentos altamente divergentes em relação ao nosso mundo e em sua relação a nós, variando grandemente de um caso para outro. Isso se vê na história
Por outro lado, os não crentes que olham as histórias bíblicas como mitológicas e não dignas de atenção, deveriam saber que os mitos e lendas são apenas fatos históricos e concretos que foram distorcidos pela passagem dos milênios. E q
ue as batalhas entre deuses aparecem nos mais antigos livros dos humanos — as histórias sagradas de todas as religiões — e continuam a se desenrolar nos dias de hoje, ante os nossos próprios olhos.
Por fim, podemos dizer que essas grandes diferenças entre os deuses se traduzem em seus comportamentos altamente divergentes em relação ao nosso mundo e em sua relação a nós, variando grandemente de um caso para outro — é essa variedade que nos provoca interrogações acerca dos seus propósitos. Porém, apesar de a existência física desses seres ser diferente da nossa, podemos, no entanto, afirmar que eles têm algo como um corpo ou presença física. Aqui é necessário explicar que no cosmos tudo, até mesmo o que nós ingenuamente chamamos de mundo espiritual, é de certa forma físico, assim como tudo o que é físico é, de alguma forma, imbuído de espírito. Physis é uma palavra grega cujo significado é “natureza”, e nesse contexto podemos afirmar que tudo o que é natural ou pertencente a uma ordem natural, é físico. É por isso que os deuses não pertencem a uma ordem sobrenatural, como sempre foi definido pelos teólogos.
A matéria dos deuses
Para perceber a natureza física dos deuses — e de muitas outras criaturas não humanas — temos que procurar ajuda na física atômica e subatômica. Os corpos dos deuses são eletromagnéticos e constituídos por ondas. Aqueles que acham esta escolha de palavras suspeita, devem saber que também o corpo humano é composto por ondas, pois, em última análise, toda a matéria é feita de ondas. Essa é a grande maravilha e segredo do universo inteiro. Esse fato físico, por detrás de todo o sentimentalismo e conceitos dogmáticos e místicos, aproxima-nos da entidade ininteligível que criou o cosmos.
Assim, a matéria de que é feito o corpo dos deuses, sendo basicamente semelhante à nossa própria matéria, está estruturada de uma forma muito mais sutil, da mesma maneira que a matéria que constitui o ar está disposta de uma constituição mais sutil do que àquela que compõe uma barra de aço. Mas, no entanto, tratam-se da mesma coisa. Os deuses superiores, ao contrário de nós, têm a habilidade de manipular e controlar a sua própria matéria, adotando formas mais ou menos elusivas, fazendo-as mais ou menos perceptíveis aos nossos sentidos, conforme desejem. Outra coincidência entre muitos desses seres refere-se ao seu lugar no universo, pois apesar de seu nível de existência — ou vibracional, como os ocultistas o designaram por diversos anos — não coincidir com o nosso, o nosso planeta é o planeta deles, pelo menos para muitos.
É um pouco ingênuo perguntar onde exatamente vivem esses seres. Sua localização obedece a leis da física diferentes daquelas que conhecemos, uma vez que os conceitos de tempo e espaço que temos ainda estão em um nível muito bruto. Muitos deles podem, e o fazem, viver aqui conosco e mesmo assim conseguir passar despercebidos aos nossos sentidos, que captam apenas uma pequena porção da realidade. Afinal, mesmo tendo uma natureza física semelhante à de uma pedra, o ar é invisível aos nossos olhos. Basta lembrarmos que muitos sons e cheiros passam despercebidos aos nossos sentidos, sendo, no entanto, o ambiente no qual os sentidos dos animais funcionam normalmente.
Residência temporária
Igualmente, nós só conseguimos ver as ondas televisivas que inundam as nossas casas por meio do uso de um dispositivo. Então, não devemos ficar surpresos ante à invisibilidade dos deuses — o mundo paranormal providencia um casuísmo abundante que reforça essa tese. Podemos concluir, então, que os deuses não necessitam de chão para pisar ou de ar para respirar, e por isso não têm necessidade de estar em qualquer lugar do mundo onde haja humanos, devido à sua matéria e suas características físicas específicas. Por outro lado, acredito que não temos outra escolha que não seja admitir que alguns ou mesmo muitos deles têm sua origem em outras partes do universo, sendo o nosso planeta pouco mais do que uma paragem ou residência temporária, o que pode por si só explicar a descontinuidade observada em muitas das suas atividades no nosso mundo. E também explicar a grande variação de suas intervenções ao longo da história humana.
A esta altura, alguns leitores devem estar se perguntando de onde vem a ideia aparentemente absurda da existência de tais seres. A ciência nada diz acerca deles, mas também nada diz acerca de coisas como o amor e a poesia, sobre os quais ela sabe muito pouco. Até a parapsicologia acadêmica, ramo da ciência que deveria demonstrar interesse no estudo da existência desses seres, nada diz sobre eles — ao contrário, ela até rejeita a sua existência, quando algum parapsicólogo mais ousado sugere a hipótese da possibilidade de sua presença em acontecimentos paranormais. Esse é, tristemente, o estado em que estamos, fruto da paralisia mental de muitos cientistas. A verdade, e não importa quão improvável e incômoda ela pareça, é que esses seres existem e isso está em todos os escritos que a humanidade preservou desde que o homem passou a registrar por escrito aquilo que via.
Porém, se a ciência nada diz oficialmente acerca dos deuses, embora muitos dos mais reputados cientistas tenham muito a dizer sobre o assunto, mas nunca oficialmente e sempre de forma privada, a religião, que é um aspecto muito importante do pensamento humano, diz e tem dito muitas coisas há séculos. Todas as religiões, inclusive o Cristianismo. Muitas se referem a esses seres chamando-os de espíritos, mas, no entanto, eles podem ter uma variedade infinita de nomes, dependendo da religião. Temos de ter em conta que todas elas estão conscientes das grandes diferenças existentes entre tais seres.
Espíritos menores, deuses maiores
No que diz respeito à nomenclatura, os gregos e os romanos foram os que chegaram mais perto de acertar, e simplesmente os chamaram de deuses. Embora percebessem que eles eram espíritos e que poderiam assumir a forma corpórea que mais lhes servisse, reconheciam também uma série de divindades ou espíritos menores, que estavam ligados aos deuses maiores. E não importa quão fortemente acreditamos que o Cristianismo esteja acima desse ponto de vista politeísta, pois a Igreja aceita esses espíritos e, na realidade, fala deles constantemente na Bíblia e em todos os ensinamentos da doutrina cristã ao longo dos séculos. O Cristianismo os apelida de anjos ou demônios, dá-lhes grandes poderes e estabelece entre eles importantes diferenças. As patentes entre as distintas classes de anjos — arcanjos, serafins, tronos, domínios, poderes, princípios, querubins etc — são prova de que a Igreja tem deles uma ideia concreta e bem definida. Ai
nda mais curioso é o fato de que na própria Bíblia Jeová seja denominado de anjo.
As mais abundantes e ecléticas mitologias de todos os povos, que outrora nos foram apresentadas como resultado da imaginação quase infantil das culturas primitivas, têm gradualmente ganhado credibilidade nos nossos dias. Nós vemos nelas nada menos do que o repositório deformado, pelo passar dos séculos, de eventos ocorridos há muitos milhares de anos. Os antropólogos as estudaram e as conhecem bem, mas olham para elas de uma perspectiva tendenciosa, para assim poderem explicar as suas próprias teorias. Já os estudiosos da nova teologia cósmica as examinam de uma perspectiva completamente diferente e mais inclusiva — sem cair nas armadilhas quer de teses pré-concebidas, quer nos rígidos dogmas que encarceram as mentes de quase todos os habitantes deste planeta.
A nova teologia
Os estudiosos dessa nova teologia tentam corroborar e levar à luz esses mitos comparando-os com outros fatos que encontramos na história e nos inúmeros fenômenos observáveis nos dias de hoje. O estudo dessas mitologias concluiu que na Antiguidade distante e não tão distante seres que diziam ter origem celeste se manifestaram perante os assustados habitantes deste planeta, afirmando serem deuses ou, mais ousadamente, o Deus criador do universo. Alguns deles são, obviamente, seres extraterrestres que conviveram como nossos antepassados e deixaram profundo legado — eles estão presentes e em abundância em praticamente todas as culturas da Terra.
Os terrestres primitivos, cujos conhecimentos sobre a natureza eram rudimentares, estavam, por um lado, espantados com a beleza que testemunhavam e, por outro, aterrorizados e não questionando sequer por um momento se realmente estavam perante os regentes do universo. Apenas renderam-se sem hesitação a eles e se colocaram à disposição dos deuses. Caso isso tivesse acontecido em apenas uma cultura, poderíamos relacionar o fato a um certo número de causas, mas a verdade é que o fenômeno da manifestação de divindades ocorreu em quase todas as culturas, e sobre eles há registros escritos. Os fenômenos coletivos de manifestação divina e os individuais de aparição ou iluminação são eventos que se repetem em todas as latitudes, culturas e em todas as eras ao longo dos séculos.
É apropriado discutirmos se essas crenças comuns a todas as culturas são realmente devidas a aparições de seres celestiais ou se são simplesmente uma criação subjetiva, relacionada à religiosidade inata comum a todos os humanos ao longo das eras. Isso é o que nos diz a ciência oficial, encabeçada por psicólogos e psiquiatras que afirmam que tais manifestações nunca ocorreram.
A verdade, enfim
Contrariamente a esta posição, existem fanáticos religiosos e crentes fervorosos que defendem, com as suas próprias vidas se necessário for, que a autenticidade das manifestações e aparições pregadas por suas respectivas religiões é inquestionável. Quem terá razão? Como o leitor bem saberá, a verdade não é patrimônio de ninguém. A ciência tem o direito de afirmar que aquilo que é relatado como sendo uma visão não passa de uma alucinação e produto de uma mente pouco saudável, e que aquilo que é descrito como sendo um milagre não é nada mais do que o uso consciente ou inconsciente de uma lei natural desconhecida por parte de um milagreiro. E isso resume a porção da verdade detida pela ciência oficial, uma parcela nada pequena.
Os religiosos também estão de posse da sua verdade. Mas seu erro se baseia em distorcer os fatos e em retirá-los das suas devidas proporções, transformando fenômenos relativos, locais e temporais, em verdades absolutas ou universais. Em muitas ocasiões realmente ocorre uma visão ou uma aparição, mas ela apenas não é aquilo que as testemunhas pensam que seja. É aqui que a ilusória atividade dos deuses entra em jogo. Ela não só incide de imediato e em curto prazo sobre os visionários e seus correligionários, como também se faz sentir por muitos anos mais, sobre cientistas e a sociedade em geral, levando-os a acreditarem que tais visões são puramente subjetivas, lendárias e, em última análise, falsas.
Como podemos ver, os deuses praticam um jogo duplo. As testemunhas dos seus atos se transformam em fanáticos pois não lhes resta qualquer escolha após terem visto e sentido aquilo que viram, enquanto a sociedade em geral — especialmente a comunidade científica — que não testemunhou os acontecimentos experimenta o efeito totalmente oposto, criando uma especial e misteriosa resistência mental no que toca a aceitar a hipótese de que tais coisas possam ser reais. As religiões, sempre presentes ao longo de toda a história da humanidade, são o resultado de tais acontecimentos impossíveis.