O julgamento racional não permite nos considerar como seres privilegiados da Criação. A grandiosidade da Obra Divina pode ser expressa em termos numéricos — um cálculo ponderado estima que existam mais de 100 bilhões de galáxias no universo observável, cada uma delas contendo aproximadamente 100 bilhões de estrelas, ou seja, uma quantidade inconcebível de astros como o nosso Sol, que, muito provavelmente, iluminam um número ainda maior de planetas.
Julgamos erradamente que apenas o nosso planeta oferece condições de habitabilidade e somente nele se verifica o florescimento da vida. “Enxergar mundos distantes somente como objetos de estudo de vossa astronomia é um erro. Porque o Criador os formaria para o ermo do silêncio e do deserto? Há mundos incontáveis e muitos deles formados de fluidos rarefeitos, inatingíveis pelos vossos instrumentos”, diz o citado espírito Emmanuel, inspirador de Allan Kardec. Ele completa: “A Terra não representa senão um detalhe obscuro no ilimitado da vida, região de amargura, da provação, do exílio”.
Mas nossa busca não precisa se estender aos confins do universo conhecido. Victorien Sardou, jovem escritor e dramaturgo contemporâneo de Kardec, supostamente influenciado por um habitante de Júpiter que, séculos antes, teria vivido na Terra, nos forneceu inúmeros desenhos retratando paisagens, habitações, personagens e cenas do dia a dia jupiteriano. Quando questionou Kardec acerca das condições de luz e calor nos mundos extraterrenos, ouviu que “esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor de que necessitam”.
O famoso médium brasileiro Chico Xavier recebeu, em momentos diferentes de sua vasta produção literária, descrições do planeta Marte. Em Cartas de Uma Morta, a autora espiritual Maria João de Deus assim descreve a paisagem e os habitantes do nosso vizinho: “Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade formada de edificações profundamente análogas às da Terra. Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitativas”. Dando conta da evolução moral da coletividade marciana, a autora assegurou: “Em Marte a sociedade está constituída de tal forma que as guerras ou os flagelos seriam fenômenos jamais previstos ou suspeitados. A mais profunda espiritualidade caracteriza aquela humanidade”.
De forma bastante semelhante, o espírito Humberto de Campos também abordou o assunto por intermédio de Chico Xavier. No livro Novas Mensagens ele compara a Terra ao Planeta Vermelho: “Para o nosso mundo, Marte é um irmão mais velho e mais experimentado na vida. Ao longe, divisei cidades fantásticas pela sua beleza inaudita. Tive então o ensejo de contemplar os habitantes do nosso vizinho, cuja organização física difere um tanto do arcabouço típico com que realizamos nossas experiências terrestres”. Quanto ao elevado patamar de ventura de seus habitantes, o autor espiritual assinala: “Notei, igualmente, que os homens de Marte não apresentam as expressões psicológicas de inquietação em que se mergulham os nossos irmãos terrenos. Uma aura de profunda tranquilidade os envolve”.
Em A Gênese, obra basilar da Doutrina Espírita também já citada, somos informados de que os planetas que circundam o sistema binário de Sirius são muitas vezes superiores em dimensão e riqueza que a nossa Terra. Sistemas de estrela dupla, como o de Sirius, receberiam da natureza funções inteiramente diversas das que são destinadas ao nosso Sol. Sabe-se também que a estrela mais próxima daqui, chamada Próxima Centauri, dista de nós cerca de 4 anos-luz — aproximadamente 37 trilhões de quilômetros.