Telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO) capturaram o momento da “espaguetificação” de uma estrela ao ser devorada por um buraco negro supermassivo. Uma animação artística reproduziu o evento.
Um estudo sobre o caso foi publicado na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society [Notícias Mensais da Sociedade Astronômica Real], da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
A equipe de astrônomos, que reúne organizações de todo o mundo, descobriu que quando um buraco negro engole uma estrela ele pode lançar uma poderosa explosão de material para fora. É denominado “espaguetificação” pois, quando em contato com o buraco negro, a estrela se desfaz, liberando um clarão brilhante de energia.
“Quando uma estrela se aproxima demais de um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia, a extrema atração gravitacional exercida por ele desfaz a estrela em finas correntes de matéria”, explica Thomas Wevers, autor do estudo e bolsista do ESO em Santiago do Chile.
Evento difícil
Esse episódio é raro e nem sempre fácil de estudar, mas os astrônomos enfrentavam dificuldades para investigar e registrar o clarão de luz, devido a uma cortina de poeira e restos de material estelar se formar.
Além disso, os pesquisadores acreditam que este é o mais próximo registrado de nós. O evento aconteceu a pouco mais de 215 milhões de anos-luz da Terra.
Kate Alexander, bolsista da NASA na Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, diz que puderam ver a “cortina” sendo criada à medida que o buraco negro lançava as finas correntes de matéria.
“Essa única ‘espiada atrás da cortina’ nos proporcionou a primeira oportunidade de localizar a origem do material ocultante e seguir em tempo real como é que engolfa o buraco negro”, disse.
De acordo com o estudo, esse registro poderá explicar como funcionam os buracos negros supermassivos e como a matéria estelar se comporta em ambientes com alta gravidade.
A criação do Extremely Large Telescope (ELT), do ESO, será finalizada e começará a operar ainda nesta década, o que poderá possibilitar detectar e captar melhor eventos similares a esse, “ajudando assim a desvendar mais mistérios da física dos buracos negros”.
Portais para outros mundos
Os buracos negros, grandes funis formados por forças gravitacionais imensas, têm capturado a imaginação de cientistas e ficcionistas desde que sua existência foi confirmada.
Há quem diga que eles são portais para outras dimensões e também para outros universos e há quem diga que nós vivemos em um universo formado por um buraco negro.
Descobrir exatamente o que eles são e qual sua função no cosmos é algo que ainda parece distante de nosso entendimento científico, mas chegaremos lá algum dia.
Quando isso acontecer, talvez venhamos a descobrir que Sir Roger Penrose, o matemático e físico da Universidade de Oxford que acabou de ganhar o Prêmio Nobel por seu trabalho na área de buracos negros, estava certo, e que nosso universo não foi o primeiro a existir e nem será o último.
Fonte CNN
Veja,a abaixo, a animação criada para o evento: